Pov' Clarisse La Rue

Desperto atordoada. Demoro alguns instantes para me lembrar como vim parar aqui e do porque todo meu corpo dói.

— Clarisse finalmente. Não aguentava mais esperar. - diz Percy.

— Onde estou?

— Está no Templo de Apolo. Eu e Hera te trouxemos pra cá depois do fim da batalha.

— Nós perdemos?

— Pelo contrário, vencemos. Ares e Atena estão proibidos de se envolver em guerras por anos, acho que os mortais finalmente encontrarão a tão sonhada paz mundial.- Diz ele enquanto me olha curioso há algo de diferente nele posso sentir.

— Você se lembra?

— Tomei a poção de Afrodite há alguns dias, grande parte ainda é confuso pra mim, mas posso dizer que sim. Me lembro, me lembro de nós dois se é isso que quer saber.

— E? - questiono aflita.

— Não mudei de ideia, Clarisse. Não quero Annabeth, quero ficar com você…. E isso se for o que você quer….—Fala ele um tanto aflito, o que entendo completamente até mesmo eu estou nervosa.

— Eu quero... Quero sim!- Digo com um sorriso no rosto. Não tenho medo do que ele vai pensar de mim, quase morri por ele, por mais que eu não goste de admitir o amo e preciso dele.

— Eu te amo, Jackson!

— Também te amo, Clarisse.

— Mais do que você a amou a Annabeth,né?

— Claro, baby. Claro.- Diz ele rindo, enquanto se aproxima para me beijar.

— Desculpa incomodar os pombinhos, mas preciso ver se essa gata arisca está bem!- Fala Apolo quando nos interrompe. O amaldiçoo internamente, sem deixar de demonstrar em meus olhares fulminantes meus atuais pensamentos.

Segundo Apolo tudo está bem comigo e hoje mesmo poderei voltar para o Acampamento, é isso mesmo que ouviram aparentemente eu e Percy estaremos de volta sem nem precisarmos completar nossa pena.

Graça concedida por Hera e Annabeth, que viu na nossa batalha castigo o suficiente, pelo menos foi isso que Percy me disse. Aparentemente as coisas entre nós e Annabeth já estão numa boa, a menina nos liberou do trabalho e parece mais feliz do que nunca, segundo o filho de Poseidon, o que é muito esquisito quando consideramos que ela está sozinha.

Estou sentada na cama esperando a liberação de Apolo quando Hera entra. A Deusa não parece em nada com a versão que já conhecia dela, o jeito simples e delicado de andar me fazem lembrar minha Tia Zoe, a sensação que tenho é que a minha tia está bem a minha frente.

— Olá, vim ver como está.

— Estou bem. Apolo disse que deve me liberar a qualquer instante.

— Eu sei, na verdade você já está liberada, mas eu preciso falar com você antes.

— Falar comigo? O quê exatamente? - questiono sem entender. O que será que Hera quer falar comigo?

—Bem, você sabe dos parentescos celestes, não é? Sabe que Ares é meu filho, certo?

—Sim, sim. E? - continuo perdida. Os Deuses são todos seres muito loucos aparentemente.

— De certa forma isso me faz sua avó e eu como sendo um dos poucos Deuses que não possui semideuses espalhados pelo mundo acabei me apegando a você. Sei que está confusa, vou tentar ser bem clara, quando te conheci você era muito pequena, apenas um bebê.

— Como? - Como assim ela me conhece desde bebê? Eu me lembraria, certo?

—  Ares é meu filho, mas sei que ele não é perfeito. Estou sempre de olho em suas atitudes e eu soube quando sua mãe engravidou. Posso sentir esse tipo de coisa. Observei sua mãe por meses e percebi que Marissa não tinha o mínimo de condições de cuidar de um bebê. Já pretendia olhar por você bem antes de te conhecer, porém quando te vi tudo se ampliou. Convenci sua mãe a aceitar minha ajuda.

— Como assim? - a cada palavra tudo parece ainda mais sem sentido. 

— Eu sei que é confuso. Eu sou sua Tia Zoe, fui eu quem tentou cuidar de você todos aqueles anos, mas Marissa não me permitia. Por mim você teria tido o de melhor, não teria que ter passado por tudo aquilo, mas eu fui obrigada a fazer aquilo que estava ao meu alcance. Eu nem podia estar ali para início de conversa. Se o Conselho descobrisse, se Zeus descobrisse sabe se lá o que eles fariam comigo….

— Eu…. Não sei o que dizer. - digo perdida. Não esperava ouvir nada disso hoje.

— Eu entendo, é muito informação. Não espero que você diga nada, só queria que você soubesse. Te amo como uma filha.

— É tudo tão confuso.

— Espero que você venha me visitar de vez em quando agora que sabe a verdade ….

— Eu não sei….—Digo confusa.

— Tudo bem, não precisa vir. Eu entendo.

— Obrigada por tudo, Hera. Obrigada mesmo….—Falo antes que a mesma saia, é inacreditável. Minha tia na verdade era Hera esse tempo todo. Sem dúvida essa possibilidade nunca teria passado pela minha mente.

Nós dois, eu e Percy, seguimos para o Acampamento Meio Sangue, aparentemente Percy já sabe de tudo sobre Hera, a Deusa mesma contou a ele quando eu ainda estava desacordada. Não sei bem que recepção esperar, sei que metade do Acampamento me odeio pelo o que eu fiz, mas ao contrário do que imaginava a maioria dos semideuses nos esperam, até mesmo Annabeth e Mark estão entre eles sorrindo como se estivessem felizes pela nossa volta.

— Não entendo, todo nos odiavam há algumas semanas atrás o que mudou?

— O que mudou?- Diz Percy com um olhar óbvio que me irrita.

— Os Deuses não podem, mas nos tratar como peças, Clarisse. Se fizerem isso podem ser condenados ao Tártaro, essa foi a sentença de Zeus.

— Sério? Por que não me disse antes? Isso é incrível!

— Esperava que Hera te contasse, afinal foi graças a ela que conseguimos essa lei.

— Hera está me saindo uma Deusa melhor do que eu imaginava.

— Clarisse, Clarisse.- Grita uma voz ao longe, interrompendo meu diálogo.

— Mark?- Olho bem pra ele, e encontro algumas poucas sequelas do meu ataque, ainda haviam alguns hematomas, mas de fora ele parecia bem, isso se eu não levar em conta a muleta que o acompanha durante todo percurso. Fiz um bom trabalho, rio sozinha com minha reflexão, Mark recebeu menos do que deveria.

— Sei que você não deve querer falar comigo, mas eu gostaria de me desculpar. Me comportei como um verdadeiro idiota, você tinha razão Ares não se importa com a gente, ele veio me ver logo depois do acontecido, mas não parecia nem um pouco interessado na minha saúde. A única coisa que importava era o fato de eu perdido uma luta, ele é louco não merece meu esforço. Deveria ter acreditado em você.

— É, deveria mesmo.- Digo e vou embora, por mais que ele se arrependa continuo sendo uma filha de Ares, que tem um orgulho grande demais para passar por cima.

— Você é muito fria! O garoto pediu desculpas….

— Percy, por favor…. Não é como se ele fosse uma flor de pessoa.

— Mas você é e deveria tratá-lo melhor.

— Eu uma flor de pessoa? Nem nos seus sonhos, Percy. Sou uma megera, uma megera que você ama.- Falo rindo, é a mais pura verdade nunca vou ser uma boa pessoa, pelo menos não um exemplo como Percy.

— Aí que se engana. Você mudou.

— Não se engane…. Tá, tá talvez eu tenha mudado um pouco, mas ainda assim não sou perfeita. Nunca serei.

— Sei disso. Também não sou….

— Por favor, senhor perfeitinho.

— Ok, ok talvez eu seja um pouco perfeito, mas não foge do assunto quero te fazer uma pergunta.

— Fale.

— Bem, eu acho que já está meio explícito, mas acho melhor confirmar deixar as coisas claras.

— Hmmm….

— Você quer ser minha namorada?

— O quê?- Digo surpresa.

— Você quer ser minha namorada? - ele repete.

— Pensei que já fosse sua namorada.

— Eu te pedi em namoro? Não me lembro disso….

— Pediu.

— Quando? Para de rir! É verdade ou não é? Você sabe que eu ainda estou confuso. Não lembro de tudo.

—Não pediu não, mas você já sabe a resposta. Não tinha porque perguntar.

— E qual seria essa resposta?

— Sim, Percy. Aceito namorar com você.

—  Eu te amo, Clarisse.

— Também te amo, Percy. Por mais incrível que isso seja.