Entardecer escrita por M Lyn


Capítulo 1
Livro 1 - Meu principal medo.


Notas iniciais do capítulo

O livro será dividido em partes,provavelmente sendo elas três partes. Cada uma terá uma citação de um autor, livro ou frase famosa que de certa forma resume o que irá ser a parte.A primeira é a que começa agora.Primeira Parte: Meus pesadelos."Bem vindo a vida: Onde sonhos do nada se tornam pesadelos, depois viram realidade!"---Beane FerreiraOutra coisa, alguns capítulos também terão uma citação.



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Capítulo 1- Meu principal medo.

Sinto a areia entrando entre meus dedos e o vento forte cortando a minha face enquanto eu corro o mais rápido possível, meus cabelos acobreados, como ferrugem, e lisos estão espalhados no ar por conta da velocidade. Não tenho em meu rosto uma expressão feliz. Eu tenho medo, muito medo de quem está me perseguindo. Corro o mais rápido que minhas pernas de uma menina de sete anos consegue correr.

Enquanto continuo correndo sinto algo se aproximando e isso faz com que meu coração congele e minhas pernas mesmo fracas e temerosas corram mais rápido.

Um líquido escorre por sua pequena face minha face e automaticamente passo as mãos sobre ele enxugando as lágrimas grossas e sem fim que rolavam furiosamente pelo meu rosto pequeno.

Atravesso o parque e quando me sinto sem ar nos pulmões, paro. Minhas pernas não aguentam mais um passo, meu corpo está mole e frágil, não adiantaria correr, ele me acharia como sempre faz. Caio sentada perto de uma casa que a que parece mesmo com sua cor desbotada ela um dia foi um rosa, olho em volta e vejo que tudo está vazio, também já era de se esperar, a madrugada estava em seu auge com isso as ruas estavam desertas. Apenas eu e o monstro que me persegue sabe o que está acontecendo.

Ouço passos lentos e sutis se aproximando. Olho em direção ao dono daquele enorme tênis e meu corpo começa a tremer, ao ver que era ele. Ele está aqui, ele veio me pegar, ele veio me machucar como da última vez. Seu rosto tinha um leve sorriso de canto, ele é bonito, mas por dentro é um demônio e isso me deixa mais temerosa. O que ele faria dessa vez?

Coloco minhas pequenas mãos sobre meu rosto tentando não olhar aquele ser se aproximar, eu não consigo levantar-me nem correr, apenas jogada no chão peço para que seja um pesadelo o que acontecia.

– Pequena o que faz fora de casa nesse frio?- Sinto mãos agarrando meu braço e sua voz sútil dizer, infelizmente seu toque me mostra que tudo o que aconteceu e acontece não é um pesadelo é real.

Não tiro minhas mãos do meu rosto, não podia estar acontecendo novamente. Eu não queria de novo, não suportaria.

– Pequena?- Diz forçando a me levantar com seus grandes dedos envolta do meu pequeno braço, ao ver que não seria tão fácil, força minhas mãos para baixo. Continuo calada e observando seus movimentos com medo, ele estava aqui, o que eu poderia fazer?- Levante-se meu amor, está frio e você deve estar cansada de tanto correr. - Com um sorriso convencedor ele diz que tudo vai ficar bem.

Ainda não acreditando em suas palavras deixo que me levante, mas não o deixo que me carregue. Caminhamos um ao lado do outro voltando o caminho que eu já tinha percorrido quando tentava fugir dele e por ironia estou voltando com ele.

– Está com fome?- Pergunta com um tom dócil ao entrarmos pela porta da casa. - Pequena, por que está assim?- Para em minha frente se agachando para estar em minha altura. Dessa forma, consigo olhar seus olhos claros e eles estão com um brilho estranho, parecia com raiva ou até mesmo obsessão, não consigo saber ao certo.

– Está tudo bem?- Ouço uma voz de mulher olho para cima encarando o final das escadas e lá está minha mãe. Ela tem vestes de dormir, pelo visto não sabe que eu tinha saído de casa, assim como eu sei que ela não sabe o que ele faz comigo.

– Claro Bella, estamos bem, né pequena?- Responde a pergunta e me olha. Não tenho escolha, ela o ama, ela gosta dele e às vezes parece que ele o mesmo. Eu não poderia a magoar, tenho que engolir meu orgulho e pior, o meu medo. Maneio a cabeça em confirmação. - Ela apenas teve um pesadelo e acordou assustada, eu estava a levando a cozinha para comer algo para se acalmar. - Explicou e ao que parece ela acredita, pois deseja boa noite e pede a mim para não ir dormir muito tarde, girando seus calcanhares entra pela porta que saiu.

Eu continuo parada processando ainda o que está acontecendo. Sinto minhas mão suando e frias por estar próxima de mais desse monstro, que é o meu padrasto.

Pequena vem comer uns biscoitos e um copo de leite para se acalmar. - Diz me arrastando pelo braço para a cozinha.

Eu como, mas meu olhar estava em cada movimento, risinho ou palavra que saía de seus finos lábios e seu olhar de crocodilo. Eu tenho medo dele. "Ele é perigoso. Ele pode me matar", penso enquanto o observo fixar seus olhos em mim.

Assim que termino, retiro-me e sigo para o meu quarto, sempre sentindo olhares em minha costa- ele me observava- até o término da escada e ao chegar a meu quarto.

Abro a porta branca e ali encontro o local que costumava ser meu refúgio, mas que agora era somente um local para pesadelos e sentimentos terríveis. Ele viria? Ele entraria aqui? Tocar-me-ia? Machucar-me-ia? Não consigo encontrar o sono por conta das perguntas infindáveis que rondavam minha pequena cabeça.

Algumas horas se passam e eu continuo com meu olhar fixado na porta, ele viria a qualquer momento. Seria pior hoje, eu tenho certeza, pois eu tinha fugido dele. Ele parecia calmo, mas como sempre era só fingimento. Esse pensamento passou a fazer meu corpo tremer. O que ele faria?

Ouço passos lentos do lado de fora da porta. Era ele? Ouço os passos se aproximarem mais e mais de mim, eu preciso fugir, não o quero me tocando de novo. Meu corpo está cada vez mais contraído e estou em posição fetal enrolada ao meu ursinho que ganhei do meu pai - Edward - quando tinha quatro anos.

Vejo a maçaneta da porta sendo girada e meu coração parece sem vida, a porta lentamente se abre como se a pessoa não quisesse acordar quem estava no quarto, mas não era bem assim, ele não queria é acordar quem está fora do quarto-mamãe-, ao ver as suas mãos na lateral da porta a empurrando lentamente fecho meus olhos. "Ele vai me machucar"- pensava enquanto não o sentia se aproximar.

– Pequena?- Pergunta e eu sinto o lado da cama perto de mim afundando, ele tinha se achegado, para piorar sinto seu toque em minhas costas e movimentando-se em sinal de carinho.

As lágrimas já inundam meu rosto, eu tenho medo. Sinto lábios em minha bochecha e um sorriso contra minha pele.

Qual é o jogo dele?

– Você está com medo?!- Dita cheio de si. "Ele é doente" penso enquanto ele começa a me tocar com seus dedos compridos e medonhos. Meu rosto está banhado com lágrimas, eu sinto raiva, sinto dor, sinto pena de mim mesma. "Eu nunca vou me apaixonar! Minha mãe acabou com minha vida por conta disso." pensava enquanto sentia seus toques nojentos em mim.

Ele começou a machucar-me com suas mãos. Doía. Eu precisava sair dali.

De novo não! Não podia estar acontecendo de novo!

Acordo ofegante e suada. Eu tinha sonhado de novo, ele me perseguia em todas as noites, todos os lugares, em todas as pessoas, ele me assombra, ele é um fantasma que me persegue.

Levanto meus dedos trêmulos à altura de meus cabelos, passando nervosamente as mãos sobre os fios enferrujados, em uma tentativa inútil de tentar acalmar-me. Apesar de todas as minhas forças, as lembranças de seus dedos longos, toques sujos rondam continuamente meus sonhos. Eu ainda sinto o medo que eu senti na primeira vez, eu tinha apenas cinco anos, mas o medo e a repulsa daquele homem ainda é grande em minha boca. Nunca poderei esquecer cada toque nojento, cada palavra referida a mim, cada mentira, seu rosto e principalmente meus traumas, causados principalmente por culpa dele.

Meu coração continua descompassado e isso me irrita, eu já tinha que ter esquecido, coloco minhas mãos sobre o mesmo forçando-o a acalmar mais rápido, aos poucos volta ao compasso, o que me faz suspirar de alivio, pois parecia que eu poderia ter um ataque. Sentindo-me segura, giro minhas pernas saindo da cama de lençóis brancos combinando com tudo ao redor e toco o chão frio de inverno fazendo meus pelos do braço e nuca se arrepiem. O frio é intenso e eu daria qualquer coisa por um bom chocolate quente.

Caminho alguns passos à frente em direção à porta branca que fica dentro do quarto, a atravesso, olho-me no espelho que fica de frente. Meus cabelos escuros soltos com alguns fios colados em minha testa por conta do suor, meus olhos castanhos estão com a pupila dilatada por conta do susto e o roxo em baixo e ao redor evidenciavam o mau tratamento e as noites sem dormir, meu lábio entreaberto por conta da gripe que eu havia pegado e o osso evidente em meu rosto mostra claramente o quão magra eu agora estou. Olhando-me fixamente por alguns minutos percebo como eu estou, vejo a pessoa que eu me tornei:

– Uma pessoa infeliz e cheias de traumas. – murmuro revelando a mim e apenas para mim o que eu sinto.

Afasto-me do espelho para não ver a destruição que eu me causei de bom grado aceitar sua proposta. Não! Não causei esse mau a mim mesma, na realidade eu sou a destruição que ele me tornou, e que apenas ele causou. A dor que eu carrego, os traumas que eu guardo e a mágoa que eu sinto é dele a culpa, e apenas dele.

Uma a uma, as pernas movem-se em direção a cama. Sinto-me confortável ao me acomodar. Encaro o teto de maneira a tentar afastar meus sonhos e pensamentos, como sempre faço e sempre de maneira inútil. Eu queria ser como as demais meninas de minha idade, pensar em coisas fúteis e às vezes não pensar em simplesmente nada. Mas eu não sou uma garota comum. Nem por um instante eu fico sem pensar, planejar e mesmo internamente sentir medo.

Pelas cortinas brancas que cobrem os janelões sempre fechados, percebo o pequeno sinal de que o dia clareando está. É um momento lindo! As cores se misturando criando uma nova cor, viva e linda. As pessoas costumam dizer que “a cada novo dia um novo recomeço”, e eu queria sentir isso. Queria sorrir largamente ao receber um abraço de minha mãe. Queria reunir a família e juntos compartilhar uma maravilhosa tarde. Mas não é assim, um novo dia significa uma nova medicação, uma nova conversa e mais um dia de fingimento.

Quando o espetáculo que calmamente acontecia sessou-se e pela fina cortina o sol está perfeitamente em seu lugar, batidas leves são proferidas em minha porta e sem permissão, a tão famosa enfermeira entra em meu quarto assim como todas as manhãs.

– Como se sente? – Sua voz não há verdadeira preocupação, mas assim como um monologo, ela apenas diz, diz e diz sem realmente almejar uma resposta. Seu olhar esverdeado e fortemente marcado encara-me firme, esbanjando pena mostrava-me que ela realmente me achava como uma verdadeira louca, e eu estou louca. Sua roupa sempre impecável demonstra o zelo que ela tem com suas coisas. Apesar de nova ela aparenta ser mais velha que sua idade atual, é como se ela quisesse realmente aparentar amadurecimento, mas quando na verdade era só faixada. – Os tome. – Ordena estendendo em minha direção seu longo braço claro com comprimidos


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Notas finais do capítulo

E ai?