A Força De Uma Paixão. escrita por Kah


Capítulo 63
Vivendo num sonho




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É estranho como a vida nos leva a direções que não esperávamos.

Se alguém me perguntasse cinco anos atrás o que eu esperava do futuro, eu não hesitaria em responder que estaria exercendo minha profissão junto ao meu pai, provavelmente morando sozinha, ou talvez casada com Luciano.

Nunca imaginaria que hoje estaria aqui, no México, depois de passar por tantas coisas, de ter minha família destruída, de ficar completamente sozinha... conhecer minha mãe, minha irmã, e o mais importante, construir uma família com o homem mais maravilhoso, apaixonante, lindo e o qual amo incondicionalmente.

Meu amado esposo, meu Carlos Daniel!

 

Fechei meu diário e voltei minha atenção a meu marido, ele dormia profundamente ao meu lado, apenas um lençol cobria sua cintura, seu corpo moreno parecia um convite para o meu, que se encaixa tão perfeitamente em cada curva sua.

Já havia se passado seis meses desde aquele sequestro, e nossa vida havia voltado aos eixos. Paola estava surpreendendo a todos com sua mudança, seus sentimentos estavam florescendo, e ela estava reaprendendo a amar, e o mais importante, deixando ser amada. Ela e o doutor Hernandez se entendiam bem, e depois de muito esforço da parte dele e de uma relutância de Paola, ela aceitou namorar com ele, e apesar de não querer demonstrar, dava para perceber o quanto ela estava feliz. Lizete havia se adaptado muito bem com suas “duas mães gêmeas”, mesmo se referindo a Paola como tia, ela lhe da o carinho e amor que somente uma filha pode dar.

Otavio estava crescendo rápido, agora com dez meses, dois dentinhos branquinhos que se destacava quando sorria, já engatinhava para todos os lados e me fazia entrar embaixo de mesas, camas e todos os lugares que me pareciam improváveis, mas que para Otavio era como se fossem esconderijos maravilhosos.

Carlos Daniel suspirou ao meu lado, a semana havia sido agitada na fábrica, e mesmo estando cansado, me levou ao teatro na noite anterior onde apreciamos o belo espetáculo “Un Picasso”. Como se não bastasse, ainda fomos a um restaurante, e quando voltamos para casa nos amamos intensamente. Agora eu admirava meu esposo com apenas um lençol cobrindo uma parte de seu corpo enquanto ele dormia profundamente.

Me movi na cama com cuidado para não desperta-lo, coloquei meu diário sobre o criado mudo e olhei as horas no meu celular, 06:25 da manhã. Com cuidado me levantei e depois de acariciar os sedosos cabelos de Carlos Daniel, fui tomar banho, e enquanto deixava a agua quente relaxar meus músculos, tive a ideia de levar o café da manha para Carlos Daniel ate nosso quarto. Ele fazia tanto por mim, me demonstrava tanto cuidado e carinho que queria poder mima-lo um pouco também.

Vesti uma camisa branca e um short jeans, e prendi meus cabelos em um rabo de cavalo, era sábado e não tínhamos planos de sair, sendo assim me vesti confortavelmente para aproveitar o dia com meus filhos e Carlos Daniel. Paola iria buscar Lizete somente no finalzinho da tarde, então teria tempo para paparicar bastante meus amores.

Antes de ir ate a cozinha passei pelo quarto das crianças. Lizete sempre dormia até mais tarde nos fins de semana, e Otavio depois de tomar toda a mamadeira as 05:30 da manha, provavelmente dormiria por mais algumas horas.

Assim que entrei na cozinha fui recebida pelo maravilhoso cheiro do café de Cacilda.

— Ah! Bom dia senhora. - Cacilda me recebeu com um sorriso e enxugou as mãos em seu avental - pensei que ainda estaria dormindo.

— Bom dia Cacilda, - sorri enquanto beliscava um pedaço do pão quentinho que estava sobre a mesa - O Otavio acordou com fome e acabei perdendo o sono.

— Bom dona Paulina, ninguém ainda levantou, quer que eu sirva seu café aqui? – ela perguntou amavelmente.

— Ah não Cacilda, - sorri - eu vou preparar uma bandeja para tomar com Carlos Daniel.

— Hum, entendi - ela sorriu com cumplicidade - quer ajuda com algo?

— Não Cacilda, obrigada. - sorri e comecei a preparar a bandeja com tudo que Carlos Daniel gosta, café, suco, pães e algumas frutas. Cinco minutos depois eu já subia ate nosso quarto.

Carlos Daniel ainda dormia, agora abraçado ao meu travesseiro. Coloquei a bandeja sobre a mesinha ao lado de nossa cama, e voltei minha atenção para meu esposo, suspirei ao vê-lo tão lindo e sereno.

Não resistindo ver meu marido ali tão convidativo, me deitei novamente e com cuidado retirei o travesseiro de seus braços, com calma me arrastei ate estar completamente grudada ao seu corpo. Seus braços logo me envolveram e ele me puxou contra si, afundei meu rosto em seu peito, sentindo seu cheiro, seu calor.

Beijei suavemente seu peito moreno e acariciei a penugem que se destacava ali, me assustei quando o senti beijar minha cabeça.

— Ai meu amor, me desculpa, - falei erguendo meu rosto para olha-lo - não queria te acordar.

— Hum… - ele sorriu e disse com a voz rouca - tudo bem minha vida, é maravilhoso acordar recebendo carinho assim de você.

— Você gosta de meus carinhos!? – perguntei acariciando seu peito enquanto fingia estar surpresa.

— Amo, - ele sorriu e me beijou – amo tudo que minha amada esposa faz.

— Que bom senhor Bracho. – sorri o beijando rapidamente e logo depois me sentando na cama – Está com fome?

— Depende, - ele me olhou sedutoramente enquanto passava a mão pelo queixo – se for de você, saiba que sempre estarei com fome.

— Ai Carlos Daniel... – sorri alto dando um leve tapa em seus ombros – eu estou falando sério meu amor, trouxe nosso café para tomarmos aqui e aproveitarmos um pouco só nós dois enquanto as crianças ainda estão dormindo.

— Hum... – ele se sentou na cama fazendo o lençol escorrer por seu corpo revelando sua viril masculinidade, tive que engolir um gemido ao vê-lo tão... atrativo – Adorei meu amor.

Ele me puxou pelos braços e me beijou, levei minha mão ate seu rosto e o acariciei.

— Fica quietinho aqui então. – falei me levantando da cama e indo ate a mesinha pegar a bandeja. Carlos Daniel aproveitou para vestir uma cueca boxer preta, e outra vez me estremeci ao ver o volume em sua virilha. Muito gostoso meu marido.

— Você esta linda meu amor. – ele sorriu me olhando intensamente voltando a se sentar na cama.

— Não seja bobo, - sorri colocando a bandeja no meio da cama enquanto me sentava ao seu lado o cheiro do café fez meu estomago roncar – estou morrendo de fome.

— Eu te amo Lina. – ele beijou minha bochecha, me virei e sorri pra ele.

— Eu também te amo meu amor. - respondi enquanto lhe servia um pedaço de pão.

Nosso café foi regado de trocas de olhares apaixonados, beijos e carinhos ao servir-nos.

Logo após nosso café, Carlos Daniel me puxou para seu peito, me dando um beijo apaixonante.

— Sabe minha vida, amo nossos filhos, mas não posso negar que adoro quando estamos assim juntinhos, só nós dois, aproveitando um ao outro.

— Eu também amo quando ficamos assim meu lindo - disse já me sentando na cama e puxando ele para deitar em meu colo para receber um cafuné.

— Lindo? Você me chamou de Lindo? - me perguntou com a carinha mais linda do mundo.

— Sim. Meu lindo, meu amor. - disse passando meu indicador por seu nariz e parando em seus lábios - Você é e sempre será meu lindo. Meu grande amor. A cada dia me sinto mais e mais apaixonada por você, por seu sorriso, seus olhos. Te amo tanto Carlos Daniel. - disse me inclinando e lhe distribuindo vários selinhos finalizando com uma mordidinha em seu lábio inferior.

— Aaaah minha linda! - ele gemeu entre meus lábios me deixando ainda mais entregue - Eu também te amo muito, amo seu sorriso, amo a forma como me olha apaixonada, amo sua risada contagiante, amo-te por ser essa mulher incrível, essa amante maravilhosa, uma mãe dedicada. Agradeço todos os dias por Deus ter te colocado em minha vida, e que apesar de tudo que nos aconteceu, ele permitiu que essa mulher incrível continuasse em minha vida fazendo com que me torne cada dia melhor. Obrigado amor meu, por nunca desistir de mim. - disse já me deitando na cama e distribuindo beijos por todo meu pescoço. - Te amo e sempre vou te amar. - finalizou me dando um beijo e uma mordidinha na orelha.

— Eu te amo Carlos Daniel. – falei com os olhos úmidos entrelaçando minha mão em sua nuca e o beijando apaixonadamente.

— Sabe Lina você está me deixando mal acostumado, acho que vou querer acordar todos os finais de semana dessa maneira. E ter minha mulher somente pra mim por algum tempinho.

— Não seja bobo amor, você pode me ter assim quando quiser. - disse acariciando seu rosto.

— Huuum, vou te lembrar disso sempre. - disse descendo seus beijos pelo meu pescoço enquanto seus dedos abriam os botões de minha camisa para ele continuar os beijos pelo vale de meus seios chegando em minha barriga e fazendo um leve carinho por toda a região.

— Te amo. - disse já enfiando meus dedos entre seus cabelos sedosos.

Ficamos curtindo nosso momento por mais algum tempo até que o som do chorinho estridente do nosso pequeno nos tirou daquele mundo só nosso.

— Acho que agora tenho que te dividir com mais um homem. – ele sorriu.

— Engraçadinho. – sorri enquanto ele abotoava minha camisa - Deixa que eu vou lá amor. - falei me levantando dando um beijo rápido em seus lábios e seguindo para o quarto de Otávio.

— Oi meu amorzinho, - disse assim que entrei em seu quarto e o vi já de pé segurando nas grades do berço, seus olhinhos úmidos me encararam com alivio - vamos tomar um banho, alimentarmos e depois vamos para o quarto dar um beijo de bom dia no papai? - falei o pegando nos braços e lhe dando um beijinho e um abraço cheio de amor.

Ele exclamou uma quantidade de dádás misturado com mãmã e mais algumas palavras de seu extenso vocabulário de bebês.

Pouco tempo depois já tinha meu bebê limpinho, muito cheiroso e com a barriguinha cheia. Peguei sua girafinha de borracha que ele adorava morder e babar, e fomos ate Carlos Daniel. Ele acabava de sair do banho e vestia uma bermuda preta e uma camiseta azul, extremamente lindo com seus cabelos molhados.

— Oi garotão! - ele sorriu pegando nosso filho, Otavio gritou um papapapáaa, e bateu as mãozinhas, Carlos Daniel conversou com ele na língua de bebês e que parecia que Otávio compreendia perfeitamente, pois sempre exclamava mais algumas palavras.

Depois fomos ate vovó Piedade que desenhava com Lizete na biblioteca, passamos todo o dia aproveitando nossos filhos, e no fim da tarde Paola chegou para buscar a filha.

Sempre que podia, Paola visitava Lizete, e também a buscava para passar o fim de semana. Carlos Daniel, apesar de tê-la perdoado, no começo sentia certo receio de deixar a filha com Paola, mas depois de ver que ela realmente havia mudado seus temores foram diminuindo. Ele ainda ficava preocupado, igual a qualquer pai fica quando o filho não esta em casa. Recebi minha irmã na sala de estar.

— Paola, - a cumprimentei com um beijo no rosto, Otávio lhe exibiu seus dois dentinhos com um sorriso encantador, ele sempre ficava fascinado ao ver nós duas juntas – como esta?

— Muito bem irmãzinha, - ela sorriu e acariciou a cabecinha de Otávio, ele afundou o rosto em meu peito sorrindo – e você? Feliz sendo mãe e dona de casa?

— Paola! – a reprovei com um sorriso, Paola nunca entendia como eu amava ser mãe e esposa, cuidar das crianças e trabalhar na fabrica – Quando estiver casada e com um bebezinho assim nos braços, vai ver como é maravilhoso.

— Não tenho nada contra bebês Paulina, - ela sorriu vendo Otávio morder sua girafinha – são lindos, fofos, mas não sei se conseguiria ser mãe.

Seu semblante mudou, e seus olhos ficaram tristes.

— Claro que consegue Paola, - segurei sua mão – você já tem uma filha maravilhosa, que te ama muito, e pelo que ela me conta, se divertem muito quando estão juntas.

— Lizete é uma menina muito especial, - ela me olhou – mas o que faço com ela não chega nem perto de ser mãe. Eu não acompanhei seu crescimento, não vi quando ela deu seus primeiros passos, nem quando falou a primeira palavra. Não estava presente em nenhum momento especial dela.

— Você esta com ela agora Paola, e isso é o que importa. – apertei sua mão mostrando que acreditava nela - E você pode fazer tudo o que não fez com ela quando tiver um bebê.

Paola me olhou intensamente por alguns segundos e logo depois gargalhou com seu jeito de sempre.

— Você quer mesmo me ver com uma penca de filhos não é Lina? – ela suspirou recobrando o ar.

— Só quero ver minha irmã feliz. – sorri com sinceridade.

— Eu já estou feliz Paulina, - ela baixou o olhar – Jorge me faz muito feliz, ele é maravilhoso, tem paciência comigo, não me julga pelo que fiz no passado. Ele acredita em mim.

— Fico tão contente por você Paola, - segurei novamente sua mão na minha – mamãe também ficaria.

— Tenho certeza que sim. – ela me olhou – Falando nisso Paulina, tenho uma coisa pra você.

— Pra mim? – perguntei curiosa enquanto ela pegava uma caixa que estava ao seu lado no sofá.

— Bom, - ela suspirou colocando a caixa sobre seu colo – eu devia ter feito isso a mais tempo, mas, bem, não sabia como.

— O que é isso Paola? – perguntei ajeitando Otávio melhor em meu braço, ele agora apertava a girafinha.

— Antes da mamãe morrer, - ela engoliu em seco –  no hospital... ela pediu para que te entregasse essa caixa.

— Paola... – falei surpresa.

— Eu devia ter entregado antes, mas estava cega pela raiva, e depois aconteceram tantas coisas que acabei adiando.

— O que é? – perguntei engolindo em seco, me lembrando de como minha mãe estava debilitada naquele hospital.

— São algumas fotografias, mamãe passava horas olhando elas, e teve uma época que ela começou a escrever atrás de cada uma, o momento em que foram tiradas, era uma forma dela te ter mais perto. Foram anos te esperando Paulina.

Meus olhos pinicaram pelas lagrimas, sempre sentiria aquele aperto em meu peito ao me lembrar de como fui arrancada de minha família.

— Eu... – fui interrompida pela chegada eufórica de Lizete, limpei as lagrimas de minha face e voltei minha atenção a minha menininha de cabelos e olhos claros.

— Tia! – ela abraçou Paola.

— Oi meu amorzinho, como está linda. – Paola disse segurando suas mãozinhas para a olhar.

— Obrigada tia. Quando eu crescer, quero ser tão linda quanto você e a mamãe.  - Lizete disse nos pegando de surpresa e nos deixando emocionadas.

— Hei princesa você vai ser ainda mais linda que eu e sua mamãe. - Paola disse me olhando com um sorriso lindo – Mas o mais importante meu amor, é a beleza daqui de dentro. – Paola colocou a mão sobre seu peito.

Naquele momento eu tive a certeza que Paola seria uma ótima mãe, e que tudo que ela falava não passava de uma insegurança por todo o ocorrido do passado. Mas tudo mudou, Paola agora é outra pessoa.

Quando Paola e Jorge se olham vejo o brilho nos olhos de ambos, a maneira como se tratam, como falam um do outro. É a mesma maneira como eu e Carlos Daniel nos olhamos. Na vida podemos ter alguns amores, mas nada se compara com o nosso verdadeiro amor, e sei que eles foram feitos um para o outro e que serão tão felizes assim como eu e Carlos Daniel.

— Mamãe... mamãe.

— Oi meu amor. - disse dando um beijo na testa de Lizete que balançava minha mão.

— Você estava tão quietinha, tia Paola estava falando com você.

— Desculpa meu amorzinho mamãe acabou se distraindo - disse com um leve sorriso nos lábios.

— Percebemos Little Sunshine. Parece que estava sonhando acordada. Imagino que estava pensando em seu marido porque estava com aquele sorrisinho que é reservado ao Carlos Daniel.

— É, estava pensando que Jorge é o amor de sua vida, assim como Carlos Daniel é o meu. - digo sorrindo enquanto ela revira os olhos - Mas do que me chamou?

— Te chamei de “Little Sunshine”. Quando éramos pequenas nos chamávamos assim. Você era “meu pequeno raio de sol” e eu era...

— “Little Butterfly” - completei me recordando de um momento que tivemos.

— Sim. Você se lembra?  - Paola me pergunta com certa emoção.

— Na verdade lembro de algumas vezes ter  sonhado em estar em um campo aberto e uma pequena garotinha corria atrás de mim me chamando de “Little Sunshine” enquanto riamos e  em certos momentos a chamava assim, “borboletinha”. Mas achava que não passava de sonhos. E agora que me chamou assim, me recordo de alguns momentos. - falei sorrindo emocionada – Éramos muito pequenas, devíamos ter uns quatro anos!?

— Lina, você não sabe como senti sua falta. Sei que fui muito rude, até mesmo cruel quando você voltou, mas é que foi tão difícil perder minha irmã assim do nada, ver papai e mamãe sofrendo pela sua falta. Eu acabei me fechando e jogando a culpa em você, que não passava de mais uma vítima de toda essa crueldade. - Paola me falou já com os olhos úmidos.

— Paola não se culpe, sei que foi muito difícil para todos vocês, sei que a cada novo amanhecer vocês tinham a esperança que eu aparecesse e como isso não acontecia iam ficando mais tristes. Mas vamos esquecer esses momentos horríveis, agora estamos aqui, juntas e felizes, como nossos pais desejavam. Eu te amo minha Little Butterfly. - falei já abraçando Paola e logo depois secando suas lágrimas e as minhas.

— Vamos sim minha irmã. Vamos esquecer tudo de ruim que nos aconteceu. Daqui pra frente será só sorrisos. E agora chega de choro porque nossa menina não está entendendo nada. - falou em meio a uma risadinha para espantar o choro.

Lizete nos observava enquanto brincava com o irmão.

— Então Lizete, vamos? Já está tudo pronto?

— Tudo prontinho tia. - Lizete respondeu com aquele lindo sorriso.

— Então dê um beijo e um abraço em sua mãe e seu irmãozinho e vamos dar um passeio.

— Tchau mamãe, tchau Otávio. Amo vocês.- minha pequena falou de forma apaixonada enquanto me abraçava e beijava as bochechas de Otavio que exclamou uma porção dadádás.

— Também te amamos meu amor. Aproveite bastante e se comporte mocinha. - falei apertando seu nariz e logo em seguida lhe dando um beijo e um abraço apertado.

— Pode deixar mamãe vou me comportar. - ela disse nos arrancando sorrisos.

— E minha mocinha iria sair sem se despedir de mim? – Carlos Daniel falou entrando na sala, Lizete correu até ele que a ergueu nos braços.

— Claro que não papai, - ela o abraçou e beijou seu rosto – cuide bem da mamãe e do meu irmãozinho.

— Vou cuidar sim minha princesa. – ele a abraçou apertado e logo em seguida a colocou no chão, e então cumprimentou Paola – Boa tarde Paola.

— Olá Carlos Daniel, - ela se levantou deixando a caixa em cima do sofá – bom nós já vamos.

— Obrigada Paola, - agradeci me levantando – sei que nossa mãe esta muito feliz, e esta olhando por nós.

Nos despedimos e Carlos Daniel as acompanhou ate a porta, voltando pouco tempo depois, eu olhava a caixa sobre o sofá.

— O que é isso meu amor? – Carlos Daniel perguntou se sentando ao lado da caixa, ele me olhava com carinho.

— A mamãe deixou pra mim... – falei e suspirei pesadamente para evitar que as lagrimas se acumulassem outra vez em meus olhos – são fotografias minhas e de Paola.

— E Paola trouxe só agora pra você? – ele perguntou pegando Otavio de meus braços, não havia nenhum tom de reprovação em sua voz, apenas curiosidade.

— Foi muito difícil pra ela. – falei pegando a caixa e colocando em meu colo.

— Eu sei meu amor, - ele acariciou meu rosto – você quer que eu fique com Otávio para poder olhar tudo com mais calma?

— Acho melhor deixar pra ver depois do jantar. – disse colocando a caixa sobre a mesinha de centro, estava louca pra ver tudo, mas precisava de um tempo.

— Claro meu amor, - ele se inclinou e beijou meus lábios – assim que jantarmos, subimos e vemos todas essas fotos.

— Desculpe atrapalhar o momento dos pombinhos, mas escutei esses gritos fofos do meu bisnetinho e resolvi vir brincar com ele.

— Ah vovó a senhora jamais atrapalha. - disse me levantando e lhe dando um abraço.

— Isso mesmo vovó a senhora nunca atrapalha. Pelo contrário sempre nos ajudou. Muitas vezes me fez enxergar o quão errado estava e o quanto o meu amor e de Paulina é forte.

— Apenas ajudo no que sou capaz, - ela se sentou no sofá a nossa frente já com Otávio nos braços, que se derretia pela bisavó – quando se vive muitos anos, acabamos aprendendo muitas coisas.

Sorrimos de seu comentário e passamos nossa atenção ao nosso principezinho. Nossa tarde foi regada de mimos ao Otávio.

Passei boa parte do tempo somente observando a interação de vovó e Carlos Daniel com nosso bebê. Não tenho nada que reclamar, tenho um marido lindo e totalmente apaixonado por mim, filhos saudáveis e amorosos, uma avó que me adotou como se fosse de fato sua neta de sangue, uma irmã que recuperei, e ainda recebi amor e carinho de meus pais adotivos, e o pouco tempo que convivi com minha mãe Paula, foi o suficiente para ama-la e admira-la.

Sou desperta dos meus devaneios com Vovó e Carlos Daniel empolgados com meu bebezinho engatinhando para me alcançar.

— Ai meu Deus! - falei toda emocionada vendo meu pequeno Otávio se esforçando para chegar mais próximo a mim.

— Olha Lina nosso pequeno está se tornando um rapazinho. – Carlos Daniel disse com os olhos já marejados.

— Esse meu bisnetinho é muito lindo mesmo. - vovó disse também empolgada – E muito espertinho, logo vai estar correndo por toda essa casa.

— Vem bebê, vem aqui com a mamãe. - falei prendendo ainda mais a atenção de Otávio.

Ele deu mais algumas engatinhadas e chegou até onde eu estava arrancando um lindo sorriso de todos nós.

— Ai meu amorzinho que lindo, estava querendo o colo da mamãe né. - disse lhe dando um beijo, ele esfregou os olhinhos sonolentos – Acho que já esta na hora desse bebezinho tomar um banho para poder dormir.

— Hoje brincamos muito né filhão? - Carlos Daniel falou chegando até nós e nos dando um beijo.

— Bom meus filhos vou até a cozinha ajudar Cacilda com o jantar. - Vovó disse se levantando e seguindo para cozinha.

— Amor, vamos lá pra cima assim podemos tomar um banho juntos e descermos para jantar. - falei dando um beijo em Carlos Daniel.

Ele concordou e pegou a caixa em cima da mesa e subimos para o segundo andar da casa.

Pouco mais de meia hora depois de termos subido Lalinha bate em nossa porta avisando que o jantar já seria servido e que Vovó já nos aguardava.

Peguei Otávio que estava dormindo em nossa cama logo depois de ter tomado toda a mamadeira e tomado um banho comigo e Carlos Daniel na banheira, banho esse que arrancou boas risadinhas de nosso pequeno, pois Carlos Daniel fazia de tudo para tornar o banho dele mais divertido.

— Carlos Daniel, vou colocar Otávio no berço e já desço. - disse observando como ele dormia profundamente em meus braços.

— Vou com você linda. Vou dar um beijo de boa noite no meu filhão. – ele disse passando seu braço por minha cintura e me dando um cheiro no pescoço.

— Tudo bem.

— Já disse que esta muito cheirosa? - me disse quando já seguíamos para o quartinho de Otávio.

— Ainda não. - falei lhe dando um sorriso e uma piscadinha.

— Pois então estou dizendo agora. Você está muito cheirosa senhora Bracho. - disse me dando um selinho. - e por um acaso você está flertando comigo?

— Estou sim. - disse sorrindo amplamente.

— Pois fique sabendo que se Vovó não estivesse nos esperando te levaria de volta para nosso quarto.

— Ai Carlos Daniel. – sorri ainda mais enquanto ele abria a porta do quarto de Otávio, coloquei nosso bebê no berço e lhe cobri. Beijamos seu rostinho e descemos.

Nosso jantar foi regado de conversas. Falamos sobre o crescimento de Otávio, o quanto Lizete estava esperta e bem educada, sobre alguns documentos da fábrica, entre algumas outras coisas.

— Bom meus netos me dão licença pois essa velha já está cansada. - Vovó disse já nos dando um beijo de boa noite. - Até amanhã. - disse e foi se retirando da sala de estar onde ficamos conversando por um momento logo após nosso jantar.

— Vamos subir também meu amor? - Carlos Daniel disse já me puxando para um beijo apaixonado.

— Vamos meu bem, estou louca para ver as fotos que Paola me trouxe, é uma forma de ver como era minha vida com minha família, não é? - disse o abraçando.

— Claro meu amor. – ele me beijou outra vez, agora arrancando o ar de meus pulmões – Vamos subir logo então.

Me sentei no tapete em nosso quarto pegando algumas almofadas e coloquei a caixa a minha frente, Carlos Daniel logo saiu do banheiro apenas com uma cueca e se sentou atrás de mim, colando minhas costas em seu peito.

— Esta pronta? – ele perguntou apoiando o queixo em meu ombro. Abri a caixa e me deparei com um álbum grande de capa revestida em couro de um lilás tão suave que já fazia sentir um calor no peito. Nela estava impresso com letras delicadas em alto relevo “Paola e Paulina”, e na primeira pagina tinha escrito com a letra de mamãe... “para minha filha amada, meu raio de luz” e havia borboletas desenhadas em toda a contra capa do álbum. Suspirei me preparando para as próximas páginas. Carlos Daniel percebendo meu nervosismo depositou um beijo em meu pescoço.

— Amor se não estiver pronta para isso podemos ver depois. - disse massageando meus ombros.

— Não amor, eu preciso disso. - disse já mudando para a próxima página.

Ao virar a página não posso controlar um soluço. Lá estavam meus pais, com sorrisos radiantes. Papai abraçava mamãe depositando suas mãos em sua barriga. Abaixo da foto tinha a legenda "Estava gravida de 6 meses e vocês não ficavam quietas. Não víamos a hora de poder pegar vocês nos braços.”— Carlos Daniel continuava me massageando e depositando beijos em meus ombros com o intuito de me passar tranquilidade. E estava funcionando.

Virando mais uma página me deparo com o dia de nosso nascimento, “nasceram em uma manhã chuvosa de dezembro. Tão pequenas e tão lindas." estávamos envoltas pelos nossos cobertores, mamãe nos segurava e papai estava com um sorriso radiante.

Conforme mudava as páginas me emocionava mais e mais com as fotos e legendas. Mamãe havia feito um lindo álbum onde em cada página continha uma foto referente aos nossos meses de vida.

Mais uma página decorada com borboletas e raios de sol intitulava "Batizado das minhas meninas"

Quando virei à página me deparei com uma foto linda. Um menininho de cabelos castanhos e sorriso encantador estava sentado em um banco da igreja me segurando com muito cuidado. Senti Carlos Daniel suspirando. Bastou apenas um segundo para que eu soubesse quem era aquele menino.

— Meu amor é você! -falei deslizando a mão pela fotografia.

— Sim meu amor. - falou virando meu rosto e beijando minha testa.

— Otávio se parece muito com você meu amor. – sorri deslizando a mão pela fotografia – Voce devia ter uns oito anos aqui, não é?

— Oito anos, acho que quase nove. - ele sorriu me olhando – Não me lembrava dessa foto, mas me lembro desse dia.

— Parece que eu já gostava de você. – disse entre um sorriso observando como estava tranquila em seus braços.

— Acho que sim, - ele sorriu – nós morávamos em outra cidade, mas mamãe sempre visitava a Paula. Sabe meu amor, sempre soube diferenciar você de sua irmã. - falou me acariciando o rosto.

— Ah é. Como? - falei me virando e depositando um beijo em seus lábios.

— Seus olhos. Sempre me senti hipnotizado por seus olhos, sem contar esse sorriso. Ambos sempre me transmitiram muita ternura. Lembro que sempre brincava com Rodrigo para adivinhar quem era Paulina e quem era Paola, - sorrimos de seu comentário – e eu sempre acertava. Nem mesmo meus pais conseguiam diferenciar vocês.

— Ah meu amor, te amo! - falei me arrastando para seu colo.

— Te amo muito Lina. – disse me dando um selinho e logo me prendi novamente no álbum.

— Amor olha essa foto que linda. - falei sorrindo ao me deparar com uma foto onde eu engatinhava enquanto Paola estava em pé apoiada a um sofá. "Paola foi a primeira a andar, mas, uma semana depois você já estava a acompanhando"— Carlos Daniel leu a legenda me lançando um sorriso encantador.

As fotos seguintes eram de nosso aniversário de 1 ano. Eu e Paola estávamos vestidas de princesas. Haviam algumas fotos somente nossas, outras com nossos pais, algumas com pessoas que desconhecia e mais algumas onde tinham a família Bracho, nelas Carlos Daniel me olhava fixamente, diria até que com um certo encantamento.

E as fotos seguintes sempre registraram momentos marcantes, passeios em família, bagunças minhas e de Paola. Lembranças maravilhosas de um passado cheio de amor e alegria, de uma família completa e feliz.

Finalizando o álbum estava uma foto onde estávamos eu, Paola, papai e mamãe em um campo onde me recordava. Era o acampamento onde eu desapareci. Eu estava no colo de papai e Paola agarrada com a mamãe, todos estávamos muito sorridentes. Logo abaixo continha à legenda "Nossa última foto em família" naquele momento comecei a chorar. Todas aquelas fotos que retravam nossa família se tornaram apenas lembranças, dali em diante minha família viveu anos de agonia, de sofrimento.

— Calma meu amor... Não fique assim. Sei que foram momentos difíceis, mas felizmente você retornou para sua família. Pode rever sua mãe e pode ter certeza que ela e seu pai estão felizes por ver você e Paola juntas de novo. E que estão felizes. - Ele disse me abraçando forte e enxugando minhas lágrimas. - Te amo minha vida. E vou estar sempre com você.

— Eu também te amo Carlos Daniel, muito.

Depois que já estava mais tranquila pude perceber que o álbum não havia acabado de fato, pois virando a página continha uma foto onde eu e mamãe estávamos abraçadas na varanda de sua casa, e a legenda dizia "Enfim meu raio de sol voltou para nossas vidas."

— Ah mamãe! – chorei outra vez, tive duas mães maravilhosas, duas mães que me amaram muito e que me foram tiradas de uma maneira tão dolorosa.

Carlos Daniel ficou abraçado a mim por alguns minutos. Era tão bom sentir o calor de seu abraço, sentir a segurança e o amor que ele me passava.

— Sabe meu amor, - falei erguendo o rosto para olhar Carlos Daniel – Paula e Debora seriam grandes amigas se tivessem chegado a se conhecerem. Elas foram mulheres maravilhosas.

— Tenho certeza que sim minha linda, - ele beijou minha testa – a maneira que você fala de sua mãe adotiva, com tanto amor e carinho, mostra que ela te amou muito. Paula gostaria de conhecer a mulher que cuidou de sua filha.

— Queria tanto que estivessem aqui. – falei olhando para a fotografia – Sinto tanta falta...

— Sei como é minha linda, - Carlos Daniel me apertou em seu abraço – também sinto muita falta de meus pais. Queria muito que eles vissem você, vissem a mulher maravilhosa que se tornou. Tenho certeza que iriam ser como a vovó Piedade e nos dar toda força e apoio para que ficássemos juntos.

Sorri imaginando como seria tudo o que ele falou.

— Meus pais adotivos teriam gostado de você também. – beijei seu pescoço – Papai teria uma conversa séria com você, para saber suas intenções comigo, e depois te teria como um filho.

— E eu ficaria feliz em dizer a ele que minhas intenções com sua filha eram as melhores possíveis. – disse e me beijou ternamente.

— Bom, Paula gostava muito de você, ela te admirava pelo pai e homem que é.

— Ela foi uma mulher muito forte Lina, - ele disse pensativo – quando eu e Rodrigo perdemos nossos pais, Paula nos consolou junto com vovó Piedade. Foi muito importante para nós o apoio que ela nos deu.

Ouvimos o chorinho de Otávio.

— Acho que alguém está me chamando. – falei dando um selinho nele e me levantando.

Otávio chorava por ter perdido seu ursinho, desde que ganhou de vovó Piedade o ursinho marrom de orelhas e patas brancas, Otavio não desgrudava mais dele na hora de dormir, e as vezes ele o perdia a noite e acabava acordando sentindo a falta de seu ursinho que ele chamava de Pan, ao menos era o que eu entendia, por isso o batizamos de Pan.

— Oh meu amorzinho! – o peguei para o acalmar – Perdeu o Pan?

Revirei seu cobertor e encontrei Pan no meio dele, o entreguei a Otavio que imediatamente o apertou, e então o beijei e o coloquei de volta no berço. Não se passou nem cinco minutos e ele já dormia segurando o ursinho, beijei sua bochecha e verifiquei se a babá eletrônica estava ligada.

— Ele estava chorando porque tinha perdido o Pan. Bastou lhe entregar e fazer um carinho que ele voltou a dormir. - falei adentrando nosso quarto e me deparando com Carlos Daniel olhando a foto em que eu estava em seus braços no batizado, ele ainda continuava sentado no tapete recostado nas almofadas.

— Ele não dorme sem o Pan, né!? - Carlos Daniel disse me lançando um sorriso e me chamando para sentar em seu colo - Amor posso pegar essa foto para fazer uma cópia? Gostei muito dela.

— Claro querido. Eu também amei essa foto. - disse me sentando em seu colo com uma perna de cada lado de seu corpo e acariciando seus braços.

— Obrigado meu amor. Vou colocar essa foto em meu escritório junto com as outras. - disse me dando um beijo.

— Ai Carlos Daniel que lindo! - disse já distribuindo beijos molhados por seu pescoço e acariciando seu peito – Adoro esses seus pequenos detalhes.

— Ah é!? – ele diz sorrindo enquanto minhas mãos deslizam por seu corpo – E o que mais minha amada esposa adora?

Ele guarda o álbum com a fotografia dentro da caixa e a afasta um pouco de nós.

— Hum... Tantas coisas meu amor. - beijo sua boca levemente e vou descendo por seu pescoço.

— Ah linda... - Ele geme em meus ouvidos – eu te amo!

— Amor meu. – suspiro o abraçando.

O beijo com paixão e pouco tempo depois já estamos em nossa cama. Nossas poucas peças de roupas voam entre caricias e beijos quentes. Carlos Daniel então afasta seu corpo do meu e me observa com admiração, seus olhos percorrem todo meu corpo, e vejo o brilho surgir neles quando ele acaricia com suavidade meu ventre, e logo depois o beija com carinho.

— Que foi amor? – pergunto ainda ofegante pelas caricias trocadas enquanto ele deita novamente sobre mim e me beija.

— Você me faz o homem mais feliz do mundo Lina. – ele diz com os olhos úmidos – Agora mais dois corações batem por mim.

Carlos Daniel conhece meu corpo melhor que eu, e nota cada pequena mudança, e o que ele falou naquele momento me fez ter certeza que novamente teríamos nossas vidas preenchidas daquelas maravilhosas sensações e descobertas. 

E o 1+1 se tornou 5.

 

***

FIM


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