Quando Em Nárnia escrita por Kuroi Namida, Tricya Gianakos Lightwood


Capítulo 2
Caímos em Nárnia


Notas iniciais do capítulo

Olá, o primeiro capítulo pra vcs! Esperamos que gostem!



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POV Leana Black

 Costumeiramente eu ficava sentada nos degraus do saguão da universidade com meus fones de ouvido enquanto esperava Tricya sair de sua aula e vir me encontrar para irmos para o lanche. Ás vezes minha aula acabava antes do que a de Tricy, e esse tempo era o que eu aproveitava para ouvir música sossegada. Só fui despertar dos meus devaneios musicais quando senti a loira passando por mim como um pé de vento e cutucando meu ombro.

- Hey? –eu disse retirando os fones. – Aonde vai com essa pressa?

- Eu acabei de me estressar com aquela bruaca da Valerie de novo. –disse Tricy com a cara avermelhada.

- Ai de novo, essa garota não tem mais o que fazer não? –eu revirei os olhos enquanto guardava meu mp3 na mochila.

- Vamos rodar? Não quero topar com aquela garota de novo.

- Tá, vamos nessa! –dito isso apanhei minha mochila e joguei nas costas logo descendo os degraus.

Tricy e eu saímos do prédio e seguimos rumo aos fundos, onde ficava um bosque tranquilo aonde geralmente íamos quando queríamos ficar sozinhas longe daquele bando de gente metida com as quais tínhamos que lidar todo santo dia. Subimos uma lombada de terra e grama que nos levaria até o meio das árvores depois ficamos andando em direção ao outro lado do bosque que dava em uma estrada. A intenção era fazer a volta e voltar para a faculdade logo em seguida por tal caminho. Debaixo de uma figueira, Tricy e eu nos plantamos a conversar enquanto ela se abaixava para amarrar o cadarço dos seus tênis.

- Que estranho. –eu disse franzindo a testa e olhando ao redor.

- O que? –questionou Tricy com a cabeça abaixada.

- Não ouviu isso?

- Sua barriga roncando? –ela riu e me encarou.

- Não idiota! –eu ri. – Parece um rugido de um animal.

- Pra mim pareceu a sua barriga!

- Para! –eu ri mais uma vez chutando algumas folhas secas pra cima tentando acertar nela.

Enquanto “brincávamos” uma com a outra, um vento forte e repentino começou a soprar contra nós fazendo com que as folhas do chão começassem a levantar e correr pelo ar. Meus cabelos passaram a cobrir meu rosto por conta de tal força, enquanto Tricy se aproximava de mim e da figueira e agarrava meu braço.

- De onde veio esse vento todo? –disse ela com os olhos arregalados.

- Não sei, mas acho melhor agente voltar pra faculdade. –avisei.

- Tá.

Tricy continuou agarrada no meu braço enquanto corríamos em direção oposta ao vento, que insistia em nos empurrar para trás. Quanto mais tentávamos lutar contra, mais ele nos jogava fazendo com que retrocedêssemos no nosso caminho.

- É melhor agente voltar. –dizia Tricy aos berros por conta do barulho.

- Mas a faculdade é pra lá Tricy. –eu berrei apertando os olhos.

- Não adianta agente lutar contra o vento, tá muito forte, vamos voltar tem um abrigo na estrada. –ela insistiu.

E então concordei com Tricy e corremos a favor do vento. Quando estávamos próximas de um barranco Tricy acabou enganchando a ponta do tênis em um pedaço de tronco seco e oco que estava no caminho causando uma queda de nós duas, morro abaixo. Tricy me agarrou com tanta força que eu não pude me desvencilhar do tombo nem ajudar ela a se equilibrar, e no fim rolamos feito uma bola de neve ladeira abaixo. Ficamos naquela situação por minutos que eu sequer consegui contar, parecia um tempo longo demais para uma queda como aquela, e então finalmente caímos uma sobre a outra no meio de um conjunto de árvores muito mais altas do que pareciam anteriormente. Eu bati forte com a cabeça na terra fria enquanto amortecia a queda de Tricy com minha barriga.

- Au! –eu reclamei ao sentir o baque da cabeça dela sobre meu estômago.

- Foi mal Lean! –disse ela se sentando.

- Que droga, o que foi isso afinal? –eu levantei limpando minhas roupas.

- Não consegui evitar, quando eu vi tava rolando. –respondeu a loira.

- Devia ter uma estrada aqui não? –olhei ao redor.

- Agente rolou feio.

- E o vento parou. –disse sem sentir sequer uma leve brisa.

- Estranho.

- Eu não me lembro de árvores tão altas. –eu dei alguns passos olhando para o alto.

- Vai ver que caímos por tanto tempo que acabamos na China!

- Ou em Nárnia! –eu torci a boca e olhei para Tricy que permaneceu séria.

- Você acha?

- Claro que não né cabeção! –eu ri. – Vem a estrada deve estar por aqui em algum lugar! –disse seguindo por entre as árvores.

Tricy e eu andamos e vagamos por um longo tempo sem achar nem sinal de uma misera estrada, ou sequer uma trilha decente que nos levasse de volta a faculdade. Minhas pernas e meu traseiro ainda doíam por conta das batidas do meu corpo contra o solo enquanto girávamos naquela queda. Então finalmente ouvimos algumas vozes perto dali e corremos para verificar de onde vinham. Foi aí que nos deparamos com dois caras estranhos vestindo roupas mais estranhas ainda e conversando, ou melhor, discutindo a alguns metros de onde estávamos.

- Quem são? –disse Tricy ao se aproximar pelas minhas costas.

- Shiu. –eu fiz sinal. – Não tenho ideia.

De onde estávamos mais precisamente um novo barranco, podíamos ouvir os dois sujeitos dialogando em tom seco:

- Nós já passamos por aqui pelo menos cinco vezes Pedro. –dizia o moreno de cabelo comprido até os ombros. – Estamos perdidos.

- Não estamos pedidos Caspian, eu tenho o mapa inteiro na minha cabeça. –disse o loiro batendo com o dedo indicador na lateral da testa.

- Então por que continuamos andando em círculos? –retrucou o moreno.

- Você está me atrapalhando. Não consigo pensar com você falando no meu ouvido. –resmungou o loiro, tal de Pedro.

Neste momento senti as mãos de Tricy nos meus ombros enquanto ela se inclinava para ouvir a conversa. Ela acabou me empurrando um pouco para frente me fazendo bater com o ombro direito contra o tronco de uma árvore, e eu lhe dei um olhar de desaprovação pra ela sair de cima de mim. Então ela deu uns passos a frente e disse:

- O que eles estão fazendo? –disse curiosa.

- Vambora, devem ser alunos do curso noturno, não quero ser zoada por esses aí por estarmos perdidas a alguns metros da escola. –resmunguei em tom baixo e me virei.

Mas acabei dando meia volta quando ouvi Tricy gritando. Quando procurei por ela, notei apenas o vazio a minha frente e percebi que a loira estava novamente se debulhando contra o solo úmido enquanto despencava ladeira abaixo até estar aos pés do cara de cabelo comprido. Com o susto este agarrou firme algo que tinha na cintura e deu uns passos para trás enquanto encarava Tricy caída no chão segurando o pé que provavelmente tinha torcido dessa vez. Enquanto isso o segundo cara se aproximou empunhando uma espada e então foi minha vez de gritar:

- Hey! –aquilo saiu sem a minha permissão. – O que pensa que tá fazendo? –resmunguei enquanto tentava descer o barranco sem cair.

Enquanto me aproximava senti os olhos castanhos do cara mais alto sobre mim, assim como os azuis do loirinho que me encarava com a testa franzida como se eu viesse de outro mundo. Me abaixei e verifiquei se Tricy estava bem:

- Caiu de novo foi? –eu disse.

- Não sei o que o chão tem contra mim. –resmungou ela. – Ai, eu acho que quebrei o pé.

- Vem eu te ajudo a levantar. –disse pegando ela pela cintura enquanto ela passava o braço pelo meu pescoço.

Quando estávamos ambas de pé, eu notei que os dois paspalhos a nossa frente nos encaravam de maneira estranha. Revirei os olhos e me manifestei:

- Vão ficar aí parados? –reclamei e encarei o moreno que visto mais de perto era um puta gato. – Me ajudem, ela é pesada.

- Tá me chamando de gorda? –reclamou a loira.

- Não, mas você não é nenhuma pluma. –disse olhando-a. – Anda gente. –eu encarei de novo o bonitão de cabelo liso. – Vai ficar aí me olhando com essa cara de bobão, ou vai me ajudar?

- Você sabe com quem está falando moça? –protestou o loirinho.

- E você sabe com quem tá falando? –retruquei.

- Não.

- Então estamos quites.

- Nós somos Caspian e Pedro. –se manifestou o moreno que parecia ter o cabelo mais sedoso que o meu. – Eu sou Caspian.

- Prazer, Leana e Tricya. Eu Leana ela Tricya. –falei como se fosse um índio.

- E de onde vieram? –insistiu o loiro, tal de Pedro.

- Lá de cima. –apontei para o topo do barranco.

- Quero dizer de que localidade de Nárnia. –disse Pedro.

- Nárnia? –isso foi dito em coro por Tricya e eu.

- Sim, Nárnia. De que lugar de Nárnia são vocês? –insistiu Pedro.

- Espera, você disse que estamos em Nárnia? –replicou Tricya.

- Sim moça, é onde estamos, onde vocês estão? –continuou Pedro.

- New Orleans. –eu respondi. – E vocês são muito engraçados com esse papo de Nárnia.

- Vocês não são daqui. –disse o gênio de olhos negros ao meu lado.

- Não. –disse Tricya com um sorriso bobo nas fuças.

- Sim. –eu respondi e nos entre olhamos.

- Sim ou não? –disse o loiro.

- Não se estivermos mesmo em Nárnia! –respondeu a loira.

- Na verdade não temos certeza se ainda estamos em Nárnia. –disse Caspian. – Já que meu irmão se perdeu no caminho. –disse encarando o loiro com olhar desaprovador.

- Eu já disse que não me perdi. –retrucou Pedro.

- Pra mim é o que parece. –eu disse olhando as roupas dos dois. – E estão bem perdidos.

- O que fazem aqui? –disse o loiro.

- Nesse momento respondendo perguntas idiotas. –eu reclamei já sem paciência.

- Nós também nos perdemos. –disse Tricya sendo educada.

- Obrigado. –disse Pedro me encarando com cara de “tá vendo, é assim que se responde a uma pergunta”.

- Tá legal, quem são vocês afinal? –eu perguntei.

- Está diante dos reis de Nárnia moça. –disse Pedro.

- Reis? –disse Tricya encantada.

- De Nárnia? –eu uni as sobrancelhas. – Tá bom e eu sou filha do papai Noel.

- Você é filha do Noel? –disse Caspian com a boca entre aberta.

- Você tá mesmo falando sério? –o encarei.

- Tricya. –disse Pedro. – Pode nos dizer exatamente o que desejam?

- Bom...

- Voltar pra faculdade, e é isso que vamos fazer agora se os dois reizinhos não se importam. –retruquei sentindo o olhar de Caspian ficar tenso.

- Lean, eles são mesmo reis de Nárnia. –disse Tricya em tom baixo.

- Eles não são reis de Nárnia porque Nárnia não existe Tricy.

- Existe sim. Você que não quer ver.

- Eles são apenas dois malucos vestindo roupas esquisitas e provavelmente estão zoando com a nossa cara. –encarei Caspian e dessa vez aquele olhar de bobão tinha sumido dando lugar a um olhar gélido.

- Se não acredita veja isso. –disse Caspian espichando uma mão cheia de dedos.

- O que tem?

- O anel.

- Belo anel. –retruquei. – Meio grande pra um homem.

- É o anel de um rei. –disse Pedro.

- É dado ao primogênito de cada família real. –disse Caspian disse em tom sério abaixando a mão.

- Isso significa que ele é o irmão mais velho e tambem rei supremo de Nárnia. Não precisa ficar se exibindo. –disse Pedro encarando o irmão.

- Vocês são doidos. –eu ri balançando a cabeça. – Vambora Tricy.

- Não, eu quero ficar. –disse ela se afastando de mim e pulando num pé só. – Olha pra eles Lean, eles são quem dizem ser.

- Você acredita mesmo nisso? –eu questionei.

- Sim.

- Tá bom, então fica com esses dois aí que eu vou voltar. –me virei. – Ah, e não esqueça de mandar lembranças minhas a Aslam! –eu ergui as sobrancelhas arregalando os olhos e sendo irônica.

- Conhecem Aslam? –disse Caspian.

- Ah meu Deus! –eu parei e revirei os olhos. – E ele continua.

- Não, mas adoraríamos conhecer! –disse Tricya.

- Beleza, continuem fumando o que vocês fumam que tá dando muito certo. –eu me virei fazendo “joínha” com os polegares mantendo um sorriso sínico na cara e depois me virei e comecei a andar deixando Tricy para trás.

- Lean? –ela me chamou.

- Tchau Tricy. –respondi e segui em frente.

[...]


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