Coração Assombrado escrita por Mrs Crowesdell


Capítulo 1
Capítulo 1




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Por que? Por que eu não podia ter uma vida normal como qualquer, qualquer uma adolescente?!

Por que não tive um namoro que durasse ou então, por que não me apaixonei por um garoto tecnicamente normal?!

Ou que tivesse problemas normais, sei lá.

Por que? Porque eu simplesmente nunca fui normal, então Deus, não permitiu que eu tivesse uma vida normal. Simples, fácil e rápido.

Tá, não posso culpar Deus por isso.

Ou posso?

Tanto faz! O caso é que me chamo Deborah e consigo ver, falar e sentir espíritos desde que tinhas uns 3 anos, mas não sou mediadora. Até podia ser mas não to afim de ajuda-los a atravessar a luz, principalmente depois de ver tantos filmes de terror e tal. É meio que uma ironia, na minha posição atual ter medo de espíritos. Ok, então preferia evita-los e pensar que são apenas pessoas vivas e normais, já que a única coisa que os diferenciam é a pele extremamente pálida, quase transparente e sua temperatura fria. Quando você está no frio não sente calafrios? Então, quando passa por um lugar e sente um calafrio é por que acabou de sentir a baixa temperatura de um espírito. Legal né?

Não.

Tá, continuando, estava no 2º ano do Ensino Médio quando aconteceu e tinha 16 aninhos apenas. Sou de estatura mediana, tenho olhos cor de mel, pele clara, cabelos... até a altura dos seios, lisos e loiros. Um loiro dourado e natural, não loiro pintado e oxigenado

Partindo para a história: Estava eu, indo tranquilamente com a minha calça Jeans, minha sapatilha preta brilhante, minha blusa listrada cinza com preta e um casaco cor de telha, para a escola com as minhas melhores amigas Vivian e Layla, no primeiro dia de aula. Tudo parecia certo até o recreio.

Cada professor perguntou nossos nomes e um nome que tinha chamado minha atenção foi Luccas Meducci. Pra quê um nome com tanto cc era o que eu me perguntava. Esse Luccas, ficava na ultima cadeira da fileira a minha esquerda ao lado da janela olhando para ela, parecendo bem pensativo, só desviava o olhar quando tinha algo no quadro para copiar, mas voltava a encarar a paisagem lá fora. Fiquei o olhando curiosamente por um tempo. Notei que tem cabelos castanhos e deixa uma franja até a sobrancelha, seu olhos verdes ficavam mais claros quando olhava pela janela. Sabia que o conhecia de algum lugar, mas da onde?... Na verdade é normal eu não lembrar das pessoas ou coisas, só presto atenção no que é essencial para mim, mesmo.


Finalmente o intervalo. Descemos da nossa sala, que ficava no 3º andar, o penúltimo.

Fomos direto para a ponte. Sim, tem uma ponte no pátio da minha escola. O pátio é bem grande, tem uma parte coberta, onde fica a cantina e as mesas, e tem a parte ao ar livre que tem umas árvores com flores rosas, sempre que venta muito voa pétalas rosas por todo espaço e a ponte fica atravessando uma divisória feita por um pequeno riacho artificial que parte da frente do colégio com uma cascata de enfeite, é bem do lado do portão até. Vamos dizer que seja o limite do pátio. Do outro lado da ponte tem o campo de futebol, só pode ir pra lá quando o time está em campo. E é por isso que eles colocaram um portãozinho no final da ponte.



Parece até que é um colégio de pessoas bonitas e mimadas. Mas é mesmo. Tirando pelo 1% feio, mais conhecido como eu.

Sempre ficamos sentadas no portãozinho, nesse dia não foi diferente. Botei minhas mãos nos bolsos do casado e segui andando com elas para a o portão da ponte. Geralmente não como no recreio, só quando a fome tá bagunçando o coreto.

– Cara, isso me irrita muito! - Layla disse se sentando, com sua postura de perfeita bailarina que era. É.

– O que, filha? - Vivian, que estava em pé ao meu lado quase copiando a minha posição botando as mãos no bolso do casaco branco dela, respondeu com desdém.

Não poder atravessar a ponte, mãe. Que palhaçada! - Layla cruzou as pernas já sentada encostando-se na grade branca da ponte. Oremos que não tenha sido pintada recentemente.

– Há-há, engraçada. Por que você iria querer ir pra lá? - Vivian finalmente se moveu para frente.

– Áh... sei lá, mas é ridículo! - Layla franziu a testa.

– Então tá né... - Eu e a Vivian rimos enquanto nos abaixávamos para se sentar, mas minha curiosidade enorme fez com que meu olhar se desviasse para uma certa pessoa: Luccas. Portanto continuei em pé e perdida em pensamentos como: Para onde ele vai? Por que está se afastando sozinho? Será que... Fui tirada deles pela voz de Layla.

– Iiih... Deborah, ta interessada nele não, né? - Olhei para ela bem abaixo de mim.

– O que? Não!... Não exatamente. - Falei envergonhada me sentando ao lado dela, mas Vivian, que estava na nossa frente, pareceu não se importar com isso e deu uma gargalhada e completou-a dizendo:

– Não exatamente?! Como assim, Deb?! - E mais risada Você não me parece o tipo de pessoa que se interessa por caras tipo ele: Todo quietão, isolado de tudo e todos, inteligente... Nerds pelo menos. Não pode ser amor a primeira vista, mesmo ele sendo uma delicinha. - Mais risada.

Ela não cansa de zoar as pessoas? E... tá, ele é lindo.

– Nossa, como você é horrível. - Falou Layla se direcionando à Vivian, mas logo virando para mim. Mas mesmo assim, como assim Não exatamente?

– Áh, não é nesse sentido, gente. - Me encolhi entre os ombros.

– Aham, sei. - Falou Vivian esticando as pernas com um sorriso malicioso. Fiz uma careta para ela e disse virada para Layla:

– É que eu me lembro que eu já vi ele em algum lugar...

Isso por ele ser como a Vivian disse.

– Ele estuda aqui a quanto tempo?

– Não sei bem, mas me lembro de te-lo visto quando eramos do 9º ano. - Se intrometeu Vivian Ele passou a ser assim no meio do ano, nas férias de Julho. Mais precisamente dia 21 de julho.

– 21 de julho? Ele era da nossa sala? - Nenhuma resposta

– É verdade. Me lembro que ele era normal, tinha amigos e tal, mas quando voltamos as aulas parece que geral se distanciou dele por algum motivo. - Layla disse.

– Ah vá! Por algum motivo? Layla, me poupe; você não sabe? Duvido!

– Não. - Respondi no lugar de Layla, mas elas nem me escutaram e Layla foi rápida em dizer:

– Ah, você acredita mesmo nesse boato?

– Você tem outra explicação? - Eu já estava ficando tonta de tanto virar a cabeça para as duas para acompanhar a conversa.

– Que boato, gente?! - Ninguém me respondia e eu cada vez ficava mais angustiada, agoniada por ninguém me responder, mas aí a Vivian se virou para mim e disse:

– Que ele estava sendo perseguido.

– Perseguido? - Ok, não entendi.

– É. - Dessa vez foi a vez da Layla de falar. - ele dizia que era perseguido por um fantasma e os amigos dele achavam que ele estava ficando louco aí ficaram com medo porque quando estavam junto com meninas coisas estranhas aconteceram depois começaram a acontecer com os garotos também. E ele ficava falando que era a Lina que fazia essas coisas para afasta-los dele.

– E conseguiu. Espera, Lina não é aquela garota que morreu? Agora estou me lembrando dele. Eles não namoravam, não é? E 21 de Julho...

– Uhum, mas ninguém sabe o porque que ela morreu.

– Como assim ninguém sabe o porque? Não disseram que ela se cortou toda?

– Sim, mas o que eu quis dizer é que ninguém sabe o porque que ela se cortou. Só a polícia provavelmente.

– Ah... entendi. - Abaixei a cabeça pensativa. Se ele fosse mesmo assombrado pela Lina com certeza eu teria a visto. Afinal era uma falsa mediadora. Então era mesmo só boatos.

– Ei, Deb. Vivian me chamou com mais um dos seus sorrisos maliciosos e disse: - Ainda está interessada nele? - Revirei os olhos

– Todo o meu interesse por ele foi tirado agora. Não era como um interesse era mais como uma curiosidade, eu acho. - Respondi e ela juntou as pernas novamente ao peito.

– Cuidado, não se aproxime muito dele, se não... Uuul Ela balançou os dedos da mão na minha direção, sorrindo coisas estranhas podem acontecer com você! - Rimos um pouco, mas eu realmente deveria te-la ouvido.

No final do intervalo, passamos pela cantina e subimos a escada que é ao lado da passagem onde leva a frente da escola, passamos por ele, o que me fez lembrar:

Se aquilo é só um boato, por que então que ele continua assim tão afastado?



Desculpa, gente, mas eu sou muito curiosa. Deu pra perceber, né?



Quando o sinal bateu, anunciando o fim das aulas do dia, arrumei minhas coisas e botei minha mochila no ombro. Ao mesmo tempo que fiz isso vi ele ainda sentado, e sem surpresa, olhando para a janela. Sua cadeira ficava umas 4 ou 5 distantes da minha, só que na fileira da janela, a minha fileira era a segunda da janela para a parede do corredor.

Tomei coragem e fui lá falar com ele. Não dei meio passo e senti algo me impedindo e esse algo era a mão do Erick no meu pulso.



Erick é um antigo amigo de Luccas, só sei disso porque lembrei que jogavam futebol juntos. Alto, cabelos loiros jogados nos olhos tampando um pouco sua cor azul bebê. Era bem bonito, mas não do tipo que me atraía. Claro que se ele pedisse para ficar comigo eu aceitaria numa boa. Com um meio sorriso no rosto disse para mim quando virei repentinamente:

– Não vai lá Ele disse ainda segurando de leve meu pulso e me olhando nos olhos.

– E por que não? - Apertei a única alça da mochila que estava no ombro.

– Confia em mim. - A voz dele era deliciosa quando pronunciada calmamente.

– ...Aquela história é só um boato.

– Não é boato.

– Claro que é.

– Como pode saber? Nem era amiga dele na época. - Fiquei quieta olhando-os nos olhos que eram hipnotizantes.

Por que posso ver, falar e sentir espíritos. Se ele fosse assombrado com certeza teria visto ou ouvido ou sentido o fantasma.

Como queria ter falado isso, mas não posso simplesmente sair dizendo que sou uma falsa mediadora para todo mundo por qualquer coisa. Se bem que não era qualquer coisa.

Acredite, eu não deveria ter ido falar com ele, devia ter ficado na minha, ter saído da sala conversando com o Erick. Quem sabe até eu gostasse dele? De verdade. Porque o que me aconteceu depois, bem depois, não foi muito... agradável.

Mas não, eu tinha, ainda tenho uma tendência a desobedecer e se eu for duvidada vou provar para pessoa que sou capaz de fazer seja lá o que for! E por isso puxei meu pulso me soltando de Erick, ainda olhando nos olhos dele, depois dei uma corrida na direção oposta. Senti os passos fortes de Erick tentando me alcançar, mas antes disso acontecer cheguei na frente do Luccas e disse rápida com um sorriso amigável:

– Oi! - Ele ficou parado em estátua com uma sobrancelha arqueada. Agora ele já estava em pé arrumando as coisas para ir embora. Em pé e mais próximo pude ter noção da sua altura e dos detalhes do rosto, como a boca bem desenhada, os olhos penetrantes e a pele levemente morena. Agora entendo porque as garotas queriam ficar perto dele mas ainda não sabia muito bem porque não ficavam perto dele. Ele parecia ter uns... 16? 17? Nossa ele é muito lindo.

– Eh...Oi. - Dei um sorriso mais feliz ainda por ele ter me respondido.

– Não quero ser intrometida nem parecer estranhamente abusada nem nada, mas que tal amanha termos uma conversinha, hã? - Ele pareceu surpreso mas depois relaxou.

– Olha... não acho uma boa ideia. - Meu sorriso foi sumindo lentamente, mas ao mesmo tempo fiquei meio hipnotizada com a voz sedutora dele. Acreditem é mais gostosa de se ouvir do que a de Erick. Era bem... melodiosamente máscula para um garoto de 17 anos. 16. Tanto faz.

– Por que?

– Bem, porque... - Ele olhou para a janela novamente prestes a por a mochila nas costas mas dessa vez ele arregalou os olhos e disse sem tirar os olhos do que estava lá fora: - Desculpe! Tenho que ir! - E saiu correndo, quase tropeçando nas cadeiras.

Fiquei ali parada sem entender nada só o olhando ir embora pela porta do outro lado da sala, bem mais pra frente. De repente eu só ouvi um Não faça isso de novo, não sabia se a voz era de uma menina ou de um garoto de tanto que minha mente estava embolada e quando virei para ver quem tinha falado vi Erick já perto da porta, mas o que me deixou mais assustada foi, quando voltei o olhar para a janela, ver no portão uma figura feminina pálida, quase transparente, com cabelos molhados, cortada e ensanguentada. Falei para mim mesma incrédula:

– Lina?!


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Notas finais do capítulo

Se quiser deixar algum review, tá... problema nenhum kk



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