– Rose? Onde você sai? – perguntou ao ver-me saindo.

– Estou indo jantar com Dimitri.

– Tudo bem, mas nada de chegar muito tarde. Amanhã você tem aula.

– Ok, prometo que antes das onze estarei em casa. – respondi-lhe. Dimitri já me esperava encostado no carro, lindamente vestido com uma jaqueta de couro preta e um buquê de rosas na mão. – Você realmente gosta de me mimar, hein. – exclamei pegando as flores de sua mão e lhe dando um selinho.

– Você sabe que sim. Eu adoro ver o brilho de felicidade em seu olhar. – disse retirando uma mecha de cabelo que tinha caído em meu rosto.

– Bem... Aonde vamos? – perguntei curiosa.

– Será uma surpresa. – eu abri a boca pra protestar quando ele me cortou. – Sim, você odeia surpresas. Mas não deve ser tão difícil assim aguentar apenas uns minutinhos.

– Fácil pra você dizer. – resmunguei ligando o som. Rapidamente a voz de Bruno Mars invadiu o carro e eu me distrai, tanto que nem me toquei que tínhamos chegado até Dimitri descer do carro. Foi quando eu reconheci o lugar. – Hey! Esse é o restaurante que eu te trouxe na primeira vez que saímos juntos.

– Sim. Eu estava no clima de relembrar. Mas, desta vez eu reservei uma mesa e do lado de fora.

– Você é o melhor! – gritei, pulando em seu pescoço.

– Eu também te amo Rose. – ele disse rindo de mim.

Como prometido, no píer havia uma mesa com nosso nome. Rapidamente o garçom veio nos atender e ainda no clima de relembrar pedimos o mesmo prato que da primeira vez. A noite vou e quando percebi já estava na porta de casa me despedindo de Dimitri. No dia seguinte acordei com um peso no coração, uma sensação de sufocamento que não conseguia entender. Passei pela manhã mecanicamente. Registrava as aulas, comia e andava pelo corredor fingindo ouvir Lissa, mas só conseguia dar atenção ao fato de que alguma coisa estava errada. Durante o almoço recebi uma mensagem de Dimitri me avisando que passaria pra me buscar após o treino, então corri pra trocar de roupa esperando que o tempo passasse mais rápido.

Exceto que não passou. Piruetas após piruetas o tempo ia se arrastando e conforme o fim do dia ia chegando aquela sensação ia voltando com mais intensidade. Após o treino fiquei esperando Dimitri durante quase duas horas, mas decidi voltar pra casa quando vi que o tempo começava a se fechar. Algumas quadras após a escola vi o carro de Dimitri estacionado. Bem a tempo, pois começava a chuviscar. Me aproximei do carro com um sorriso no rosto, que se desfez assim que olhei pela janela.

Dimitri e a tia de Christian estavam aos beijos dentro do carro. Naquele momento senti meu coração se afundar dentro de meu peito. Como que sentindo minha presença Dimitri voltou-se pra mim, os olhos arregalados. Sai andando, tentando manter o pouco de orgulho que me restava.

– Rose. – ouvi a voz de Dimitri sob o barulho de um trovão. Ignorei e continuei a andar, mas ele veio correndo até mim e me puxou pelo braço, me forçando a ficar de frente pra ele. – Rose, não é o que você está pensando.

– De fato. Eu realmente não vi aquela vadia com a língua enfiada na sua faringe! – exclamei tremendo de raiva.

– Foi ela quem me beijou. Ela me pegou com a guarda baixa.

– Ah sim, por que ela é tão mais forte do que você pra te agarrar a força. – ironizei tentando fazer com que ele largasse meu braço.

– Você precisa acreditar em mim. – implorou e por um momento eu quase acreditei. Mas esse momento passou.

– Nem fodendo! Agora me solta que você está me machucando. – disse puxando o meu braço de sua mão. Arranquei o bracelete que ele havia me dado de aniversário e joguei. – Pode dar isso pra sua vadia por que eu não quero nada que venha de você! – então dei as costas, ignorando ele gritando o meu nome. E só quando virei a esquina foi que me permiti chorar. Eu havia acreditado nele, tinha deixado que ele curasse minhas feridas apenas para que ele pudesse criar uma própria. Cafajeste, era isso que Dimitri Belikov era. Um grande cafajeste e eu torcia para que ele ardesse nas profundezas do inferno.

Subitamente entendi o aperto no peito que tinha sentido o dia inteiro. Em alguma casa da rua começou a tocar “It Will Rain” e eu teria rido da ironia que era minha vida se não estivesse me desfazendo em lágrimas, por que independente do quanto eu me fazia de forte, a traição de Dimitri tinha despedaçado meu coração, muito mais do que a indiferença de Adrian, por que eu realmente amava Dimitri com cada célula do meu corpo e ser traída por alguém que se ama tanto é a maior dor do mundo. Eu me sentia sufocada, como se alguém estivesse enfiando uma faca no meu coração e dessa vez eu não sabia se poderia me recuperar dessa dor que me desfazia.

Entrei num estado de torpor e caminhei sem rumo, sem lágrimas, apenas em um estado de choque, por que eu ainda não podia acreditar que Dimitri de fato havia feito isso comigo. Após algum tempo me deparei com a esquina de casa e pela primeira vez desde que tinha encontrado com Dimitri parei pra pensar no que iria fazer. Eles provavelmente deviam estar preocupados, então segurei a vontade de sair correndo e me enchi de coragem para enfim voltar pra casa.

– Rose, o que aconteceu? – perguntou Lissa assim que botei os pé pra dentro. – Você está ensopada! Meu Deus! Tem noção do quanto estávamos preocupados com você?

– Calma Liss. Eu vou tomar um banho e depois nós conversamos. Só avise todo mundo que eu estou bem e que não estou a fim de conversa agora. Você pode me esperar no quarto, conversamos daqui a pouco. – disse subindo. Durante o banho me permiti chorar uma última vez, mas prometi a mim mesma que aquela era a última vez que chorava por causa de Dimitri Belikov.