People With Problems escrita por MrsHepburn, loliveira


Capítulo 36
Final




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Eu pego a última mala e jogo em cima da cama, depois observo Chris entrar no quarto, buscá-la e levá-la para seu carro. Na cama do outro lado, Kristin está sentada, com lágrimas nos olhos, espelhando minha expressão. Quem diria que eu estaria chorando ao ir embora? 

E quem diria que alguém ia chorar por eu ir embora? 

-Pela primeira vez estou quase com vontade de sair daqui. -Kristin diz. Como se eu precisasse de mais um motivo pra chorar. Mas, ao invés disso, limpo as lágrimas e olho firmemente. 

-Um dia você vai sair, e nós vamos nos encontrar.

-Você vai me levar para a cidade. -Ela diz. Chris volta para pegar a última mala, a rosa, na cama e oficializa minha saída, deixando apenas eu no quarto, com nada mais que me pertence nele. Olha, simpático e espera educadamente lá fora. Dou um abraço em Kristin. Apertando-a forte, esperando que ela perceba o quanto eu agradeço por ela ser minha amiga nesse abraço, e ela me abraça forte também, silenciosamente respondendo que entende a mensagem. Depois, seguimos para fora, onde Liana, Rose e a senhora Kowki estão. A senhora Kowki está segurando o choro, Liana está sorrindo para mim e Rose está triste, mas não é muito aparente. Cada uma delas me abraça, e na troca de calor percebo que vou sentir mais falta delas do que eu imaginaria. Tenho que sair dos abraços antes de desatar em mais choro e atrasar minha ida. 

-Quando precisar, volte. -A senhora Kowki diz. -Quando quiser também, claro. -Sorrio para ela. 

-Prometo. 

-Estou orgulhosa do seu progresso, Emerson.

-Obrigada. -Digo, realmente agradecida, embora ela não saiba o significado por trás daquela palavra para mim. 

-Se eu tivesse uma filha, queria que ela fosse como você. -Liana diz, o que é bem gentil. 

-E o bolo do meu aniversário foi o melhor que eu já comi. -Então eu percebo que eles estão me dando uma chuva de elogios porque eu vou embora, pelo calor do momento, mas eu ignoro a observação.

Elas vão para a porta, enquanto eu sigo para fora, acenando, com o coração cheio de nostalgia, já. Olho as árvores, e floresta, e quero ir dar mais um passeio por toda a terra do lugar, a ponte, a caverna, as praias, até a plantação de arroz. Substituir isso por uma selva de concreto não parece certo, mas é parte de vida, então sou meio que obrigada. 

Falta uma pessoa nisso tudo, você pode imaginar. Perry. Mas ele foi embora mais cedo. Um dia antes, exatamente. O que significa que tivemos o prazer de morarmos na mesma casa por uma semana antes de ambos partirmos para nossa vida na faculdade, que felizmente é a mesma. Apesar dele saber o curso e eu estar indecisa ainda. E posso, com muito orgulho dizer, que nossa semana foi bem aproveitada (sessões de beijos a meia noite enquanto Perry fazia a barba outra vez, e beijos em lugares como a praia e as montanhas, o que deixou cada um deles mais memoráveis Não que a senhora Kowki saiba de tudo isso.).

Entro no carro de Chris. É um sentimento estranho repetir esse processo, apenas que contrário. Viro para trás, dou um aceno para todos na porta, lembro de Danny e Dover ao olhar. Eles também são uma peça no quebra cabeça que está faltando, mas não vou encher minha cabeça com assuntos mais tristes. Hoje a tristeza é boa. 

-Está tudo bem? -Chris pergunta, depois que eu me sento no banco, quando a imagem da porta da casa desaparece pela distância.

-Sim. 

-Está feliz de estar indo embora? 

-Não. -Respondo verdadeiramente. -Não estou, mas estou feliz por estar indo pra faculdade. 

-É um bom motivo para estar feliz.

-Acho que sim. 

-Você está preparada pra mudança? -Não, mas não tenho escolha. Porém...

-Vai ser legal. Coisas novas. Ambiente novo. Sozinha, sem minha irmã nem minha mãe. -Apesar de meu pai e Perry estarem lá. Na mesma cidade. Isso é o suficiente.

-Livre pra viver. 

-Pode-se dizer que sim. -Sorrio.

-Você foi uma ótima residente, Emerson. 

-Obrigada. 

-Exceto o incidente da vaca.

-Nunca vou entender porque a vaca é tão importante pra vocês. 

-Não. Atropele. Uma. Vaca. -Ele diz, pausando, depois adiciona: -De qualquer forma, algumas coisas precisam ficar apenas no mistério. -E quando termina, lembro de algo muito importante.

-Falando em mistério, você devia falar com Rose. Ela já deve saber, porque é inteligente, mas você devia falar cara a cara, toda a verdade pra ela. 

Ele me olha, com um olhar que sempre via meu pai me dando.

-Tudo bem, Emerson. Vou pensar na sua sugestão. 

-Ótimo. 

-Tenha uma boa vida. -Ele diz, quando avistamos a estrada principal. 

-Você também. 

-Nunca se esqueça da Orientação das Borboletas. 

-Por que borboletas, aliás? 

-Por causa da transformação. Você vem de algum lugar completamente quebrada por dentro, e aqui se transforma em algo melhor, mais belo, e nada mais belo que uma borboleta. Então, quando está pronta, você pode voar para longe, seguir seu próprio caminho como uma pessoa nova. -Me descreve perfeitamente. A vontade de chorar volta. 

-Então não é porque você tem espírito de hippie? 

-Não. -Rimos. Avisto o carro preto do meu pai estacionado, e quando ele vê nosso carro, vem ao nosso encontro. Chris sai, eu também, pegamos as malas e meu pai coloca todas em seu carro, tudo isso em menos de cinco minutos. Depois, ele me abraça. 

Pedi pra ele me buscar. Porque não romancear um pouco minha vida, e terminar uma fase dela de uma forma mais bonita, chamando meu pai para me buscar do lugar onde eu cheguei odiando-o? É de certa forma bem dramático, mas posso usar toda minha leitura dramática de Shopenhauer como explicação, mesmo que agora possa concordar que ele estava um pouquinho errado. 

-Pronta? -Estou com medo. Estou ansiosa e com borboletas no estômago só de pensar no que vem em seguida, mas acima dessas coisas, estou preparada. Meio que preparada. 

Se não estiver, é tarde demais, porque "o que vem em seguida" já está acontecendo, e só me resta aceitar. A realidade não é tão assustadora assim se você tem ajuda para encará-la, e dessa vez, eu tenho. 

-Sim.

-Ótimo. Vamos. Vamos passar primeiro na minha casa, porque Kate quer te conhecer, depois vou te levar para o seu alojamento.

-O.K. -Dou um sorriso. Abraço Chris, ele me dá mais um olhar orgulhoso, então entro no carro com meu pai. O carro ganha vida, aceno uma última vez, dando mais uma olhada na estrada de St. Mara, antes de meu pai distanciar cada vez mais, e tudo que restar é a estrada em frente. 


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Notas finais do capítulo

gente não se preocupem tem mais o epilogo depois uma coisinha que eu quero deixar pra vcs depois um bônus que é um capítulo escrito no pov do perry he he he enfim agora a pergunta: vocês querem uma cena que apareceu na fic pelo pov do perry ou querem uma cena nova, que não apareceu aqui?
enfimmmmmmmmmmmmmmmmm, vou um PRAZER escrever pra vocês e eu me sinto tão tão tão agradecida por vocês terem me acompanhado e lido e comentado e me apoiado e só deus sabe o quanto isso significa pra mim, muito obrigada ♥
tô orgulhosa de vocês