“A primeira luta ironicamente envolve dois casais homossexuais, quais surpresas o Jogo Maldito ainda nos reserva?”

O pôr do sol já começava, os Silva juntamente com Shiro e Bruno estavam sentindo na pele os efeitos do jogo, fome, sede, fraqueza, dores em alguns, eles passaram o dia todo procurando comida mas não encontraram nada, nem ao menos um animal. Eles apenas tiveram um simples café da manhã com o pouco de alimento que tinha sobrado da noite anterior, mas não deu para matar a fome totalmente. Essa foi a única vez que comeram no dia inteiro. Para Ryan ver suas filhas com fome era uma tortura. Bruno ficava pelos cantos agoniando de dor, apesar de estar com eles, Bruno não conversou muito. Juliana queria muito saber sobre Willian, em sua mente rondava pensamentos sobre como faria para encontra-lo novamente. Ana estava fazendo Lilian dormir quando seu marido passou a conversar com ela:

_Ver essas duas com fome esta me deixando desesperado, vamos passar a noite aqui e amanhã mudaremos de lugar, talvez encontremos frutas ou animais no trajeto.

_E também não é seguro continuarmos no mesmo lugar. – Respondeu Ana. – Não agora que outras pessoas sabem nossa localização.

_Você esta se referindo a Laura né? Você acha que ela pode se tornar uma ameaça? Tentar algo contra nós?

_Olha, eu realmente não sei. – Ana soltou um suspiro. – Mas todo cuidado é pouco agora nessa situação tão critica, nós não somos os únicos com fome por aqui.

Nesse momento Shiro que ainda estava andando pelas redondezas de onde eles estavam apareceu:

_Boas noticias pessoal, - falou Shiro – encontrei algumas melancias aqui perto, teremos algo para colocar na barriga finalmente. Eu não pude trazer, ainda mais com o estado da minha perna né, mas com mais duas pessoas vai ser fácil

_Que ótimo Shiro! – Respondeu Ryan todo animado. – Eu vou lá com você buscar, acho que o Bruno pode ser de alguma, mesmo com só um braço ainda da pra ele usar o outro. Ana você pode ficar cuidando das crianças.

Shiro, Bruno e Ryan foram buscar as melancias, no caminho Bruno começou uma conversa com Shiro, com quem ele tinha obtido mais afinidade depois de tanto tempo juntos:

_Ana estava me falando que acha melhor mudarmos de lugar, ela esta com medo da Laura só por que ela nos deixou, você acha que essa ideia dela realmente faz sentido? Essa desconfiança sobre uma pessoa que nós conhecemos bem e que nunca nos tentou nenhum mal antes?

_ Eu acho, ela esta realmente certa.  – Shiro deu uma pausa antes de continuar sua fala. – E digo isso por experiência própria, vocês não devem confiar em ninguém dessa ilha, escute bem o que eu estou falando.

_Como assim Shiro, do que você esta falando? Se eu não devesse confiar em ninguém, então eu não deveria confiar em você também.

_É, realmente não deveria. Mas eu já sou carta fora do baralho, ainda mais agora sem a minha Arakawa. Não vai demorar muito para eu morrer.

_Shiro não diga uma coisa dessas! – Gritou Ryan fazendo Shiro e Bruno se espantarem, apesar de Bruno não estar participando da conversa ele ouvia tudo. – Eu sei que você ainda sofre pela morte da sua esposa, e um dia nós descobriremos quem é o culpado mas- Ryan foi cortado pelas palavras de Shiro.

_Eu sei quem matou minha esposa! – Respondeu rispidamente Shiro. – E ainda vou me vingar, eu juro pela minha vida que ainda me vingarei.

_Se você sabe quem é então me diga. – Falou Ryan quando voltavam a andar.

_Não! Não agora, não é seguro. – Disse Shiro apontando os olhos para Bruno, fazendo Ryan se recordar do começo da conversa “Ninguém é confiável” – E mesmo que eu contasse dificilmente você ou sua família acreditaria em mim.

_Mas como você pode ter tanta certeza de quem é o culpado? – Perguntou Ryan.

_Eu tenho provas, e no momento certo vou mostra-las a todos.

A conversa terminou ali, pois eles haviam chegado às melancias que Shiro falou, eram apenas 3 melancias de tamanho médio, mas já era muito satisfatório ter algo para comer depois de tanto tempo em jejum. Na volta Ryan trouxe duas melancias e Bruno uma. Quando Ana viu as melancias ela rapidamente se alegrou, logo as cortou e dividiu igualmente com todas, elas acabaram rapidamente, não matou completamente a fome deles mas foi satisfatório.

Longe dali Danka finalmente encontrava Erick e Mayra, eles estavam em uma pequena e simples caverna que havia na ilha, com muitos mantimentos, armas, remédios e outras coisas bem úteis. Era o local mais afastado de todos, ao sul, na outra ponta da ilha, assim que Danka os avistou, ela gritou:

_Já pode para de se esconder. – Ela gritou para Erick que se encontrava de costas abraçado com Mayra.

_Olha se não é minha irmãzinha. – Falou Erick sorridente virando-se para Danka e se soltando bruscamente de Mayra.

_ Não me venha com essa Erick! O que você esta fazendo aqui? Esse não era o plano, por que você mudou o local de nos encontrarmos?

_Por que o plano acabou maninha. – Respondeu Erick encarando Danka. Nesse momento Mayra passou a se aproximar dele, Erick puxou seus cabelos fazendo seu rosto levantar e então deu um longo e ardente beijo nela. Enquanto os olhos de Danka se focava nos dois.

No centro da ilha se encontrava David e John, junto com Saw e Nataly em uma sangrenta e mortal briga.

Nataly se aproximou de John que estava de pé e com seu machado na mão, e antes que esse pudesse reagir ela já lhe deu um forte chute no rosto, fazendo-o ir para trás e assim continuou Nataly, entre chutes e socos na barriga desaproximando John de David. John levou seu machado por um tempo e tentou inutilmente acertar um golpe com sua arma na agressora, mas nada conseguiu pois os movimentos de Nataly eram muito rápidos. Mas mesmo assim John não soltou sua arma, e Nataly parecia não considerar aquilo uma ameaça, ela continuou com seus chutes.

Até que John acabou caindo dentro do riacho que eles pegaram água. Nataly tentou aproveitar a oportunidade para afogar John, ela enfiava a cabeça de John na água selvagemente não dando chance de John se defender, com muito esforço John erguia sua cabeça para respirar um pouco mas Nataly tornava a afoga-lo, por fim, John em um ato de insanidade e desespero usou suas últimas forças para erguer seu pesado machado e deferir um golpe nas costas de Nataly.

Nataly sentiu tanta dor com o golpe que deu um grito horrível e alto enquanto soltava John ela gritava de dor, jorrou sangue para todos os lados, o machado de John foi pintado de vermelho assim como o riacho. Por sorte o machado de John não ficou enroscado no osso de Nataly, o machado produziu um rasgo vertical na costa de Nataly do tamanho de 50 centímetros aproximadamente, Nataly por sua vez estava de costas deitada no chão gemendo e gritando de dor, John se levantou furioso e ergueu Nataly pelos seus poucos cabelos ,  jogou-a no riacho fazendo-a ficar de frente para ele, John colocou seu machado no pescoço de Nataly e iria deferir um golpe mortal nela, decapitando-a,  mas avistou de longe Saw apontando a metralhadora contra David e paralisou.

_David! – Gritou John sem saber o que fazer.

_Fuja! – David gritou para John.

_Não! Eu não posso deixar você aqui!

_Eu já não posso nem andar John, ande logo e saia daqui!

_David como eu vou poder viver se souber que você morreu para me salvar? – Gritou John já chorando. – Minha vida não vai ter mais razão!

_Acho melhor aproveitar o aviso de seu amor e fugir bichinha, porque depois que eu metralhar ele eu vou atrás de você! – Gritou Saw para John com a metralhadora ainda aprontada para David - E não pense que serei piedosa com você depois do que fez com Nataly, sua morte será muito cruel e dolorosa! EU JURO!

Depois de uma crise de risos misturados com gemidos de dor e sangue escorrendo pela boca Nataly disse com certa dificuldade pois o machado de John ainda estava em seu pescoço e já começava a fazer um corte:

_Eu vou te torturar tanto que você vai desejar ter morrido agora!

_David! – Gritou novamente John aos prantos. - O que eu faço David?

_Fuja John, viva! Nem que você tenha que viver por vingança, apenas viva John! – Disse David já começando a derramar suas lágrimas também, ele queria parecer muito forte nesse momento, mas não conseguiu, ele não podia mais segurar as lágrimas, ao imaginar como John sofreria sem ele as lágrimas de David escorreram freneticamente, David em nenhum momento pensou em sua vida, apenas em John, o amor deles era realmente verdadeiro, amor esse que nem mesmo o sexo era o limite. – Por favor John viva! Por mim, eu jurei te proteger enquanto estivesse vivo!

John soltou seu machado, caiu de joelhos no chão enquanto chorava desesperadamente e refletiu sobre aquelas palavras, sabia que se culparia o resto da vida por deixar David ali, mas sabia que David se culparia também se John morresse em seu lugar, e de nada valeria John correr até David, na distância em que estava daria tempo suficiente para Saw metralhar David e depois mata-lo, o único modo dele viver seria fugindo naquele exato momento, e consequentemente, deixar David para trás.

O sentimento de vingança já brotava em seu coração e ele decidiu que ao menos usaria aquele momento para matar Nataly, mas quando voltou à realidade viu que esta já engatinhava para perto de Saw, mesmo com dor ela foi rápida em perceber que John aceitara a realidade de que um dos dois morreria e que ele a mataria, então assim que John soltou o machado ela usou suas últimas forças para fugir, mesmo que fosse engatinhando. Nataly já estava bem próxima de Saw, David até pensou em jogar seu machado nela e mata-la mas assim ele perderia sua arma e ficaria muito vulnerável posteriormente.

_Vai John! – Gritou David chorando freneticamente. – Viva!

_David, me desculpa. – John disse baixo, sem gritar, mas o suficiente para David ouvir.

John pegou seu machado, se levantou e saiu correndo para a floresta, correu o mais rápido que podia enquanto adentrava aquele matagal, mas John de repente se arrependeu do que fez e voltou para David, mas voltou tarde demais.

John só teve tempo de ver David ser metralhado por Saw, a chuva de tiros levou apenas alguns segundos, mas pareceu uma eternidade para John que acompanhava tudo de longe, o cheiro de carne queimada se pôs no ar, John quis vomitar mas segurou, após David ser metralhado seu corpo caiu e John pode ver o que sobrou dele, o rosto de David estava irreconhecível, milhares de pedaços de carne de David se espalharam por ali, foi uma cena horrível e chocante, respingos de carne e sangue se grudaram nos rostos de Saw e Nataly, até mesmo de John que acompanhou tudo de longe escondido entre alguns arbustos.  Ao sentir a carne de David em seu corpo John entrou em crise de choque, ele quis gritar, mas segurou seu desespero o suficiente para ver uma cena ainda mais grotesca.

Saw e Nataly não se importaram nem um pouco com o sangue e carne que respingaram nelas, nem mesmo o cheiro de carne queimada e sangue fez efeito nelas, as duas apenas se aproximaram, se agarraram e deram um longo e ardente beijo, as duas apalpavam os seios uma da outra enquanto davam aquele beijo molhado de sangue e carnal, um beijo pecaminoso e sem um pingo de arrependimento.

Não demorou para o que restou do corpo de David começar a se desintegrar, e em seguida o alerta de mensagem no celular de que David estava morto chegar, o som de mensagem no celular de John fez Nataly e Saw pararem o beijo, agora elas sabiam que ele estava por perto. Apesar de John estar com o machado ele estava fraco demais para tentar lutar com as duas, mas sabia que elas também estavam fracas demais para uma perseguição, a única saída de John foi correr dali, visualizando o momento que se vingaria das duas.

Nataly e Saw ouvem outro barulho, mas este é de um paraquedas amarelo amarrado a uma caixa consideravelmente grande e com o símbolo de Owler caindo do céu praticamente em cima das duas, elas esperaram que ele chegasse ao chão, e com cara de felicidade elas o abriram. Dentro da caixa elas encontraram coisas muito úteis para aquele momento.

Na caixa havia um tapa-olho com o símbolo de Owler para Nataly usar em seu olho esquerdo, tinha também uma pinça médica com as explicações sobre como retirar os restos de carne já podre do olho de Nataly, e remédios para ela passar em seu olho. Além das coisas para o olho de Nataly tinha várias pomadas e remédios para seus machucados, além de linha cirúrgica para costurar o corte grande na costa de Nataly e em outros lugares do corpo, para Saw tinha uma estranha dentadura de aço e com os dentes afiados juntamente com um alicate, Saw e Nataly se assustaram ao encontrar aquilo ali, mas suas dúvidas logo acabariam com a ligação que receberam de Owler:

_Essa ligação esta sendo ouvida apenas por vocês duas, Saw e Nataly. – Começou Owler após elas atenderam seus celulares que começaram a tocar. – Outro beneficio das dádivas é ganharem armas a mais, e essa dentadura que você Saw esta segurando na mão é uma delas.

_Mas eu não preciso de dentadura. – falou Saw assustada.

_Se não me falha a memória você perdeu vários dentes com um chute na boca que levou de David. – Saw sabia que perdera alguns dentes com aquele chute. – Essa dentadura será útil tanto para evitar que você fique impossibilitada de comer ou sofra com a dor e também para matar.

_Matar?

_Sim, matar. Simplesmente fincar seus dentes afiados no pescoço de alguém, é por isso que ela é de aço.

_Mas eu ainda tenho outros dentes na boca. – Exclamou Saw.

_Ora Saw. – Disse Owler em tom sarcástico – É para isso que eu te mandei o alicate.

_Você é louco né? Só pode! – Saw começava a se enfurecer. - Imagina a dor que é arrancar seus próprios dentes com alicate!

_Garotas essa é uma dádiva, querer usá-las ou não é problema de vocês. As duas não são obrigadas a usar nada. – E assim Owler encerrou a ligação.

_E então Saw, o que você vai fazer? – Perguntou Nataly.

_Nós precisamos viver Nataly, isso aqui, - Saw mostrou a dentadura – é mais uma chance de sobrevivência.

Saw impetuosamente começou a arrancar os dentes restantes em sua boca com o alicate que fora enviado, era uma cena de tortura, muito sangue saia de sua boca e seus gritos e gemidos de dor eram angustiantes, um a um ela mesma rancou seus dentes enquanto Nataly apenas visualizava a cena e na maioria das extrações fechava os olhos. Terminado de extrair todos seus dentes Saw cuspiu uma bola de sangue e depois encaixou a dentadura de aço e dentes afiados na boca, em seguida deu um longo e aterrorizante sorriso assustador com aqueles dentes predatórios.

Em seguida Saw ajudou Nataly a remover os restos de carne putrificada de seu olho, passou um remédio que ardia muito, e depois Nataly colocou o tapa-olho que veio nas dádivas. E por último Saw pediu para Nataly tirar o que restou da camisa dela, nua da cintura para cima Saw passou a costurar o corte na costa de Nataly, enquanto Nataly soltava berros de dor ao sentir a agulha atravessando sua pele, por fim Saw terminou a costura, passou uma pomada e curativos em Nataly, limpou o sangue, e deu um beijo em Nataly.

No final as duas ficaram com a aparência de aberrações devido ás costuras, dentes, tapa-olho, e machucados pelo corpo.

Saw e Nataly passaram a remexer a caixa para ver o que mais encontravam. As coisas mais estranhas que encontraram mesmo foi apenas o tapa-olho e os dentes afiados de aço, além dos remédios, pomadas, curativos, bisturi, e linha cirúrgica para os cortes, principalmente para o corte de machado na costa de Nataly, encontraram bastante comida, entre esses bastante pão e carne além de outros comestíveis, várias garrafas de água potável, algumas roupas e cobertas para as noites frias.

Saw e Nataly levaram a caixa para onde estava a bolsa e esconderam a caixa junto com a bolsa no meio da vegetação, e então passaram a se arrumar para comerem e dormir, pois já trataram de seus machucados e a noite já chegava. As duas tiveram uma noite bem erótica e selvagem apesar do que tinham passado naquele dia.

John ainda corria desesperado em meio ao choro e sofrimento quando trombou em uma pessoa, era Laura juntamente de seu filho Willian, John se levantou feliz por finalmente encontrar alguém, alguma pessoa que ele poderia passar a noite junto após perder seu amado, mas tudo o que John ao se levantar foi Laura apontando a faca para ele.

"O Jogo Maldito esta levando os jogadores a loucura, quem sobreviverá a esse inferno? David não esta mais entre eles!"