Carlos Daniel e Paulina perceberam a expressão surpresa de Paola, mas ela logo se recompôs. Agora não tinha mais porquê seguir fingindo.

- Acabou se saindo um belo detetive, maridinho! - disse voltando a sorrir, deixando o casal mais espantado

Paola levantou-se e seguiu:

- Achou que seria fácil se livrar de mim? -tentou acariciar o rosto de Carlos Daniel, mas ele se afastou- Ainda tenho meus direitos de esposa, não se esqueça disso!

- O que quer pra me deixar, Paola? - perguntou Carlos Daniel com raiva

- Acho que agora estamos começando a nos entender... - disse e gargalhou

Paulina continuava calada. Por um lado queria repreender Carlos Daniel, mas por outro, não podia deixar de compreendê-lo. Afinal, nem sendo desmascarada Paola perdia a pose e ainda tentava tirar proveito da situação.

- Diga logo Paola! - ordenou Carlos Daniel, cansado das ironias da até então esposa

- Quero 4 milhões de dólares, queridinho. Aí sim você e sua amante ficarão livre de mim para sempre...

- O QUÊ? PERDEU O JUÍZO? NEM SONHANDO VOCÊ VAI CONSEGUIR ESSE DINHEIRO, NÃO DE MIM! - exclamou ele, aos gritos

- Calma "amorzinho"... pense bem! Será sua chance para me tirar da sua vida! - explicou sorrindo

- Vou ver o que faço, não se dê por vencida tão fácil assim. - respondeu sério. Em seu olhar havia muita raiva, mas cada vez que ele olhava para Paulina e a via calada, tentava controlar-se porque assim havia prometido.

- Carlos Daniel, deixe-nos a sós. - pediu Paulina, finalmente resolvendo se pronunciar na conversa

- Tem certeza que quer fazer isso? - perguntou olhando nos olhos da amada, já imaginando o que ela pretendia

- Tenho, por favor nos dê licença. - respondeu convicta

Carlos Daniel então se retirou, deixando Paola intrigada sobre o assunto.
...

- Você sempre faz o estilo mosca morta? Bem que dizem que as caladas são as piores... - falou Paola

- O quê? - perguntou Paulina, sem entender

- Todas as vezes em que nos vimos você ficou muda na maior parte do tempo. Acha que engana alguém com esse seu jeitinho? - disse em tom de deboche

- O motivo do qual precisamos falar é muito sério. - disse ela, ignorando as provocações de Paola

- Sobre o que quer falar?

- Sobre nós... nunca parou pra pensar na nossa semelhança? Durante algum tempo esse fato me deixou pensativa, até que me lembrei de uma carta que minha mãe havia me deixado antes de morrer.

- E? - perguntou dando pouca importância

- Veja você mesma. - disse pegando a carta da bolsa e entregando à Paola

Paola leu a carta atentamente, enquanto Paulina esperava ansiosamente por uma reação positiva. Essa era sua única esperança de fazer com que ela talvez repensasse seus atos.

- Então somos irmãs... - disse Paola, demonstrando indiferença

- Isso não te deixa contente?

- Contente? Tenho mais é que agradecer a minha avó, pelo menos isso aquela velha fez de bom. Me livrou de ser uma morta de fome. Sempre fui muito feliz sendo filha única e tendo todos os meus caprichos realizados. Nunca precisei de ninguém mais. De você, só sinto pena por não ter tido a mesma sorte, "irmãzinha". - respondeu séria

Para Paulina, ouvir aquelas palavras de Paola foi algo tão doloroso quanto se ela tivesse levado uma surra. Como era possível que sua irmã fosse tão sem coração? Realmente as poucas esperanças que tinha agora haviam ido por água baixo.

- Sabe Paola, achei que talvez as coisas pudessem ser diferentes entre nós. Mas vejo que infelizmente me enganei. Só o que posso dizer é que sou eu quem sente pena de você, por ser uma pessoa assim, tão detestável. Queria que tivéssemos a oportunidade de nos conhecermos melhor para quem sabe nor darmos bem, mas acabo de perceber que isso não será possível. E quanto ao Carlos Daniel, não vou deixá-lo nunca. Não teria porque renunciar a ele simplesmente por um desejo seu. Sinto muito. - disse Paulina com lágrimas nos olhos, se retirando logo em seguida e deixando Paola sozinha
======================================================

Paulina foi correndo para sala, lá encontrou Carlos Daniel e chorou abraçada a ele durante alguns minutos.

Carlos Daniel afastou-se o suficiente para olhar nos olhos da amada, e secando as lágrimas dela com o indicador, perguntou:

- O que ela te fez meu amor?

- Depois da morte da minha mãe, a notícia de que Paola é minha irmã me deixou com expectativa de que novamente teria alguém do meu sangue ao meu lado. Mas ela agiu com total indiferença após saber da verdade e ainda disse que não precisa de ninguém na vida dela. - respondeu Paulina, triste

- Não chore por quem não merece. Eu sei que não é o mesmo, mas você conta com o apoio da minha família para o que precisar, todos eles tem muito carinho por você Paulina. E eu não preciso nem dizer o quanto te amo, você sabe disso.

Paulina assentiu com a cabeça e logo em seguida voltou a abraçá-lo. Estar amparada pelos braços dele era seu melhor consolo nesse momento.
=============================================================

Paola continuava no escritório. Estava sentada, pensativa... por mais que parecesse que a notícia não lhe havia afetado em nada, não era bem assim. Em sua mente vinham algumas recordações da infância.

Lembrava-se do quanto sua avó era rígida com ela, da falta que a presença de uma mãe lhe fez. Por muitas vezes tudo o que ela desejava era um abraço carinhoso, um conselho materno... mas nunca teve nada disso.

Em meio a essas lembranças, deixou uma lágrima cair lentamente por seus olhos.

- Agora te odeio mais ainda, Paulina Martins. Você teve todo o carinho que devia ser só meu se você não tivesse nascido. Me roubou uma mãe, mas não vai roubar meu marido. Não vai mesmo. - disse para si mesma enquanto secava a lágrima. Paola estava dominada pelo rancor.

- Hora de colocar meu plano em ação. Vai ser a cartada final, seu fim para sempre. Vou destruir você e todos os Bracho. - dizia ela, com raiva no olhar

Paola pegou o celular e discou um número. Rapidamente a pessoa do outro lado da linha atendeu.

- Conseguiu o apartamento que eu pedi? ... Muito bem! Sabe que haverá uma recompensa por seus serviços, só precisa me ajudar para que tudo saia simplesmente perfeito! Paulina e todos vão me pagar muito caro, anote o que estou dizendo! - afirmou para a pessoa com quem falava.