Scenes Of Our Lives escrita por EvansPotter


Capítulo 56
Percepção


Notas iniciais do capítulo

Heeeeeeeeey amores!!!
Ultimo capitulo do Mês dos Marotos :'( querem chorar comigo agora ou mais tarde?
Bom, eu espero que vocês tenham gostado desse "especial", continuem comentando!!
Até semana que vem



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A mulher acordou subitamente com uma batida baixa e seca vinda do andar de baixo da casa. Ela se levantou rapidamente, colocou o roupão por cima do pijama e depois de procurar alguns segundos pelo chinelo, soltou um som de impaciência pela boca, pegou a varinha na mesa de cabeceira e saiu descalça do quarto. Andou, com a expressão dura em seu rosto, silenciosamente pelo corredor e desceu tomando cuidado para não tropeçar nas escadas. A varinha sempre à frente, pronta para entrar em ação se preciso. Ela entrou na sala, pé ante pé, mas ainda não via a fonte do barulho que a acordara e soltou um curto grito quando sentiu uma mão pousando em seu ombro.

– Merlin! Você quer me matar? – Exclamou enquanto suspirava aliviada e abaixava a varinha, pelo menos por alguns segundos. Logo depois de se recuperar do susto ela ergueu ameaçadoramente a varinha outra vez.

– Tudo bem. Sou eu mesmo Dora. Remus John Lupin. – Ele falou erguendo as mãos em sinal de rendição. – Lobisomem. Membro da Ordem da Fênix. Nos casamos no Norte da Escócia. Você está grávida. E eu fui embora.

Ela abaixou mais uma vez a varinha e percorreu a pequena distancia de alguns passos que os separavam e o abraçou forte, enterrando as unhas nas costas dele e fechando os olhos.

– Eu sabia que você ia voltar. – Falou em voz baixa.

– Bom... é... eu voltei. – Ele respondeu a abraçando também.

– Porque você foi embora, seu imbecil? – Ela gritou se separando dele, jogando a varinha no sofá e batendo no marido, que tentou se esquivar dela. – Porque é que você simplesmente saiu de casa, seu completo idiota?

– Dora... – Ele falou tentando se proteger com os braços enquanto andava pela sala fugindo dela. – Eu... me desculpe... eu...

– Você simplesmente decide ir embora e me larga aqui e só fala “É, eu voltei.”! Babaca! Imbecil!

– Eu falaria mais se você parasse de tentar me bater!

– Eu não quero parar de te bater! – Ela continuou gritando. – Eu quero matar você! Eu odeio você! Não era para você ter ido embora!

– Eu sei! – Remus exclamou e segurou os pulsos da mulher. – Eu sei! Me desculpe! Eu sei que não devia ter ido!

– Não devia mesmo! – Nymphadora disse, se soltou das mãos de Remus e se sentou no sofá, cruzando fortemente os braços.

Os dois ficaram em silencio. Lupin tentando procurar as palavras certas para falar com Dora e ela olhando fixamente para a lareira a sua frente, piscando muito pouco e respirando muito rápido e audivelmente. Algum tempo depois ela virou a cabeça abruptamente em direção ao marido e perguntou:

– Porque decidiu que tinha que voltar? O que te fez mudar seu discurso de “isso é melhor para vocês dois”?

– Eu... eu encontrei Harry. E o Ron e a Hermione.

– Eles estão bem? – Ela perguntou rapidamente, se esquecendo de ficar zangada naqueles segundos.

– Estão.

– E o que eles têm a ver com isso? – Perguntou voltando a ficar irritada.

– Harry... ah... me disse umas coisas. E eu fiquei bravo com ele. Mas depois comecei a pensar e... e eu... estou aqui agora.

– Então você precisou de um garoto meio lerdo de dezessete anos para fazer você perceber que tinha que voltar para casa? – Indagou com um tom um tanto maldoso na voz.

– Bem... é.

– Idiota. – Ela falou e voltou a encarar a lareira.

– Dora. – Remus chamou e se sentou do lado dela. – Me desculpe. Não devia ter ido. É aqui que eu tenho que ficar.

– Certeza disso? Certeza de que “o melhor para todo mundo” não é você ir embora? – Ela perguntou fazendo aspas com as mãos.

– Tenho. – Ele falou segurando as mãos dela. – Dora... eu sei que não posso deixar você e o bebê sozinhos no meio dessa guerra.

– Se não estivéssemos em guerra você iria embora então? – Ela perguntou em tom de voz frio, extremamente atípico dela.

– Não. Não, eu não ia. Eu sei que...

– Se não tivesse encontrado o Harry e ele não tivesse te falado o que quer que seja que ele falou você não teria voltado? – Ela interrompeu.

– Eu ia pensar uma hora e perceber que eu não deveria ter saído de casa.

– E quanto tempo isso levaria? – Dora perguntou impassível.

– Eu não sei! – Remus exclamou um tanto irritado, mais com ele mesmo do que com a mulher. – Eu não sei! Eu não posso adivinhar isso. Mas eu voltei agora e acho que pensar no que poderia ter acontecido não vai resolver nossa situação, Dora!

Ela voltou a cabeça para ele, estreitando levemente os olhos e o observando profundamente por vários segundos.

– E eu acho que você não tem direito nenhum de ficar irritado comigo.

– Eu não estou irritado com você.

Ela meramente piscou olhando para ele, sem pronunciar nenhuma palavra sequer.

– Eu não estou!

Eles ficaram um tempo em silencio, um olhando para o outro. E os dois intimamente gratos por estarem juntos outra vez.

– Você vai ter outro ataque de culpa e ir embora outra vez, não vai?

– Não.

– Tem certeza? – Dora perguntou com a voz muito mais branda do que alguns minutos atrás.

– Tenho.

– Eu não tenho tanta certeza assim. – Ela resmungou abaixando a voz.

– Dora... me desculpa. Por favor me desculpa. Eu não devia ter ido embora. Eu não devia ter dito nada do que eu disse. Me desculpe. Eu tenho que... eu quero ficar com vocês! Eu fui irresponsável, eu...

– Ah! Você vai começar de novo!
– Não! Eu fui irresponsável indo embora. Desculpa. Por favor. – Ele completou olhando para a mão dela que ele ainda segurava.

– É você foi.

– Me desculpa.

Ela o observou atentamente, ele ainda estava olhando para baixo, correndo levemente o polegar pela mão dela, sem levantar os olhos para o seu rosto, como se estivesse com vergonha de encara-la. Nymphadora se moveu lentamente e deu um leve beijo na testa dele.

Remus finalmente olhou para ela, permitindo que um pequeno sorriso tomasse conta do rosto prematuramente envelhecido dele.

– Você me perdoa?

Ela apenas assentiu com a cabeça, sem dizer nenhuma palavra, mas ele sabia que mesmo assim ela estava sendo sincera. Ela realmente o perdoara.

– Eu juro que não vou mais deixar vocês! – Ele falou rápido e expandindo ainda mais o sorriso. – Não importa o que acontecer. Não vou mais sair de perto de vocês. Eu juro, Dora. Eu juro.

Ela sorriu o olhando e concordou mais uma vez com a cabeça.

– Eu não me importo se ele nascer como você. – Ela falou passando a mão livre pela barriga.

– Se importa sim. Você não quer que ele seja como eu.

– Não é o melhor... estilo de vida. Mas se ele for assim eu vou ama-lo do mesmo jeito.

– Estilo de vida. – Remus soltou uma breve risada. – É um bom jeito de dizer que sou um lobisomem. Melhor do que “probleminha peludo” na verdade. Vou começar a desviar de perguntas embaraçosas com isso. “Eu tenho um estilo de vida... ah...”

– Alternativo. Alternativo é uma boa palavra. – Dora completou rindo.

– “Eu tenho um estilo de vida alternativo.” – Ele testou as palavras. – Gostei. As pessoas podem pensar que eu estou tentando começar uma banda ou alguma coisa assim.

– Ou que você está tentando entrar para The Weird Sisters! Ah, Remus! Entra para The Weird Sisters, por favor!

– Claro. Eu tenho uma ótima habilidade com instrumentos musicais.

Ela riu alto e deitou a cabeça no ombro dele. Mais uma vez os dois ficaram em silencio.

– Eu não vou mais sair em missões da Ordem. – Ele disse em voz baixa, a enlaçando com o braço. – Bom, na verdade ainda acho que vou precisar ir a algumas, mas eu vou tentar evitar ao máximo.

Dora concordou com a cabeça fechando os olhos e se acomodando melhor no ombro dele.

– E eu não acho que Dumbledore me mandaria para nenhuma missão nem que eu quisesse. – Ela disse. – E acho que minha mãe me prenderia no porão se eu tentasse sair.

– Bom... ela estaria certa. Dora... o que nós vamos fazer se o bebê nascer como eu?

– Pensei em deixar em algum canto do Beco Diagonal para alguém pegar, o que você acha? Para falar a verdade estou pensando em fazer isso com você também. Preciso fazer logo uma plaquinha “Doa-se lobo e seu filhote.”, só para me prevenir.

– Dora...

– Enquanto você continuar fazendo perguntas idiotas eu vou continuar respondendo assim.

– Não é uma pergunta idiota.

– É sim. Não é obvio o que vamos fazer? Vamos cria-lo do mesmo jeito e conviver com o problema. Seus pais fizeram isso.

– Eu não quero que você tenha a mesma vida que minha mãe teve.

– Isso sou eu quem decide.

– Você não...

– E, além disso – Ela interrompeu. – Se o bebê nascer como você, ele vai ter você para ajudar. Ninguém vai entender ele melhor que você.

Ele beijou o alto da cabeça dela e ficou quieto, guardando todos os medos que tinha quanto aquela gravidez para ele. Mais tarde ele dividiria tudo isso com ela, mas não agora. Agora ele queria passar para ela a única certeza que ele tinha, a certeza de que ele não iria mais fugir dela a certeza de que ele ficaria ali para cuidar dela e do filho deles até o final, que se dedicaria a cada segundo para proteger os dois. Dali para frente a prioridade seria proteger sua mulher e seu filho.


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