Radiação Arcana: Totem De Arquivo escrita por Lucas SS


Capítulo 4
Capítulo 3: Primeira Missão e Atirador em Chamas




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A noite passava rápido no jogo, pois o tempo lá era muito mais rápido. Um dia tinha 8 horas, então a noite tinha 4 horas. Mas eu e meu irmão saímos logo que o sol nasceu então não tivemos de esperar muito na hospedaria. Pelos meus cálculos nós poderíamos jogar por mais uma hora antes que o Jeff nos desconectasse.

Até agora não tínhamos visto nenhum jogador, além de nós mesmos. Decidimos ir explorar o mundo, ganhar nível e ficar mais forte. Sabíamos que assim que encontrássemos outros jogadores teríamos de lutar, pois todos os jogadores querem ganhar nível e item rapidamente no início do jogo, então esquecem a ética e partem para a apelação.

Olhamos a lista de missões que tínhamos, estávamos procurando uma fácil e rápida. Não precisava dar muito ouro ou experiência. Não foi difícil achar. Missões para iniciantes sempre eram fáceis e rápidas. Mas achamos algo melhor. Uma missão que demoraria menos de meia hora e daria experiência (xp) o bastante para passar de nível. O único problema é que no nível de dificuldade para nível 1, ela tinha 7, sendo o máximo 10. Mesmo assim aceitamos.

A missão era resgatar um tesouro na caverna da montanha. Eu e meu irmão viajamos até a montanha, que levava a maior parte do tempo. Pelo caminho não lutamos contra nada, mas sempre estivemos atentos. Nossos olhos e ouvidos ficaram mais atentos ao chegarmos na entrada da caverna. Preparamos nossas armas.

– Fique atento Fear.

–Digo o mesmo, Balazar.

Mesmo sendo um jogo, eu sentia meu coração bater rapidamente. A caverna era escura demais pra descrever, não tínhamos fonte de luz, se encontrássemos um inimigo nós lutaríamos as cegas. Mas eu tive uma ideia e esperava que ela desse certo.

–Fear, vou iluminar nosso caminho.

Concentrei-me em minhas manoplas, para acionar a magia de novo. Instantaneamente elas brilharam num tom laranja, muito levemente, mas o bastante para iluminar num raio de 3 metros. Assim pelo menos nós não cairíamos em alguma armadilha.

–Assim é melhor. - disse meu irmão.

Escutamos um urro e o barulho de um tiro. Em seguido um barulho de metal batendo em metal. Desistimos de entrar lenta e cuidadosamente e abordamos uma entrada mais rápida e desesperada. Talvez algum jogador estivesse tentando completar essa missão, tínhamos que terminar antes dele.

Corremos pela caverna, que virava a direita, dando espaço para um amplo salão. Pra ser mais exato, era um “quarto” de um ogro. O ogro dono do quarto estava encima de uma pedra alta e chata, que chegava quase ao topo do salão, a mais ou menos 20 metros de altura. Também encima da pedra estava um jogador, lutando contra o ogro. O ogro tinha 3 metros de altura e segurava um grande machado, levantado acima de sua cabeça careca e verde, como o resto da sua pele. Seus músculos eram enormes, talvez somente um deles já atingia o tamanho da minha cabeça. Ele vestia uma roupa feita de couro de vaca, mas não servia muito bem, deixando seus braços, seu peito e a parte abaixo do joelho exposto. Era um grande brutamonte verde que parecia uma vaca. O jogador tinha 1 metro e 80 centímetros, segurava um pedaço de tronco na mão, tentando se proteger da próxima machadada. Ele usava uma roupa antirradiação. Era forte, mas não parecia muito rápido.

Eu sabia que se não o ajudasse ele iria tomar um golpe muito forte, mas não sabia o que fazer. Foi nessa hora que eu escutei o ar ser cortado e vi uma mancha passar voando ao meu lado, indo direto contra a mão do ogro. Meu irmão tinha pensamento rápido e atirou seu machado contra o inimigo. Eu duvidava que isso fosse derrotar o grande ogro, mas pelo menos o distraiu. O ogro demorou um segundo pra entender a dor que sentia. Assim que olhou para sua mão, que estava agora molhada com um líquido escuro, possivelmente seu sangue, ele começou a gritar. Seu grito era mais de fúria, não de dor. Ele olhou para meu irmão, eu podia ver a vontade de se vingar em seus olhos. Ele deu um passo, mas era tarde demais. O barulho de arma sendo recarregada inundou a caverna, seguido da voz do jogador desconhecido, dizendo:

– Surprise motherfucker!

Um tiro foi disparado, liberando um líquido negro e muito quente. Fumaça saia dele. A cabeça do ogro foi despedaçada e em seguida o corpo do ogro virou somente as partes úteis que nós podíamos usar. Avistei o jogador desconhecido, ele estava em combustão, talvez esse fosse o poder dele. O que eu achava ser um tronco na verdade era uma arma, popularmente conhecida como escopeta. Fumaça saía de seu cano único. Ela era parecida com uma arma normal, mas tinha minis painéis solares encima. O atirador tinha um anel em seu dedo e olhando bem atentamente, notei que tinha um símbolo.

O jogador se aproximou, seu fogo se extinguiu, dando lugar a uma pele morena, que combinavam com seus cabelos cacheados curtos e marrons. Ele entregou o machado pequeno de meu irmão e falou:

– Obrigado por me ajudarem, se não fossem vocês eu poderia ter morrido e perdido meus itens. Como recompensa eu darei parte da recompensa da missão para vocês. Imagino que vocês tenham vindo por isso, não?

–Sim. – respondi- Nós ficaríamos muito gratos se nos desse parte do ouro e xp. Eu sei que tem muito para compartilhar.

– Bem, eram 3000 pontos, cada um de nós ficará com 1000, ok? Além disso, eram 500 moedas de ouro. Cada um de vocês dois receberá 150, e eu receberei 200. Afinal, fui eu que matei o ogro, vocês só ajudaram.

Tive de concordar. Nós não tínhamos feito quase nada e receberíamos muito. Precisávamos de 1000 de xp para passar de nível e tivemos a sorte de receber bem isso.

Depois de pegar o tesouro e os itens do ogro, que não serviam de nada, voltamos para a vila e cumprimos a missão. Finalmente ganhamos o xp e passamos para o nível 2, tanto eu e meu irmão, quanto o atirador. Nós não ganhávamos muita coisa passando para o nível dois. Meu irmão ganhou um machado extra, eu ganhei um bônus de dano e luminosidade nas manoplas e o atirador ganhou um bônus de alcance para sua escopeta.

Quais seus nomes? – perguntou o atirador.

– Sou Balazar Terror e esse é meu irmão, DarkFear. E o seu?

–Sou MRLimcon. Não vou te chamar de Balazar Terror ou Dark, somente de Balazar e Fear. Só chamo com o sobrenome as pessoas que merecem esse honrado prestígio.

– Digo o mesmo para ti. MR é coisa de senhor, você não merece isso. Te chamarei de Limcon. O dia que eu te chamar de MRLimcon é porque eu vou morrer.

– Digo o mesmo para você, Balazar e Fear.

O atirador parecia um cara legal, mas eu odiava ter de parecer ser subordinado de alguém. Chamar pelo nome inteiro é a forma que nos dirigimos a pessoas mais importantes que nós, como prefeitos, chefes ou qualquer tipo de pessoa com um cargo maior.

– O que você acha de nos juntarmos e criarmos um grupo? Quanto antes nós passarmos de nível melhor. Jogar em conjunto nós dá a vantagem de poder fazer as missões mais difíceis que dão mais xp e ouro.

– Eu aceito, me unirei a vocês. Mas agora tenho que desligar. Vamos para o bar, lá podemos logar e dar logout sem problemas, já que não podemos ser atacados dentro desses lugares, sabia?

– Não sabia. Mas falando nisso, acho que também tenho de dar logout. Vamos combinar um horário para entrar amanhã. Que tal as 10 da manhã?

– Pode ser. Mas agora, vamos logo.

Nos dirigimos ao bar, onde arranjamos um lugar para dar logout.

Eu senti voltar para meu corpo real. Abri os olhos, que pareciam estar colados com cola. Eu ainda estava na casa do Jeff. Ele estava falando com meu irmão do jogo. Ao perceber que eu também havia acordado já me perguntou:

–O que achou?

–Muito legal. Amanhã nós voltaremos para continuar. Mas agora precisamos voltar antes que escureça. Você tem algo para comermos?

–Sim, consegui alguns bifes e maças para vocês comerem.

Segurei o pote de comida. Por mais que os dois alimentos não combinassem, já era alguma coisa. Olhei ao redor e vi algumas dezenas de crianças dormindo. Deviam todos estar jogando. Como a casa do Jeff era apertada, eles tiveram de sentar um sobre os outros, no chão, apertados em sofá, nas paredes, em qualquer lugar onde poderiam sentar sem cair.

Esse jogo seria a nova moda da vila, possivelmente das outras vilas também. Eu só queria saber quem era o atirador. Talvez pudéssemos ser amigos aqui fora também.

Quando cheguei em casa me estranhei ao olhar no espelho. Eu estava acostumado com minha aparência semi-demoníaca do jogo. Lá meus cabelos eram lisos e negros, com um tom vermelho nas pontas. Dois pequenos chifres existiam para combinar com a anormalidade dos meus cabelos despenteados. Meus olhos eram vermelhos, somente isso. Inteiramente vermelhos. Eu tinha uma rala barba avermelhada. Minha pele era bege, como se eu tivesse passado um pouco de tempo se bronzeado. Minha altura não mudava muito, pouco mais de 1 metro e 70 centímetros. Diferente do meu irmão.

Meu irmão era baixo, 1 metro e 50 centímetros. Ele tinha cabelos castanhos, desarrumados como os meus. Seus olhos eram como de humanos, mas eram castanhos escuros. Sua pele era igual a minha. Ele devia ter escolhido uma idade baixa para seu personagem, pois não aparentava ter barba. Seu corpo era magro, mas notava-se que ele tinha força e velocidade. Possivelmente suas estatísticas eram altas na parte física e talvez de reflexos, por ele ser ladrão.

Mas agora o meu pequeno ladrão estava jantando. Sentei-me junto com ele. Meu dia tinha chegado ao fim, amanhã eu teria de seguir jogando. Mas tinha que arranjar um jeito de contribuir com o Jeff, ele estava nos dando alimento e o jogo. Quem sabe eu tivesse como ganhar dinheiro pelo jogo, ou fazer algum favor a ele por lá. Amanhã perguntaria isso a ele. Hoje eu só queria acabar de comer e dormir.


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Notas finais do capítulo

Se gostaram comentem, se não gostaram digam o que eu posso melhorar. Me fariam um grande favor mostrando aos seus amigos está história, para que muitas pessoas possam ler semanalmente isso. Assim que eu perceber que estou tento uma boa quantia de leitores, tipo uns 5 no mínimo, irei postar um capítulo na segunda, um na quarta, um na sexta e um no domingo. Por favor, ajudem a divulgar.



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