O Caça-Fantasmas escrita por Stella
A garota olhou para Ângelo, enfurecida, e exigiu, aos berros, que ele soltasse Daniel.
– Eu sabia! Finalmente, a sociedade científica vai perceber a minha genialidade! Capturei um fantasma! - o professor riu, apertou um botão da arma e atingiu o Daniel com uma corrente elétrica. Horrorizada, Julie viu Daniel se contorcer de dor dentro do campo de força.
– Para com isso! - ela gritou para Ângelo - Para com isso agora!
– Bem, Julie... Eu nunca machucaria você porque você é uma pessoa. Eu seria preso. Acontece que essa coisa aí não é um ser humano, e eu posso fazer o que eu quiser com ele. - ele respondeu, enquanto aumentava a voltagem.
Julie partiu pra cima do professor de física, tomada pelo mais puro ódio. Ela chutou o estômago dele com toda a força,deixando-o sem ar.
– Quem é a criança frágil e indefesa, agora, hein? - disse Julie, ao mesmo tempo em que tomava a arma dele. O objeto, no entanto, escapou das mãos dela e foi arremessado a alguns metros, ficando a centímetros de cair escada abaixo. Julie e Ângelo correram desesperadamente para tentar alcançar a arma.
Daniel não estava mais sendo atingido pela corrente elétrica, mas continuava preso no campo de força, aterrorizado com a possibilidade de que alguma coisa acontecesse a Julie, frustrado com a impossibilidade de ajudá-la.
Julie foi mais rápida. Pegou a arma e desceu alguns degraus da escada para se distanciar de Ângelo.
Eu vou destruir isso aqui. - ela anunciou, enquanto se preparava para arremessar a arma escada abaixo. O professor lançou-se em cima dela, para tentar impedi-la, mas era tarde.
Daniel viu várias coisas acontecerem ao mesmo tempo, em poucos segundos. A arma foi atirada para o primeiro andar, onde se espatifou em dezenas de pequenas peças. Assim que a arma foi destruída, o campo de força começou a desaparecer, lentamente. Mas não foi isso que tomou a atenção de dele, naquele momento. O esbarrão que Ângelo dera em Julie havia feito com que ela se desequilibrasse. Daniel assistiu ao momento em que Julie rolou escada abaixo. Ele viu o corpo dela se chocando violentamente contra dezenas de degraus, até atingir o piso do primeiro andar. Ângelo olhou para a garota inconsciente no chão e fugiu, com medo que aquilo acabasse sobrando para ele.
– Julie! Julie! - berrou Daniel, em desespero. Um segundo depois, o campo de força que o prendia finalmente sumiu, e ele apareceu no primeiro andar, ajoelhado ao lado da garota.
– Vamos lá, Julie, por favor.
Ela estava imóvel, com os olhos fechados. Sangue escorria de um corte em sua testa.
– Julie? Olha pra mim, por favor. - implorou Daniel, afastando cuidadosamente o cabelo que tampava uma parte do rosto dela. Aquilo parecia um pesadelo. Ele francamente não conseguia se lembrar de já ter ficado tão angustiado em toda a sua vida e em toda a sua morte, também.
Ela abriu os olhos lentamente, com um esforço sobre-humano, e depois de ficar com o olhar perdido e sem foco por alguns segundos, conseguiu fixar os olhos em Daniel.
– Daniel. Você está bem? - ela sussurrou, tão baixo que ele quase não pôde ouvir. Julie tocou o rosto dele e o encarou com grandes olhos castanhos e brilhantes.
Ao ouvir isso, ele quis morrer pela segunda vez.
– Você, uma humana, foi presa em uma sala, lutou com um psicopata, caiu de uma escadaria, e agora está perguntando se EU estou bem?
Daniel tentou se acalmar. Precisava ajudá-la.
– Julie, olha pra mim. Você precisa de um médico urgentemente. A coordenadora do colégio está na sala dela, no outro corredor, ela pode te levar ao hospital. Eu te carrego até lá e você pede ajuda pra ela, certo?
– Não... As câmeras de segurança do primeiro andar funcionam. Você não pode...
– Danem-se as câmeras. - ele interrompeu - Eu preciso tirar você daqui.
– Não. Isso realmente não é necessário. Eu estou bem.
Julie tentou se levantar do chão, mas parecia impossível. Estava sentindo uma dor insuportável na perna esquerda, a cabeça dela latejava. Ela observou o olhar preocupado de Daniel, quando ele viu o enorme hematoma que havia um pouco abaixo do joelho dela e percebeu que ela tinha quebrado a perna.
– Eu consigo, Daniel. Prometo que consigo chegar até a sala da coordenadora.
Ele respirou fundo, tentando manter a calma, mas parecia impossível. Desistiu de discutir. Daniel ajudou Julie a ficar de pé e sustentou o corpo dela enquanto ela se movia pelo corredor do colégio com um andar arrastado, gemendo de dor.
– Vai ficar tudo bem, Julie. Mas você precisa se concentrar, certo? - ele disse, quando observou que ela estava, provavelmente, mais branca que ele e parecia que iria desmaiar a qualquer minuto. - Estamos quase chegando.
Finalmente, eles alcançaram a sala da coordenadora. Daniel abriu a porta e encontrou uma senhora loira, comendo brigadeiro e ouvindo uma música exageradamente alta em seus fones de ouvido. Não era de se espantar que ela não tivesse escutado nada fora daquela sala.
A coordenadora olhou espantada para Julie, que entrara na sala dela, aparentemente sozinha, sangrando.
– Meu Deus! O que aconteceu com você, Julie?
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Quero agradecer às pessoas que estão lendo minha fic! Continuem comentando, eu tentarei postar um capítulo por dia :)