Extraterrestres -interativa escrita por Lucy


Capítulo 13
Primeiro Encontro




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Emily Snow

Eu já tinha passado da placa que anunciava que eu havia chegado á Jacksonville quando a lambreta ficou sem combustível, bem em frente á um cinema mínusculo. Saí da lambreta, bufando irritada. Só podiam estar de brincadeira com a minha cara mesmo. Ou talvez eu estivesse em um daqueles programas de pegadinhas e do nada fosse aparecer um apresentador de TV e dizer, todo animado: "Emily Snow, você caiu na pegadinha do programa não sei das quantas!".

Peguei na minha mochila alguns dólares para comprar comida, e deixei com que Kim esticasse as pernas, tinha certeza que a minha gatinha iria voltar para mim. Já ia entrar no cinema quando vi um carro vindo em minha direção. Pulei para o lado, assustada quanto a hipótese de ser atropelada. Caí no chão, mas escapei do alcance das rodas que quebrariam meus ossos.

-Ei! Você quase me atropelou! -Eu falei alto, já me levantando. Estava um pouco brava, quer dizer, tinham apontado uma arma para mim e quase me atropelado no mesmo dia. O que o mundo tem contra mim? 

-Me desculpe, não tinha te visto, está muito escuro. -De dentro do carro saiu uma garota de cabelos azul petróleo, levemente cacheados, porém sem volume, que chegavam até a cintura fina. Ela usava óculos escuros, mesmo que estivesse de noite. Sua pele era clara como a minha, mas em contraste com seus cabelos lhe dava uma aparência um pouco sombria e misteriosa.

-Por quê está de óculos escuros de noite? -Perguntei, me esquecendo do motivo pelo qual eu estava falando com ela. Eu já tinha visto pessoas com olhos sensíveis, mas não tanto daquele jeito.

-Não é da sua conta. -Ela foi um pouco grossa, e entrou no cinema em passos largos. Credo, será que todo mundo em Jacksonville era daquele jeito? Esperava que não.

Dei de ombros, e fui atrás dela até o balcão onde vendia pipoca, doces e refrigerantes. Pedi para uma senhora rabugenta um saco de pipoca média, uma Coca Cola e um saquinho pequeno de M&M's sem amendoim. Foi só quando dei a primeira mordida na pipoca em que percebi como é que eu estava com fome.

Me sentei ao lado da garota mal educada, no único banco que tinha ali, e comecei a comer com gosto. A estranha comia jujubas, delicados, balas de menta, caramelo e até mesmo de café. Era açúcar o suficiente para matar alguém de ataque cardíaco. 

Depois de alguns minutos um garoto de olhos verdes profundos, cabelos negros ondulados e sem nenhum sinal de barba saiu do banheiro masculino, e pegou um chocolate no balcão, vindo sentar ao nosso lado depois. Parece que o cinema de repente virou uma lanchonete, deve ser isso.

O garoto colocou a cabeça entre as mãos, aparentando estar bastante nervoso. Nossa, o que será que acontecera? Deve ter sido ou algo bem sério e importante ou aquele menino era um tanto dramático para as situações. 

- Para aonde eu vou?... E se aqueles homens de terno fizerem alguma coisa para a Mari?... -O moreno começou a falar sozinho. Essa última frase dele captou tanto a minha atenção quanto, surpreendentemente, a da garota mal educada que quase tinha me atropelado.

-Os homens de terno também foram atrás dessa tal de Mari?! -Eu e a desconhecida perguntamos na mesma hora. Esse dia (ou noite) está ficando cada vez mais estranho.

-Espera, eles também foram atrás de vocês? E, na verdade, Mari é minha irmã, eles vieram atrás de mim. -O menino de olhos verdes disse, franzindo as sobrancelhas. 

-Sim! Foi só um, na realidade. Ele ficou falando sobre eu ser uma E.T e coisas assim. -Eu respondi, abaixando o volume da minha voz para um sussurro. 

-Para mim não falaram nada, não conseguiram chegar perto de mim o suficiente para eu conseguir ouvi-los. -A de óculos escuros contou, mordendo o lábio inferior. 

-Vocês duas também tem poderes, não é? -O garoto falou tão baixo que eu quase não conseguir ouvir. Assentimos com a cabeça, e ele se levantou, fazendo um gesto com a cabeça para nós duas o seguirmos. Assim o fizemos, até estármos do lado de fora do cinema.

-O que você sabe? -Fui direta, cruzando os braços. 

-Sei que existem outros como nós, e que por enquanto os homens de terno preto ainda não conseguiram pegar nenhum. Todos devem ter algum tipo de poder. Quais são os de vocês, por falar nisso? -Ele nos olhou. O poste de luz acima de nós não iluminava o local direito, e dava para ver pouco de sua expressão.

-Fale o seu primeiro. -A de óculos escuros ordenou, desconfiada.

-Teletransporte. Então, falem. 

-Manipulação de energia, fosso levitar objetos á alguns centímetros do chão e dar choques nas pessoas. -A desconhecida nos informou, brincando com a embalagem de uma bala.

-Posso criar ilusões na cabeça das pessoas, e mantê-las ali o resto de suas vidas. -Falei, procurando Kim com o olhar. Senti algo na minha perna, e me agachei, pegando a gatinha cinza nas mãos. -Mas me diga, quais são os seus nomes? O meu é Emily, Emily Snow.

-Sou Andrew Moon, prazer. -O menino disse com um sorriso, apertando a minha mão.

-Hana Delacour. -A garota de cabelos cor de petróleo me deu um pequeno sorrisinho. Andrew, porém, engasgou. Eu já tinha ouvido Delacour em algum lugar...

-Hana Delacour? Tipo, Fleur Delacour, da saga Harry Potter? -Ele arregalou os olhos. Hana revirou os olhos.

-Eu não tenho nada a ver com aquela francesa, está bem? Sou adotada. E, se tem outros como nós, você sabe onde eles estão?

-Está mais para como vamos. -Andrew suspirou.

-Teletransporte, não se lembra? -Perguntei, e ele fez que não com a cabeça.

-Só posso teletransportar á mim mesmo, não consigo levar outra pessoa junto comigo. Vocês tem algum carro? -Ele passou os olhos de uma para a outra.

-Ela tem. -Apontei para Hana. 

-É bem rápido, eu moro em Miami, e só parti esta tarde. -Ela falou com simplicidade, e foi até o carro, girando a chave entre os dedos. Fiquei um pouco surpresa ao descobrir que ela morava em Miami, pois na minha cabeça as pessoas de lá eram um pouco mais bronzeadas. 

-Ótimo! Você vem com a gente? -Andrew perguntou para mim.

-A Kim também pode ir? -Indaguei, e abracei a minha gatinha de pêlo cinza. 

-Claro. -Ele sorriu, e nós três entramos no carro, mas antes que déssemos partida Andrew segurou a mão de Hana. -Quantos anos você tem?

-Quatorze. -Ela disse, parecendo estar irritada.

-Eu vou dirigir então, tenho dezesseis. Legalmente, eu posso dirigir. -Andrew argumentou, e, após meia hora de discussão entre nós, Andrew estava no banco do motorista dando partida, uma Hana muito mal humorada se sentava no banco do passageiro e eu estava atrás, fazendo carinho na cabeça de Kim. 

Estava na hora de procurarmos os outros aliens.


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