[Narrador]

Desnorteada e fraca, Lisa perde totalmente a consciência do lugar onde estava apenas conseguia enxergar vultos em todos os lados, sua visão estava embaçada, vozes e rugidos ecoavam profundamente em seus ouvidos. Ela não conseguia entender nada, até que uma das vozes pareceu familiar a ela.

– Lisa? Lisa? Consegue me ouvir? – Foi a única coisa que Lisa realmente entendia, de repente, sua visão foi recuperada, e ela enxergava uma mulher de cabelo marrom curto, um pouco ondulado. Lisa toma consciência do local, suas mãos e pés estavam algemados no canto da parede de uma cela apertada, tinha grades de ferro e o chão era pura terra, o local estava pouco iluminado com apenas uma lâmpada. – Lembra-se de mim? – A voz familiar continuava tentando comunicar-se, Lisa então olha nos olhos da garota.

– Não... Quem é você?

– Celly, não se lembra de mim? – Sussurrava a garota, Lisa não entendeu o motivo disso. Passos lentos ficam mais altos vindo do corredor que leva a cela onde estavam, um homem de pele pálida e mal vestido parou em frente a elas e cruzou os braços, observando o que estava acontecendo. Celly ao perceber que um dos vampiros os identificava, ela agarrou o pescoço de Lisa com umas das mãos e com a outra deu um tapa forte em seu rosto. – Eu quero que você fale agora qual era seu plano! – Seu tom de voz mudou, estava arrogante. – Me diga quem são seus aliados. – Novamente um novo tapa preencheu sua bochecha. – Fala vadia! – O homem deu um sorriso e saiu calmo do lugar. – Você não irá descansar até que me responda tudo. – Lisa com o rosto todo vermelho, encarou a estranha mulher novamente. – Me desculpe Lisa. – Sua voz abaixou incrivelmente. – Eu fiz isso para ele acreditar que eu estava cumprindo o meu papel, mas na verdade eu quero proteger você. – Lisa não captou direito a mensagem que Celly tentou passar, aquilo não fazia o menor sentido.

– Eu não me lembro de você, por que quer me proteger?

– Você é uma pessoa importante pra mim, mas eu não posso falar o motivo... Não agora. Teremos que esperar um lugar seguro.

– E por que eu deveria acreditar em você? – Lisa não conseguia acreditar nas palavras ditas.

– Você quer sair viva ou não? Se quiser eu sei um jeito de te ajudar, mas você terá que me ouvir e parar de ser estúpida! Eles te capturaram pra servir de alimento pra Valkiria, não só pra ela como também pra todos os vampiros do nossa caverna. – Perguntas e mais perguntas rodavam na mente de Lisa, que com uma simples curiosidade de descobrir tudo sozinha acabou se tornando um problema, e queria descobrir mais e mais, sem se importar com os futuros problemas que poderia lidar.

– Valkiria? Caverna? Essa é o esconderijo de vocês. – Celly subiu os olhos, mas logo voltou a olhar para Lisa.

– Valkiria é a nossa rainha e sim esse é o nosso esconderijo, mas nós o chamamos de “lar temporário”. – Ela faz as aspas com os dois dedos de suas mãos.

– Vocês querem acabar com a cidade? Para tornar ela o lar permanente de vocês? – Lisa mandou essa pergunta bem no meio da lata, Celly ficou quieta por alguns segundos, ela não sabia o que responder, até que ela se levanta.

– Irei passar aqui mais tarde, trarei um pouco de comida também, já que você não bebe sangue eu terei que catar alguma coisa. Pode ficar tranquila que ninguém vai entrar na sua cela, eu sou a única que possui a chave.

– E por acaso eu pareço estar preocupada? – A atitude de Lisa deixou a Celly impressionada. – Eu estou pouco me fodendo pra isso. E não precisa me trazer nada, eu me viro sozinha. – Celly ignorou suas palavras e continuou andando.

~~

Durante a noite fria, Mariana novamente andava pela lagoa para poder relembrar o seu amado. Chegando ao banco onde Zenier costumava ficar, ela deposita a sua vigésima flor em lembrança dele, mas desta vez, ela não reza ou faz uma oração, Mariana deixou de acreditar em Deus por tudo o que aconteceu.

– Ah, então é você. – Uma voz assusta Mariana, que se vira e enxerga Nycry do outro lado da rua encostado numa árvore de braços cruzados. – Sabia que você não estava morta, ou morreu e está viva.

– Oi Cry... – Voz suave, ela não sabia por onde começar. – Eu preciso te contar tanta coisa, foi bom você ter aparecido.

– Antes de você começar, você está do lado de quem? – Mariana estava com medo de responder essa pergunta, ela não podia abandonar seus antigos amigos e também não podia deixar seus novos amigos.

– Cry, não existe lados.

– Claro que existe Mari, eles querem dominar a cidade, você não está ligada nisso? – Seu corpo fica assustado sem saber o que fazer. Nycry por outro lado, queria coletar o máximo de informações possíveis para acabar com todos eles, mas não via a Mariana como um oponente, ao contrário, ele queria ajuda-la, mas não sabia como.

– Cry...

– E o Z, onde ele está?

– Eu o matei... E seu corpo sumiu... Não sei se ele ressuscitou ou não... – Com lágrimas nos olhos e tomada pela emoção, ela também queria saber onde o Zenier esta, precisava de ajuda, pois se seu grupo o encontra-se primeiro, iria transformá-lo em um Guarda Real para servir a rainha, pelo menos é isso que ela acha.

– Tudo bem então. – Fria em suas palavras.

– Tudo bem? Você só vai fazer isso?

– O que mais poderia fazer? Continuar procurando ele e não encontrar nada?

– E duvidar das minhas palavras, você não iria?

– Você é minha amiga Mariana, não vou duvidar de você. – Era a frase que ela precisava ouvir uma amizade que ela podia contar sempre.

– Por favor, Cry... Ajuda-me a acha-lo. – Eles foram interrompidos por outra voz.

– Não Mariana, você não encontrará ninguém. – Jasmie se revelou, estava escondida em cima da árvore onde Nycry permanecia parado. – Tenho ordens para mata-la, então Sr. Cry, se não fosse incômodo, poderia nos deixar sozinhas?

– Ha ha. – Ele da uma risada irônica, virando-se e ficando de frente com Jasmie, olhando para cima. – Primeiro você vai ter que me matar.

– Como quiser. – Jasmie pulou da árvore em cima de Nycry, posicionando suas pernas para acertar em cheio seu peitoral. Ele pensou mais rápido e se jogou pro lado, se esbarrando numas folhas secas que estavam largadas no chão. Quando ela estava distraída que tinha errado o golpe, Mariana corre em sua direção e puxa seus cabelos com força. – Vadia!! – Jasmie grita. – O que você está fazendo??!! - Nycry se levanta e da um soco com força no rosto da garota de cabelo verde. Jasmie sem forças cai no chão.

– Você perdeu Jasmie, trabalhar sozinha nunca vai ser seu forte. – Nycry cruza novamente seus braços em frente dela e, num piscar de olhos, Jasmie some de repente.

– Cadê ela? – Mariana fica com medo, ela estava na frente deles agora pouco.

– Surprise! – Jasmie aparece do nada atrás de Nycry, dando uma chave de braço nele.

– Se você ou essa piranha derem mais um passo ou fizerem qualquer outro movimento, eu o mato! – O orgulho de Nycry foi quebrado assim que foi surpreendido. O medo agora rodava sobre eles.