Quando A Esperança Tem Um Nome... escrita por Poeta Morta


Capítulo 3
Capítulo III


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, desculpa a demora.
Boa leitura ;3



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Capítulo III

            Maxuell Hendrix foi meu melhor amigo. Ele sabia tudo sobre mim e vice-versa, nós nos entediámos e aliviávamos o vazio interior que tínhamos, ele era meu porto seguro e eu o dele. Foi assim desde sempre, e em algum momento inevitável eu me apaixonei por ele.

            Ele começou a sair com meninas no mesmo ano que eu entendi esse. Saia com várias, assim como meu irmão e os outros, eles já estavam virando babacas e pegadores naquela época. Mas eu não ligava, só dava bronca.  É claro que aquilo me machucava e me destruía por dentro, mas eu ignorava.

            Até que eu comecei a sair com um garoto. Ele era do time de basquete sub 14, ele era fofo, romântico e encantador. Era bom demais para mim, mas era bom estar com ele, era maravilhoso me sentir desejada. Foi quando tudo aconteceu.

            -Daniela... – o nome do garoto era Paul, ele sorriu para mim assim que virei meu rosto, o rosto dele estava tão próximo que foi impossível nossos lábios não se tocarem, e então ele me beijou. Foi em uma pracinha onde todo mundo ia naquela época. Foi meu primeiro beijo e foi perfeito, doce, suave e encantador.

            -Que merda é essa? – eu ouvi alguém gritar assim que nos separamos. Não era Johnny quem gritava, era Max, ele estava bravo, e foi até lá, tirou Paul do banco e começou a brigar com ele. Enquanto Dave e Jason tentavam separar meu amigo enlouquecido de uma briga idiota, Johnny me trouxe para casa.

            É óbvio que eu havia me afastado naquelas três semanas que eu havia começado a sair com Paul, porque ele estava me fazendo esquecer o que eu sentia por Max, ou melhor, estava fazendo com que doesse menos. Então eu não sabia quase de nada do que estava rolando ali.

            Logo depois que eu Johnny chegamos a casa, os meninos entraram. Max ainda estava bufando, mas sorriu assim que me viu. Eu fiz uma careta para ele.

            -Qual é a tua? – eu gritei, lembro até hoje que ele fez uma cara de confuso. Dei dois passos e dei um tapa na cara dele – Você não tem o direito de bater no cara que eu estou saindo!

            -Ele estava se aproveitando de você!

            -Você não é o Johnny para ter ciúmes de um beijo – eu gritei para ele, os meninos de alguma maneira foram saindo de fininho para não sobrar para eles.

            -Mas... Mas... Eu sou seu melhor amigo!

            -Eu nunca dei escândalo com você e já te vi pegando um monte de meninas – eu gritei em resposta, e ele finalmente segurou meus pulsos, com certo cuidado. É, eu não havia notado, mas estava o cutucando a cada grito que dava.

            -Você é forte e controlada.

            -Sou nada, eu simplesmente guardo o que sinto para mim – eu resmunguei e naquele momento em vi o que eu havia falado e corei violentamente. Max sorriu e se aproximou suavemente de mim, aproximando nossos rostos.

            -Isso te faz forte e controlada. Eu sou um idiota por ter te feito me ver ficando com outras garotas, sabendo que não suportaria ver você fazendo o mesmo – ele sussurrou – Eu só não entendo porque demorei tanto tempo para perceber...

            -Perceber o quê? – eu perguntei, mas estava quase de olhos fechadas.

            -Que eu gosto de você – e então ele me beijou. Apesar de ter sido o segundo beijo da minha vida, nenhum outro beijo foi como aquele. Parecia que nós estávamos em perfeita sintonia e que havíamos sido feitos um para o outro.

            Nós começamos a ficar. E então uma semana depois disso Max foi embora. Ele deixou uma carta, uma carta e só. Eu guardei a carta, mas fiquei em pedaços. É claro que a culpa não era dele, era dos pais. Mas ele falou que não me merecia e queria que eu fosse feliz, que não era para eu esperar por ele.

             O que doeu não foi perder o amor dele, ou o que quer que fosse, foi perder ele. Apesar de logo depois eu ter conhecido Will e sua trupe, eu nunca mais fui a mesma. Quem me ensinou a escutar rock foi Max, quem me instigou a desenhar foi ele, tudo o que eu era, e tudo o que ele era, foi nós dois que formamos um no outro e aquilo doía,

            E eu tinha raiva, porque em nenhum momento ele me contara que iria embora. E fazia mais de dois meses que ele sabia. E ele simplesmente não tivera coragem de falar, ele simplesmente fora um covarde.

            Eu me sentia vazia, me sentia ferida, não conseguia suportar as piadinhas do colégio, todos me chamavam de lésbica porque só andava com meninos na época, eu não conseguia mais ser forte. Não que antes eu fosse, mas era mais com ele por perto. Então eu simplesmente comecei a apelar ainda mais para algo que começara um pouco antes de Max ir. Eu comecei a me cortar.

            Eu sei, uma bobagem. Mas não foi por ele, foi por tudo. Minha vida era um inferno, eu aguentava com os meninos que sempre me defendia, com meu irmão e principalmente com Max, mas então quando eu perdi ele, eu perdi tudo. E aquilo ficou insuportável.

            Eu estava começando a parar, estava começando a ficar bem, quando ele apareceu. E só a visão dele fazia o vazio do meu peito ficar insuportável. Eu deveria ter caído nos braços dele, mas as coisas mudaram.

            Eu estava com a vida bagunçada quando ele foi embora, agora que eu a organizara não ia deixar que ele estragasse tudo de novo. Não dessa vez. Se bem que minha vida ainda estava uma bagunça...

            Saí do banho, havia colocado uma calça jeans limpa, uma camiseta de manga comprida preta, junto com meus braceletes. Sequei meu cabelo. Refiz a maquiagem. E estava pronta. Meu cabelo caia até a minha cintura e parecia brilhar ainda mais.

            -Daniela, abra a porra da porta – ouvi Johnny gritar batendo na porta – Eu sei que tenho sido um babaca, que eu não devia ter feito aquelas brincadeiras contigo, que devia ter te tratado melhor como irmã, mas por favor, por favor, por favor, abra a porta, a gente precisa acertar as coisas – ele disse anda gritando – E você e Max também. Ou você acha que eu não sei das...

            -Das o quê Johnny? – eu gritei de volta da porta, ele ficou em silêncio. Eu me aproximei da porta. Ele estava realmente pedindo desculpas? Suspirei, era só meu irmão idiota, a gente poderia conversar como adultos uma vez na vida, afinal de contas, era véspera do nosso aniversário. E eu só tinha me tocado disso agora. Eu abri a porta, ele estava parado, com as mãos no bolso, mas não era só ele. Jason, Dave e Max estavam lá também.

            -Das drogas – Johnny falou, eu respirei fundo, achava que ele estava falando das minhas cicatrizes.

            -O Will é drogado, eu só uso como você, de vez em quando – falei me encostando na porta, e olhando apenas para Johnny – E pedir desculpas não vai mudar o babaca abominável que você se tornou, nem as ofensas que disse, nem nada.

            -Daniela, você é a melhor irmã do mundo – ele sussurrou, olhando para mim. Seus olhos estavam tristes, meu coração doía – Você é linda, está linda, eu sei que sou um idiota, que eu virei um idiota, mas poxa... Você ficou tão estranha depois que o Max foi embora que... Que o nosso grupo precisava de um rumo, e ninguém queria se quebrar como você. Poxa.

            -E eu sei que errei em não contar pra você antes, mas... – Max começou a falar, eu fiz um gesto com a mão e ele parou imediatamente de falar, enfiando as mãos no bolso.

            -Eu sinto muito, Dani. Mas você precisa ver o nosso lado também. Você sabe que o Max era o ponto de confiança do nosso grupo, assim como você era a que moderava e dava equilíbrio, sem vocês lá, como a gente poderia saber onde ir? E então, naqueles três meses que você se enfiou na sua concha e que o Max também sumiu e deixou de falar com a gente, bem, nós tivemos que escolher o que seriámos para o mundo lá fora – Johnny não parecia escolher as palavras, falava rápido, como se realmente fosse meu irmão de volta.

            -Escolhemos errado, claro que escolhemos – Jason completou – Mas, quem nunca escolheu errado?

            -Além do mais – Dave completou – Um tempo depois você começou a sair com aquele pessoal mais velho e que era de outro mundo. Caramba, você tinha treze anos e saia com gente de 16 e 18, era algo bem surreal para nós. E invés de...

            -De falar com você sobre como isso nos dava a sensação de não sermos importantes – Johnny interrompeu Dave – Nós resolvemos ignorar você.

            -Vocês são idiotas – eu sussurrei, havia esquecido de Max, então estava quase chorando – Eu comecei a me afastar não porque não queria mais vocês, mas porque ficar com vocês me lembrava de Max, e isso era como estar sendo morta.

            -Dani – Johnny sussurrou e então me abraçou forte, como há muito não fazia. Eu me senti protegida e frágil – Eu sinto muito, não havia percebido, não entendi na época, é que você tinha seus próprios meios para lidar com isso...

            -Era diferente das outras garotas – sussurrou Jason.

            -A gente esqueceu-se do seu orgulho e que você não é com as outras – Dave sussurrou. E então ele e Jason me abraçaram junto com Johnny, era tão estranho, mas ao mesmo tempo aquilo me deixava feliz.

            -Eu posso falar agora? –Max perguntou fazendo a gente se separar – Vocês me escutaram ontem à noite rapazes, mas ela não. E é ela quem mais sofreu com isso, não foi?

            -Não quero falar com você – respondi antes de qualquer garoto. Eles me olharam confusos.

            -Mas Dani...

            -Nem venha, Johnny. Eu sei o que eu quero e o que eu preciso. Eu era uma criança quando tudo aconteceu, mas aprendi uma coisa, garotos covardes sempre vão embora no final – olhei para Max – E você sempre foi um covarde – ele colocou as mãos no bolso novamente, olhando para o chão.

            -Eu achei que ia ser diferente – ele sussurrou – Achei que...

            -Você esqueceu quem eu sou Maxuell? Creio que próximo a mim como você era, ainda conhece muito de mim e sabe muito bem sobre as minhas reações – respondo, meu olhar é frio. Eu sei que é. Não sei como consigo, tudo que eu quero é abraça-lo, é entregar meu coração, é esquecer de tudo e fingir que nada aconteceu nos últimos dois anos. Mas não é só meu orgulho que impede, mas meu bom senso.

            -Não esqueci – ele fala levantando o olhar, e prendendo-o no meu, os garotos se afastaram um pouco. Ele deu alguns passos e chegou próximo de mim, eu não me afastei, queria desafiá-lo – Mas você sabe melhor do que ninguém que eu sou tudo menos covarde.

            -Eu realmente achava que você não era, até você quebrar meu coração e o que restava de mim – eu joguei essa verdade na cara dele. O olhar de Max se encheu de dor, ele mordeu o lábio – Você acha que vou deixar isso acontecer de novo? Estou perdida, mas tenho esperança, com você aqui, a esperança some.

            -Você acha isso mesmo?

            -Acho – respondo, mas não é completamente verdade. Nos últimos dois anos passei meu tempo antes de dormir imaginando meu reencontro, ás vezes era com ele me beijando e falando que não parou de pensar em mim e então nós finalmente vivendo uma história de amor. Mas na maioria das vezes era como estava sendo agora. Eu o desafiando e o negando, achando outro cara e o fazendo sofrer.

            Eu sempre achei que ele não me amava e por isso foi embora e nunca mais tentou contato. Sempre me senti abandonada, e eu odiava me sentir abandonada, acontece que eu não ficava só triste com isso, mas ficava com raiva. E eu tinha muita raiva acumulada de Maxuell.

            -Tudo bem – ele sussurrou se afastando. E indo para as escadas.

            -Dani – Johnny sussurrou – Isso foi bem cruel.

            -Eu sei – sussurro, sentindo meu corpo querer começar a tremer – Eu sei.

            -Daniela...

            -Eu não quero saber, Dave. Eu não quero saber, vocês não tem noção de como eu fiquei. Nem quiseram saber. Peça para o Will, eu ainda sinto. Quando ele briga com a Hanna e eu já não aguento mais a dor que Max me causou, nós ficamos. Todo o garoto que eu fiquei nos últimos dois anos foi pensando em Max, foi tentando esquecê-lo. Porque no fundo, eu nunca o perdoei por não ter dito nada. Por ter me deixado apaixonada e sem esperança. Ele me abandonou...

            -E você o odeia – Johnny sussurrou – Eu entendo, completamente.

            -Você parece cansada – Jason sussurrou – Vá se deitar – isso foi mais como uma ordem, mas ele estava certo, eu provavelmente dormir apenas algumas horas.

            Fechei a porta e me joguei na minha cama, não demorando muito para adormecer.

           

           


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Notas finais do capítulo

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Beijos
Íris ;3