A Força De Uma Paixão. escrita por Kah


Capítulo 8
Capítulo 8 Encontro, Lágrimas e Cores




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Aquele encontro foi cheio de abraços e lágrimas, a senhora Paula Montaner, minha mãe, era uma mulher incrível, assim que entrei na biblioteca ela correu até mim, me abraçava e beijava meu rosto, as lágrimas caiam intensamente pelo seu rosto, a principio eu não sabia o que falar ou o que fazer, apenas deixei que ela tentasse amenizar um pouco aquela saudade de anos. Sentamos no sofá uma de frente pra outra, ela segurava minha mão firmemente como se temesse que eu novamente sumisse, depois de longos minutos apenas sentindo e descobrindo a outra, começamos uma longa conversa, ela me fez contar tudo sobre minha vida, e eu tentei contar o máximo que pude, ela tinha o direito de saber o que havia me acontecido durante esses 20 anos.

— Te procurei tanto minha filhinha, - disse me abraçando apertado – te procurei e hoje você que voltou pra mim.

Contei quando perdi meu primeiro dente, quando aprendi a andar de bicicleta, o primeiro tombo, o primeiro livro que consegui ler sozinha, fatos de minha infância que faziam ela derramar lágrimas. A parte mais difícil foi falar sobre meus pais adotivos, o quanto eles me amavam e eu a eles, enquanto falava sobre eles ela permaneceu calada e triste.

Depois de tentar detalhar o máximo possível sobre minha vida ela me contou sobre a dela, sobre o quanto sofreu me procurando, as noites mal dormidas imaginando onde eu poderia estar, os pesadelos onde diziam que eu havia morrido, e enquanto ela contava sobre sua vida foi a minha vez de deixar as lágrimas caírem, embora não lembrasse dela sentia um apego no peito, era um amor adormecido que havia ali e que aos poucos foi despertando, um amor de filha para mãe.

Foram longas horas conversando naquela biblioteca, tentando de alguma forma redescobrir a outra, a senhora Montaner a todo momento passava a mão pelo meu rosto, tocava meus cabelos, limpava minhas lágrimas.

Quando perguntei sobre Paola vi um vazio nos seus olhos, ela me disse que desde que Paola havia completado seus 18 anos era impossível mantê-la em casa, Paola nasceu para ser livre, para viver intensamente a vida.

— Paola sempre foi mais apegada com o pai. – disse segurando minhas mãos – Ao contrario de você que não saía de perto de mim.

Sorri timidamente para ela.

— E onde ela esta agora? – perguntei interessada.

— Bom, a cada dia ela esta em um lugar diferente, - seu olhar era triste demonstrava saudade – sempre mantemos contato, mas ela que me liga, porque nunca sei onde ela esta.

Naquele sábado nos vimos obrigadas a jantar com a família Bracho, dona Piedade e “minha mãe’’ eram bastante amigas, e durante aquele jantar me senti novamente com uma família, Lizete sentou ao meu lado e Carlos Daniel a minha frente e eu não podia deixar de olhá-lo, nossos olhares sempre se encontravam, e sorrisos discretos eram trocados. Conversas paralelas rodeavam a mesa, minha mãe e dona Piedade conversavam sobre a felicidade de me ter novamente, e eu perguntava para Carlos Daniel sobre sua família, ele me contou sobre seu irmão, Rodrigo, que era casado com Patrícia e tinham um filho, Carlos Augusto, ou Carlinhos. Me disse também sobre a fabrica de Cerâmicas que a família Bracho possuía. Quando indaguei sobre a mãe de Lizete ele apenas disse que ela não tinha mãe, me fazendo ter um apego maior ainda por aquela menina que tão pequena já havia perdido a mãe.

Finalmente depois de meses mergulhada em uma imensa solidão eu estava me sentindo bem, aquela ferida enorme no peito começava a cicatrizar e uma esperança enorme de que finalmente eu seria feliz nasceu me fazendo sentir viva e preparada para o futuro.

Depois daquele reencontro com Paula, sempre visitávamos uma a outra, um mês havia passado desde minha chegada ao México e minha vida já estava completamente diferente. Paola soube do meu aparecimento e disse que em breve retornaria, eu aguardava ansiosa esse encontro com minha irmã.

Eu sempre visitava Lizete, algumas vezes com Paula, e outras sozinhas, e em muitas dessas visitas Carlos Daniel estava presente, aos poucos fui conhecendo o restante da família Bracho, Rodrigo, Patrícia e Carlinhos, gostei deles assim que os vi, e Carlinhos, assim como Lizete, se apegou muito a mim, mas diferente de Lizete ele me chamava apenas de Paulina, os empregados da mansão também se tornaram amigos, Adelina, Lalinha, Cacilda, Adélia, Pedro e Chico, todos muito simpáticos e prestativos.

Durante esse tempo resolvi comprar um apartamento, não me sentia preparada para morar na casa de meus pais, e muito menos de ir morar com Paula, apesar dela insistir muito, ainda não me sentia segura. Durante minhas visitas a mansão Montaner, Paula me mostrou toda a casa torcendo para que eu me lembrasse de alguma coisa, mas foi tudo em vão, até meu quarto que estava exatamente do mesmo jeito de quando eu morava ali não me ajudou nas lembranças.

Assim que me mudei para meu novo apartamento, finalmente pude sentir que tinha uma casa.

— Ainda não sei porque de você ter comprado esse apartamento enquanto tem uma casa enorme te esperando. – Paula dizia enquanto eu desfazia minhas malas sobre a cama do meu novo quarto, a casa que ela se referia era a dela.

— Me desculpe Paula, mas acho melhor morar aqui. - disse olhando-a nos olhos.

— Tudo bem minha filha, - ela disse sorrindo – não vou mais insistir nesse assunto, mas saiba que irei vir sempre te visitar.

— E é pra vir mesmo, - sorri e peguei em suas mãos – eu também vou ir sempre na sua casa.

— Eu vou contratar uma boa empregada pra você. – ela disse preocupada enquanto eu colocava minhas roupas no armário.

— Não precisa se incomodar, eu me viro sozinha. – disse voltando até a cama e pegando mais algumas peças.

— Não Paulina, já esta decidido, amanha mesmo vou atrás de uma empregada de confiança, não vou deixar minha filha sozinha nesse apartamento.

— Tudo bem, mas eu pago o salário dela. – disse sorrindo.

— Mas... – ela tentou argumentar, mas lancei um olhar sério para ela – você não mudou nadinha nesse aspecto.

— Como assim? – perguntei confusa.

— Sua teimosia, desde criancinha era sim, quando enfia uma coisa na cabeça não tem quem tire. – ela disse sorrindo.

— Mamãe costumava dizer que eu era uma cabeça dura. – disse sem pensar provocando um certo constrangimento em Paula – Me desculpe, eu falei sem pensar.

— Não tem que se desculpar de nada minha filha, - ela disse triste – mas pra mim é difícil ouvir você chamar ela de mamãe e me tratar de Paula.

— Me desculpe. – disse baixinho e senti minha face corar.

Paula se levantou e me abraçou, eu retribui o abraço.

— Tudo bem minha filha, ainda é tudo muito novo pra você, mas sei que com o passar do tempo nossa relação de mãe e filha vai se intensificar e você ainda irá me chamar de mamãe, como me chamava quando era criança.

Eu não disse nada apenas a olhei por um bom tempo tentando me lembrar daquele rosto, depois continue a organizar minhas coisas e Paula me ajudou.

— Eu te convidaria para jantar, mas ainda não tenho nada na cozinha. – disse sorrindo assim que terminamos de arrumar tudo.

— Você sabe cozinhar? – perguntou surpresa.

— Um pouco.

— Você é tão diferente de Paola, ela passa longe da cozinha. – falou sorrindo – Bom eu tenho um convite pra te fazer, na verdade o convite não é meu, é da dona Piedade.

— Que convite? – perguntei interessada.

— Ela nos convidou para jantar hoje na casa Bracho, é aniversario de Carlos Daniel e vão fazer um jantar para comemorar, só com a família e nós duas.

— É a Lizete havia me dito mesmo que era aniversario dele, - disse passando a mão envolta de meu pescoço – mas não sei, acho que é uma comemoração muito intima para aparecer assim.

— Mas você de alguma forma é da família, - ela disse séria – esqueceu que os pais de Carlos Daniel eram seus padrinhos? E também todos gostam muito de você.

— Não sei, e também não tenho nenhum presente para levar ao aniversariante.

— Isso não é desculpa Paulina, você vai comigo sim, podemos passar em alguma loja e comprar o presente.

Permaneci em silêncio olhando-a enquanto pensava se aceitava ou não.

— Eu vou pra casa me arrumar e passo aqui pra te buscar, e você faça o mesmo, - ela disse se levantando - não adianta discutir dessa vez.

Sorri vencida, vi que não tinha muita escolha, e assim que ela se foi entrei no banho, que foi longo e relaxante, saí do banheiro com uma tolha em volta do corpo e outra enrolada na cabeça, abri meu guarda-roupas e escolhi o que vestir, até que encontrei a roupa ideal, um vestido simples e ao mesmo tempo elegante, não tinha um decote, mas também não levava mangas, moldava o busto e ao mesmo tempo que demarcava a cintura abria-se na parte de baixo dando ar a uma saia mais rodada, seu tom era leve, um rosa bebe. Nos sapatos nada muito ousado, cabiam exatamente na combinação, pretos, fechados, com um pequeno salto leve, para finalizar uma maquiagem básica, marcando bem meus olhos, e deixei meus cabelos soltos. Assim que terminei de me arrumar ouvi o som da campainha.

— Você esta linda minha filha. – ela disse emocionada parada na porta, senti meu rosto corar, eu não gostava de elogios.

— Obrigada, - disse e afirmei – você também esta linda.

— Então vamos, que ainda temos que comprar o presente. – ela disse sorrindo.

— Claro, só vou pegar minha bolsa. – rapidamente peguei minha bolsa e tranquei o apartamento.

Partimos para uma loja que ficava no caminho da casa Bracho, foi muito difícil escolher alguma coisa para alguém que eu não tinha tanta intimidade, Paula comprou uma gravata em um tom cinza, e eu sem muita opção e falta de conhecimento dos gostos dele optei por uma garrafa de vinho.

Assim que chegamos na mansão Adelina nos recebeu, Piedade estava verificando o preparo do jantar na cozinha, Patrícia ajudando Lizete com o vestido, Rodrigo e Carlinhos andando pelo jardim e Carlos Daniel ainda terminava de se arrumar.

— Eu vou até a cozinha ver a dona Piedade minha filha, - Paula disse olhando para mim – se importa se ficar um pouco sozinha?

— Não, imagina, - disse sorrindo e me sentando no sofá – eu vou esperar aqui.

Passou apenas alguns minutos para que aquela voz surgisse.

— Paulina?

Me levantei e o olhei, ele estava lindo com um enorme sorriso no rosto e um brilho imenso no olhar.


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