Meus Pesadelos

Capítulo 5- Segredos

Aquilo que eu sempre guardei, contei - mesmo de maneira omitida -, abri-me demais e terei que aguentar as consequencias.

- Renesmee? Por que sua família nunca veio lhe ver? - sua voz rouca ecoa em meus ouvidos me deixando sem alternativas de fuga, mas infelizmente acompanhando o mecher de seus lábios estão seu negros olhos irradiando toda a pena que sente por mim.

Silêncio.

- Acho que está querendo de mais de mim - a sensação de dizer algo que não deveria ter dito me corta a mente. Eu não entendo, depois de dois anos, nunca lhe proferi mais que um "oi" e agora as palavras deslizam da minha boca como águq escorre pelos dedos. Eu simplesmente não posso evitar.

Ele parece compreender. Pois em suas mãos o pequeno bloco amarelo foi depositado em cima da pequena mesa redonda que sustentava uma bandeja metalizada com remédios e um copo de água; um suspiro auditivel o suficiente escapa de seus lábios, movendo as orbítas de seus olhos ao chão ele passa a mão antes ocupada pelos cabelos negros e sedosos.

- Eu anseio sua melhora - preocupação, tornava-se evidente em sua voz. A forma calma e extremamente nervosa, lembrava-me de minha mãe.

- O estado clínico dela é terrível.- Lembro-me de mamãe chorando avidamente com essa notícia. lembro-me de encarar meu padrasto - Aro - e perceber o quão miserável eu era/sou.

Quando a nariguda de cabelos negros e ressecados, da psiquiátrica saiu da sala fedendo a tristeza e dor, mamãe olhou em meus olhos passando levemente a mão em meus curtos cabelos e dizer:

- Eu anseio a sua melhora, meu bebê.

A tristeza apoderou-se mais uma vez de mim naquele momento, sabou alí o quão burra e tola eu fui.

- Renesmee - encaro-o, eu quero, ah como quero contar-lhe tudo mais não posso.

Tão perto está ele. Deixando de lado a cadeira branca confortável ao canto da sala, ele se achega a mim. Seus dedos tocam meu rosto. Fecho meus olhos tentando pela primeira vez, sentir-me bem ao ser tocada de alguma forma.

- Você sabe que não podia! - sua voz aspera ecoa em meus ouviidos causando-me uma amarga dor. Não era Jacob comigo, é Aro.

- Eu tentei, eu juro que tentei não falar nada!

- Tinhamos um acordo, minha monstrinha! - raiva, obsessão e medo se mestura em seus olhos dourados.

- Por favor Aro, deixe-me! Eu sei, eu tentei, mas não contei que foi você. - minha voz arranha minha garganta, o grito sai de minha boca quase impossivel de se ouvir. Um sorrriso bobo nasce em seus lábios.

- Eu sei. - ternura. Agora sua voz é terna. Mas como das outras vezes, por experiencia própria, prefiro vê-lo nervoso do que calmo. Sua calma significa apenas uma coisa.

- Solte-me! - novamente a sensação de facas cortando-me a garganta aparecem, a dor e a repulsa novamente me toma. Quanto mais tento livrar-me mais ele aparece.

- Quando quiser, estarei aqui - leve ilusão. Sim, eu em apenas segundos de olhos fechados, presenciei ele novamente aqui. Mas não, como todas as vezes desde que eu estou aqui, é apenas pesadêlos.

- Não Jacob. Eu cansei. Vou lhe contar. - digo certa de mim. Chega de dor, chega de sofrer e chega de guardar tudo para mim. Como uma criança pronta para ouvir uma histórinha, ele se achega.

" Quando minha mãe conheceu esse... amigo - minto - eu estantaneamente gostei dele. Eu era muito mais nova. Ele sempre me tratava bem, sempre me amava, várias vezes dizia que para ele, eu era como filha. Eu gostava de ouvir isso.

Mas aí, tudo mudou. Ele não me amava como filha. Ele me amava. - seus olhos não esboçavam nenhum sentimento, Jacob está ali, em minha frente com a expressão de um homem que nada vê, nada ouve. Como um vegetal, ele pâra e me encara. Sério. - Várias vezes antes de dormir, ele me colocava na cama e sussurava em meu ouvido: "Eu lhe amo, monstrinha. Você é minha, lembre-se disso". - sussuro como Aro costumava fazer, sempre dando ênfase ao "Você é minha" - Como eu era muito jovem não entendia, e me sentia lisonjeada. Mas não era um elogio.

Ele queria-me para ele. Quando eu fiquei mais velha, ele começou a me... tocar. - Bingo, penso eu. A expressão vazia de Jacob transforma-se em minimamente assustado, idignado e completamente amigo. - E logo em seguida, depois de uns anos... Ele começou a... me estrupar." - dizer essas palavras é como assinar meu tratado de morte, eu tenho medo de Aro, despejo tudo de uma só vez.

Silêncio. Eu posso ouvir cada orgão de Jacob funcionando pelo silêncio na sala. Eu não falava. Ele não dizia nada. E respirar? Eu já não sentia o ar em meus pulmões.

- Como você veio parar aqui?

- Um acordo - digo rápido. - Eu iria dizer a minha mãe, e ele me mostrou que não era a melhor opção. Que isso a magoaria. Então, eu viria para cá, ele me deixaria em paz até eu fazer dezoito e seguir minha vida fora daqui.

Raiva. Seus olhos esbanam raiva. Suas palavras verdadeiras me fizeram enxergar claramente minha escolha. Que merda eu fiz!