Ainda olhando para Tara, Gar sorriu, vitorioso. Finalmente, com a volta de seus poderes, poderiam ter uma luta justa. Olhou de relance para Ravena, ela parecia estar esboçando um sorriso.

‘Como eu senti falta disso!”, o metamorfo pensou consigo mesmo.

Markov se levantou enxugando um filete de sangue que escorria de seu lábio inferior. Caminhou aumentando a velocidade progressivamente em direção a Garfield.

–Não pense que esqueci minha promessa, Rapaz-fera... – Tara disse enquanto estalava os dedos – De hoje você não passa.

Com um movimento sutil das mãos, duas enormes pedras foram jogadas na direção de Gar, mas ele desviou com a agilidade de um pássaro- literalmente. O metamorfo correu em direção a Tara mas, antes que chegasse a menos de cinco metros da garota, foi arremessado longe por uma pedrada da mesma.

Levantou depressa, não dando tempo à loira de ataca-lo novamente. Correu novamente em direção a Tara porém, antes que ela pudesse intercepta-lo, desviou transformando-se em um pardal e depois atacou como um urso, acertando alguns golpes na loira. Tara revidou, porem só conseguiu parar o ataque de Garfield.

Mas uma série de golpes foi trocada e Gar levou a melhor novamente. Com sorriso triunfante no rosto e gotas de suor escorrendo lhe da testa, atacou novamente. Tara parecia estar exausta demais para se defender e ele tinha confiança de que logo tudo aquilo acabaria.

Estava certo, Tara foi ao chão incapaz de continuar a luta. Gar se transformou em um grande leão das montanhas, pronto para atacar a qualquer instante, porém, em um fático momento, seu olhar se cruzou com o da loira e soube que não poderia prosseguir. Não era o carrasco de ninguém e, no final, era mais ou menos isso que diferenciava os mocinhos dos bandidos, não era? Transformou-se novamente em humano e, em um simples e rápido movimento, pegou o pequeno comunicador titã que se encontrava no cinto da garota.

–Acho que eu fico com isso... – Falou enquanto Tara o encarava com os olhos brilhando de espanto.

Garfield apertou o botão no comunicador e ficou a ouvir o som da ligação a ser completada.

‘Vamos logo com isso...’ pensou aflito.

Passou o olhar a sua volta. Ravena parecia estar ainda um pouco cansada de sua luta com Tara, mas Gar percebeu que algo em seu olhar tinha mudado, e parecia ser para melhor. A empata olhou para Gar e o mesmo sorriu automaticamente. Virou-se para Tara e a mesma olhava com um sorriso vingativo para atrás do metamorfo.

Virando-se, Garfield pode ver o Irmão Sangue pronto para ataca-lo.

–Droga! – Foi a única coisa que pode dizer ao desviar do ataque de Sangue, que provavelmente era algum empréstimo de poder dado por Trigon.

O comunicador estava estatelado na extremidade oposta a Gar. Agora não havia a menor chance de estabelecer comunicação alguma com os Titãs. Um frio lhe percorreu a espinha, estavam oficialmente sozinhos.

Sangue correu em direção a Ravena e segurou-lhe pelo braço com força.

–Você vem comigo, Gema. Trigon quer muito lhe ver novamente... – Falou ríspido porem saboreando cada palavra.

–Não! – Gar levantou-se em um salto.

–Como se você pudesse fazer algo para me impedir... Você está sozinho e fraco, Rapaz-fera!

Gar correu em direção a Sangue como um rinoceronte porem, quando estava a segundos de acerta-lo com um golpe mortal, foi parado pelo mesmo. Pareciam os poderes de Ravena.

–Interessante, não? – Falou, enquanto prendia Gar imóvel no ar –O que se pode fazer com um pouco de sangue... – Disse levando um dedo molhado do liquido vermelho à boca.

– Solte ele... – Ravena balbuciou – Deixe-o ir e irei com você sem tentar nada.

–Não Ravena! – Protestou o metamorfo.

Sangue sorriu satisfeito e um pouco espantado.

–Como quiser, Gema.

Já com os pés no chão, Gar foi atingido por uma pedra lançada por Tara e tombou novamente.

–Disse que ia deixa-lo ir!

–Ele tem minha total permissão para ir embora mas, por outro lado, a Srta. Markov parece ter assuntos inacabados para tratar com ele – Disse com um sorriso de divertimento nos lábios.

–Acho que agora não há nada que possa me impedir de cumprir com o prometido, não é Garfield? – Tara cochichou ao ouvido de Gar.

O metamorfo lançou lhe um olhar ameaçadoramente irritadiço, porem a loira pareceu ignora-lo.

–É uma pena eu ter que fazer isso, mas sabe como é... Promessa é promessa – Markov falou com um olhar distante, perdida em seus pensamentos.

–Não ouse encostar nele, Markov! – Ravena berrou se debatendo para sair das mãos de Sangue.

Ignorando completamente os protestos de Ravena, Tara passou a mão vagarosamente pelo rosto de Gar segurando-o, por fim, pelo cabelo. Sem dizer nada, deu um soco no maxilar de Garfield com a mão que estava livre. Sorrindo acertou-o, dessa vez no nariz.

–Markov! – Esbravejou a empata se debatendo cada vez mais.

– Que foi? Está com raiva? – A garota perguntou pegando agora uma pedra com a mão para golpear Garfield.

‘Com... Raiva. Isso!” empata pensou, esperançosa.

Ao lado de Ravena, Sangue ria divertidamente. Tara se preparava para deferir um golpe certeiro em Garfield.

–Sangue, faça com que ela veja eu acabar com o namoradinho dela... Afinal é a única chance que ela vai ter de se despedir.

–Tenho certeza que ela não vai esquecer esse momento – Disse, segurando Ravena pela raiz do cabelo e forçando-a a se virar para onde Markov e o metamorfo estavam.

“Tem que dar certo...” Ravena pensou, soltando um longo suspiro.

A mão de Terra começou a descer, com a agilidade favorecida pela força da gravidade, e uma aura negra envolveu sua mão.

–Merda, Sangue! – Tara esbravejou tentando mover a própria mão – Achei que tinha dito que isso ia segurar os poderes dela!

Sem esperar a resposta de nenhum dos dois, Ravena se soltou e deferiu um soco no nariz de Sebastian, que começou a sangrar instantaneamente.

–Porque não prova de seu próprio sangue, Sebastian? – Falou, com o tom mais macabro imaginável.

Sem se virar, afastou Terra de perto de Garfield e colocou o metamorfo em um lugar seguro, ou ao menos por hora.

–O que eu faço com você, Markov? – Os olhos de Terra se arregalaram com a pergunta.

–Ainda não acabou, Gema... – Sebastian principiou, já com o sangramento estancado e postura recobrada – Você, até mais do que eu, sabe do que Trigon é capaz quando quer uma coisa.

–Sem mim ele nunca vai poder chegar à Terra, e pode apostar que eu não pretendo cooperar para isso.

–Você não tem escolha – Dito isso, Sangue partiu para cima de Ravena.