A noite estava fria. E a contagem para a lua se reduzia. Apenas me deitei para não pensar mais no assunto.

Acordei de manhã bem disposta. Desci para tomar café, e tio Macon ainda dormia. Logo estava saindo para mais um dia naquela escola nojenta.

As aulas não eram nada interessantes. A professora ainda não havia chegado. Sentei-me em um lugar e fiquei apenas observando os movimentos. Quando Emily entrou, vi que ela passou por mim. Acho que estava indo em direção a Ethan, que estava sentado atrás de mim. Resolvi prestar atenção na conversa.

– Ethan, posso conversar com você rapidinho? Quero que saiba que ainda me importo com você como amiga. E rezo toda noite pra você não ir pro inferno.

– Ah, eu não vou pro inferno Emily, quero dar uma parada em Nova Iorque primeiro.

Me diverti muito com sua resposta a fala petulante dessa garota.

O sinal logo bateu.

– Muito bem todos em seus lugares- dizia a professora chegando.

Ela cumprimentou alguns alunos e começou a falar.

– Muito bem. Devem ter lido esse livro durante o verão. –disse mostrando um livro- vamos começar discutindo a personagem Paul Rendre Ly. O recluso da cidade com um passado misterioso.

– Tá falando de Macon Ravenwood?- a amiga hipócrita de Emily começou a falar.

– Dá licença- Emily começou a falar. –Minha mãe disse que eu não devia tá lendo esse livro .

– Esse é um dos livros proibidos- a amiga de Emily voltou a falar.

– É mais eu tive permissão do Conselho Estudantil para usá-lo durante um semestre-disse a professora.

– Mas eu não vou ler nada que foi proibido pela nossa igreja. - disse Emily.- minha mãe também disse que eu não devia estra na mesma turma que uma Ravenwood.- começou a me irritar. – ela disse que não é certo eles ficarem perto de jovens cristãos. - quanta hipocrisia

– Emily cala essa boca- Ethan se pronunciou.

– Minha mãe disse a mesma coisa- aquela amiga da Emily voltou a falar. –Disse que a família toda é satanista- aquilo já estava me deixando com muita raiva. – eles rezam pelados pra satanás.

As duas começaram a rezar. A professora e Ethan começaram a fazer com que elas parassem.

– O que está fazendo? Não pode rezar em sala de aula. - disse a professora

Elas continuam. Aquilo estava começando a me deixar fora de si. Não sei quanto tempo vou aguentar. Aperto a cadeira com toda a força da minha mão. Uma raiva subitamente se apodera de mim. De repente perdi o controle. Todas as janelas da sala de aula se quebraram como uma explosão. Todos na sala gritaram. Eu me arrependi na hora. As duas começaram a grita “foi ela, foi ela que fez isso”. Enquanto o resto da turma saia da sala. Eu fiquei pasma, mas sentada em meu lugar. Ethan veio em minha direção.

– Você tá bem?

Eu apenas olhei para a sala e para ele e saí. Deixando- o para trás. Eu apenas corri para meu carro. Quanto mais cedo eu chegasse a mansão melhor. Ao chegar, meu tio estava em seus aposentos. Segui para meu quarto, apenas deitei na cama e comecei a pensar no ocorrido. Depois de algum tempo refletindo, resolvi ir para um espaço aberto. E eu sabia exatamente aonde ir. Depois dos muros da mansão, havia um jardim. Apenas me sentei na sombra de uma grande árvore e comecei a pensar. De repente, senti alguém vindo em minha direção. Ao olhar para trás a surpresa. Era Ethan.

– Tá fazendo o que aqui?-disse a ele enquanto vinha em minha direção.

– Eu, ah, só vim ver se tá bem.

– Pra que?

– Não sei. Você tá bem?- ele parou de andar.

– To.

– Bom.

– Agora já pode ir. Disse me virando para não olhá-lo. Senti que ele ainda estava no mesmo lugar. Eu havia gostado de ele não ter ido embora. Olhei novamente para ele.- vai embora!

– Não. - disse ele

–Vai!

– Não.

–Vai!

– Não.

–Idiota. -disse rindo e me divertindo com aquela situação.

Ouvi seus passos em minha direção. De repente ele se sentou em minha frente. Ele se sentou com uma feição no rosto, de como se estivesse com receio de se sentar ali e eu fazer alguma coisa a ele. Não consegui segurar um sorriso. Vi que ele olhava para a minha “tatuagem” na mão. Eu olhei para aquilo, sorri e virei o rosto, escondendo a mão.

– Desculpa pela Emily, ela pode ser pior que um cão chupando manga.

– Nunca entendi essa expressão.

– Eh, nem eu.

– Eu já devia esperar isso. Todos me odeiam onde quer que eu vá.

– Mas elas são um bando de idiotas, porque você liga?

– Você nunca teve que se entrosar com gente de um lugar diferente não é? - disse olhando para ele.

Ele olhou para o chão e começou a falar.

– Tá, deixa eu ver se vou lembrar. É bukowski. Alguns perdem sua alma- eu comecei a sorrir. Parecia inevitável. - Alguns perdem a cabeça e se tornam alma. Alguns perdem sua, sua cabeça- ele parecia muito confuso. – pera aí. Alguns perdem a alma.- eu ri.- e se tornam realidade. Alguns perder a realidade e se tornam alma. Droga eu decorei tudo isso só pra te impressionar. Droga. - eu o olhava admirada.

– Não consegue evitar- ele ria para mim

– O que?

– Se encaixa em qualquer lugar, transborda charme. - dizia sorrido para ele

– Eu nunca sei quando tá me ofendendo ou não.

– Desculpa.

– Não, eu gosto. Sabia? E se faz alguma diferença, eu gosto de você- me surpreendeu.

– Não vai pensar assim depois- disse olhando para o chão, meio sem graça.

– Ta é. Você não pode ficar reclamando que não tem amigos e depois fazer um cara dá esse duro danado pra ser seu amigo. A não ser que você me ache mesmo um idiota. Nesse caso eu vou embora.

– Vai falar pros seus amigos sobre a aberração.

– Você jura que acha que eu sou assim? – eu parei por um momento o olhando fixamente e refletindo sobre o que ele acabou e dizer.

– Não. –disse olhando para ele.

– Que legal- ele sorriu.

– Vai embora, vai- eu disse me levantando.

Ele se levantou logo atrás de mim com um sorriso e veio até mim.

– Você leu aqueles capítulos de Um Sonho para Todos?

– Li. Já li duas vezes- disse a ele ainda andando.

– Ah, é bom não é?

– É.

– Você já viu o filme?

– Não.

– Ah, também é bom. A gente devia ver um dia. Você alguma vez leu Varnet?

– Não.

– Cart Varnet? Não? Matadores Cinco. É incrível. Ele também foi proibido.

– Só lê livros proibidos?- disse me preparando para pular o muro de volta a mansão.

– Ah eu não leio só livros proibidos, mas sei lá, é que eles – ele me ajudou a subir no muro. - é que todos os livros que deixam a gente ler são meio chatos eu acho. – ele pulou o muro logo atrás de mim.

– Obrigada. – disse já andando de volta a mansão. - olha desculpa eu ter...

– Não tá tudo bem.

– Você tem que ir embora. Meu tio não gosta muito de gente perto da mansão.

– Eu sei, eu já fui á dentro. – olhei surpresa para ele.

– Você entrou na casa?

– Eu não fiz por mal, entendi. As pessoas o acham assustador, mas ele é só um cara tímido. Não é?

– É isso aí.

– Olha ah- disse ele parando em minha frente e tirando um amuleto de seu bolso. Eu trouxe um presente de boas vindas a Gatlin. – eu sorri para ele. Ele abaixou sua mão – achei que podia colocar no seu colar. Ele olhava fundo em meus olhos. Estávamos muito próximos. Podia sentir seu perfume.

Estendi minha mão para pegar o amuleto quando meu tio apareceu na porta da sacada.

– Lena. - eu e Ethan nos assustamos. - temos um convidado?

– Não, ele já vai embora- disse olhando para Ethan.

– Olá senhor. - disse Ethan

– Educado, isso é bom- disse meu tio.

– Eu estudo na mesma escola que a Lena. Eu sou Ethan Wate. Prazer em conhecê-lo senhor. – eu estava ficando muito apreensiva. Ele deveria ir embora.

– Você é filho de Lara Evans?

– Sim senhor- disse ele parando em frente à escada da mansão, enquanto eu o acompanhava. – conheceu minha mãe?

– Lena porque não convida seu amigo para um chá?- aquilo não estava nada bom.

– Diz que não pode ficar. - sussurrei em seu ouvido, mas sem sucesso. Ethan parecia funcionar a base de psicologia inversa.

– Eu adoraria. Obrigado senhor. - eu o olhei séria.- ele não é assustador.- disse se dirigindo a mansão.