Abel estava no laboratório central, local onde toda a ilha era controlada. Ele observava as habilidades dos invasores que conseguiam sozinhos derrotar uma tropa de treinadores.

— Vamos ter que apelar – disse Abel respirando fundo de olhos fechados – Chamem os cavalheiros.

— Não precisa – disse um treinador que parecia ter a mesma idade que ele. Ele tinha longos cabelos vermelhos e vestia roupas formais. Ele se curvou diante do líder junto com sua equipe. Uma garota com uma faixa nos olhos. Seu cabelo preto era extremamente longo e vestia uniforme branco com faixas pretas em alguns pontos como o resto da sua equipe. O segundo tinha cabelo verde arrepiado e usava enormes headphones nos ouvidos. Seus olhos se destacavam com um brilho intenso. O mais novo era loiro com os olhos tão lindos e verdes quanto o do parceiro. Ele usava um pano sobre a boca e luvas nas mãos – Já estamos aqui.

— Vocês acham que são capazes de derrotar esses invasores?

— Com toda a certeza senhor. Vamos acabar com eles – Eles se levantaram e saíram juntos.

Jake guiava o grupo pelos corredores da base escondida seguido por Lilith. Malu e Saeko não estavam muito atrás.

— Pela quantidade de integrantes que derrotamos, estamos bem perto – disse Jake atravessando uma porta. Eles acabaram entrando em uma sala de treinamento – Droga!

— Saiam daqui! – disse Lilith para as amigas. As duas correram para o lado oposto, mas apenas Saeko conseguiu sair antes da porta se fechar.

— Isso é tão maravilhoso – Um buraco se abriu no chão. O treinador de cabelo vermelho surgiu ali mesmo com um violino em mãos – Vou derrota-los em apenas uma canção.

— Maestro! Porque está do lado de Abel? – perguntou Jake irritado.

— Você sabe que sou extremamente fiel ao meu líder. Não podia ser diferente agora.

— Maestro? Esse cara parece ser perigoso – comentou Lilith – Malu mantenha distancia!

— Ele é muito poderoso! Não podemos dar mole – disse Jake pegando uma pokébola – Não tenha pena de lutar com todas as forças. Rotom está na hora de lutar!

— Arcanine, vamos acabar com ele – Os dois pokémons já estavam no campo de batalha.

— Vamos lá Emboar e Exploud! – Os dois pokémons pareciam ser poderosos e resistentes.

— Rotom use a descarga! – O pequeno Pokémon começou a girar lançando energia elétrica para todos os lados. Todos os presentes receberam o ataque, inclusive os treinadores.

— Cuidado com esse ataque! Ele atingiu o Arcanine também – disse Lilith levantando-se ao recuperar-se do ataque. Os dois pokémons rivais não estavam nem com um arranhão – Isso não é possível! Arcanine, explosão de fogo!

— Emboar sabe o que fazer – O enorme Pokémon pulou na frente do ataque o parou.

— Isso é impossível – disse Malu ao ver que o rival não sofrera nenhum dano.

— Está na hora de começar! – Maestro começou a tocar seu violino, ele fechou seus olhos, sua concentração estava no instrumento.

— Não abaixe a guarda! Os ataques dele vão começar – Após o aviso de Jake, Exploud pulou na direção de Arcanine com o super soco. O mesmo era um experiente Pokémon de Lilith e conseguiu esquivar-se mesmo que estivesse surpreso. Emboar surgiu no meio do ar e o atingiu com o golpe de corpo.

— Rotom agora! – O Pokémon que não fora atacado atingiu os dois com a bolas das sombras. Eles não receberam muito dano – Resistentes como sempre.

— Extrema velocidade! – Arcanine se recompôs em um segundo e no seguinte atingiu Exploud que arrastou pelo chão desiquilibrado. Maestro continuou tocando seu violino. Emboar ficou vermelho, era evidente que usaria super aquecer – Arcanine! Não permita que Emboar ataque! Extrema velocidade novamente! – Uma ou duas notas fez com que Exploud pulasse na frente da dupla protegendo-o. Isso permitiu que Emboar atingisse Rotom que parecia carregar algum tipo de poder.

— Você é nosso trunfo Lilith – disse Jake olhando para o Maestro ainda tocando – Ele conhece meus movimentos e eu os dele. Continue atacando! Rotom solte seu trovão! – o ataque até então carregado foi jogado contra a dupla de pokémons. Emboar esticou as mãos para trás posicionando-as logo depois para frente cancelando totalmente o ataque de Rotom sem receber nenhum dano. A força do impacto foi tão grande que uma ventania foi criada entro da sala – Como ele conseguiu?

— Eles são incríveis! – disse Lilith olhando para os pokémons de Maestro que continuou com sua atenção na canção. Uma bela música, se estivessem em outra situação. Exploud então lançou uma rajada de som com um poder esmagador. Rotom não conseguiu aguentar e quase perdeu a consciência capotando pelo chão cansado.

— Arcanine ataque-o com sua explosão de fogo! – Emboar novamente se meteu no meio. Com a palma das mãos bloqueou outro ataque – Que bosta.

— Continue atacando! Nenhuma resistência dura para sempre! – disse Jake ainda esperançoso – Rotom, bola das sombras! – A música continuou, Exploud rebateu os dois ataques antes de usar o quebra telha na cabeça Arcanine. Emboar juntou uma quantidade espantosa de chamas nas mãos antes de ficar vermelho. O super aquecer foi tão intenso que engoliu os dois de forma que nenhum deles conseguiu continuar de pé.

— Droga. Maestro evoluiu demais – disse Jake suando – Nunca vi alguém ficar tão poderoso em tão pouco tempo.

— Então? Gostaram da minha canção? Vou tocar a música que tirará a vida de vocês – Assim que ele tocou suas primeiras notas dois pokémons surgiram de repente e atingiram os enormes rivais. Se tratavam de um Buneary e um Teddiusa. Malu havia tomado a frente da batalha.

— Maluca? Eu disse para ficar lá trás! Isso é perigoso demais!

— Prima, confie em mim pelo menos uma vez na sua vida! Eu sei como derrota-lo!

— Ela tem razão! – disse Jake preocupado – Ele é o líder dos cavalheiros da destruição. Você será esmada!

— Não serei! Deixem comigo!

— Confiante você não é? Acha que pode me derrotar com esses nanicos?

— Eu fiz cinco anos de aula de música. Já entendi o seu ritmo, as notas que utiliza para os comandos e de longe vi seu ponto fraco – Malu deu um sorriso de satisfação – Seu Emboar e Exploud são realmente incríveis, quando falamos de ataques à longa distancia, nada se compara aos dois. Mas eu vi o seu desespero quando o Arcanine usou o Extrema velocidade. Ataques corporais são um problema para seus pokémons.

— Você descobriu meu segredo, mas não quer dizer que possa me derrotar com esses mini-pokémons – Maestro recomeçou a música. Exploud usou o super soco, dois conseguiram pular para longe do enorme Pokémon. Emboar reapareceu na batalha com o golpe de corpo.

— Teddiursa use o garra de metal! – o Pokémon não ficou com medo e partiu para cima de Emboar. Mesmo com todo o peso do corpo no ataque, Teddiursa o fez perder o equilíbrio e cair no chão rolando – Buneary, pulo com chute! – O ataque super efetivo fez com que Exploud batesse com violência na parede. Nem toda a sua resistência conseguiu deixa-lo de pé.

— Meu Exploud! – Maestro parou de tocar ao perceber que seu Pokémon foi derrotado após muito tempo imune à derrotas.

— Teddiusa acabe com a batalha usando a cabeçada Zen! – O pequeno urso ganhou velocidade e atingiu Emboar com tanta força que foi derrotado antes mesmo de bater no telhado.

— Seus pokémons são extremamente fortes em ataques físicos – disse Maestro espantando com a habilidade da garota.

— Sim, eu busco treinar meus pokémons de diversas formas. Teddiursa e Buneary têm ataques corporais esmagadores – explicou Malu.

— Mas a batalha não vai terminar aqui! – Uma Serviper foi liberado pelo líder do quarteto.

— Eu mesmo derrotarei esse Pokémon – Jake tomou a frente da batalha – Um líder nunca pode ser derrotado seu subordinado. Cloyster acabe com ele!

— Você chamou logo o Pokémon mais resistente de toda a organização Shin. Mas ele não será páreo para as novas habilidades da minha Serviper! Destrua essa defesa perfeita com o corte X! – ela não hesitou em atacar.

— Contra ataque! – Cloyster ganhou um brilho dourado fazendo com que o X criado pela cauda da Serviper voltasse contra ela mesma – Agora hidro canhão! – A quantidade massacradora de poder surgiu na frente da boca do Cloyster. A esfera foi lançada antes mesmo do Pokémon levantar. A força foi tanta que o ataque abriu um buraco na parede lançando a Serviper em outra sala.

— Vocês foram capazes de acabar com a minha música. Isso é muito triste – disse antes de soltar o violino no chão.

— Não fique assim. Você é um ótimo treinador. Por isso te escolhi como líder dos Cavalheiros da destruição.

— Viu Lilith? Sou bem grandinha e sei me cuidar sozinha – disse Malu sorrindo para a prima ajoelhada no chão – Você cuidou de mim todo esse tempo que estivemos na ilha. Hoje, é a minha vez de cuidar de você – ela estendeu a mão.

— Prima – ao se tocarem Lilith ganhou uma luz branca em volta do corpo. A sua chave para liberdade foi ativada.

Chave: “Confiar em alguém”

— Obrigada por me ajudar a sair desse lugar – ela finalmente sorriu – Estou te esperando. Confio em você – Lilith então desapareceu.

— Precisamos encontrar Saeko agora – disse Jake andando até Malu acompanhado de Maestro – Ele vai nos levar até a sala central.

Saeko enfrentou mais dois ou três capangas da organização antes de ser atacada num corredor pelo assassino que Mateeus contratara para matar seus pais adotivos. Ele ainda estava com o rosto coberto pela máscara. Seu longo cabelo loiro estava amostra já que seu chapéu não o cobria por completo. Seus enormes óculos ajudavam a esconder seu rosto enquanto todo o corpo estava coberto por um sobretudo verde enquanto suas mãos estavam dentro de luvas. Ele a agarrou por trás e a jogou no chão. A treinadora rolou e parou de joelhos preparada para qualquer coisa.

— Esse cara não tem pokémons – disse Saeko para si mesma – Não posso libertar nenhum deles então preciso me virar.

— Fique quietinha – Ele puxou sua faca e correu em direção da treinadora. Ela se concentrou e consegui esquivar-se com precisão de todos os golpes antes de segura-lo pelo antebraço e atingir sua barriga com um chute. Ele deu uns passos para trás e segurou o pé de Saeko durante o segundo chute. Ele a empurrou para trás e quase cortou seu rosto com sua faca. Saeko o segurou os dois braços do assassino e mergulhou por debaixo de suas pernas antes de chutar suas costas. Ele bateu de peito na parede, a treinadora se levantou com pressa e segurou seus dois braços para trás enquanto apertava a ponta da faca contra suas costas.

— Você é o passado de Mateeus, então porque está me atacando?

— Não sou apenas o passado dele. Me solta, verme.

— Desista de tentar fugir!

— Eu já fui ferido uma vez, não tenho medo desse tipo de ameaça – Ele fez um movimento rápido com o braço e cortou a mão de Saeko. Então com um giro a empurrou e puxou seu véu deixando seus longos cabelos loiros em evidencia.

— Solte esse véu! Ele a única coisa que meus pais deixaram para mim – disse Saeko irritada.

— Verdade? Engraçado que deixei esse mesmo tecido para minha filha antes de sair de casa.

— O que? Não! Você está mentindo!

— Porque não conta para ela amor? – Vicky surge no meio das sombras. Saeko lembrou-se que ela atacou Flame na praia.

— Oi minha filha.

— Vocês dois… Vocês dois… - Saeko não queria acreditar. Passou a vida inteira procurando por seus pais e naquele momento descobre que eles são criminosos.

— Nós somos seus pais – completou o assassino tirando o óculos e a máscara do rosto. Ela tinha os olhos e o cabelo do pai.

— Não é possível! Meus pais são assassinos, meu pai matou a família do meu amigo. Minha mãe persegue um treinador inocente. Por quê? Porque teve que acontecer comigo? Porque vocês me deram a vida? – Saeko correu na direção dos dois. O homem sacou sua faca, porém foi em vão. Ela a desarmou e cortou sua garganta espirrando sangue para todo lado. Logo depois correu em direção à mãe. Vicky puxou uma faca em cada mão, mas a fúria de Saeko era tanta que cortou as mãos da mãe fora com algumas facadas. Vicky se desiquilibrou para trás morrendo de dor. Saeko fora de si a segura no pescoço apontando a faca para seu olho, isso fez a mulher rir – Do que está rindo?

— Não está vendo? Acabou de matar seu pai e arrancou as mãos da sua mãe. Você acabou se tornando uma assassina como nós! Estou muito orgulhosa de você!

— Cala a boca! – Saeko enfiou a faca nos olho da mulher tirando sua vida. Saeko, coberta de sangue sentou num canto com a faca na mão. Sua mão estava tremendo enquanto pensava no que tinha feito.

— Saeko! – Malu e Jake a encontraram. Toda a cena já mostrava evidentemente o que havia acontecido. Um homem com a garganta cortada, uma mulher com o olho furado enquanto suas mãos estavam a meio metro de distancia de seu corpo. Tudo isso coberto pelo sangue enquanto Saeko tentava voltar a si sentada no chão.