Cyborg já não aguentava mais ver as fotografias da noite de estreia. Cada pessoa que passava pela sala era chamada por Karen para ver mais e mais vezes as mesmas fotos. Menos Ravena, Garfield e Tara. Bom, Ravena já havia passado por lá porem, felizmente, não havia topado ver as fotos. Estelar, por outro lado, já estava, junto com Karen, assistindo o slide show pela sexta ou sétima vez.

“Uma partida de vídeo game cairia bem agora...” pensou Victor, saindo em direção à cozinha com a desculpa de buscar um copo d’água.

Para sua surpresa, lá estava Richard como uma pasta na mão. Um arquivo ou talvez um laudo, para ser mais exato.

Stone, não interrompeu, permaneceu parado na porta do cômodo esperando que Dick notasse sua presença. Se não fossem suas pernas cibernéticas, o rapaz com certeza teria começado a ficar cansado com a espera. Já estava quase perdendo as esperanças de que Richard notaria sua presença quando, sem virar o rosto para olha-lo, o líder falou:

– Quando encontramos Slade, e Terra consequentemente, eu sabia que havia algo errado... "Como?" "O Exterminador de volta?" – Dick falou olhando para a parede a sua frente, imóvel – Bom, quando todos haviam saído, eu recolhi uma amostra do ar na biblioteca naquele dia e enviei para a análise...- Fez uma pausa olhando agora para Cyborg - Os resultados chegaram hoje... Ou melhor, eu achei os resultados hoje.

–Como assim achou hoje? – Stone perguntou um tanto confuso – Ou melhor, achou a onde?

–O laudo, que por sinal diz que o ar da biblioteca naquele dia estava contaminado como uma substancia alucinógena chamada Rivea Adanys...

–Nunca ouvi falar. Só conheço a Rivea Corymbosa...

–Não tiro sua razão... Rivea Adanys é uma droga sintética originada da Rivea Corymbosa, e pelos bancos de dados nós temos a primeira amostra coletada dessa substancia.

–Tá me dizendo que a gente respirou uma droga provavelmente em fase de teste!? Beleza! – Victor exclamou, irônico - Alguma novidade boa afinal?

–Se você achou ruim espera só para ouvir o resto – Ao terminar de dizer isso, Richard tirou algo que parecia ser um papel de carta de seu bolço e começou a lê-lo em voz alta.

“Caro Richard,

Espero que não fique ressentido ao descobrir que li os resultados da análise antes de você... Não pude resistir, sempre fui uma pessoa muito curiosa, mesmo que eu já soubesse qual seria a resposta dessa sua ‘investigação’.

Esclarecendo algumas dúvidas que devem estar corroendo suas noites de sono: Não, o Sr. Wilson não voltou do mundo dos mortos. Slade não está de volta para te assombrar, pequeno Dick. Bom, ainda não...

Dizem que no mundo só duas pessoas podem trazer os mortos de volta: Deus e o demônio. Imagino que saiba qual dos dois eu escolhi... Não me leve a mal, ele só estava mais acessível.

Lembranças,

Tara Markov”

Cyborg permaneceu por um tempo imóvel, sem reação, enquanto Dick se levantava vagarosamente.

–E agora? – Cyborg perguntou ainda meio tonto com a revelação.

–Contamos aos outros... – Richard falou dando de ombros.

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Ravena quase não conseguiu desviar da figura de Sangue que vinha ao seu encontro. Com um grito abafado a empata pulou para longe, caindo ao aterrissar.

A titã olhou brevemente para o chão e respirou fundo. Seus poderes podiam ter voltado, mas ela sabia que aquilo tudo estava muito longe do fim. Virou-se novamente para sangue enquanto se punha de pé. Como imaginara, Tara havia sumido.

‘Isso não tem fim’ pensou assustada.

–Gema, pra que se prolonga nessa batalha vã? – Sangue perguntou enquanto começava a se movimentar em o que parecia ser um círculo à sua volta – Não vê que Trigon é muito mais poderoso que você, prole?

–Assim como você não vê que a sua recompensa será uma eternidade de escravidão e sofrimento sobre as mãos de Trigon! – Retrucou a empata – Vamos, Sebastian... Ainda há tempo de mudar essa situação.

–Não tente distorcer as coisas, Gema... Meu mestre terá o que quer e eu o ajudarei a consegui-lo.

–Sinto que não conseguirei convence-lo, não é Sebastian? – Ravena concluiu solene.

–Pode estar certa disso, Gema...

Ao dizer isso, Sebastian partiu em direção à empata, sendo desviado pela aura da mesma.

–Ora, Ravena... Esse jogo pode ser jogado por dois – Disse expandindo, também sua aura.

Por um momento Ravena sentiu-se aliviada por ter afastado Garfield daquele campo de batalha. O que aconteceria ali não seria muito bonito de se ver e ela não se sentiria segurara sabendo algo poderia acontecer com o metamorfo durante a luta. Ela só se esquecera que Tara também não estava ali.

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Garfield sabia que estava só, sabia que Ravena lutava com o Irmão Sangue e, por tudo isso e acima de tudo, sabia que precisava pensar em uma saída para aquela situação. Por mais que a empata fosse forte, ele sabia que as lutas e tudo antes a haviam deixado mais fraca. Além do mais não fazia ideia do quanto de seus poderes já havia retornado.

A onde se encontrava podia ver a silhueta da empata, de Sangue e de Tara, que na primeira oportunidade se esgueirou para longe do “campo de batalha”. A loira se desviou furtivamente para uma parte do píer que adentrava o mar e o metamorfo sabia que não podia deixa-la sair impune de toda essa situação. Tinha que ir atrás de Tara antes que a mesma arrumasse uma maneira de escapar.

Seguiu a passos rápidos, quase corridos, para onde a loira estava e ao avista-la falou alto o suficiente para que pudesse se fazer ouvir:

–A onde pensa que vai, Markov?

A loira parou. Parecia assustada, mas se virou mesmo assim.

– Bom, esse é o fim, não? – A voz da garota soou insegura.

Gar não havia percebido até o presente momento o estado em que Tara se encontrava, mas agora tudo o que pensará saber a poucos segundos se confundia em sua mente.

–Não precisa ser assim, Terra...

–VOCÊ NÃO ENTENDE!! – Os olhos da garota se encontravam marejados – Não entende... – Dito isso seus joelhos desfaleceram e ela caiu sentada no chão- Não, como pode entender? – Disse quase para si mesma.

Estranhamente, o coração de Gar doeu. Apesar de tudo que Tara havia feito não podia deixar de sentir pena da garota, de todo o seu sofrimento.

–Podemos te ajudar, Tara... Nós, os Titãs. É isso que fazemos, ajudar as pessoas – O Rapaz-fera disse com um cativante sorriso nos lábios.

–Não, não podem... – Tara disse e, enquanto fitava o metamorfo, um sorriso triste surgiu em seus lábios – Ninguém pode...

Uma pausa se fez e o silencio noturno se fez ouvir acima de todos os barulhos que Garfield sabia que se faziam na noite da agitada Jungle.

–Sabe, o que vocês tem é especial... – Markov não pareceu nem um pouco constrangida ao dize-lo. Na verdade aquilo soou como as palavras mais verdadeiras que já escaparam de sua boca – Eu já tive isso... Ou ao menos acho que já – Fez uma nova pausa e Garfield soube que ela se perdera em seus pensamentos – É muito errado eu querer de volta?- E nesse momento não se saberia dizer se a fala ou o olhar da loira eram mais suplicantes.

–Tara...

– Ele não vai voltar, não é? – As lagrimas então correram pelo rosto da loira – Não é?!

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Então ali estavam Richard Grayson e Victor Stone, esperando a reunião de todos os Titãs e torcendo para que isso se fizesse de maneira breve. Stone batia rápida e continuamente seu pé, sinalizando sua visível impaciência, enquanto esperava sentando em uma cadeira posicionada em frente ao grande sofá da Torre, e, por mais que soubesse o quanto aquilo devia estar irritando Richard, não pretendia parar tão cedo.

– Então? – Perguntou Kory em um misto de curiosidade e ansiedade.

–Quero todos os Titãs aqui, assim não preciso repetir... – O líder respondeu ríspido.

Stone continuou com sua batida incessante até que por fim não pode aguentar mais e disse em tom de suplica:

–A ONDE ESTÃO ESSES DOIS!??

Nesse instante ouve-se o barulho de chamada de um comunicador titã por toda a Torre e em seguida a voz de Garfield irrompe pelo ar.

“Droga!”, é a única coisa que se pode ouvir antes de um estalo e da interferência que surge em seguida.

–Caramba! – Diz Cyborg, transformando a surpresa de todos em palavras.