Sem ao menos dar chance para que Paulina respondesse algo, Osvaldo a beijou. Nesse momento, Carlos Daniel estava justamente ali perto e pôde vê-los.

Paulina rapidamente se afastou, mas antes que pudesse deixar as coisas bem claras com Osvaldo, uma voz mais que conhecida fez seu sangue gelar.

- Esperava mais de você Paulina, mas parabéns pelo seu novo "relacionamento". - disse Carlos Daniel sério, porém calmo

Paulina virou-se imediatamente de frente para ele, e tentou explicar:

- Não é nada disso. Por favor, me deixa te dizer como foram as coisas! - pediu apreensiva

- O que eu vi foi mais que suficiente. - disse, dando as costas à ela

Carlos Daniel não queria deixar sua raiva e tristeza transparecerem, por isso estava fazendo um esforço enorme para não explodir. Para ele o melhor naquele momento seria ir embora, pensou que não tinha nada mais o que fazer ali.

- Paulina, me desculpe. Acho que fiz uma besteira, não foi minha intenção. - afirmou Osvaldo,  fingindo preocupação por Carlos Daniel tê-los visto

- Está bem, mas que não se repita. Não quero te magoar, mas uma vez já te disse isso e agora volto a dizer: Não posso te corresponder, meu coração já tem dono. - disse Paulina, sem dar muita atenção a Osvaldo.
 

Ela observava como Carlos Daniel ia embora a passos rápidos, até que o perdeu de vista. Automaticamente seus olhos ficaram marejados, não podia deixar que seu amor fosse embora com tanta raiva nos olhos, pensando o pior dela.

- Tchau Osvaldo. - disse seca, em seguida indo em busca de Carlos Daniel.

Paulina andou por algum tempo naquela praça, tentando encontrá-lo. Até que o viu sentado embaixo de uma árvore.

- Precisamos conversar. - falou ela tocando levemente o ombro de Carlos Daniel, que estava distraído, e em seguida sentando-se ao lado dele  

- Não quero ouvir nenhuma explicação. - afirmou, sem olhá-la

- Não seja infantil, nem tudo é o que parece.

- COMO NÃO PAULINA? VOCÊ ME MANDA UMA MENSAGEM DIZENDO QUE QUER ME VER, EU VENHO AQUI E O QUE VEJO? VOCÊ SE AGARRANDO COM OUTRO! SE NÃO ME AMA, PODIA TER ME DITO DIRETAMENTE. SINCERAMENTE, ESPERAVA MAIS DE VOCÊ. E AINDA SE NÃO BASTASSE... - cuspiu as palavras, mas parou ao perceber que estava falando mais do que devia

- COMO SE NÃO BASTASSE, O QUÊ? AGORA FALA! - Paulina também não consegiu manter a calma, as palavras de Carlos Daniel a estavam machucando

- PAOLA VOLTOU E ESTÁ GRÁVIDA, SE É QUE TE INTERESSA SABER.

- ENTÃO É ISSO? QUER FICAR COM PAOLA E ESTÁ USANDO A DESCULPA QUE DE QUE SE INCOMODOU AO ME VER COM OUTRO, SENDO QUE FOI ELE QUEM ME BEIJOU, EU JAMAIS DEI ALGUMA ESPERANÇA PARA O OSVALDO. AGORA ENTENDO, VAI LÁ COM ELA ENTÃO E ME ESQUECE DE VEZ! - gritou Paulina, sem ao menos pensar no que estava dizendo

Paulina levantou-se e foi embora chorando. Como Carlos Daniel podia pensar que ela estaria com outro? E como Paola podia estar grávida dele, se estava a tempos longe de casa? As peças não se encaixavam em em sua mente.

Carlos Daniel sempre foi muito possessivo com as pessoas que ama, esse era seu pior defeito.  E dessa vez não foi diferente, seu ciúme o fez ver mais do que realmente havia acontecido.

Após algum tempo ali parado, ele resolveu ir para casa. 

================= Casa Bracho ===================

- Meu neto, onde estava? - perguntou Vovó Piedade, ao vê-lo entrar cabisbaixo

- É uma longa história, aconteceram muitas coisas em tão pouco tempo...

- Vamos, me conte. Quem sabe essa velha aqui não pode te dar alguns conselhos? -disse sorrindo- Você parece triste...

- E estou. Já foi falar com Paola?

- É por causa dela então? Ainda não a vi, mas Lalinha me disse que chegou e foi direto para o quarto.

- Entre outras coisas, é sim.

-Vamos para o jardim, lá poderemos conversar melhor. - disse Vovó, o puxando pelo braço

Sentaram-se em um banco na sombra e ali Carlos Daniel abriu seu coração. Piedade era a única da família que sabia de todos os seus segredos, era sua mais fiel confidente desde a morte de seus pais.
 

Ele relatou sobre a carta da mãe de Paulina e o que ela havia dito sobre a proposta de usurpação, sobre a suposta gravidez de Paola e até mesmo sobre o que havia acontecido na praça. Vovó ouvia tudo atentamente, muito surpresa. Esperou que o neto terminasse de contar, e então deu sua opinião.

-  Pense bem no que vai fazer, sabe que esse seu ciúme nunca foi bom conselheiro. Paulina me pareceu ser uma moça muito boa, pude perceber nos olhos dela que está apaixonada por você. Não acha que a julgou sem dar chance para explicações? Mais do que nunca ela precisa do seu apoio, não deve ser fácil descobrir de um dia para outro que se tem uma irmã, e mais quando essa irmã se trata de alguém que sabemos muito bem como é. E não duvido nada que esse filho que Paola espera seja de outro, ou não passe de armação.

As palavras de Vovó Piedade caíram como uma pedra sobre a consciência de Carlos Daniel, que agora estava se sentindo um tolo por ter tratado mal a Paulina.

- Tem razão, é possível que eu tenha me enganado, mas fiquei cego de raiva no momento. Obrigado por me ouvir, por me aconselhar... por tudo Vovó  - disse ele a abraçando e logo saindo em direção ao seu quarto

Carlos Daniel subiu as escadas muito rápido, tudo o que desejava era tomar um bom banho e refletir,  Paulina teria que lhe dar uma oportunidade para que conversassem.

Andando pelo corredor, ao passar em frente ao quarto de Paola, pôde ouvir a voz dela conversando com alguém, provavelmente ao telefone. Precisava descobrir de que se tratava, afinal talvez fosse algo relacionado a ele. Então parou na frente da porta do quarto dela e começou a prestar atenção na conversa.

- Osvaldo, queridinho... seu plano funcionou? Aqui tudo as mil maravilhas, Carlos Daniel aos poucos está caindo direitinho! - dizia ela, soltando sua característica risada maléfica.