People With Problems escrita por MrsHepburn, loliveira


Capítulo 14
Um Dia Melhor


Notas iniciais do capítulo

provavelmente o melhor cap até agora?



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É impossível acreditar que haja tristeza no mundo quando minha irmã está nele. Não por ela sempre estar animada, mas ela sempre anima todos ao seu redor.

Mack chega no carro com Chris depois do almoço um dia antes no dia do quatro de julho. Se eu soubesse que ele iria buscar ela, teria ido junto, mas ele não me disse nada e até onde eu sabia, ela viria no dia seguinte.

–Emmmeeeeeeersoonnnnnnnn! -Ela grita, da porta da casa da senhora Kowki e imediatamente eu largo meu casaco de tricô na cadeira e vou correndo para a porta. Alguma coisa em mim se acende. Essa é a minha irmã. MACKENZIE ESTÁ AQUI. É só isso que se passa pela minha cabeça, e por alguns segundos, as coisas estão normais novamente. É como se eu não estivesse longe de casa. É como se a nossa mãe estivesse na cozinha e nós só estamos brincando na sala de novo. Abraço ela, forte. E não demora muito até que eu comece a chorar.

–Ah, meu Deus. Olha pra você! -Ela me afasta e me analisa, dando uns pulinhos de animação. -Você está BRONZEADA. E o seu cabelo -ela passa a mão no meu cabelo -está enorme, e você tem sardinhas! Que inveja! Em, você está incrível. Você está deslumbrante. -Ela me puxa para um abraço de novo e é minha vez de analisá-la. Ela é parecida comigo, mas agora está diferente. Seu cabelo loiro está mais volumoso e seu corpo está maior, e ela! Está! Usando! Maquiagem!

Pouca, mas consigo ver o gloss e a linha do delineador.

–Mackenzie, eu fico fora por um mês e você começa a usar MAQUIAGEM? Vou ficar fora pra sempre! -Ela sempre foi meio desligada pra essas coisas, mas isso não impedia os garotos de correrem atrás dela.

–Para de zoar da minha cara. Foi só uma coisa que a mamãe comprou pra mim. -Ela tenta fazer pouco caso. Abraço ela de novo, a apertando, e depois percebo que todos os residentes da senhora Kowki, incluindo a própria, estão nos observando. Faço o papel da irmã mais velha e apresento Mack.

–Pessoal, essa aqui é a minha irmã, Mackenzie. Mackenzie, esses são Danny, Kristin, Dover, a senhora Kowki, Liana e... Perry. -Aponto para ele, meio tímida. Desde o dia em que Kristin falou sobre a mãe dele, não aguento ser grossa ou agir normalmente perto dele.

Ele pareceu ficar irritado por causa disso, porque tem sido duas vezes mais ríspido comigo. Decidi não deixar o comportamento dele me afetar, então ignoro ele. É por uma boa causa.

–É um enorme prazer, Mackenzie. -A senhora Kowki levanta e aperta a mão da minha irmã. Mack sorri, depois dá uma olhada ao redor, para a casinha simples da senhora Kowki, mas não se deixa abalar.

–Esse lugar é incrível.

–Obrigada.

–Você precisa me mostrar tudo! -Ela grita pra mim. Chris aparece com a sua mala.

–Bem, primeiro, deixe suas coisas no quarto. Vou pegar um colchão e botar lá. Vocês podem decidir quem fica com as camas e quem dorme no colchão. -Ela sinaliza para mim e Kristin e nós suas assentimos.

–Mackenzie, querida, sei que você quer passar um tempo com a sua irmã, mas preciso de um favor dela agora. Emerson, preciso que vá no mercado com Perry.

Só pode ser brincadeira.

–Preciso que você pegue uns temperos no caminho, vou pegar o endereço do lugar. -E então ela sai e minha irmã me olha confusa. Olho para Chris, a procura de uma explicação, mas ele não demonstra reação. Depois olho pra Perry, e ele me olha como se só estivesse esperando eu entrar no carro pra poder tacar fogo nele e depois sair antes que as chamas o queimassem. Legal.

Ótimo.

A senhora Kowki volta e me dá um papel, com um nome e um endereço, então Chris entrega as chaves para Perry.

–Nós vamos... sozinhos?

–Esqueci que você odeia homens. Deus me proteja. -Perry tira sarro.

–Cala boca. -Então olho pra Chris. -Ela não pode vir junto?

–Não é permitido. E sim, vocês vão, confio nos dois. -Aperto a mão da minha irmã, e saio da casa, irritada. Perry abre o carro e nós entramos, então ele parte para a estrada. Pelos próximos quinze minutos, ninguém fala nada. Perry não faz muito esforço pra achar assunto e eu estou ocupada demais pensando em como matar Chris. Porém, ele fala comigo quando estamos quase entrando na cidade.

–Quantos anos ela tem?

–Dezesseis.

–Um ano de diferença?

–Sim. -Respondo, olhando pra fora.

–Onde nós vamos primeiro, no lugar dos temperos ou no mercado? -Analiso o endereço no papel. E ainda na estrada de chão de St. Mara.

–Naquela coisa dos temperos, é mais perto. -Ele só balança a cabeça e entra em uma outra estrada. -Você já veio aqui?

–Já. -Ele anda por mais uns quinhentos metros, então paramos em um portão. Uma criança, usando roupas velhas e gastas abre pra gente e acena, correndo de volta para a casa cinza. Saio do carro, acompanhando Perry, então entramos na propriedade. Ainda não entendi aonde temos que ir, então só o sigo. Desviamos da casa, e vamos para o campo na parte de trás.

–Tape os ouvidos. -Perry diz, mas bem na hora, o som de um tiro vem em nossa direção.

Sem pensar, eu: (1) dou um grito (2) dou um pulo (3) me agarro em Perry. Esse último é o pior, porque quando digo agarrar, eu quero dizer segurar o seu braço com muita força e muito perto. E eu sinto os bíceps de Perry ficarem tensos com o toque e eu lembro do pequeno problema que ele tem com mulheres então eu quero, oficialmente, me matar.

–Desculpe. -Eu digo, me afastando e voltando a respirar normalmente. Espero meu coração desacelerar.

–Eu avisei. -Ele pega meu pulso e me puxa para onde um homem está, com uma arma. Então eu percebo: ele estava caçando. Caçando uma galinha, mais precisamente. Uma galinha a alguns metros de onde nós estávamos. O homem parece sujo e velho, mas aperta nossa mão forte. Perry entrega um papel para ele e ele lê, depois apoia a arma no ombro.

–Hm, temos isso aqui sim, senhor. -Ele fala com sotaque caipira. É engraçado ouvir Perry sendo chamado de senhor. Me lembra que ele é forte e musculoso e... bem, um homem. A maior parte do tempo ele só é alguém no meio de outras pessoas. -SERAFINE! -Ele grita, e uma mulher, da sua mesma idade, talvez, vem até a porta dos fundos da casa. Ele grita alguma coisa, e ele grita de volta. Por causa do sotaque, não entendo muita coisa. Deve estar falando do tempero. Entramos na casa, e uma garotinha vem em minha direção.

–Sentem-se! -Serafine diz. Nos sentamos nas cadeiras da cozinha, e a garotinha, morena e magra, sobe no meu colo. Fico brincando com ela, meio impaciente, porque lembro da minha irmã.

–Arranjou uma namorada então, senhor Perry. -Serafine fala alto, ao longe. Fico vermelha, e não encaro Perry, mas sei que ele está olhando para mim.

–Não, ela não é minha namorada.

–É um bom partido. Olha como a Ella foi atrás! -Ela fala da garota no meu colo. -Como é seu nome, moça?

–Emerson.

–Muito prazer, Emerson. -Ela volta pra cozinha e bota folhas de vários tipos e tamanhos em cima da mesa, depois as lava na pia. -Está na Orientação?

–Sim.

–Espero que esteja gostando. -Ha.

–É... legal.

–Está se sentindo melhor?

–Um pouco. -Admito e Perry ergue a sobrancelha, questionando. Dou um olhar de "e daí?" e ele prende uma risada. Aproveitando que ninguém está olhando e lhe dou o dedo do meio. Ele me dá um sinal de positivo e uma expressão sarcástica, então reviro os olhos. Como resposta, ele me manda um beijo. Ew. Volto a prestar atenção na menina, Ella.

–Muito bom.

–É.

–As pessoas estão sendo legais com você, moça?

–Uh, claro. -Não olho pra Perry.

–Espero que você melhore. -Ela me traz as folhas em um saquinho e sorri, pegando Ella no colo. Ouvimos outro tiro, mas dessa vez ninguém se altera. Levantamos, e nos despedimos.

No carro, resolvo falar com Perry.

–Por que você me odeia?

–Se bem me lembre, é você que odeia homens.

–Não respondeu minha pergunta. -Ele percorre a estrada.

–Eu não te odeio. Só não gosto de você. -Ai.

–Por que? -Estou determinada a saber. Algo pra tirar a minha irmã da cabeça.

–Bebê demais.

–Não sou bebê demais.

–Você quer que ninguém cuide de você, mas precisa de cuidados. Você não aceita e isso me irrita.

Eu tenho problemas.

–Parabéns.

–Todo mundo tem.

–Descobriu sozinha?

–Vai se foder, Perry. Só porque a sua... -Ops. Resposta errada. Seu maxilar fica tenso.

–Minha o quê?

–Nada.

–Fale. -Ele vai me matar, mas me forço a dizer.

–Só porque a sua mãe morreu não quer dizer que você tem que agir como um canalha todo santo dia. É isso. Você que pediu. -Espero os xingamentos. Espero algum tapa na cara ou ele parando o carro e me tirando daqui. Mas ele...

Ele começa a chorar.

–Perry...

–Cala a boca. -Ele soluça e eu me sinto horrível. Muito horrível. Culpada também. Eu estraguei tudo. Merda. Merda, merda, merda.

–Perry, olha...

–Você não sabe de nada. Nada.

–Então me explique.

–Não.

–Ótimo. Então vou continuar sem saber de nada. Me desculpe, tá? -Pronto. Falei.

–Não fale mais da minha mãe.

–Tudo bem. -Não discuto.

–Obrigado.

–Sem problemas. -Ele seca as lágrimas e eu quero sair e me jogar na frente do carro para Perry me matar. Tenho que controlar minha boca. Desesperadamente.

Não falo mais nada no caminho do mercado. Ele entra, procurando os ingredientes que a senhora Kowki pediu, e enquanto ele está dentro do mercado eu faço uma promessa para mim mesma, em homenagem a minha irmã, a Perry também. Vou tentar ser uma pessoa melhor. Vou tentar combater meus problemas. Não dá pra continuar fazendo a vida das pessoas um inferno. Minha irmã ficou longe de mim por culpa minha. Vou esquecer meu pai. Vou... tentar. Fazer todas essas coisas.

A promessa é libertadora, e tudo que me resta é culpa pelo que eu falei para Perry e ansiedade para conversar com Mack sobre tudo isso. Perry volta dez minutos depois, e a onda de culpa minha maior. Dá pra ver que ele está tenso. Mas ele joga uma coisa no meu colo, e eu fico confusa sobre tudo, outra vez.

Perry me comprou chocolate.


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Notas finais do capítulo

o q vcs acham?



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