Na Linha Da Vida escrita por Humphrey


Capítulo 10
Caro problema


Notas iniciais do capítulo

Gente liiiiinda o/ Bom, não citei no capítulo o que a Anne realmente tem, mas há pistas agora. Está bem fácil, vai... u-u Quero saber a opinião de vocês, seus lindos :-3 Esse cap. não ficou muito surpreendedor, na minha opinião, mas espero que gostem :-D Konichiwa :-*Kisses 4 u



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Anne já estava na enfermaria, recostada na cabeceira da cama. A enfermeira havia lhe dado um remédio e medido a sua temperatura. Eu estava de pé e com os braços cruzados, apenas observando-a enquanto tentava se recuperar.

– Você tem de ir ao médico. Vou avisar ao seu pai – alertou a enfermeira baixinha, se distanciando da cama.

– Sim – respondeu Anne, com a voz falhada.

– Já aconteceu algo assim com você? – indagou.

– Não. – Ela tossiu em seco. – Pelo menos, não deste modo.

A enfermeira consentiu incertamente, e pediu licença para ir até à diretoria informar ao diretor sobre o caso, nos deixando sozinhos.

Anne, aproveitando a situação, sentou-se, se preparando para descer da cama, quando a interrompi.

– Você não pode ir! Está maluca? – perguntei, intrometendo-me em sua frente.

– Eu já posso andar.

– Você é muito teimosa, maquininha. Não vou deixar que dê um passo sequer.

Ela revirou os olhos e voltou ao lugar, se rendendo ao cansaço.

– Você não vai sair? – Anne me perguntou, franzindo o cenho.

– Eu não vou te deixar sozinha.

– Por que está se preocupando comigo?

– Isto daqui virou um interrogatório, por acaso? Eu apenas não quero sair.

– Está fazendo isso para matar aula, não é? Se este for o caso, é em vão.

– Eu não te usaria para fazer uma coisa dessas, embora eu esteja feliz por não estar ouvindo a voz insuportável do professor de educação física.

Ela riu. E tossiu novamente.

– Mesmo assim, você ainda está se preocupando comigo. Eu não entendo. Até uma semana atrás você me odiava. Nós nos odiávamos – afirmou.

– Eu não sou o melhor colega de classe do mundo. Aliás, eu nem devo estar nesta lista. No entanto, isso pode ser espantoso, mas eu me preocupo com algumas poucas pessoas.

– Uau. Cá entre nós, eu ainda tinha esperanças de que existia um pedaço de bom coração em você.

– Escutou bem? Eu disse poucas pessoas, e, quando digo poucas, é porque são poucas mesmo.

– Tanto faz. Até algum tempo atrás eu achava que você nem sabia chorar. Aliás, você sabe chorar?

Eu ri, e deixei de responder. O sinal havia tocado, e finalmente o diretor veio até à sala, assustado em demasia. Ele a levou para casa rapidamente. Eu não entendia o porquê de tanto desespero, afinal ela apenas havia passado mal. Mesmo assim, o conceito de que ela tivesse anorexia me atormentava. Sendo assim, ela deveria ser tratada o mais rápido possível.

~~~~ ♣ ~~~~

Meu tio me levara ao hospital após eu ter me trocado. O médico me posicionou na cama e me examinou, até que sua expressão me deixara assustada. Meus tios, no entanto, estavam perplexos desde que eu havia chegado ao hospital.

O médico os chamou até o outro lado da sala e começaram a conversar. O assunto parecia sério, então, disfarçadamente, me aproximei deles sem que me vissem.

E foi a pior coisa que eu poderia ter feito.

Não consegui captar as demais palavras que eles disseram, pois uma das frases fez com que eu colocasse as mãos no rosto e chorasse sem ter como parar. Eles ouviram os meus soluços e ficaram abismados ao ver que eu estava ciente do que se passava.

Saí rapidamente do quarto, abrindo a porta de uma maneira com que a mesma batesse fortemente na parede. Sentei em uma das cadeiras na sala de espera e chorei. Tia Joana e tio Philip vieram atrás de mim, preocupados com o que eu havia escutado.

– Anne, sentimos muito – disse minha tia, acelerando os passos para chegar até mim.

– Eu não acredito que mentiram de novo – as palavras se perderam em cada soluço meu. Enxuguei as lágrimas.

Dito isso, eles me levaram à força para casa e, quando cheguei, corri imediatamente para o meu quarto, ainda chorando. Eles haviam mentido para mim e, dessa vez, parecia muito mais grave.

Me sentei à beira da janela aberta, segurando os joelhos, o choro já pausado. As cortinas e os meus cabelos volitavam em sincronia com o vento, e uma brisa refrescante passou por mim. Fiquei cogitando por algumas horas, sem ter o que fazer.

O sol já estava se pondo e, da janela, eu só podia ver o quanto o mundo escondia tantas coisas, como injustiça e protêrvia, e tentava cobrir coisas ruins com sua beleza, assim como as pessoas.

A empregada me tirou dos meus devaneios, entrando em meu quarto e trazendo uma bandeja com uma tigela de sopa e uma colher.

– Seu pai me pediu para trazer isto, como recomendação do médico – ela me alertou, com a bandeja nas mãos.

– Deixe aí – respondi, olhando-a pelos ombros, ainda segurando os joelhos.

– Tudo bem. – Posicionou a bandeja sobre minha cômoda. – Bom, eu já vou. Com licença.

Ela fechou a porta, e eu finalmente me ergui e decidi que tentaria esquecer que aquilo tinha acontecido. Liguei o computador e sorri ao ver que Martin estava online.

Começamos a conversar. Contei sobre exatamente tudo a ele, e o mesmo me consolava, fazendo-me sorrir e olvidar o acontecido. Martin tinha um jeito especial de me fazer rir somente com uma palavra, e isso era uma das coisas mais admiráveis nele, além da paciência e cuidado. Às vezes, eu pensava que, se nos encontrássemos, não seria tão ruim assim. Mas talvez o encanto que sentíamos um pelo outro pudesse acabar. Contudo, eu ainda estava triste. Triste por saber que meus tios tiveram a capacidade de mentir novamente para mim. Triste por saber que, tudo o que eu tinha naquele momento, poderia desaparecer imediatamente. Mas eu não podia desistir pelo fato de ter escutado meras palavras.

Não podia desistir pelo fato de ter uma maldita doença.


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Notas finais do capítulo

E aí? Vocês já têm algumas outras ideias a respeito da Anne? :-D Se sim, podem contar nos reviews, eu deixo u-u Haha.Beijoooos :-*