Cartas De Romeu E Julieta escrita por ariiuu


Capítulo 2
A Capuleto atrevida


Notas iniciais do capítulo

Olá gente, belezinha??
Até interrompi o trabalho pra terminar de escrever, acreditam?? É vício puro. Quando começo a escrever, não quero parar mais xDD
Estou trazendo o capítulo dois e dar uma última boa notícia: Haverá um terceiro capítulo!!!
Desde já agradeço a todos que leram, deixaram reviews e favoritaram x)
Aproveitem por que esse está mais comprido que o outro... Mais de cinco mil caracteres... Ehehehe, pra quem nunca leu Entrelinhas (outra fic minha, mas focado em ZoroxNami) pode perceber que o capítulo mais comprido que já fiz foi de nove mil caracteres... Haja olho pra ler 8D

Aproveitem e divirtam-se! *não esqueçam os reviews!



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Cartas de Romeu e Julieta


A Capuleto atrevida

O dia do Baile de Máscaras da escola havia chegado e muitos alunos entravam no salão principal. A decoração estava impecável. O globo centralizado no alto, o conjunto de luzes coloridas que se moviam de um lado para o outro, as mesas bem enfeitadas e fartas de comida, o som distribuído por vários amplificadores espalhados no enorme salão e a música alta que fazia com que todos que chegassem ali começassem automaticamente a dançar.

Todos os alunos estavam usando máscaras.

Nami e Vivi chegaram juntas ao local. A azulada se encontrava com os cabelos soltos e a franja presa ao lado com uma pregadeira em forma de borboleta. Os brincos e o pingente também eram em forma de borboleta. O vestido dela era até os joelhos num azul escuro, usando também uma sapatilha na mesma cor. A máscara tinha o formato de borboleta nas laterais num tom escuro.

Nami estava com os cabelos soltos e uma pequena coroa de prata presa no alto da cabeça. Usava também um par de brincos com fios de prata compridos e um colar com um pequeno diamante. Seu era vestido preto e com duas fendas nas laterais, acompanhado de um salto agulha na mesma cor. Sua máscara era prateada, combinando harmonicamente com os outros acessórios. Era uma máscara simples que reluzia de longe.

– E então...? Vai finalmente se encontrar com seu Romeu Montecchio...? – Vivi replicou debochada e Nami alargou o olhar.

– Romeu Montecchio...? De onde tirou isso Vivi...? Está lendo muito Shakespeare, não é...?

– Não. Mas eu percebi que durante semanas você se corresponde com um garoto da mesma série que a nossa...

– O-o quê!? Como sabe sobre isso!? E como sabe que ele é da mesma série que a gente!? – A ruiva contestava boquiaberta.

– Por que eu sempre te vi colocando cartas todos os dias dentro daquele armário que ninguém usa lá no corredor... E eu também já vi um garoto colocando papeis no mesmo armário... – A azulada revelou de forma animada. Nami manteve o olhar desacreditado.

– Está dizendo que já o viu...?

– Sim. E acredite... Ele é uma figura conhecida em nossa escola... – Ela respondeu com um sorriso.

– E... Como ele é...? – De repente Nami ficou tensa. Se questionou se Vivi realmente havia visto o irritante CM...

– Aah, eu não posso te dizer, senão perde toda a graça!

– Por favor Vivi!!! – A ruiva se ajoelhou, implorando para que a amiga lhe dissesse.

– Se você estava curiosa em vê-lo, por que não espionou perto do armário...?

– Aah, isso é por que... Nós prometemos manter o mistério até nos conhecermos pessoalmente... – Confessava com um leve rubor no rosto e obviamente Vivi percebeu o por quê.

– Eu não te direi como ele é. Esqueça! – A azulada redarguia ousada e Nami se encontrava quase explodindo de curiosidade.

– Por favor, me diga!!! – A ruiva juntou as mãos em sinal de reverência.

– Não... Eu não vou estragar esse joguinho tão lindo que vocês mantiveram até agora, então desista... Mas... Uma coisa eu posso te dizer com toda a certeza...

– E o quê é...? – A garota passou a prestar o máximo de atenção ao que a amiga lhe diria.

– O seu misterioso Romeu... É extremamente lindo... – A azulada finalizava de forma convicta e Nami exibiu uma careta ridícula em resposta.

– Você está curtindo com a minha cara...

– Não estou, e se quiser tirar a prova eu sugiro que vá para o lugar que provavelmente vocês marcaram de se encontrar. Depois me diga como foi! Quero todos os detalhes!!! – A garota deu uma piscadela para a amiga e saiu correndo, acenando para a mesma logo em seguida.

Nami ficou paralisada e sentindo uma gota escorrer de sua testa, se perguntando até onde Vivi sabia sobre sua correspondência secreta com aquele Romeu de araque.


******


Law havia chegado há poucos minutos no salão principal, temendo que nenhuma de suas fangirls o visse.

Ele trajava um Black Tie finíssimo, a máscara tradicional da mesma cor e seus típicos brincos de ouro. Os cabelos também se encontravam perfeitamente desgrenhados, formando um aspecto demasiadamente sedutor. Aquilo foi o suficiente para que todas as garotas do salão o reconhecessem.

– Traffy-Kun!!! – Uma multidão passou a correr na direção do moreno, e ele obviamente além de ter se assustado, também começou a correr, mas para longe de todas elas.

– E aí cara!? Pensei que não viria para a festa. – De repente, Zoro surgiu no meio da bagunça e passou a acompanhar o ritmo do amigo.

– O que você está fazendo aqui...? Se eu bem me lembro, você deixou claro que não viria. – Law respondia enquanto continuava correndo.

– Eu pensei melhor... Não podia deixar de provar as melhores bebidas dessa festa... – O esverdeado redarguia marotamente.

– Quer me fazer um favor...? Você poderia distrair essas garotas histéricas? Tenho algo muito importante pra fazer...

– Aah, sei... Vai se encontrar com a tal garota das cartas...?

O olhar do moreno acendeu, se perguntando como aquele marimo sabia sobre GL...

– É. Eu vou me encontrar com ela. Pode quebrar esse galho...? – Revelou, pouco se importando com as consequências.

– Certo. Mas depois você vai me pagar uma garrafa daquele vinho que vende naquela taverna perto da casa dos seus pais no interior...

– Fechado.

Law alargou os passos e passou a correr mais rápido, enquanto Zoro cercou todas as garotas que perseguiam o amigo.

– Podem parar... Vocês não vão passar daqui... – O garoto replicou de forma ousada e arrogante, esperando que todas o xingassem ou até mesmo começassem a lhe agredir, porém...

– Uau... O Zoro-Kun é mesmo incrível...

– Esse jeito maldoso de falar com a gente é tentador...

– Olhe só pra ele... Parece um príncipe com esses trajes...

– ZORO-KUN SAIA COMIGO!!!

– Não!!! Saia comigo!!!

– Nada disso, ele vai sair comigo!!!


E quando o esverdeado percebeu, todas as garotas agora estavam atrás dele e automaticamente o mesmo teve de correr da multidão que vinha logo atrás.

– Tudo isso é por você... Vinho... – Um sorriso de canto pôde ser visto após tal declaração...


******


Nami atravessou as cortinas que haviam no local marcado na carta. A sacada do lado direito do salão. Um dos lugares mais altos da festa e o menos movimentado. De lá era possível te ruma vista panorâmica da festa.

A ruiva se aproximou ainda mais da das barras que cercavam o pequeno local e passou a fitar intensamente todos que dançavam ao som da música, além de perceber um garoto de cabelos esverdeados fugir desesperadamente de uma multidão de garotas.

– Que cena estranha... – Pensou alto enquanto arqueava uma sobrancelha.

Mas sem que ela percebesse, alguém se aproximou cautelosamente, cuidando para que não fosse visto. Ele afastou as cortinas que cobriam a frente da sacada, e a primeira coisa que viu quando chegou, foi a imagem de uma garota de costas...

Uma garota de longos cabelos ruivos cacheados que trajava um lindo vestido preto.

Law rapidamente se aproximou e num impulso...

Pegou a mão dela...

Nami automaticamente mostrou uma postura rija, ficando paralisada devido ao toque inesperado e tão ousado...

O moreno permaneceu de pé, mas atrás dela.

E a ruiva mais do que ninguém, sabia... Sabia que quem estava atrás de si no momento com toda a certeza era ele...

Enquanto segurava aquela mão tão delicada, o moreno passou a sussurrar coisas incríveis no ouvido dela...


– Se minha mão profana o relicário... Eu aceito a penitência... Meu lábio... peregrino solitário... Demonstrará com sobra, reverência...

Então ele ergueu a mão da ruiva na direção de seu rosto, confinando um beijo suave no local.


Ainda de costas, Nami se sentiu completamente surpreendida e impressionada emocionalmente com tal fala e com o beijo em sua mão. Ela arregalou os olhos e sentiu uma forte compressão no estômago por ter sido pega tão desprevenida... A fala de Romeu quando tocou pela primeira vez em Julieta... Dita de forma tão sedutora... Aquele timbre grave e calmo que mais parecia a de um anjo... E o beijo que o mesmo dera em sua mão como reverência... O seu misterioso Romeu havia finalmente chegado...

Mas ainda que tivesse se sentido desnorteada por aquele toque insinuante, ela havia feito uma aposta... Mesmo que fosse divertido, estava disposta a levar tudo aquilo a sério e então...


– Ofendeis vossa mão, bom peregrino... Que se mostrou devota e reverente... Nas mãos dos santos pega o paladino... Esse é o beijo mais santo... E...


Ela deu uma longa pausa na fala decorada daquela obra de Shakespeare, para depois termina-la de forma como Law não esperava.

E inconveniente! – Nami terminou a frase com a palavra contrária ao do texto original e finalmente se virou, ficando de frente para ele.

Os olhos cinza por trás da máscara alargaram após vislumbrar tal imagem em sua frente... Sua bela Julieta...

Que parecia estar muito irritada.


Ela também estava de máscara, mas foi possível notar o quanto aquelas orbes castanhas eram intensas... A pele extremamente alva e os lábios carminados e bem definidos. Seu corpo moldava-se impecavelmente naquele vestido, esbanjando suas curvas esguias. Definitivamente, a mulher mais linda que já vira em sua vida...

A ruiva também pôde contemplar a figura do misterioso garoto ao qual passou semanas escrevendo cartas... Ele era muito mais alto, e os cabelos negros se encontravam desordenados de forma atraente. Também possuía costeletas e cavanhaque, completando o aspecto encantador. Por trás da máscara, olhos cinza... Tão frios e penetrantes...

– Você... Modificou a última palavra da fala original dessa cena tão clássica... – Ele replicou de forma ousada, quebrando aquele silêncio delicioso ao contemplar os traços tão perfeitos dela.

– Eu modifiquei, não é mesmo...? Mas o que você queria que eu fizesse...? Que me derretesse em seus braços e deixasse você me beijar...?

– Exatamente... – Ele sorriu cinicamente de canto e por um momento Nami se sentiu tentada diante daquele sorriso.

– Me diga... CM... Como sabe que uma garota está apaixonada...? – Ela contestou debochada enquanto se virava para o outro lado, passando a observar novamente a festa de cima e deixando a pergunta no ar.

Ele a fitou por um momento... Sabia que aquilo provavelmente se transformaria em alguma provocação. Tão típica dela...

Ele devolveria do mesmo modo e mais uma vez... Jogaria aquele joguinho excitante.

– Mulheres apaixonadas... Dão vários sinais... – A frase soou objetiva, mas extremamente sexy e audaciosa.

– É mesmo...? Que tipos de sinais...? – E mais uma vez ela se virou, mas de forma abrupta, se aproximando dele de modo insinuante. Naquele momento Nami passou a agir ousadamente, como se fosse devorá-lo com os recentes gestos e o olhar petulante. E também obviamente... Ela entendera que ele havia aceitado jogar mais uma vez os seus jogos fora de hora, mas dessa vez ao vivo...

– Primeiro... Elas fingem indiferença... Agindo de forma sedutora apenas para despistar... – Contrapôs sarcástico, porém, a ruiva não cederia em suas tentativas de provar o quanto ele estava errado.

– E o que mais...? A voz dela ecoou de forma provocante. Ela continuou se aproximando devagar, no ímpeto de cerca-lo por completo entre seu corpo e as barras da sacada. O moreno recuava vagarosamente para trás. Estava amando aquele joguinho...

– Elas se aproximam cada vez mais de seu alvo... Cercando-os para não escaparem... – Continuava de modo temerário enquanto a encarava incisivamente.

– E depois...? – Ela continuou, sem quebrar o contato visual e sem recuar um milímetro. Law ficou totalmente cercado entre as barras e o corpo da ruiva. Naquele momento ela fez questão de se aproximar o suficiente, fazendo com que seu corpo encostasse-se ao dele e aos poucos... A face de ambos diminuindo gradativamente a distância que os separava.

– Então elas ficam frente a frente com a pessoa a qual estão apaixonadas, se aproximando cada vez mais, apenas para observá-los ainda mais de perto... – Ele disse perto o suficiente dos lábios dela.

– E então...? – Nami encurtou ainda mais a distância de seus rostos, ficando há poucos milímetros do dele. Ambos estavam tão próximos, que o moreno pôde sentir a respiração dela batendo em seu rosto.

– Então elas ficam tão próximas e tão enfeitiçadas, que não conseguem mais se afastar... – A última frase soou como um sussurro. Um sussurro extremamente fascinante...

Ela se sentiu estranhamente impelida após tal gesto, porém, havia ido longe demais... Seus olhos se estenderam por um breve momento, e ele constatou surpresa, mas rapidamente ela se recompôs... De fato Nami estava envolvida com tudo o que haviam vivido naquelas longas semanas, a ponto de não conseguir despregar os olhos do rosto dele. Aqueles traços tão majestosos... E principalmente... Os lábios tão primorosos e convidativos...

Nami fechou os olhos efemeramente, apenas como um instinto de defesa, porém, Law elevou a mão envolta das longas madeixas ruivas, afastando-as carinhosamente, deixando o pescoço livre.

– Tem certeza que não está apaixonada...? – Ele dizia em baixo tom... Um tom galante e atraente.

– Sim... – Ela respondeu caprichosa, e ainda com os olhos fechados.

– Então não sentirá nada se eu repentinamente fizer isso... – Law afastou ainda mais as longas mechas que escorregaram delicadamente pelo ombro feminino e em seguida naufragou no mar de sua pele... Suave e perfumada... Como uma flor que liberava sua fragrância institivamente, para depois finalizar depositando um beijo cálido em seu pescoço.

Um toque ainda mais ousado que o primeiro. E dessa vez numa região mais sensível e íntima. Naturalmente as sensações de espanto se expandiram e ela sentiu um impetuoso frio na barriga. O coração passou a bater descompassado. A respiração insistiu em se tornar ainda mais ofegante. E por dentro ela se sentiu estremecida. Um abalo sísmico certeiro e perigoso... Extremamente perigoso...

Porém ele continuou ali. Com os lábios paralisados no pescoço feminino por um tempo...

Tempo considerável para averiguar algo que mostraria se a ruiva estava mesmo caindo de amores por ele.

– Está se aproveitando da minha provocação...? – Ela replicava intransigente enquanto ainda sentia os lábios encostados em seu pescoço.

– Não... Porém já constatei o que você sente... O que comprova que... Você... Está perdidamente apaixonada por mim...

– Não seja ridículo... Isso é impossível... – Redarguiu orgulhosa, porém rapidamente ele se recompôs e voltou a encará-la cinicamente para enfim revelar...


– Eu consegui sentir... Seus batimentos cardíacos quando encostei meus lábios numa artéria do seu pescoço que é ligada ao coração.


Por um momento Nami sentiu o chão sendo tirado de seus pés, dando lugar ao espanto. Susto. Sobressalto. Aquele maldito prodígio da medicina a examinou de forma tão extraordinária a ponto de ter um diagnóstico de seus sentimentos...? E de fato aquilo era uma revelação inesperada e certeira, pois ela realmente estava com o coração acelerado e...

Ainda mais acelerado depois de ouvir aquilo.

Mas... Ela não poderia estar apaixonada... Poderia...? Como isso era possível...? Como ele conseguiu descobrir algo que nem mesmo ela estava preparada para saber...? E se aquilo não passasse de atração...? É isso! Atração! Química!

– Ahahahahaha, não seja idiota! Não pode só comprovar com isso... Eu estou nervosa, afinal, essa é a primeira vez que nos falamos pessoalmente... Acho que isso é perfeitamente normal...!

– Quer uma prova maior...? – Redarguiu audacioso.

– Quero... – Ela contestou imperiosa.


– Me beije...


Por um breve instante o olhar de Nami acendeu em surpresa.

– Me desculpe, mas isso é fácil demais, porém é como se estivesse lhe dando a vitória da aposta, então... Está fora de cogitação... – Finalizou convencida.

– Ótimo argumento para escapar... GL...

– Aah, por favor... Em vez de ficarmos aqui fazendo ritual de acasalamento, por que não descemos um pouco e dançamos...? Eu adoro dançar!

Por um momento ele vislumbrou um brilho distinto nos olhos castanhos. Com toda a certeza ela não estava mentindo quando disse que dançar era uma das coisas que mais gostava...

Por que ele simplesmente... Estava amando vê-la esbanjando seu jeito tão adorável e espontâneo em sua frente... E de tudo o que ele considerava de mais precioso, aquilo havia conseguido se sobressair.

– Certo... Seu pedido é uma ordem... Princesa... – Então Law mais uma vez pegou a delicada mão e passou a conduzi-la pelo caminho.

Nami se sentiu surpreendida novamente... Ela queria entender por que ele era tão diferente de todos os outros que havia conhecido... Seu jeito prepotente e extremamente sedutor já devia ter lhe abatido há mais tempo, porém... Ela havia criado uma barreira perfeita caso isso acontecesse e...

Se estivesse apaixonada, ela não cederia... Ou tentaria negar até o último momento se não conseguisse...

Mas só se não conseguisse...


Chegando ao salão, eles se juntaram à multidão de alunos que também dançavam. As músicas eram um tanto agitadas, mas mesmo fazendo algo ao qual o moreno não estava acostumado, não importava... Contanto que estivesse com ela...

As músicas agitadas estavam agora dando lugar a outras num ritmo menos acelerado. Mas uma repentinamente chamou a atenção da dupla.

– Creep... – Nami avaliava a música muito familiar.

– Eles colocaram Radiohead no repertório...? Interessante... – Ele sorriu satisfeito.

– Hmmm, então você gosta de bandas da década de noventa...?

– Você não...?

– Sim, e por um momento cheguei a pensar que você fosse um headbanger membro daquelas rodas de bate cabeça em shows de Thrash.

– Aposto que você é a maior headbanger aqui... Deixe de ser dissimulada...

– Ainda não cheguei nesse nível... – Ela sorriu cínica.

– Imagino o que vai acontecer quando chegar... – Ele também sorriu cínico.

– Se você ver nos noticiários que ocorreu terremotos na zona leste da cidade foi por que aprendi a banguear...

– Me avise quando isso acontecer. Quero sair do estado antes, pra não correr o risco de ser atingido por pedaços de casas e árvores quando estiver dirigindo...

– Seu idiota... – Ela se aproximou e levou e levou as mãos nos ombros dele.

O moreno estranhou aquela repentina aproximação, mas cedeu. Não importa como fosse... Ele simplesmente adorava quando ela o tocava.

A música tinha um compasso acelerado em meio termo, mas muitos casais no salão estavam praticamente colados dançando ao som da melodia.

Nami se sentiu um pouco desconsertada por não saber mais o que falar, ainda que seu misterioso Romeu estivesse de máscara e ela também, mantendo todo o mistério. Era como se tivesse gastado todo o estoque de assuntos nas cartas, e agora que estavam frente a frente, as palavras haviam fugido.

Law obviamente percebeu e tentou quebrar o silêncio de uma forma bem peculiar...

“Eu quero que você perceba... Quando eu não estiver por perto... Que você é tão especial...” – Ele havia se aproximado e sussurrado as palavras de uma das estrofes da música no ouvido dela. Nami arqueou uma sobrancelha em resposta.

– Péssima cantada. Essa letra é horrível.

– Eu gosto da letra.

– Você podia apenas calar essa boca e ficar quieto. Isso bastaria para a minha noite se tornar perfeita... – Ela sorriu vitoriosa.

– Por quê...? Está insinuando que gosta apenas de me olhar...?

– É... E agora eu acredito que você realmente tem um fã clube...

– O que quer dizer com isso...? – Instigou cínico.

– Eu admito... Você é bonitão... – Após confessar, ela sorriu de canto.

– Isso é algo que estou acostumado a ouvir, mas vindo de você... É diferente...

– É mesmo...? Mas agora me diga como foi a frustração de perceber que eu não sou uma gorda feia, frustrada e mal amada...?

Law sorriu cinicamente após ouvir tal questão.

– Houve um dia em que eu soube... Que você não era assim...

– Como assim...? – Ela arqueou uma sobrancelha.

– Eu já te vi...

– O quê!? Você quebrou o código de sigilo absoluto!?

– Não... Eu nunca tentei descobrir quem você era... Você apenas deu indícios numa das cartas e acabei te vendo de longe... Vestida com a roupa da morte da peça de teatro, mas não pude averiguar sua fisionomia...

– Então... Você ainda não sabe quem eu sou...?

– Não...

– E por que não tentou descobrir...? Por que todo esse tempo você não procurou saber...?

– Por que eu te prometi que não faria...

Pela milionésima vez naquela festa, Nami havia sido surpreendida por ele. Ela se questionou quando ele perderia a capacidade de lhe impressionar... Ainda que fosse nas pequenas coisas... Céus... Como ele conseguia ser...

Tão perfeito...?

– Você é um idiota! Não precisava cumprir a promessa! Cheguei a achar que você era mais inteligente, mas vi que me enganei... – Ela contrapôs de forma enfadonha.

– Por que está dizendo isso...? Por acaso você me espionou...?

– O quê!? Mas é claro que não!!! – Ela desviou o rosto para o lado, fechando os olhos num gesto pirracento.

– Por quê...? – Mais uma vez Law se preparava para sorrir de canto.

– Por que eu estava muito ocupada! E não estava interessada em saber quem você era...

– Sei... Essa é a melhor desculpa que conseguiu arrumar...?

– Por que acha que estou mentindo...?

– Por que eu acho que você também não quebraria nossa regra absoluta de correspondência e também... Por que no fundo você amava escrever pra mim e manter esse mistério, não é...? Confesse... – Law insinuava de modo descarado.

– Você é um maldito convencido... Odeio tipinhos como você... – Ela contrapôs irritada, ainda com os olhos fechados, evitando encará-lo.

– Na realidade você adora tipinhos como eu, não é...? Só não consegue admitir por que está com vergonha...

– Olha só quem fala... Você quer provar que estou apaixonada, mas desde que chegou aqui, a única coisa que você faz é flertar comigo...

– Isso é verdade. Estou tentando desde que cheguei, mas a sua fortaleza é impenetrável e se não conseguir quebra-la, vou te abandonar nessa pista e procurar por uma garota que me dê atenção de verdade...

– Mentiroso... – A ruiva provocou de modo insinuante. Aquela relação de rivalidade com ele era excitante.

– Você quer uma prova...?

– Sim...

– Certo... Está vendo aquela garota ali...? – Ele apontou para uma garota alta de pele alva e cabelos negros compridos que segurava uma taça de vinho em frente ao balcão de bebidas.

– Boa Hancock...? Ahahahaha, você escolheu a garota mais linda e desejada da escola! Acha mesmo que ela vai dar atenção para um idiota como você!? Ela é muita areia pro seu caminhãozinho... – A ruiva finalizou rindo debochadamente.

– Se quer saber, ela já me chamou para sair e eu disse que iria pensar...

– Isso é realmente verdade...? Por que se for preciso dizer... Vocês formariam um lindo casal... – Sorriu descarada.

– É mesmo...? Pois saiba que vou te largar daqui a um minuto, então é bom que arrume outro parceiro nesse tempo. – Ele retorquiu impaciente e irritado pela resposta que a mesma lhe dera.

– Tá bem... Vamos ver... Hmmm... Que tal aquele ali...? – Nami apontou para um garoto alto de cabelos espetados no tom ruivo. Ele estava dançando com uma garota de cabelos loiros.

– Eustass Kid...? Você é bem corajosa... Ele tem a fama de ser o maior pegador, mas que já espancou todas as garotas com quem teve um relacionamento mais íntimo...

– Uau... Não sabia que você era adepto a fofocas... Estou descobrindo exclusividades nessa noite...

– Vinte segundos... – Ele redarguiu provocante.

– Qual é!? Você não pode me largar! É o meu par nessa festa!

– Contagem regressiva... – Law a ignorou e começou a fazer contagem mental do tempo restante.

A música havia mudado novamente, dando lugar à outra mais pesada, porém mais cadenciada que a anterior.

The Unforgiven – Metallica.

Nami de fato não estava disposta a deixa-lo ir. Mesmo que a noite tenha virado um duelo de sarcasmo entre ambos, não abriria mão da companhia dele, por motivos que nem mesmo ela entendia...

Então a primeira coisa que a ruiva institivamente fez, foi erguer a mão direita e tocar o rosto dele no ímpeto de chamar sua atenção para enfim dizer...

– Não vá... – O olhar dela resplandeceu em inocência e por um instante ele se sentiu deslumbrado, mas... Tudo o que a ruiva teve em resposta foi a expressão séria e inflexível do moreno.

– Por que está me olhando assim... Até parece que quer me matar... – Indagou irônica.

– Eu quero matar sim... Toda essa história de cartas, bilhetes e esse mistério...

O semblante da ruiva se desfez em seriedade. O que ele queria dizer com aquilo...?

– Cansado...? Eu pensei que você curtisse a brincadeira...

– Eu curti... E bastante por sinal... Mas não estava preparado para os efeitos colaterais que isso me traria...

– Efeitos colaterais...? Que efeitos...? – Contestava incerta.

– Efeitos que tenho que sentir ao me controlar... Ainda mais agora que estou tão perto de você... – A voz dele estava mais baixa e os olhos mostravam uma suposta cólera.

Céus... Ela não estava ouvindo aquilo... O que ele diria em seguida...? Nami não estava disposta a continuar ouvindo por que temia escutar o que mais queria, embora não admitisse...

– Por que está se controlando...? – Indagou hesitante.

– Por que tenho que reprimir o que sinto... – Ele havia fechado os olhos.

– E... O que você sente...? Eu quero saber... Me diga... – Relutantemente ela se aproximou ainda mais para ouvi-lo. As luzes mais fortes do salão haviam se apagado, deixando a iluminação escassa justamente para tornar o ambiente propício à música lenta.

– Não sei se dizer... É o suficiente...

– Então... Me mostre... – Ela se achegou ainda mais a ele, sem tirar a mão de seu rosto.

– Você tem certeza disso...? – O moreno segurou a mão dela em sua face.

– Por que não teria...?

– Certo... Foi você quem pediu...– Num estímulo ele agarrou os pulsos dela, a puxando para si. E antes que Nami pudesse dizer qualquer coisa...

Foi silenciada de forma inesperada.

Os lábios dele se encaixaram perfeitamente sobre os dela... Num beijo ardente.

Nami ficou extática. Completamente sem reação e entorpecida pelo toque mais ousado que lhe dera naquela noite. Algo que não estava psicologicamente preparada, pois sabia que os efeitos sentidos seriam impossíveis de se conter.

A garota tentou desesperadamente sussurrar algo que pudesse pará-lo, mas para a sua surpresa...

Ele a beijou com mais intensidade.

A música continuava tocando e a iluminação deixava tudo ainda mais perfeito naquele momento.

Nami tentou afastá-lo... Apenas para não ter que ceder ao seu desejo mais secreto... De se entregar totalmente ao que lhe foi oferecido.

Porém, por mais orgulhosa que fosse, não conseguiria resistir por mais tempo... Estava aos poucos destrancando seus instintos emocionais e pensando em desistir completamente... Ansiando se lançar nos braços dele com toda a força que tinha dentro de si, mas que havia contido por instinto de proteção...

Finalmente a ruiva cedeu e naturalmente seus braços percorreram o pescoço dele, apenas para que o beijo fosse ainda mais aprofundado.

Tudo o que ele mais desejava estava finalmente acontecendo... Tocá-la... Senti-la... E prová-la... Era como se estivesse maximizando seus sentidos de tato e paladar apenas para apreciar o toque inebriante de porcelana e o sabor cítrico e tão singular de sua linda e preciosa Julieta...

Nami também havia desenfreado seus instintos e aos poucos as mãos femininas alargaram e tocaram os cabelos negros, desgrenhando-os ainda mais numa carícia única e instigante. Ela sentia que dentro de si, os anseios que havia dominado haviam se soltado, deixando-lhe livre para viver aquele perigo tão deleitoso. O perigo que era se apaixonar um dia...

O perigo de se apaixonar por ele...

Mas não havia como voltar atrás... Tudo o que ele dissera anteriormente era verdade. Ela não queria admitir, e passou a improvisar várias desculpas apenas para não revelar o quanto ele havia se tornado importante e presente em sua vida... Por um reles motivo tão trivial como aquelas cartas, mas ao mesmo tempo tão importante...

Agora era Nami quem tomava o controle, passando a conduzir o beijo de forma delicada, guiando-o do seu jeito. De modo suave, puro e doce... O seu sádico e irritante CM... O seu charmoso Romeu...

Law não esperava por aquela reação repentina e por um momento seus lábios se moveram para formar palavras... Palavras surpreendentes e inesperadas...


– Levou todo esse tempo pra dizer isso, mas... Eu estou loucamente apaixonado por você...


O olhar da ruiva alargou mais do que de costume e o beijo foi interrompido. Efemeramente uma lágrima pôde ser vista nos olhos castanhos.

Ele se afastou um pouco assustado, receando que tivesse dito algo que talvez ela não gostasse.

– Você está bem...? – Perguntou temeroso.

– Estou... Eu só... – Ela se silenciou, apenas parar dar tempo da lágrima escorrer de seu olho.

– Não chore... Assim parece que te magoei... – Ele se aproximou e afagou os cabelos num gesto de carinho.

– Você... Não existe... – E outra lágrima brotou nos olhos dela, porém, esta foi contida com o toque singelo do polegar dele por fora da máscara.

Ela sorriu docemente em resposta, um pouco desconsertada, um tanto envergonhada... E...

Completamente feliz...

Aquela declaração além de ter sido imprevista, foi perfeita... Ela tinha vergonha de dizer algo que pudesse estragar tudo.

Um barulho de relógio pôde ser ouvido do outro lado da escola e Nami atentou para a hora.

– Meu Deus, eu preciso ir!!!

– O quê...? Que brincadeira é essa...? Por acaso você é agora é a Cinderela, que tem que sair correndo à meia noite...?

– Hmmm... Quase isso... – Ela sorriu cínica em resposta. Não podia dar explicações. Ela apenas tinha que ir...

– Você não está falando sério, está...?

– Eu adorei passar a noite com você... Mas eu tenho que ir... – Ela ficou na ponta dos pés e ergueu o rosto, dando um breve selinho nos lábios do moreno.

Os olhos dele se estenderam mediante ao contato instantâneo.

Então a ruiva correu rumo à porta do salão sem dar explicações, porém, foi impedida por uma mão que segurou seu braço.

– Aonde pensa que vai...?

– Pra casa...? – Fez uma careta inconfundível.

– Eu disse algo importante pra você, então no mínimo deveria me dar uma resposta... – Ele estava irritado... Completamente irritado. Era possível ver uma suposta carranca por trás da máscara, pois que tipo de garota sai correndo após receber uma declaração como aquela...?

Nami ficou em silêncio por breves segundos. Porém, de forma divertida e inesperada ela respondeu...

– Este amor em botão, depois de amadurecer com o hálito do verão, pode se mostrar uma bela flor quando nos encontrarmos novamente... – E um confino sorriso pôde ser contemplado por ele. Palavras que foram expostas numa situação tão propícia e de forma extraordinária... Como sua Julieta era surpreendente...

– E quando será isso...?

Mediante a tal pergunta, ela se aproximou e sussurrou palavras em seu ouvido.

– Segunda-feira, no parque atrás da escola às cinco...

Então ela se desvencilhou dele, porém, mas uma vez o moreno a impediu de sair dali.

– Eu não sei quem você é... E você não sabe quem eu sou... Não vai nem me dizer o seu nome...?

Nami ficou um tempo em silêncio, fazendo uma cara esquisita, para logo depois...

– Por que não nos revelamos um para o outro nesse dia...? Vai ser ótimo manter o mistério até o fim... Então apenas apareça no parque no horário combinado e então você saberá quem eu sou...

Ele sorriu derrotado, mas a ruiva tinha razão... No final ele sabia... Que somente ela tinha o extremo dom de cativá-lo e irritá-lo de todas as formas possíveis.

– Certo... Então nos vemos daqui a dois dias, GL...

– Não vou te perdoar se me deixar esperando, CM...


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Notas finais do capítulo

Nossa... Tanto trabalho pra chegar no final do segundo capítulo e os dois ainda não saberem quem são... Mas acreditem, esse terceiro capítulo vai render muito mais desentendimento do que os primeiros, pelo simples fato de os dois não saberem quem são... No que isso vai dar? Só acompanhando o terceiro e último capítulo pra saber :B
Gostaram da introdução das falas de Romeu e Julieta...? Tentei fazer algo meio cômico, só não sei se deu certo :D
E sobre as músicas, tava sem tempo de escolher umas românticas... Creep do Radiohead até vai, mas The Unforgiven é clássica do Metallica e só não conhece quem é poser (embora não seja romântica). Desculpem, mas parem de ouvir Kate Perry e Taylor Swift e encham seus tímpanos de música boa *idiota preconceituosa musical. Podem atirar pedras agora 8D

Não esqueçam os reviews, ok?
Até o próximo ^/