A ruiva olhou-se no espelho mais uma vez, era a décima roupa que experimentava e não aprovava, tinha que estar magnífica ao entrar no salão, era a noite de caça, cem Hunters soltos pela grande mansão, todos vendados mãos amarradas, na escuridão sentiam o medo conforme os Demons brincavam e abusavam deles, mulheres eram torturadas e molestadas sexualmente, enquanto os homens sofriam os piores absurdos a se pensar, era um dia de festa pensou Lilin, talvez, só talvez sua mãe apareça para a festa, Lilith nunca aparecia há tempos era raro de acontecer, só seu pai a cuidava, dizia que ainda era uma jovem demônio e que não sabia de todas as maldades da terra, Abaddon fora o seu guiador desde o começo, o conselheiro chefe dos demônios era tão poderoso quanto a própria rainha succubus, isso causava ainda mais poder a jovem ruiva, penteando seus ondulados cabelos ela sorriu para o vestido perfeito, tão típico usar branco, porque não algo suave e ao mesmo tempo glamouroso? Sentiu a aproximação do velho conhecido ao encostar contra ela deslizando a mão pelos ombros da ruiva, o mesmo jovem que estava há pouco tempo com seu pai, trajando um terno escuro riscado em azul noturno, o loiro observou o vestido que logo a ruiva trajaria.

- Seu pai achou algo pra ti hoje. – afirmou o loiro deslizando as mãos para a cintura da ruiva.

- Vai acabar nossa brincadeira? – questionou Lilin virando-se para ele com as mãos espalmadas em seu peitoral – Aposto que achou um humano fraco e inútil pra tentar me satisfazer.

- Tu verás depois. – comentou virando o rosto – Sabes que se pudesse eu mesmo te daria o fruto desejado.

- Pena que vocês tenham deixados às cascas inférteis. – sorriu ironicamente – Inúteis a qualquer uma de nós, você pode ser o deus do prazer, mas não dará a sua mulher o fruto desse desejo.

- Eu sou Bast o deus supremo do prazer, posso não ser o criador de novos Demons, mas satisfaço qualquer mulher.

- A princesa succubus e o demônio do prazer. – disse alguém os fazendo se virarem para o visitante – Bela combinação.

- Thoth o que faz aqui? – questionou o loiro vendo o outro egípcio sentar na cama da ruiva.

- Vim ver minha linda e deliciosa Lilin.

- Mais um prestes a querer me desposar, saiba que não sou isca fácil para alcançar o poder. – comentou a ruiva balançando a cabeça em reprovação – Agora os dois caiam fora e não ousem começar a caçar sem a minha presença.

- Ela vai matar mais do que nós novamente. – resmunga Thoth – Não é justo isso.

- Cada um usa o que pode meu caro amigo. – rebate Bast sem se preocupar – Você com sua magia, ela com a…

- O que fazem aqui? – diz Abaddon parado a porta – Vão à caça dos Hunters, não da minha filha.

- Desculpe senhor. – dizem fugindo acovardados do quarto.

- Sabe pai, às vezes quero alguém que enfrente o senhor, que não seja um covarde que corre com o rabo entre as pernas quando o senhor fala mais alto. – comenta Lilin.

- Sei que anda se deitando com esses animais Lilin, merece coisa melhor. – acusou fechando o vestido da ruiva – Sua mãe ficaria brava com isso.

- Nem a conheço e não sou a única filha da Rainha Succubus. – rebateu arrumando o cabelo – Preciso me alimentar uma vez a cada semana, não posso controlar isso.

- São seres obscuros, não ganha força vital de seres assim.

- Sinto muito se almas puras estão em falta, se não me alimentar da energia sexual deles eu volto da onde sai.

- Há algo maior pra você Lilin, não subestime as forças que nos sustentam, alimente-se de quem quiser, sabe que será por pouco tempo. – afirmou dando-lhe as costas – Seu humano chegou, ache ele na caçada.

- Mas como irei saber?

- Sinta. – ordenou absorvendo o ar – Ele é o único que não esta com medo, o único que não teme a nós, sente raiva, ódio do que somos, ele tem a coragem para me enfrentar Lilin, encontrou o humano certo pra você.

Joseph tentou se livrar das amaras, tinha que sair dali, precisava se proteger, desejava matar cada um daqueles monstros, mas estava inútil servindo de presa, escutou um relógio badalar meia noite, era hora da caça e ele seria destruído, forçando as amaras conseguiu se soltar em meio aos gritos dos outros homens que lutavam para sobreviver, agora a questão é, como deve sair dali sem ninguém perceber? Procurando algo para usar de arma sentiu seu corpo se arrepiar ao escutar passos na porta chegar, uma mulher pelo salto a bater no chão ao caminhar, era ela, aquela a qual ele deveria se submeter, deitar e se esparramar no colchão com alguém que não tem coração.

- Toc, Toc. – disse uma voz suave do outro lado da porta – Abre a porta meu delicioso porquinho, vou assoprar, assoprar, até com medo tu ficar.

A risada doce ecoou sobre os gritos e palavrões dos caçadores, na escuridão do cômodo se moveu lentamente, preparando para um embate corpo a corpo se for preciso, se for capaz de ganhar, ele lutaria pela sua vida, sem nunca se agachar, se curvar. O moreno sentiu novamente aquele arrepio percorrer seu corpo no momento que a maçaneta começou a girar.

- Porquinho, porquinho. – riu a mulher encoberta pela luz – Achei você.

Dando um passo a frente se fez visível à forma da ruiva, em um vestido delicado e salto alto ela se fez presente, nada nela mostrava ser um monstro irracional, a não serem os olhos, branco, sem vida, apenas o vazio estampado naquele rosto angelical, cabelos ruivos e boca carnuda coberta por um vermelho vivo escorrendo de seus lábios, apenas isso delatava que ela matara, nem um pingo de sangue em seu corpo, vestido intacto, nada que mostrasse o qual mal era, apenas aquela gota, uma fina gota de sangue, mostrando que ela também era um animal, um ser do mal.