Esses Seus Olhos De Tempestade escrita por jessyweasley


Capítulo 40
Capítulo 39.




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Era difícil dormir em tal situação. Há muito tempo eu e Annabeth não dormíamos brigados de tal forma. O sofá se tornara incrivelmente pequeno, mesmo sobrando espaço dos lados e meus pés não tocando o outro lado, o teto era como um cinema relembrando as cenas do escritório e a cara de decepção de Annabeth a me ver chegando.

Virei-me para o lado e tentei ignorar meus pensamentos. Fiquei assim por poucos minutos até que venci meu orgulho e decidir encarar a situação de frente. Levantei-me e subi as escadas, decidido a conversar com Annabeth e fazer o possível para tê-la de volta, mesmo que isso custasse à demissão de toda e qualquer secretária que ela desaprovasse.

Meu punho estava quase tocando na porta, quando a ouvi conversando com alguém do outro lado. Sei que era feio ouvir a conversa alheia, mas diante da situação, dane-se.

Colei minha orelha o mais próximo possível da fechadura e pelo tom da voz, ela havia chorado. Meu coração ficou pequenino em meu peito.

Thalia, eu não posso simplesmente juntar minhas coisas e sair de casa, não é assim que as coisas funcionam”– ouvi Annabeth falando.

Thalia. Sempre querendo meter uma faca em minhas costas.

Sim, eu sei que posso contar com vocês ai em NY, mas entenda, eu amo o Percy e vamos ter um filho juntos. Ok, se ele estiver sim tendo um caso com a vadia da secretária – houve uma pausa – Thalia, eu entendi que você está querendo me ajudar, mas não é assim que as coisas funcionam, não é na primeira briga que se larga um casamento”

Toma essa Thalia.

Espera só um minuto, acho que escutei um barulho, vou ver o que é”

Óh droga. Olhei para os lados e não havia nada onde eu pudesse me esconder. O banheiro! Corri na ponta dos pés até o banheiro e fechei a porta delicadamente, acendi as luzes, olhei-me no espelho, felizmente eu estava com cara de quem havia acabo de levantar. A ouvi destrancando a porta. Dei descarga e saí do banheiro com a maior cara de pau.

Annabeth me encarava de olhos cerrados, tentando ver se eu realmente havia acabado de levantar.

__ Hã... Só vim usar o banheiro – falei, esticando-me
__ Notei – respondeu de forma seca – Desligue a luz quando descer.
__ Tudo bem.

Ela retornou para o quarto, mas antes que fechasse a porta, a segurei pelo pulso.

__ Annabeth... Acho que precisamos conversar
__ Hoje não Percy – disse num tom cansado, puxando o braço – Talvez amanhã, são duas da manhã, vá dormir.
__ Ok... Amanhã então.

***

Era por volta de 5:30 da manhã, mal havia pregado o olho, enquanto eu não resolvesse tudo com Annabeth, eu não teria paz.

Espreguicei-me e todos os ossos do meu corpo pareceram estralar, que noite. Andei vagarosamente até a porta de vidro que separava a casa do quintal e vi a fina garoa caindo sobre o bairro, abri a porta e a brisa do mar, mesmo que um pouco distante invadiu e bagunçou ainda mais meus cabelos.

Fechei a porta e decidir sair para dar uma corrida, esfriar a cabeça. Era sábado, então poucos carros estavam nas ruas esse horário, corri até a orla da praia principal, que estava vazia, apenas barcos de pescadores poderiam ser vistos a distância.

Inspirei todo o ar que poderia comportar em meus pulmões, retirei a camisa, meias e sapatos, coloquei num canto mais escondido da praia e corri para dar um mergulho. Todos os pelos do meu corpo estavam eriçados, o frio ardia, mas eu precisava daquela dose de agua salgada.

Quando mergulhei todos esses problemas sumiram, na verdade tudo sumiu. O barulho das ondas quebrando, de algumas gaivotas voando contra o vento e dos meus braços batendo na água, essas eram as únicas coisas que tomavam conta da minha mente.

Devia ser um pouco mais tarde quando saí da água, algumas pessoas já se exercitavam no calçadão e boa parte delas me olhou com curiosidade quando parei todo molhado para pegar minhas coisas, alguns raios de sol começavam a brigar por espaço entre as nuvens, mas nada que diminuísse o frio. Encarei mais uma vez todo aquele mar e corri de volta para casa.

***

Mal fui entrando em casa e já dei um jeito de me livrar da camisa ensopada de água e suor, a joguei sobre o ombro e ia subindo as escadas quando um barulho na cozinha chamou minha atenção. Olhei no relógio da sala e eram 8:30 da manhã, cedo demais para Annabeth estar acordada. Andei a passos silenciosos até a porta da cozinha.

__ Ah... Annabeth! – eu disse soltando um longo suspiro – Achei que estivesse dormindo.

Ela tomou um pequeno susto e virou-se para me encara com curiosidade.

__ Por que está todo molhado? – ela continuava com o olhar sobre mim
__ Fui dar uma corrida, acabei não resistindo a dar um mergulho – dei de ombros
__ Corajoso – ela repousou a caneca sobre a bancada – Estou pensando em ir a NY hoje, só queria avisar...
__ Não tínhamos combinado de ir semana que vem? Já que seria mais próximo da sua consulta.
__ Acho que vou ficar a semana toda por lá, minha mãe me convidou para ficar uns dias em sua casa – ela dizia meio constrangida.
__ Tudo bem, vou ligar para a empresa, aviso que não irei essa semana e resolvo o que tenho que resolver por NY, você tem algum horário de preferencia para sair?
__ Eu... – ela mordeu os lábios e virou o rosto para a janela, evitando me encarar – Eu estava pensando em ir sozinha.

Nocaute. Soldado ferido. Repito, soldado ferido.

__ Ah... Hã... – eu estava procurando algum lugar para enfiar minha cara – Vou tomar um banho e... Já volto.

Quando terminei o banho Annabeth estava no quarto arrumando as malas, não nego que um pequeno terror pulsava em minhas veias.

__ Annabeth...

Ela apenas levantou o olhar em minha direção.

__ Você não acha que está exagerando demais? Tipo, qual a necessidade de me por para dormir no sofá, ir para NY sendo que havíamos combinado de irmos apenas semana que vem, esse voto de silencio...
__ Você acha que estou exagerando? – ela cruzou os braços sobre o peito e me lançou um sorriso cínico
__ Acho – respondi com um pouco de cautela

Annabeth soltou uma gargalhada um tanto quanto assustadora, passou as mãos no rosto e me encarou séria.

__ Você faz isso de propósito ou para me deixar com mais ódio? Qual é Percy, sinceramente...
__ Tudo bem Annabeth, eu admito que errei ao perder a hora quando eu já havia marcado um jantar com você e nossos amigos, mas...
__ Mas nada Percy, você acha que eu sou idiota? Acha que eu não sei que está tendo um caso com aquela vadia da sua secretária? Acha que eu não noto que sente falta de ter intimidades comigo? ACHA QUE EU NÃO SINTO FALTA?

O grito dela me fez recuar um pouco. Annabeth sentou-se na cama e colocou as mãos sobre a barriga. Corri até ela e ajoelhei-me a sua frente.

__ O que foi? O que está sentindo? – perguntei preocupado, olhando da barriga para ela
__ Tire as mãos de mim – ela tirou minhas mãos de sua coxa – Já vai passar...

Esperei um tempo e sua respiração se normalizou, sentei-me na cama, ficando ao seu lado. Ela ainda evitava me olhar.

__ Eu não te traí – falei
__ Claro que traiu Percy, que outra explicação você me dá para ela e você estarem juntos naquele escritório quase meia noite? – ela me encarou
__ Eu estava fechando o balanço de vendas do último lote, quando vi já estava tarde, juro que me assustei ao vê-la tão tarde no escritório, eu juro por tudo que é mais sagrado, eu não te traí – apertei sua mão.

Ela continuou com o olhar fixo em mim, analisando-me em busca de algum possível vestígio de mentira.

__ Algo não está se encaixando... – ela cerrou os olhos, enquanto pensava
__ Como assim Annie? Tudo se encaixa, porque tudo é verdade – coloquei as duas mãos em seu rosto – Eu amo você e nunca seria capaz de fazer nada que desrespeitasse você e nosso filho.
__ Você jura? – seus olhos estavam mais uma vez sobre os meus

Abri um sorriso de lado, a puxei para um abraço.

__ Eu juro – disse próximo a sua orelha

***

O fim de semana fora de reconciliação, Annabeth e eu colocamos tudo que vinha nos afligindo em pratos limpos e decidimos que sempre que um se sentisse incomodado com o que o outro estivesse fazendo, falaríamos na hora. E assim consegui dormir em paz.

A segunda amanheceu ensolarada, o calor que havia sumido durante o fim de semana aparecera com força, minha vontade era de arrancar esse terno, colocar uma bermuda e ir para a praia pegar onda.

Quando cheguei a empresa ela já estava cheia, subi ao meu andar e felizmente não tinha esbarrado com Leo no caminho. A mesa de Quione estava intacta, espero que ela não apareça depois do episódio da noite de sexta.

Peguei um café da mesa de um outro funcionário e entrei rapidamente na minha sala para terminar o maldito relatório.

Eu nunca havia digitado tão rápido em minha vida, cerca de uma hora e meia depois eu já estava com ele impresso sobre minha mesa e enviado para o e-mail dos acionistas.

A porta da minha sala se abriu, levantei o olhar e vi Quione entrando com papéis nos braços.

__ O que faz aqui? – perguntei ríspido
__ Como assim, o que eu faço aqui? – ela sorriu e colocou o cabelo atrás da orelha – Eu trabalho aqui Sr. Jackson e para receber eu tenho que vir trabalhar.
__ Você está caçoando de mim? Não seja hipócrita! – bati na mesa

Ela caminhou lentamente até minha mesa, colocou os papéis de lado e sorriu maliciosamente para mim.

__ Sr. Jackson, eu não costumo desistir facilmente das coisas que eu desejo e com você não seria diferente.

O ódio tomou conta de mim, levantei bruscamente da cadeira, fazendo-a cair, dei a volta na mesa e a agarrei pelo braço com força, a arrastei até próximo da porta e ela ainda tinha o sorriso malicioso nos lábios contornados por batom vermelho.

__ Escuta aqui garota, eu não vou deixar você fazer da minha vida um joguinho, não vou cair nesta sua sedução barata – encostei meu dedo indicador na sua testa – Coloca nessa sua cabeça que eu sou um homem CASADO.

Abri a porta e a empurrei para fora, ela quase perdeu o equilíbrio, felizmente o andar estava pouco movimentado.

__ EU mesmo darei um jeito de te demitir ou então de transferir você para o quinto dos infernos, o mais longe possível daqui!

Ela continuava com o sorriso de satisfação no rosto, arqueou as sobrancelhas.

__ Quem não deve, não teme, Sr. Jackson – ela sussurrou.

Agarrei a maçaneta da porta até a ponta de meus dedos ficaram pálidas e a bati com força. Pude ouvi-lá dando gargalhadas baixas.

***

__ Olá Leo – eu disse entrando em sua sala

Ele estava se equilibrando na cadeira enquanto passava os slides da palestra de logo mais na parede.

__ Óh Percy, entre, entre! – ele jogou o feixe de luz vermelho no meu rosto – Então meu amigo, o que lhe trás aqui?
__ Preciso demitir Quione – falei e sentei-me na cadeira em frente a mesa dele
__ Como é? Por quê? – ele me encarou assustado – Ela é tão gostosa, deixa esse andar bem mais bonito
__ Eu sei disso, mas – olhei para os lados e falei baixo – Ela me agarrou sexta a noite e isso quase custou meu casamento
__ COMO É QUE É? – Leo caiu da cadeira onde estava pendurado – QUE PORRA CARA... ISSO NUNCA ACONTECE COMIGO!
__ Leo, você está quase casando também – o repreendi
__ Mas não sou casado – ele se levantou e sentou-se me encarando com curiosidade – O que ela fez, conta velho, puts, ela é muito gostosa, como você consegui resistir?
__ Digamos que eu tenha uma esposa grávida de seis meses em casa me esperando? – olhei para ele como se fosse a coisa mais óbvia – Enfim, quero demiti-la
__ Não precisa demiti-la, troque de secretária comigo – ele sorria e dava de ombros – Não me importaria que minha secretária me agarrasse.
__ Eu pensei nisso, mas não posso fazer isso, sua sala é do lado da minha, Annabeth ficaria louca da mesma forma, vou tentar transferi-la para NY.
__ Que grande perda – Leo suspirou
__ Leo, estou falando sério cara, preciso de ajuda, quero que a recomende para outro lugar, você é superior a mim neste setor
__ Ok, ok, o que você não pede chorando que eu não faço sorrindo? Mas que é uma grande perda é...

Revirei os olhos e me levantei.

__ Se puder ver isso para essa semana ainda eu agradeceria – eu disse
__ Pode deixar, hoje mesmo eu vejo isso, não se preocupe.
__ Obrigado.

***

Cheguei mais cedo em casa, joguei as coisas em cima da mesa e me joguei no sofá, Annabeth desceu as escadas com rapidez e levantei do sofá assustado.

__ O que foi? É com o bebê? – perguntei assustado
__ Percy, estou tentando falar com você o dia inteiro – ela disse agoniada – Sei que você estava em reunião, mas precisamos ir pra NY AGORA.
__ Por quê? O que houve Annabeth? Está passando mal?
__ Não Percy, não sou eu, é seu pai, ele está no hospital!


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