People With Problems escrita por MrsHepburn, loliveira


Capítulo 8
Familiaridade


Notas iniciais do capítulo

de novo: eu n sei nem o que pensar desse cap acho que ficou esquisito oh well



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Meu pai tinha uma mania irritante de tirar foto de mim e Mack sempre que podia, quando a gente ia passear. Geralmente, minha mãe ficava em casa porque ela não gostava muito de sair, e então íamos eu, meu pai, Mackenzie e a câmera pra algum lugar que meu pai gostava. Mack sempre ficava animada, e eu também, mas nunca como ela. Ela gritava o caminho todo apontando pra qualquer coisa diferente no meio do caminho e pedindo explicações. Meu pai dava, pacientemente, animado também. Eu ficava quieta, aproveitando a paisagem e ouvindo eles conversarem.  A gente sempre acabava indo pra um lugar específico, embora só desse pra perceber no meio do caminho. Era o porto. Ele estacionava lá, a gente saia e ia até a ponte, e pedia pra alguém tirar uma foto de nós três. Lá atrás, os navios passavam, e nós ficamos apoiados na madeira de apoio enquanto alguém tirava a foto. Só que, eu não alcançava a altura da foto. Eu sempre tinha que subir na madeira ou ficar da ponta dos pés ou pulando pra aparecer no nível em que a foto era tirada, caso contrário eles simplesmente cortavam minha cabeça da foto. Até Mack, sempre mais alta que eu, não tinha problemas com isso. Quando meu pai percebeu, ele me pegou no colo e me levantou. Ele fazia isso até quando eu estava pesada demais. E era só quando ele me apoiava, que eu aparecia. 

**

Decidi aceitar minha loucura e tomar todos os meus remédios, de acordo com o que o médico disse. Em casa, eu só tomava metade e dizia pra minha mãe que tinha tomado tudo. Como ela confiava em mim, nunca desconfiou de nada, mas aqui, em St. Mara, sinto que preciso tomar. Não é nem por causa das reações psicológicas, é mais por respeito a minha mãe. 

Também decidi que não estou mais brava com a minha mãe e Mack, e liguei para elas umas duas noites atrás. Elas ficaram felizes em saber que eu estava melhor (causa: remédio) e mais calma (causa: distância do meu pai) e conversamos por todos os quinze minutos permitidos, depois na próxima noite também. 

Pelo resto da semana, as coisas fluem como no primeiro dia, mas as atividades variam (jogamos vôlei, andamos a cavalo, plantamos rosas e nadamos no rio) sem contar que tenho que acordar oito da manhã pra Conversação. Depois do que Perry me falou, as coisas ficaram melhores. Não melhores entre mim e ele, mas melhores entre o nosso grupo, o que mora na casa da senhora Kowki. Agora eu entendo que eles só são gente como eu, nada demais. Fiz mais amizade com Danny. Ele é bem mais aberto do que Dover, que passa mais tempo com Perry. Danny é divertido e não parece ter todos os problemas que Chris disse que ele tinha, e agora ele parece mais diferente do irmão. Os dois são iguais, mas tem pequenas características que diferenciam eles (como a altura, Dover é mais que Danny) e Danny tem uma cicatriz de uma garrafa de vidro jogada nele na bochecha. Os dois têm olhos marrons e são morenos, bonitinhos. 

-Ei, Emerson, qual foi a sensação de estar no lodo? -Foi a primeira coisa que ele me disse, depois do jantar alguns dias atrás. Primeiro, achei que ele estava zoando com a minha cara, mas ele estava sério.

-Esquisito, por que? 

-É que quando eu sair daqui, quero abrir um negócio, é tipo um spa, e quando você saiu toda cheia de lodo eu tive a ideia de usar isso. Já vi barro sendo usado.

-Um spa? -Foi quando ele me disse que era gay, e tudo mais. Pensei em ajudá-lo. -A sensação não era tão ruim, era só por causa do arroz mesmo. E os peixinhos. Mas se você conseguir, beleza. -Ele pareceu feliz. Começamos a ficar nos mesmos times quando Chris me obrigava a jogar alguma coisa e discutimos Shopenhauer. Apesar de simpático, ele ainda é meio quieto, então nossa amizade evolui devagar, mas ele é legal. A outra pessoa legal e que eu tenho conversado também é Rose. Tudo bem, ela tem doze anos, mas o jeito quieto dela e a pausa que ela faz para pensar antes de responder fazem ela bem mais madura. Claro que eu não menciono meus problemas, ou nada que eu ache meio pesado pra ela, e a gente acaba falando sobre St. Mara. 

Ela me explicou que o lugar existia há muito tempo, antes dela nascer e que as pessoas ficam lá por no máximo seis meses. Se elas não melhoram, vão pra outro lugar. Quase todo mundo melhora. Quase todo mundo vai antes. 

Isso me fez pensar em quanto eu vou embora. Ninguém me disse nada. Só me trouxeram pra cá. Quero ir embora, logo.

Perry falou comigo nas Conversações, mas geralmente era pra discordar de algo que eu falava. A gente sempre acaba brigando e ele não olha pra mim até a outra Conversação, onde ele abre a boca pra discutir comigo. Nossa discussão mais acalorada foi uma em que terminar com um "vá se foder" da minha parte e ele começou a rir tanto que chegou a ficar vermelho. Não entendi, ele não explicou, e ficou por assim mesmo. Ele parece mais inofensivo agora, desde o episódio do chocolate, mas não quer dizer que vamos ser bffs pra lá e pra cá. Não mesmo. 

Liana é uma que não faz diferença na minha vida. Ela não faz a maioria das nossas atividades, porque ela tem um personal trainer que vem aqui todo dia pra ajudá-la e a gente não fala muito. Ela tem o dobro da minha idade e também parece interessada, então ficamos cada uma em seu próprio canto. Me sinto deslocada várias vezes ao dia, mas está ficando... melhor. 

Agora, estou tricotando com a senhora Kowki. 

Chris estava certo, a próxima semana iria chover, e está chovendo. É quinta feira, e amanhã fará duas semanas que estou aqui, já. Passa rápido, mas ao mesmo tempo, MUITO DEVAGAR. Os gêmeos estão jogando xadrez, e se eu erguer o pescoço vou poder ver Perry no quarto dele, deitado na cama e lendo. Não consigo ler o nome do livro, então volto pro meu tricô. Rose está dormindo, Liana vendo tevê, e Chris não está. Às vezes, ele sai e nem avisa, então estamos acostumados. Lá fora, parece que o mundo vai cair por causa da chuva forte, mas aqui dentro, por causa da lareira, está quentinho. 

-Como está indo? -A senhora Kowki me pergunta. Estou tentando tricotar um suéter para mim (ou pra Mack, se não ficar tão bom. Ha.) com um fio vermelho escuro e lindo. Faz tempo que eu não costuro, então ainda estou pegando o jeito. 

-Acho que está indo bem, na medida do possível. -Entrego o suéter para ele e ela o examina.

-Hmm, muito bom, Emerson. 

-Obrigada. -Pego de volta e começo. Perry vem para sala, onde está todo mundo, e senta com o seu livro do lado de Dover, concentrado demais na partida de xadrez. É engraçado: eles sempre empatam. Ninguém cede, ninguém perde. Gosto de pensar nisso como uma conexão por causa da mesma genética ou algo assim. Perry me olha de soslaio, mas eu quero terminar boa parte do suéter hoje, então nem penso em ficar encarando de volta. (Aliás, a gente é muito bom nisso. Ele me encara. Eu encaro de volta. Quem desviar, perde. Ele não sabe que é uma competição, mas pra mim, é.) Ouço o barulho do carro de Chris chegando, e depois ele entra, e eu congelo ao ver sua companhia. Oh oh. 

Kristin voltou. 


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Notas finais do capítulo

o que acharam alguem me diz se isso ta uma droga ou não por favor fksdjhfsdkjh
eu nunca fiquei tão insegura com uma fanfic desde a minha primeira socorro alguem me da uma luz pls