Extraterrestres -interativa escrita por Lucy


Capítulo 20
Somos Salvos Por Abelhas




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Henri

Estávamos em Denver, no Colorado. Cara, o lugar era muito maneiro, tenho que dizer: Vários prédios espelhados, as pessoas simpáticas, o cheiro maravilhoso de baunilha, davam hambúrgueres de graça no meio da rua, a Shakira dava beijos em garotos com o nome Henri, tinha uma música agradável soando, e... Só que não. Desculpem para quem acreditou no que eu disse, agora vou ter que tirá-los de suas fantasias perfeitas.

Os prédios estavam pixados com palavrões que fariam as freiras de um orfanato que frequentei quando tinha quatorze anos rezarem por perdão á Deus na hora, as pessoas ali gritavam palavras de nível tão baixo que as mães nas ruas tampavam os ouvidos das crianças, um cheiro de gasolina insuportável, as buzinas dos carros eram tão altas que machucavam os meus ouvidos. É, bem vindos á Denver, a pior cidade em que eu já fui. E olha que eu já passei pela Califórnia inteira, trocando de um lar adotivo para o outro. Portanto, eu posso dizer que já viajei muito. 

A Karina ainda estava enfezada por quê eu passei a mão na bunda dela. Bem, a criatura não deveria ter dito para eu não fazer aquilo, pois foi aí que, obviamente, eu tive que fazer mesmo! Enfim, o Yuri também tava zangado comigo, dando uma de irmão super protetor. Nossa, eles não sabem levar nada na brincadeira mesmo...

Tínhamos acabado de ser expulsos de uma loja de animais onde nos protegíamos do temporal que estava tendo, pois o dono da loja disse que Karina estava assustando os clientes, falando com os peixes daquele jeito. Falou que "não aceitava loucos na sua loja", e, antes que Jacke pudesse usar o poder de persuação mental dela, o cara já tinha nos chutado para fora, fechando a porta em seguida e virando a plaquinha amarela de "ABERTO" para "FECHADO". Tipo, literalmente. Depois de eu gritar besteiras só para irritar o dono do ligar mesmo, do tipo "Vou chamar meu advogado, isso é contra a lei!", nos levantamos e tentamos procurar alguma loja para entrarmos e nos proteger daquela chuva desgraçada.

Infelizmente, as únicas lojas abertas eram a Banana Republic, que ficou de frescura que "já estávamos muito molhados, então, iríamos estragar as roupas". E isso nem foi a atendente que disse. Não, ela disse por uma máquina que fica na entrada, e não abriu a porta para nós, aquela filha da mãe. A outra era uma em que tinha uns caras vendendo drogas, e, como não queríamos ser presos por engano, decidimos ficar longe dali. 

Naquele momento estávamos caminhando pelas ruas da cidade, nossos sapatos fazendo splack splack splack conforme pisavam no chão coberto por uma fina camada de água, tremendo até os ossos, pois a chuva já tinha molhado nossas roupas todas. Meus dentes batiam, minha calça estava colada ao corpo, tentava inutilmente me aquecer esfregando as mãos nos braços.

Olha, eu sei que você está pensando (estou parecendo o Yuri) "Henri, você faz fofo, então não sente frio, né?". Bem, eu sinto frio sim, como qualquer pessoa normal. Só não sinto quando o fogo está perto de mim, ok? Vai me processar por isso? Qual é o problema de um cara que faz fogo sentir frio?!

Jacke estava parecendo pior do que eu, seus cabelos cor de rosa, com grandes cachos nas pontas, embora lisos no topo da cabeça, pingavam como um conta gotas. Seu nariz estava vermelho, os lábios roxos de tanto frio, o rosto pálido oval estava todo molhado, seus cílios longos pareciam mais grossos pelas gotas de chuva, cobrindo seu olhos de um azul tão profundo quanto as águas do oceano.

-E-então, tá bem quente por aqui, n-né? -Perguntei, com um sorriso enorme no rosto. 

-É-é, q-quase c-como o H-Havaí. E-está p-parecendo o S-Saara. -Jacke retribuiu o sorriso, mas com um pouco mais de timidez. Sua blusa rosa (essa menina tem alguma coisa com rosa) estava encharcada, e percebi que ela usava uma saia branca que chegava até os joelhos, o que fazia com que ela sentisse muito mais frio do que eu, que usava calça de moletom.

Antes, porém, que eu pudesse fazer qualquer comentário sobre como o estilo de vestir dela era antiquado, ouvimos um tiro. Um tiro que passara em cima da minha cabeça. Me virei, e vi três carros espelhados atrás de nós, os homens de terno saindo deles, as armas em punho. Eram quinze no total. Não tínhamos nenhuma chance contra todos eles. Só nos restaa uma alternativa: correr, e torcer para que as ordens deles fossem para nos capturar vivos.

Fiz uma bola de fogo e a lancei para trás, fazendo eles gritarem de terror. Em seguida, apressei meus companheiros, correndo o mais rápido que eu conseguia. Karina se transformou em uma raposa, e bem quando eu ia falar para Jacke fazer eles pararem pelos pensamentos, um tiro a atingiu bem no pé.

Ela berrou e caiu com tudo no chão, chorando pela dor. Sangue se misturou ás poças em uma velocidade surpreendente, ela logo iria desmaiar. Olhei em volta, procurando o idiota que havia tido a coragem de atirar nela. Assim que percebi um cara que olhava diretamente para a garota, lancei uma bola enorme de fogo nele, em seguida pegando Jacke em meus braços, enquanto esta gritava pela dor qe sentia. Corri o máximo que pude, movido pela fúria de terem a coragem de atirar em uma menina de quase um quarto da altura deles, era muita covardia para uma pessoa só.

Assim que viramos a esquina, vimos uma Ferrari vermelha correndo de carros idênticos aos que nos seguiam. As pessoas lá dentro eram como nós, e estávamos encurrálados. Ou seja, ferrou para o nosso lado. As pessoas que estavam lá dentro também pareceram perceber isso, e pararam, deslizando pela rua. 

De lá, saíram uma garota com olhos prateados que me faziam ter vontade de rir, uma de mechas roxas que segurava uma arma, outra de mechas pretas, mais uma menina loira, um menino de cabelos castanhos meio loiros e outro garoto que também tinha olhos verdes, como os meus. Sério, aquilo me deu medo.

O dos olhos iguais ao meu veio em minha direção, olhando com a testa franzida para Jacke. 

-Coloque ela no carro, agora! -Ele ordenou, e eu senti uma vontade imensa de retrucar, mas era a melhor opção. A loirinha veio atrás de mim, preocupada. Coloquei a já desmaiada Jacke no banco de trás, e a loirinha entrou logo atrás, começando a curar menina. Deixei-as ali,  e me virei para os carros. Somando todos, tinham cinco. Os vinte e seis homens que agora estavam atrás de nós atacaram. 

Dois deles tentaram pegar a dos olhos prateados, mas ela os eletrocutou com um toque, pequenos raios saindo da ponta de seus dedos. Tinha que me lembrar de não irritá-la. Três foram em cima da das mechas pretas, porém, com um olhar todos olharam confusos em volta, como se tivessem bebido muito. Estava curioso para saber o poder daquela ali.

Um foi em cima de Yuri, entretanto, ele leu os pensamentos do homem de terno, e desviou, lhe dando um chute pelas costas, que o fez cair de cara com o asfalto, sua cabeça começando a sangrar. Outro tentou atacar a das mechas pretas pelas costas enquanto ela se concentrava em elouquecer mais um cara, mas a das mechas roxas deu um tiro no braço dele (dupla das mechas!). 

Nate fez quatro homens caírem de quatro no chão, tremendo de medo. Transformei todos em fogueira, vendo que Nate não tinha nenhuma arma. Louis voou em cima da cabeça de um dos homens, sem que ele visse, e o socou na cabeça, fazendo com que caísse inconsciente. O cara era bem forte, seria legal arrumar briga com ele. 

Karina se transformou de raposa para urso bem no meio do salto, caindo em cima de três homens que mal tiveram tempo de olhar para cima. Coitadinhos, viraram panqueca. Então, depois de se certificar que estavam inconscientes, se transformou em uma abelha, e saiu voando.

Dois homens tentaram encurralar o castanho/loiro, porém, ele bate o pé no chão, que começa a tremer, fazendo um terremoto em miniatura, engolindo os homens de terno. Nem queri saber para onde aquele buraco ia dar.

Foi naquele momento em que tudo começou a dar errado. Um homem pegou a das mechas pretas, que estava exausta, a imobilizando contra o chão, um filete de sangue escorrendo pela sua boca. Nate levou uma chave de braço de um homem, que ao mesmo tempo prendia a menina dos choques. As balas da arma da das mechas roxas acabaram, e ela é presa contra a parede de um prédio por mais um homem de terno. Esse mesmo cara pegou Louis pela gola da camisa, e encostou a ponta de uma arma em sua cabeça, o ameaçando, embora tivesse chances de ser um blefe. Bateram a cabeça do castanho/loiro violentamente no chão, e o mesmo homem que prendia a das mechas pretas o comprensou sem necessidade, já que o menino já se encontrava inconsciente. 

Senti dois homens pegarem meus braços, me puxando para trás com força. Uma faca repousou sobre meu pescoço, me impedindo de me movimentar. O que tinha olhos iguais á mim olhava assustado para a arma apontada para a cabeça de Louis, mas ainda livre. Parecia não saber o que fazer, podia ver o medo de um desconhecido morrer por sua culpa em seu rosto. 

A loirinha saiu, mas logo foi atingida na testa, e caiu no chão, desmaiada. Em seguida, ouvi um baque de outro corpo caindo no chão, e vi uma linda menina de cabelos castanhos, a pele bronzeada e o corpo que qualquer homem desejava. Um grande hematoma era percebível no canto direito de seu rosto. Olhei para dentro do carro, e percebi, com certo alívio que Jacke estava curada, novinha em folha. Aí que reparei que Karina não estava ali. Aquela covarde havia fugido...?!

Então um enxame de abelhas surgiu por cima dos prédios, e avançou em nossa direção. Fechei os olhos, esperando as múltiplas picadas... Mas nada veio. Somente senti a faca sendo tirada de cima do meu pescoço, me cortando superficialmente. 

Olhei em volta, e vi que somente os homens de terno eram atacados pelas abelhas. Espera aí, isso só poderia ser obra de uma pessoa...

-E então, salvei todo mundo, adivivinhei? -Perguntou Karina, sorrindo zombeiramente, se transformando novamente em humana.


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