Meu Acampamento de Verão escrita por Diva Fatal


Capítulo 48
Capítulo 48: Esmaga Crânios


Notas iniciais do capítulo

Demorei para postar gente, mas consegui terminar ainda hj durante a festa do meu aniversário. Faço 16 anos hoje ^^



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–Invocarei o nome do Senhor, que é digno de louvor, e ficarei livre dos meus inimigos.

–Você só vai destruir este lugar. –o olhar de Lúcifer elevou-se para além de nós. –Acho que as ninfas não aguentarão mais um incêndio florestal.

Sua expressão metamorfou-se, ele parecia outra pessoa, seus olhos reluziram de um azul gélido para lava incandescente.

A grama a volta do arcanjo começou a morrer, secando e secando virando lama e finalmente reduziu-se a pó.

–Phoebe, saia daqui, pegue suas coisas e fuja com o outro anjo –supliquei para que ela entendesse o “outro anjo” sem precisar questionar, mas infelizmente, filhos de Afrodite não eram dotadas de inteligência como os filhos de Atena.

–O Ca –cortei Phoebe a tempo para que Lúcifer não ouvisse o nome do anjo caído.

–Não fale o nome dele, apenas vá. Chame-o, não deixe que os outros vejam, leve consigo o necessário e nós nos –algo atingiu-me no peito tão rapidamente que nem deu tempo de reagir.

A dor de uma perfuração quebrando o tórax é horrenda, indescritível, o pior não foi só o osso quebrado, mas também o pulmão perfurado e as costelas que se despedaçaram em fragmentos e terminaram de perfurar o pulmão já apunhalado.

O licor dourado jorrou da ferida no momento em que olhei para o que havia me atingido, uma espada azul tão fria e cruel quanto gelo seco congelando a pele e fazendo a carne viva ficar exposta.

Mantive-me firme, mas minhas pernas traíram-me, roeram dobrando os joelhos e por fim caí sentada por cima das minhas pernas com sangue dourado jorrando da boca.

–Não! –gritou a garota atrás de mim.

Antes que pudesse fazer qualquer movimento tolo o suficiente para mata-la, consegui tomar forças para me virar e gritar:

–Angeli autem per voluntatem, ut in præceptis meis non carne mortalis. (E pela vontade do anjo, tu, carne mortal obedecerá meu pedido) - Me recompus levantando-me. –Vá, agora!

Como ordenado ela saiu correndo sem vontade própria sobre os membros e nem sobre a mente.

–Nem com uma espada encravada no peito você deixa de me ignorar. Detesto ser ignorado. –aquele olhar mortal não sumia do rosto da estrela do amanhã.

Levantei o dedo no ar e como se fosse dar um peteleco em alguém, movi-o rapidamente dando uma peteleco no ar. A espada maldita voou do meu peito terminando de moer os meus ossos e deixando apenas o sangue inundar o meu pulmão.

Me ergui com dificuldade, tropeçando nos meus próprios pés. Elevei a mão até a ferida, a luz rosada e branca emanou, pura, cristalina e mística, o toque mágico e intimo de um anjo, o meu próprio toque. A ferida se fechou, os ossos rapidamente voltavam a se curar.

A espada estava outra vez nas mãos do maldito demônio, suas asas douradas rajadas de um bronze morto estavam abertas ameaçadoramente, era como se uma faca perfurasse os meus olhos.

Instintivamente as minhas também se ergueram, desabrochando das minhas costas sufocadamente e desesperadamente; elas se abriram gritando contra o vento assim como as velas de um navio.

A intensidade do prateado se sobrepondo o dourado e vice versa.

–Você não se lembra de mim. Mas eu me lembro de você. Subestima-me só por estar nesta forma feminina. Tentando ser melhor do que seu criador. Nenhuma abominação como você deveria existir.

Minhas asas me deram o impulso de que precisava. Fortes e grandes o suficiente para causar rajadas furiosas na mesma proporção de um furacão. Indo de encontro a ele com a minha espada de ouro e fogo em mãos.

Quando as duas se chocaram fizeram um barulho tão intenso e desesperado quanto um pássaro em seu último suspiro de vida. Em nenhum momento derrubei minha espada, nem mesmo quando Lúcifer fizera papinha com os meus ossos e cortara meu pulmão em dois, não seria agora que deixaria meu pulso afrouxar.

Segurei o pesado cabo da espada com duas mãos. A lâmina brilhou mais intensamente a ponto do próprio ar a nossa volta começou a entrar em combustão.

Lúcifer recuou e num piscar de olhos surgiu atrás de mim e avançou com tudo tentando perfurar meu coração. Porém, meu reflexo foi mais rápido. Levantei voo batendo as asas freneticamente, uma das batidas acertou o rosto do demônio e o levou ao chão.

Em menos de dois segundos eu já estava a cima das arvores. Podia ver ninfas e sátiros correndo do local da briga, sabiam que logo tudo acabaria em chamas, afinal, todas as batalhas angelicais terminavam em chamas.

Por um breve segundo pude ver a costa de Long Island, Cam levantava voo o mais depressa possível com Phoebe nos braços. Ele se afastava em quanto o dourado cegante do sol cobria seu rastro.

Lúcifer levantou voo logo em seguida. Colidiu comigo em pleno ar, tão rápido quanto um gavião em queda livre indo raptar sua presa.

O abalo arrancou três penas finas das minhas asas, a plumagem branca prateada ardeu e foi manchada de sangue. Ainda podia voar, mas sentir o vento roçar na ferida profunda que foi causada ao osso das minhas asas era quase enlouquecedor.

Um sufoco seco como um grito abafado atingiu meus ouvidos, eu estava caindo e a cima de mim via Lúcifer com um rosto de dor e desentendimento. Fechei os olhos preparada para o impacto contra as arvores, recolhi minhas asas o mais rápido que pude e em uma simples fração de segundo minhas costas foram rasgadas por galhos grossos de pinheiros e flamboyants vermelhos gigantes.

A cada estalo podia sentir claramente uma costela quebrando e galhos de arvores se dilacerando, tudo durou menos de um segundo até atingir o chão, coloquei os dois braços em volta da cabeça para proteger-me, o impacto quebrou dois dedos da mão esquerda e meu dedo mindinho da direita.

–Aaaaah. –Berrava e gritava vendo meus dedos em posições anormais.

Cada costela do meu corpo parecia inchar em conjunto ardendo outra vez; nem mesmo um anjo poderia ter se recuperado do corte anterior completamente, agora estavam quebrados de novo.

Pude ouvir outro grito abafado como uma explosão fina e cortante e percebi que aquilo era um tiro. Foi então que entendi, alguém estava atirando em Lúcifer.

Senti a presença de uma alma neutra, como alguém com extinto assassino além do normal, uma mente tão doentia e psicopata que passava dos próprios limites demoníacos.

Meu olhar foi na direção da presença doentia a qual sentia se aproximando levando minha visão pela trilha de mato que guiava para além das fronteiras do acampamento.

O cabelo loiro extremamente oxigenado caindo em cascatas onduladas bem prateadas até um pouco acima da cintura. Os olhos estavam carregados de maquiagem preta; parecia que eram túneis vazios e negros até que ela abrisse os olhos e revelasse os olhos cinzas marmorizados como fantasmas se tivessem sido aprisionados na neblina noturna e estavam cansados de tentar se libertar de tal destino. A jaqueta de couro preta pesava em seus ombros, por baixo do couro estava apenas um espartilho negro e roxo escuro estilo gótico que deixava seu piercing do umbigo a mostra, os seus seios estavam mais volumosos do que nunca, era como se estivessem por um triz de saltarem para fora da vestimenta. Abaixo apenas usava uma calcinha negra, a bainha era forrada com babados finos de seda roxa combinando com o espartilho. Suas pernas estavam cobertas por uma meia arrastão preta que ia até as coxas, no final ela era felpuda com plumagem negra que cheirava a álcool. Sua bota negra ia até os joelhos e tinha um salto plataforma de ferro estígio que brilhava perversamente e maleficamente; o formato do salto era uma caveira com olhos de rubi vermelho que pareciam ser feitas de sangue, o queixo da caveira se estreitava formando uma ponta em formato de seta, era a arma da semideusa, a famosa Esmaga Crânios.

Com aquele tamanho de salto a garota atingiu 1,80m. Na mão esquerda uma pistola Remington 1875 feita de bronze celestial, na direita um facão de ferro estígio, uma leve fração da lâmina brilhava em azul pálido. Eu conhecia essa mulher oxigenada, Karen Dumoncel, a fornecedora de drogas do acampamento.

Caminhava lentamente e despreocupadamente em quanto levava a mão com o facão até a boca, percebi que entre seus dedos estava um cigarro pela metade.

Levantou a arma na direção de Lúcifer e atirou, a bala era de um brilho azulado que me arrepiou no mesmo momento em que vi.

Lúcifer deu outro grito de dor urrando quase caindo. Cada gota de sangue negro que saia das perfurações das balas transformavam-se em cobras, gafanhotos e escorpiões negros, caíam na floresta das ninfas e sumiam pelos arbustos.

A estrela do amanhã bateu mais forte as asas se afastando das arvores e ganhando altitude, mas Karen foi mais rápida. Deu dois tiros no anjo caído. Um deles atingiu as penas da asa esquerda deixando um buraco deformando-a, a segunda atingiu justamente a base da asa direita bem no ponto de ligação dos músculos com o osso das asas.

Foi o suficiente para a maior parte dos músculos se romperem e a asa não ter mais força para bater, afinal, o projetil se prendeu ao osso bem na região do úmero.

Despencou com a asa esquerda batendo freneticamente contra o vento, caindo feito uma pedra, afundou nos galhos das arvores se cortando fazendo uma listra de serpentes, escorpiões e gafanhotos surgirem em pleno ar.

–Você... é uma vingadora... –Meus olhos se arregalaram em quanto ela se aproximava caminhando lentamente até o ponto aonde Lúcifer havia colidido.

–Sim, sou uma vingadora, mas você não esta na minha lista.

O rosto de Karen mostrava que ela estava despreocupada, mas sua mente estava inquieta, podia sentir a alma dela se agitando. Ela demostrava ansiedade por ter derrubado Lúcifer, mas mesmo assim continuou fechada, sem menção de nenhuma expressão. O que os olhos dizem quando sua boca se cala?

A garota sumiu por entre os arbusto jogando o cotoco do que antes era um cigarro. Agora podia ouvir a bota gritando ao chocar-se contra uma pedra, o vermelho sangue dos olhos da caveira na sola brilhou tão intensamente que mesmo longe podia vê-los como gotas de sangue fluorescentes.

Com essa paisagem adormeci em quanto o dois pequenos faróis vermelhos sumiam pela floresta indo de encontro a queda de Lúcifer. Meus olhos pesaram como se meus cilhos pesassem quilos e quilos de aço maciço. Adormeci sem me preocupar com o que me aconteceria.


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Notas finais do capítulo

Karen ainda tem coisas para revelar futuramente, não só ela mas também alguns dos outros personagens.



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