P.O.V. James

Já era tarde. Lily tinha acabado de dormir quando Harry se mexeu e choramingou no pequeno bercinho do St. Mungus. Melhor não acordar, Lily, ela está tão cansada. Peguei Harry no colo e ele logo se acalmou. Isso prova que sou um ótimo pai.

- Acho que sua mãe pensa que não vou saber cuidar muito bem de você, mas está vendo! Foi só eu te pegar no colo e você parou de resmungar.

Assim que disse isso ele começou a chorar de novo, e um pouco mais alto.

- Já vi que você está do lado da sua mãe. – Disse o balançando um pouco. – Não chora Harry, você não quer acordar a mamãe, quer? – Acho que ele quer. – Tudo bem, tudo bem. O que você quer? Hum... quer ouvir uma história?

Ele se acalmava mais enquanto eu o balançava nos meus braços.

- É. Acho que vou te contar uma história. Deixa eu ver... Já sei! Quer saber como sua mãe me contou sobre você? Bom, nos tínhamos saído em um missão para a Ordem, não era nenhuma das missões complicadas de verdade, mas ai, quando já estávamos a ponto de voltar para casa, Voldemort apareceu. Bom, não vou te assustar agora, Harry, você só precisa saber que conseguimos escapar e aparatamos logo em Godric’s Hollow, já bem perto de casa. Me lembro que assim que vi sua mãe eu gritei:

“’- Lily! ’ Corri até ela, parada tremula, um pouco adiante na noite gelada.

‘Está tudo bem?’

‘S-sim.’ Ela respondeu e me abraçou. ‘Vamos entrar logo, James. ’

Eu também queria ir logo para casa, então caminhamos até lá e assim que entramos Lily se largou no sofá.

‘Essa foi por pouco. ’ Ela disse dando um sorriso fraco. E tinha sido por muito pouco mesmo.

‘Acho que nos equiparamos aos Longbottom.’ Eu disse. Longbottom são dois aurores que também estão na ordem, Harry. Na verdade eles também tiveram um filho, nasceu ontem. Acho que se chama Neville, vocês provavelmente vão estudar juntos em Hogwarts. Bom... deixa eu continuar a história.

‘É... Voldemort deve estar realmente puto. Nos deixou escapar pela terceira vez.’ Sua mãe disse. Ah... eu não devia ter dito puto para você. Principalmente duas vezes. Tudo bem, não conte para sua mãe ok?

‘Você realmente acha que um dia Voldemort vai conseguir derrotar o gostosão aqui?’. Foi o que eu disse. Nada mais que a pura verdade, Harry. Mas sua mãe é uma chata e sabe o que ela fez? Lily revirou os olhos rindo e se levantou, e ainda disse ‘Biltre arrogante. ’.

‘Acha isso mesmo, senhora Potter?’ Eu disse com aquele meu sorriso torto que eu sei que ela não resiste. Lily ainda teve a coragem de dizer ‘É Evans para você, Potter!’. É como ela sempre dizia em Hogwarts.

Ri alto e a beijei. Sabe Harry, lembro que naquela hora pensei no quanto tinha chegado perto de perder sua mãe naquela noite. Segurei-a mais forte nos meus braços ao pensar nisso. E acho que ela estava pensando sobre isso também.

‘Tive tanto medo, James. ’ A mamãe disse com o rosto encostado no meu peito. Eu também tive medo. Não suportaria perder sua mãe, Harry. Mas ai ela continuou a falar. E eu comecei a não entender mais nada.

‘Mais medo do que das outras vezes. E não só por nós. ’

‘Ah... bom ,Lils, é claro que o Sirius ia sofrer se acontecesse alguma coisa com a gente, mas aquele cachorrão sabe se cuidar, meu amor.’. Você conheceu o Sirius, sei padrinho, lembra? Ele veio aqui hoje à tarde. Foi aquele que sua mãe quase matou quando ele fez menção de te jogar para o alto. Enfim, você sabe quem é. Melhor continuar a história.

‘Quê?’ Ela se afastou um pouco para me olhar. ‘Eu não estou falando dele!’

‘Está falando do Moony? Tudo bem a lua cheia seria um pouco mais difícil, mas ele também sabe se virar sozinho! E, além disso, ele e Pads tem um ao outro. E o Wormtail também. Ah! Você está falando dele! É. Eu entendo sua preocupação, Lily, mas... ’

Então sua mãe começou a rir e balançou a cabeça negativamente.

‘Esquece, Jay.’ Disse e saiu em direção a cozinha.

Eu estava realmente confuso. De quem ela poderia estar falando? Com quem mais ela se preocuparia? Pensei até na irmã dela, sua tia Petúnia, mas não teria motivo nenhum para ela se preocupar com Petúnia se nos morrêssemos. Pelo que sei ela é casada e tem um filho também. Duda eu acho.

Então, Harry eu fui atrás da ruiva na cozinha. Lily estava de costas para mim encostada na pia colocando água na chaleira e levando ao fogão. Me sentei na mesa e pus os pés na cadeira da frente. Entendi como um mau sinal que ela não brigou comigo, mas talvez não tivesse visto.

‘Lils... de quem você estava falando?’ Eu perguntei.

Ela deixou cair uma xicara no chão.

‘Reparo! James... ’ Ela me encarou por um momento, respirando lenta e profundamente e quando eu achava que ela ia dizer alguma coisa realmente importante ela só falou ‘Tira os pés da cadeira agora!’. Na verdade ela quase gritou.

‘Tá, tá!’ Você vai aprender a obedecer a sua mãe, Harry. E bem depressa. ‘Mas o que está acontecendo, Lily?’. Continuei.

A mamãe tirou a chaleira do fogo, preparou duas xicaras de chá e se sentou na cadeira em que meus pés estavam antes.

‘Preciso falar com você, James. ’

“Ah, não! Jura?” Disse irônico, mas me arrependi assim que vi o olhar que ela me lançou. Mas era obvio que ela precisava falar comigo, não era? Bom, de qualquer forma achei melhor abandonar o sarcasmo ‘Ah... então... o que é?’.

Lily reprimiu um sorriso naquela hora.

‘Não sabia que o grande James Potter tinha medo de mim. ’

‘Ele não tem. ’ Menti descaradamente. Não podia deixar ela me desbancar assim, não é?

‘Que seja! James... ’ Ela suspirou antes de continuar. Adoro quando ela suspira meu nome, me lembra ótimas coisas. Ah... acho melhor não te contar sobre isso agora. Bom, então ela disse as três palavrinhas que mudaram tudo ‘Eu estou gravida. ’.

‘Vo-você o que?’ Eu realmente achei que tinha ouvido errado.

‘Estou grávida, James. ’.Os vivos olhos muito verdes, iguais aos seus Harry, estavam um pouco marejados.

Mas eu deixei escapar um riso e não consegui parar mais de sorrir.

‘E porque você está quase chorando? ’. Disse puxando sua mãe e abraçando-a forte.

‘Estamos em guerra, James!’. Ela me lembrou desse pequeno detalhe.

‘É...’. Meu sorriso vacilou um pouco naquela hora, mas ai eu lembrei de tudo que tinha acontecido naquela noite. ‘Lily! Como... hoje... Voldemort! Lily!’. Viu como formulo frases muito bem, Harry?

‘Eu sei...’. Lily disse simplesmente.

‘Você não pode sair assim para missões da Ordem, Lily!’

‘Eu sei, eu sei...’ Ela se sentou novamente. ‘Mas essa não era para ser uma missão realmente perigosa, não é?’. Sabe Harry eu devia ter imaginado que sua mãe não ia querer parar de lutar, mas ela fez isso por você e sem reclamar ou se frustrar.

‘Não... mas mesmo assim.’ Falei para ela. ‘Lils, você não ficou feliz?’. Eu perguntei, mas foi uma pergunta bem idiota, não acha?

‘Claro que fiquei, James!’ Sua mãe respondeu e pela primeira vez ela sorriu. ‘Mas depois veio toda essa preocupação e medo. Tem uma guerra lá fora, James! E uma guerra da qual estamos participando ativamente! James, Voldemort não hesitaria um segundo em machucar um bebê se acha que pode conseguir alguma coisa com isso! E, Jay, nós sabemos muita coisa sobre a Ordem, ele realmente poderia conseguir alguma coisa machucando nosso bebê. ’. Acho que ela estava e está certa, Harry. E isso me deixa apavorado às vezes. Hum... melhor não assustar você também.

‘Não, Lily! Ele não vai fazer isso. Não vou deixar ele machucar nosso filho!’. Eu disse. E é verdade, Harry, eu não vou deixar nunca ele te machucar. Nunca!

Nessa hora a mamãe sorriu entre as lagrimas que já corriam livremente pelo rosto.

‘Sei que não. ’. Depois ela não quer que eu seja convencido. A culpa é dela, sabia?

‘Merlin! Nós vamos ter um bebê!’. Eu disse feliz.

‘Mas não se esqueça que ainda te odeio, Potter.’. Eu disse que sua mãe é uma chata, Harry. Mas tudo o que eu fiz foi rir, a pegar no colo e levá-la para o quarto que usávamos como de visitas.

‘Então é aqui que daqui a alguns meses nosso filho vai estar. ’ Falei a colocando no chão.

‘É... lá para julho ou agosto ele vai estar aqui.’ Sorriu colocando a mão na barriga. ‘Ou ela. ’. Bom ela errou. Você é o meu meninão! Mas quem sabe um dia a gente te de uma irmãzinha, e você vai ter que cuidar muito bem dela, Harry.

Bom, Harry, o importante é que você está aqui agora. E pode parar de fingir que está dormindo, Lils! Vi que você está acordada ouvindo tudo desde o começo.”

- Pelo menos você conseguiu fazer ele dormir.

- Eu te disse que consigo cuidar dele.

- Aham. – Ela disse enquanto me aproximava com Harry no colo e me sentava ao lado dela. – Vamos fingir que isso é verdade.

Ela acariciou os cabelos bagunçados bem pretos do Harry.

- Como é que eu vou pentear esses cabelos? – Lily falou e se virou olhando para os meus.

- Ah, Lily! Esse cabelo é que dá todo o charme, faz todas caírem aos meus pés.

- De novo, vamos fingir que isso é verdade. – Ela riu. – Só espero que ele não fique os bagunçando para parecer que acabou de descer da vassoura.

- Por falar nisso eu vou ensinar quadribol a ele.

- O menino acabou de nascer, James! Não sabe nem levantar a cabeça do travesseiro ainda.

- Mas quando ele for mais velho eu vou ensinar. Junto com o Sirius. Acho que o Pads vai ficar feliz com isso.

- Meu Deus, James! – A ruiva riu. – Você devia se casar com o Sirius. Alias, por falar no Black se ele resolver que acha legal jogar meu filho pra o alto outra vez eu mato seu amiguinho, entendeu? Já está avisado.

- Eu aviso para ele. Você acha que ele vai para a Grifinória?

- Ah! Eu ia gostar tanto! Mas imagina só quando ele receber a carta de Hogwarts! Aposto que ele vai passar o verão todo quando estiver próximo dos onze anos esperando a carta.

- Vou comprar uma coruja para ele nesse dia! E talvez eu até dê o Mapa do Maroto para ele já nesse dia também! Preciso pedir para o Dumbledore pegar o Mapa com o Filch para mim.

- Ah, James, não vá influenciar o Harry a sair por Hogwarts tomando detenções o tempo inteiro.

- Ele não seria meu filho se não fizesse isso, Lils...

Ela riu ainda acariciando a cabeça de Harry.

- Se eu souber que Harry tomou detenções por culpa desse Mapa de vocês eu vou te matar, James.

- Só não envie nenhum berrador para ele, Lily. – Falei olhando para ela.

- Bom isso depende do que ele aprontar. Se ele roubar um carro é claro que vou mandar um berrador para ele.

- Por que ele roubaria um carro? – Perguntei franzindo a testa.

- Não sei. Foi só uma hipótese. De qualquer forma melhor mantê-lo longe do Dunga. – Lily riu. – Já imaginou quando formos leva-lo na plataforma pela primeira vez?

- O Dunga?

- Claro! Mundungus Fletcher vai voltar para Hogwarts e nos que vamos deixa-lo na plataforma! Estou falando do Harry, James! Qual seu problema? – Ele disse entre muitas risadas.

- Eu... eu não estava ouvindo direito. Estava olhando o Harry.

- Ele é lindo, não é? – Lily disse com um sorriso doce no rosto.

- Claro que é! É a minha cara! Exceto os olhos, ele tem os seus olhos.

- Só quero que essa guerra acabe logo. – Ela suspirou. - para o Harry não precisar viver nela, estar seguro. Tenho tanto medo que alguma coisa aconteça com ele.

- Vai ficar tudo bem, Lily. – Virei a cabeça para olha-la. – Vai ficar tudo bem, vamos ver o Harry crescendo, dando os primeiros passos, começando a falar, dar os primeiros sinais de magia, vamos vê-lo indo para Hogwarts e você vai chorar como louca na plataforma.

- Vou o mandar escrever pelo menos duas vezes por semana. – Ela sorriu limpando as lagrimas.

- Aposto que sim. E aposto também que ele vai casar com uma ruiva.

- É. Pode ser, mas deixa ele crescer primeiro.

- Com ciúmes, Evans? – Ri.

- Não.

- Você não sabe mentir, Lils.

- Ah, nem vem! Aposto que se um dia tivermos uma menina você vai ser muito pior!

- É. Talvez. – E mais uma vez Lily Evans Potter está certa.

- Espero que esteja certo, Jay. Espero que possamos ver tudo isso mesmo.

- Nós vamos, Lily. Vai ficar tudo bem, você vai ver.