Em alguns minutos, estavam entrando no estacionamento de um grande ginásio. Do lado de fora tinham várias quadras de futebol, de tênis e de vôlei também. Em outro lado da parte externa do ginásio tinham duas grandes piscinas, Percy não entendeu nada. Se eles precisavam de uma piscina, tinham uma enorme em casa e, praticar algum esporte não era alguma coisa que Annabeth gostaria de fazer, definitivamente.

– O que estamos fazendo aqui? – Percy perguntou muito confuso.
– Estaciona primeiro e depois coloca essa faixa nos olhos – Ela o entregou uma faixa preta com um zíper na parte de trás.
– Mais brincadeirinhas, Annabeth? – Ele murmurou irritado, enquanto desligava o carro e colocava a faixa preta nos olhos.
– Me segue, vem... Não fica muito revoltado, que eu tenho certeza que você vai gostar! – Ela falava empolgada por fora, embora por dentro as coisas não estivessem exatamente da mesma forma. Seus pensamentos eram apenas: “Tomara que ele goste”, repetidas vezes, freneticamente.

Annabeth caminhou guiando Percy até o interior do enorme ginásio, não sabia se estava fazendo a coisa certa, só sabia que aquele era um dos melhores lugares que já tinha conhecido por Londres e quem lhe apresentou foi Rachel. Uma vez, a prima lhe convidou para sair junto com alguns amigos e foi quando ela descobriu a magia daquele lugar. Esperava, realmente, que Percy gostasse.

– Já posso abrir? – Percy perguntou com um tom ansioso.
– Quase, deixa eu só te posicionar melhor. – Annabeth parou Percy de frente para o lugar que realmente queria apresentar para ele e tirou a venda do garoto. Percy abriu os olhos e ficou surpreso com o que viu, piscou os olhos muitas vezes antes de ficar encarando toda a extensão do local. A primeira coisa que viu foi uma enorme pista para patinação no gelo, onde algumas pessoas já patinavam e faziam algumas coreografias ensaiadas. Em outro lado, uma pista de dança pequena, tocando algumas músicas que ele reconheceu serem dos anos sessenta, setenta ou, talvez, oitenta. Em algum outro lado – ele já nem sabia mais pra que lado olhava, de tanta coisa interessante que existia no lugar, era como uma mistura do paraíso – uma playland, cheia de jogos e brinquedos. Entre os brinquedos e a pista de dança, um bar com algumas pequenas mesas altas na frente. Mas, o que Annabeth tinha para lhe mostrar, parecia estar mais afastado, pois ela o puxou pela mão e o arrastou até uma escada que tinha em algum dos outros cantos daquele Jardim do Éden. – Surpresa! – Annabeth gritou quando chegaram até a parte superior, Percy ficou maravilhado com o espaço, era enorme e por toda sua extensão tinham umas cinquenta pistas de boliche – sem mentira nenhuma, bem, Percy não contou, mas, se estivesse certo em seus cálculos, era bem por ai mesmo.
– Caramba! – Percy estava fascinado – Como encontrou esse lugar, Anne?
– Vim aqui com a Rachel e uns amigos dela, uma vez. – Ela disse – pensei que você pudesse gostar – Ela riu – E ai, o que achou?
– Tá brincando? É demais! – Empolgado, Percy a puxou pela cintura e envolveu em seus braços para um abraço apertado, deixando Annabeth surpresa e sem saber como reagir.
– Antes de a gente fazer alguma coisa, vem aqui – Ela o puxou para sentar em uma das mesas que estavam dispostas por um outro bar, que era bem maior que o que eles tinham visto na parte inferior do ginásio, a decoração desse era bem colorida e com muitas luzes em neon, além da trilha sonora se manter de nas músicas antigas – Eu queria te pedir desculpas, quero dizer, eu não tenho sido uma namorada – fez aspas com as mãos quando expressou a palavra “namorada” – ultimamente, mas não foi por mal. Você é meu primeiro namorado, enfim, eu não estou sabendo como agir direito, então, conversei com Rachel e ela me falou que eu estava pensando muito em mim mesma, fiquei com muita vergonha, então resolvi te trazer aqui, pensei que você gostaria e bem, o dia é seu, você escolhe o que faremos. – Annabeth despejou tudo muito rapidamente, deixando Percy surpreso e também de boca aberta.
– Eu não sei nem o que te falar, Anne. – Percy disse cabisbaixo, tentando desviar do olhar e da aproximação que Annabeth tentava.
– Nem precisa falar nada! – Ela se levantou com uma expressão divertida e o puxou até um balcão que estava do lado do bar, onde pediu dois pares de tênis para jogar boliche – Vamos nos divertir?! Ai, não, pera... Você quer começar com o boliche? Porque eu não sei, já fui comandando tudo de novo. – Ela soltou os tênis em cima da mesa o mais rápido que pode, Percy se divertia com o jeito da garota.
– Vamos começar com o boliche primeiro, mas, só porque eu quero – Percy tinha um tom autoritário e Annabeth o encarou com uma cara debochada, o garoto apenas se divertia o quanto podia por ter ela ali tentando a todo custo o agradar e mal Annabeth sabia, mas, só aquela tentativa já o agradava – e muito! – o que era realmente confuso para Percy.

Percy e Annabeth fizeram uma aposta, quem ganhasse no boliche, pagava uma porção de fritas para o ganhador, então, eles quase se mataram, basicamente. Annabeth caiu diversas vezes porque Percy dava a bola errada para ela – um bola, que por sinal, era muito mais pesada que Annabeth – o que fazia a garota cair sempre e errar todas as garrafas. Por outro lado, quando Percy jogava a bola, Annabeth o empurrava, desconcentrando o garoto e fazendo com que ele errasse as bolas também. Em um desses empurrões, Percy caiu e levou Annabeth junto, fazendo com que ele caísse por cima dela e a bola que Percy tinha em mãos, saísse rolando descontroladamente para a pista vizinha. A música mais romântica começou a tocar justo naquele momento – E Percy amaldiçoou a si mesmo por causa disso – foi o momento perfeito para que Annabeth o prendesse com seus grandes olhos azuis, aquelas olhos que eram tão hipnotizantes, que Percy sempre evitava olhar muito fundo por medo de nunca mais conseguir encontrar a saída. Só tinha uma coisa – também no rosto de Annabeth – que conseguia fazer ele desviar dos olhos dela, a boca. Resolveu sair de cima da garota, antes que perdesse todo o juízo que ainda o restava.

– Você me deve umas cinco porções de batata frita – Ele riu nervosamente, enquanto levantava e alcançava a sua mão para que Annabeth puxasse e conseguisse levantar também.
– Claro, com você me dando as bolas pesadas e gritando nos meus ouvidos toda vez que eu ia jogar fica muito fácil, né? – Annabeth estava um pouco irritada, era tão competitiva, odiava perder.
– Ah, e você nem tentou fazer nada pra me atrapalhar. É uma santa! – Percy se divertia as custas da cara emburrada de Annabeth, que nesse momento já tinha até os braços cruzados de tão brava que estava. – Próxima parada, patinação no gelo!
– Não, Percy. Eu sou muito ruim naquilo, vou cair muito – Annabeth murmurou, triste.
– Vem, a gente dá um jeito. – Percy tentou arrastar a garota, que fixava os pés no chão e não deixava que Percy a arrastasse.
– Eu vou cair, caramba... – Ela o olhou nos olhos, como se suplicasse.
– Se você cair, eu te seguro.
– Mas e se você não conseguir me segurar?
– Você confiou a mim sua proteção, hoje. Eu não vou te deixar cair. Confiança? – Ele nem mesmo esperou a garota responder. Percy sorriu sapeca e pegou Annabeth pela cintura, colocando-a em um de seus ombros e descendo as escadas com uma Annabeth muito irritada, sendo carregada como se fosse um porquinho e gritando palavras muito feias em relação a Percy.

Chegaram em frente ao balcão onde pediram dois pares de patins. Nesse momento, começou a tocar uma música dos Bee Gees, chamada Stayin Alive*. Percy viu a oportunidade perfeita para irritar Annabeth, pois era uma música super agitada, para dançar. Ele surpreendeu a garota quando a pegou em seu colo e saiu dançando com Annabeth – numa velocidade bem rápida – por toda a pista, por vezes fingindo que bateria em uma das paredes de divisão entre o gelo e o chão, para o desespero da garota, que gritava histericamente, chamando a atenção de todos dentro do ginásio. Depois disso, Annabeth deu vários tapas em Percy e estava muito irritada, por outro lado, embora aquele não fosse o primeiro encontro que ela sempre imaginou, ela gostou de ver Percy sorrindo e se divertindo – mesmo que isso fosse as custas dela.

– Estou tão cansada – Annabeth murmurou ofegante, enquanto sentava em uma das mesas na frente do bar – Uma água, por favor – Pediu para o atendente.
– Que fraquinha, não aguenta uma corridinha pela pista.
– Cara, você é muito mala – Annabeth se abanava com uma pequena toalha que ela tinha levado para limpar o suor.
– E você, muito fresca.
– Muito romântico. – Annabeth foi irônica.
– Ironias a parte – Percy resolveu ignorar – Eu só queria te agradecer pelo dia hoje, eu adorei conhecer esse lugar, já se tornou muito especial pra mim. – Annabeth sorriu e os dois ficaram se olhando, novamente, Percy achava que a qualquer momento, ela o hipnotizaria.
– Mas, o dia não terminou ainda – Annabeth sorriu de leve para Percy e o puxou para a pista de dança. Onde escutou uma música que ela amava e era perfeita para fechar aquele dia maravilhoso, com chave de ouro.

*n/a: Leiam esse trecho escutando essa música: http://www.youtube.com/watch?v=8BGbeDb5VIk (não é obrigatório, claro) mas, enquanto eu escrevia, escutava essa música, então, o clima está todo ai, espero.*

Percy estava nervoso, a música que estava tocando era tão forte e paralelamente a isso, tinha os olhos de Annabeth grudado nos seus. Ele tinha medo de se deixar levar por tudo aquilo, embora no momento em que colocou os pés na pista e teve Annabeth em seus braços, teve uma vontade imensa de enfrentar aquele medo apenas para ter uma dança com ela. Annabeth encostou a cabeça no ombro de Percy e a passos lentos, eles iniciaram uma dança.

– When will you realize? Vienna waits for you. (Quando você vai perceber? Vienna espera por você) – Annabeth cantarolou baixinho no ouvido de Percy, quando essa parte da música tocou e depois, com a respiração lenta, voltou a encostar a cabeça no ombro do garoto. Um calafrio percorreu todo o corpo dele ao escutar aquela indireta de Annabeth, dos pés até a cabeça, era como algum tipo de energia que ele nunca tinha sentido antes. Ele pensou sério, se aquela música precisava realmente tocar naquele exato momento e ainda dar oportunidade pra que tivesse alguma coisa da relação dele com Annabeth? E, principalmente, que ela percebesse aquilo? Sem controle algum do seu corpo, Percy pressionou a cintura de Annabeth e fez com que a garota encostasse mais seu corpo no dele, Annabeth sorriu e levou sua testa até a testa de Percy, ainda mantendo o passo leve da dança. Percy suspirou e encontrou os olhos de Annabeth novamente, aqueles olhos que ele tanto fugia, naquele momento teve a certeza de que poderia cometer uma loucura de tão alucinado que ficava com os olhos claros e brilhantes da garota se encontrando com os seus. Quando outro dos refrões começou, Percy apressou um pouco o passo e começou a levar Annabeth por toda a extensão da pista, como se houvessem apenas eles dois ali.

          “Don't you know that when the truth is told

(Você não sabe que quando a verdade é dita)

That you can get what you want or you can just get old?

(Que você pode conseguir o que quer ou pode apenas envelhecer?)

You're gonna kick off before you even get halfway through?

(Você vai desistir antes mesmo de passar metade do caminho?)

Why don't you realize? Vienna waits for you

(Por que você não percebe? Vienna espera por você)”

Stayin Alive*: Música dos Bee Gees de 1977. http://pt.wikipedia.org/wiki/Stayin%27_Alive
Escute a música: http://www.youtube.com/watch?v=I_izvAbhExY