Meu Acampamento de Verão escrita por Diva Fatal


Capítulo 55
Capítulo 55: Campos do Jordão


Notas iniciais do capítulo

Demorei mais de uma semana pra postar por que estava doente, desculpa gente. Recomendo que leiam o livro extra de Fallen (Apaixonados), é bem fininho, algumas horas de leitura, ou podem ler somente o capítulo de Ariane, só para conseguirem entender mesmo sobre a personagem que vai entrar na fic.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/406705/chapter/55

Minha cabeça irrompia em dor assim que tentei sentar-me. Um tecido envolvia-me aquecendo meu corpo do frio horrível que abatia o matagal estranho ao qual me encontrava.

Abri os olhos e fui agredida com a luz das chamas a minha frente. O fogo dançando sobre o ar, crepitando na madeira.

Fui me curvando, me pondo de pé, mas meu corpo estremeceu até os ossos. O sangue angelical em minhas veias pareceu endurecer , ficou groso feito gelo e, meu coração acelerou brutalmente, chegava a doer no peito.

–Gabbe. –A voz masculina veio aos meus ouvidos como uma adorável e potente canção de jazz.

Reconheci o alto e viril homem sentado no tronco caído ao meu lado. Roland Sparks estava com um espeto de rato frito, abocanhando pedaço por pedaço com um apetite enorme.

–Curei suas feridas, mas para remover a bala na sua cabeça foi complicado. –Roland deu outra abocanhada no rato frito e mastigou-o falando por baixo da boca cheia. –Ela se alojou no seu lóbulo frontal. Poderia ter entrado em coma permanente.

–Eu levei um tiro? –Guiei minha mão esquerda a testa tentando sentir o furo feito pela bala, mas a pele estava lisa, nada havia, nem mesmo uma cicatriz.

–Karen se uniu ao inferno. Atirou em você enquanto estava desmaiada. –Roland jogou o espeto e o restante do rato na fogueira e ficou fitando o fogo, as chamas dançavam e estalavam com intensidade.

–Porque ela faria isso? –Olhei ao redor sentindo o meu corpo começar a doer cada vez mais.

–Ela se aliou a Lúcifer.

–Onde esta a minha a... –Minha mente parou por um instante pensando na espada de fogo que carregava. –Não ousarei pronunciar o nome angelical e trivial da arma que empunho com essa língua humana tão amargurada e débil.

–Pelo menos você ainda empunha a sua. –Roland parecia magoado. Falar sobre a grandeza que um dia ele possuiu era a mesma coisa que dar um tapa na cara dele.

–Desculpe, Roland.. Não foi minha intensão... –O anjo cortou minha fala se levantando com um sorriso leve.

–Eu sei que não foi. –Ele abaixou a cabeça e apontou para a minha direita. –Atrás das folhas.

Dispersei as folhas com tapas e vi a minha espada ali, na hora em que toquei seu cabo, ela sumiu virando pó dourado, senti recolhendo-a assim como minhas asas, a espada foi guardada dentro de mim, recolhida a minha alma.

–Vamos, temos que ir a casa da Katie. –Ele me estendendo a mão.

Aceitei –a e segurei seu casaco envolta de mim tremendo de frio enquanto me levantava. A camisa branca sem mangas dele estavam suadas envolta do pescoço e endurecidas com neve derretendo. As calças jeans endurecidas com uma leve camada de gelo. Ele tremia levemente, mas ainda sim mantendo a pose de homem durão.

–Encontrou Iryena. Sem dúvidas. –Não havia percebido que tinha falado alto, mas ao ver a meia careta que tinha esculpida em seu rosto.

–Sim, encontrei Iryena. –As palavras saíram de sua boca amargamente, angustiadas e pesadas.

–E Karen?

–Bem, ela não pode gestar um filho no inferno. Pelo menos esta é a vontade de Lúcifer. –Roland chutou a terra sob a brasa tentando apagar o fogo.

A glória que um dia o anjo foi não o tinha abandonado mesmo depois da queda. Facilmente podia lembrar de Roland em toda sua grandeza. Livre de qualquer responsabilidade exceto a de adorar a ele.

–Afinal de contas, onde estamos? –Olhei envolta dando um giro procurando pontos de referência, mas estava escuro demais para ver qualquer coisa que o fogo não iluminasse, agora que a chama havia sido apagada, não conseguia ver nada a meio metro de mim.

A longe podia ver casas belíssimas e rústicas, cor branco champanhe, em cada janela fileiras de arbustos floridos que desciam o espaço vago em cortinas de flores e cachos de folhas até alcançar algo para se segurarem.

Ardia luz em cada casa enfileirada. No telhado de todas havia manchas de neve seca. O frio era insuportável.

–Brasil. Campos do Jordão, em São Paulo, exatamente em Gramados. –Respondeu o anjo batendo nos joelhos tirando toda a terra fria.

–A Phoebe esta a caminho, a sinto atravessando Goiás. –Meus dentes rangiam de frio.

O anjo envolveu-me passando um dos braços um pouco abaixo dos meus ombros, abraçando-me de lado e apertando fortemente alongando-se.

–Anime-se. Depois de uma conversa com a Mãe Rússia, concordamos que ela precisa de ajuda para proteger Gramados.

Mãe Rússia era como Iryena era intitulada em batalha. Ela não usava armas, usava seu corpo para demolir literalmente o inimigo. Esmagadora e destrutiva como o frio, além dela ser russa, portanto o apelido pegou bastante entre os colegas, mas mesmo assim, é um apelido ao qual já não ouvia fazia alguns meses.

–Por isso você sumiu?

Começamos a caminhar, saindo daquele pequeno matagal e parando de frente a um gramado extenso de frente para um lago cheio de pequenos barcos em formato de cisnes, patos se aqueciam invadindo os bancos acolchoados desses barcos durante a noite.

O lago verde musgo estava coberto por pequenos cubos brancos que era gelo tentando se formar na superfície, mas como o dia estaria próximo, este lago nunca congelaria de fato, condenado a repetir a operação de congelamento e descongelamento todos os dias.

–Para ser mais exato, eu sumi porque Ártemis estava me caçando. –O seu tom de voz subiu engrossando, ele limpou a garganta e encheu os pulmões de ar frio.

Caminhamos contornando a borda do lago indo em direção a um casarão de dois andares com uma torre em espiral linda, toda branca e amarela, estilo suíço.

–Quando se incendeia uma caçadora de Ártemis sem estar em combate acontecem duas coisas. Uma: Ela querer se vingar pela morte de sua protegida. Duas: Saber como é possível mata-la sem estar na batalha.

–Fogo divino, mesmo manchado pela queda pode destruir qualquer coisa. –Era tão obvio a resposta, tão clara. Os deuses Gregos eram tão cheios de si que não se davam ao trabalho de conhecer outras culturas. No final de tudo, todos os deuses que um dia foram acreditados por mais de um único homem existem, todos são criados a partir da crença de dois ou mais. Isso é oque importa.

–Sim, mas eles não sabem.

–É, não sabem.

O matagal se abriu revelando a mansão suíça de dois andares. Grande, bonita, esbanjando sua luxuria e conforto.

O andar de baixo era repleto de janelas grandes, todas de madeira bruta, aos pés da casa margaridas e camélias ainda não florescidas. Uma escadaria de apenas quatro degraus baixos de pedra levava até os portões de vidro preto e âmbar, o rosto de um lobo estava gravado a vidro azul mesclando o vidro preto. O corrimão estava completamente coberto com trepadeiras ainda vivas, mesmo com o frio de três graus negativos.

No jardim encontrava-se um ipê amarelo ainda não florescido. Enroscado nele nasciam glicínias roxas sem folhas ou flores, ambas estariam ao seu auge somente no inverno.

O segundo andar da casa tinha apenas cinco janelas grandes, uma em cada quarto da frente, e mais cinco nos outros quartos atrás. De cada lado do telhado duas janelas pequenas mostravam presença, pequenas e achatadas indicando o sótão, pareciam mais com dois olhinhos finos.

A torre grossa e branca amarelada fora tomada por flores de cravo e kalanchoe (conhecidas também como flor da fortuna). Arbustos altos de manacá-de-cheiro circulavam os pés da torre, no topo dela havia apenas um telhado cheio de neve. Uma pequena janela no topo próximo ao telhado branco.

A porta se abriu na hora. Nunca havia reparado muito nos semideuses do acampamento, pelo menos não dos que não faziam questão de se aparecer, mas reconheci a pessoa na porta.

Trajando um top de couro sintético marrom cinzento que ia até o umbigo, uma saia roxa de tirar finas que mostrada sua meia arrastão preta com desenhos pena de pavão toda vez que se mexia. Uma bota de salto preta suja de terra nas bordas. Diversos colares de pedras lapidadas cintilavam em seu pescoço, pretas, roxas esbranquiçadas, azuis escuras com um tom branco sujo, vermelho quase rosa brilhando a luz de dentro da casa. Os cilhos marcados pelo rímel carregado escurecendo seus olhos âmbar quase verdes igual as folhas de louro. Lábios puros, intocados por batom ou roubados por qualquer beijo.

Katie Gardner. Filha e mentora do chalé de Deméter. Ela possuía um dom especial, não só o de apaziguar qualquer ser vivo, mas também o de erguer florestas inteiras com uma imensidão de poder.

Segurava um buque de tulipas vermelhas, roxas, amarelas e laranjas; apreciava-as lentamente.

–Roland. –Ela riu silenciosamente com uma expressão amigável. –Gabbe. –Seu sorriso se alargou um pouco mais. –Vamos, Iryena esta lá dentro junto com a Tess e o Steven.

Os olhos de Roland se arregalaram. O espanto que sentiu foi grande, e o meu não foi diferente.

–Tess... –Sussurrou o anjo que a um segundo estava com os braços ao redor do meu ombro, agora estava entrando pela porta passando ao lado de Katie.

Corri logo atrás dele. Minha mente vagueava agora para a grande cicatriz de queimadura que Ariane possuía no pescoço. Tess era a causa disso, mas ela havia morrido, cortando a própria asa depois de ter matado seu amor pela anja. Mas aquilo era possível, se eu consegui voltar a vida, por que ela não poderia?

Katie fechou a porta logo depois deu ter entrado, minha cabeça girava e sentia que ia vomitar. Roland podia ter me curado, mas meu estômago não estava agradáveis dês de que acordei naquele matagal, com essa informação mal digerida, a única coisa que subiu foi a ânsia de vômito, e ela queria sair.

Dei a volta passando novamente pelo corredor branco cheio de vitrais, onde esbarrei com a filha de Deméter e abri a porta às pressas. Minha garganta ardendo com o liquido imundo subindo, em um segundo aquilo já estava preenchendo minha boca ao limite. Virei-me no corrimão das escadas e vomitei nos arbustos abaixo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Brasil!!!! Aê!!! Não estou no Brasil, mas morei ai até os 15 anos, então devo crédito ao país. E para quem leu o livro extra de Fallen(Apaixonados), saberá quem é Tess, se não leu é melhor procurar na internet antes de ler os próximos capítulos para conseguir entender. Não leva muito tempo, o livro é bastante fino, no máximo algumas horas.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Meu Acampamento de Verão" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.