Esses Seus Olhos De Tempestade escrita por jessyweasley


Capítulo 33
Capítulo 32




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__ Casar? – Annabeth repetiu

Ela se remexeu de forma desconfortável na cadeira, o arrependimento de tê-la pedido já me preenchia por completo.

Annie suspirou e levantou-se, envolveu minhas mãos junto às dela e as puxou para cima, me levantei e ficamos cara-a-cara um com o outro, minha respiração estava acelerada, tentei interpretar seu olhar, mas eu não era tão bom como isso.

__ Annabeth... – fechei a caixinha do anel
__ Ei, o que está fazendo? – ela me olhou confusa
__ Você não irá aceitar, então... Deixa para tentar de novo depois de um tempo – dei de ombros

Annabeth começou a rir e me estendeu a mão direita.

__ Vamos, coloque o anel no dedo
__ Sé...Sério? – olhei confuso
__ Teríamos que nos casar uma hora ou outra mesmo, que seja agora, momento que você me provou que me ama de verdade ficando ao meu lado quando descobrimos que nossa vida daria uma reviravolta extrema.

Abri um sorriso e tirei a caixinha do anel do bolso da calça novamente, retirei o anel com a pedra que lembravam seus olhos e o coloquei no dedo indicado por ela. Annabeth levantou a mão de frente para o rosto e seu sorriso estava claramente largo.

Ela pulou em meus braços, jogando seus braços ao redor do meu pescoço e encheu minha bochecha de beijos.

__ Isso quer dizer que gostou? – perguntei
__ Ainda tem dúvidas?! – ela colocou as duas mãos em meu rosto e deu-me um beijo longo.

***

Era difícil acordar e saber que um dedo da sua mão direita carrega o peso de uma vida ao lado de outra pessoa. Havia duas semanas que Annabeth aceitara o pedido de casamento, nesse meio tempo tivemos algumas (boas) discussões, ela meio que... Queria me mudar da “água para o vinho”.

A briga mais recente foi por causa de um simples copo em cima da pia logo após ela ter limpado tudo, ela deu o maior chilique dizendo que eu a estava sobrecarregando, que ela não estava conseguindo conciliar o trabalho da empresa com o doméstico, que eu só sabia sujar... Logo em seguida ela caiu no choro, ela vinha fazendo isso com bastante frequência. Para acalmar os nossos nervos decidimos ir uma semana antes do Natal para Manhattan.

***

__ Ei Percy, as malas já estão prontas, será que você poderia subir aqui e buscá-las?
__ E porque você não as desce aqui para mim? Estou um pouco ocupado...

Um silêncio tomou conta da casa, pelo visto ela tinha parado com o que estava fazendo... Ouvi um estrondo na sala e fui correndo até lá. Annabeth estava no topo da escada e as malas estavam esparramadas no fim dela.

__ O que foi isso? – perguntei assustado
__ Não posso carregar peso, você sabe disso – ela se segurava para não gritar – E ainda sim você insiste em pedir que eu leve as coisas para você.
__ Desculpe, eu... Esqueci – me senti envergonhado por isso e peguei as malas – Estou te esperando no carro já.

Ela soltou um suspiro e voltou para o quarto. Droga... Mal o passeio havia começado e eu já estava fazendo merda.

Annabeth entrou no carro vinte minutos depois, parte do tempo era checando se a casa estava bem fechada, ela ficou em silêncio, ameacei puxar assunto, mas aposto que eu iria piorar o clima então dirigi até Manhattan calado.

***

__ Quer dar uma volta? Ver a cidade enfeitada... – sugeri
__ Estou um pouco cansada – ela bocejou – Quem sabe mais tarde...
__ Se importa se eu for...

Ela me cortou no meio da frase.

__ Não Percy, pode ir dar suas voltas – ela entrou no quarto e tirou o casaco pesado
__ Mas...

Entendi que ela não iria querer papo quando ela se jogou na cama e cobriu a cabeça com o travesseiro. Revirei os olhos, mais uma vez frustrado por não saber como lidar com Annabeth, peguei as chaves do carro em cima da mesa e sai.

***

A casa de minha mãe cheirava a cookies, o cheiro mais acolhedor do mundo, ela estava sozinha porque Paul havia ido visitar seus familiares em outra cidade e voltaria apenas para o natal.

__ Eu sinceramente não sei o que faço mais mãe, nada que eu faça está bom para ela. E olha que mal casamos – joguei os braços pra cima em sinal de rendição

Minha mãe andava de lá para cá na cozinha e a vi abrindo um sorriso de divertimento.

__ Percy, você tem que entender que nesse período a mulher está passando por diversas mudanças no corpo, a Deus eu que me lembro, ter uma pessoinha crescendo dentro de você não é nada fácil de lidar, a descarga hormonal que recebemos é enorme e por mais que você diga que tudo que você faça não a agrada, ela vê o quão importante ela é para você a cada atitude dessa, ter o pai da criança nesse momento é bom.
__ Mãe?
__ Sim?
__ O papai... Ele me acompanhou? Digo... Quando a senhora estava grávida.

Ela deu uma pausa, talvez pensando no que eu havia perguntado, me arrependi de ter perguntado, fazê-la relembrar disso.

__ Sinto muito mãe
__ Tudo bem filho – ela me lançou um sorriso amigável – É que não foi um momento fácil, seu pai me deu assistência financeira, isso não posso negar. Tive os melhores médicos, dinheiro para montar todo o seu quarto e comprar tudo o que você precisaria, mas não era só isso que eu precisava. Foi difícil ter que levar tudo sozinha, ainda mais com seus avós contra essa minha jornada de mãe solteira, mas no final valeu a pena, quando vi você pequenininho em meus braços dando o primeiro sorrisinho, fez tudo passar.

Levantei-me e abracei minha mãe apertado, como a muito tempo não fazia.

__ Obrigado mãe, mas agora eu tive uma ideia!
__ Lá vem... – ela voltou a mexer na cozinha
__ Annabeth não esta recebendo o apoio da mãe, será que a senhora não quer sair para ajuda-la a escolher o vestido?

***

PoV Annabeth

Minha cabeça estava a mil, sei que Percy estava tentando me agradar, mas de alguma forma a presença dele me irritava, pesquisei até na internet se isso era comum e achei alguns casos, em especial de aranhas que matavam os machos para alimentar a cria, ok eu não queria me tornar um animal tão asqueroso quanto uma aranha. Juro que eu tentava ter a paciência que eu tinha antes de tudo para algumas lerdezas dele, mas boa parte das vezes eu estourava e ficava com remorso demais para pedir desculpas.

Nesse momento mesmo ele saiu e eu nem sei para onde e estou cá sozinha de novo nesse apartamento minúsculo, levantei minha mão direita e admirei o anel que ele havia me dado, era lindo, significava tanto entre nós dois, foi um laço que firmei e que não me arrependi, como sei que teria feito com Luke.

A campainha tocou me tirando dos meus devaneios. Empurrei os cobertores de lado e fui quase rastejando até a porta, nem me dei ao trabalho de perguntar quem era e mais uma vez, o que nem esta se tornando surpresa, Luke estava parado do outro lado, esse cara tinha algum informante nesse prédio para saber quando estou em casa?!

__ Luke... – falei com todo desanimo que eu poderia colocar na voz
__ Posso entrar? – ele continuou parado do outro lado
__ Acho que Percy não irá gostar muito disso, a não ser que você tenha gostado do soco dele;

O capetinha dentro de mim comemorava dando cambalhotas por eu ter conseguido perturbá-lo, a cara de desgosto que ele fez foi insuperável.

__ Não, eu passo... Mas eu precisava conversar com você e sei que ele não está aqui.
__ Como sabe disso? – cerrei os olhos e fechei mais a porta
__ Annabeth, não seja besta, não irei fazer nada com você! Ainda mais você estando... – ele revirou os olhos – Grávida

Pensei por um instante, acho que Percy não iria ser rápido, ele não saberia que Luke estivera aqui e tudo continuaria como está. Abri a porta e deixei que ele passasse.

__ Seja rápido – falei cruzando os braços.

Ele concordou com a cabeça e sentou-se no sofá.

__ Annabeth, desde a última vez que nos encontramos que eu venho pensando no quanto eu tenho sido idiota desde bem... Aquele incidente onde eu fui afastado, o exército me ajudava a manter o foco e você também tinha parte nisso. Acabei perdendo os dois e um pouco do meu raciocínio, conversei com Thalia sobre tudo e ela para minha surpresa entendeu tudo ao invés de me julgar, ela esteve ao meu lado.

Luke fez uma pausa, estralou os dedos (mania que sempre me irritou) e traçou sua cicatriz com o polegar esquerdo involuntariamente.

__ Você não é um objeto para ser meu e mesmo que fosse... Nunca seria meu, porque eu não tenho a peça de encaixe que faz você funcionar da melhor forma possível, isso você encontrou com Percy e foi difícil de aceitar, difícil de ver a sua âncora ser arrancada de você. Mas com Thalia, neste momento eu encontrei a paz de espírito que eu sempre busquei – ele sorriu – Eu vim aqui hoje para me desculpar com você.

Luke se levantou e ficou de frente para mim, ele me estendeu a mão, hesitei um pouco, o olhei nos olhos e vi que ele falava a verdade, pois até seu olhar havia mudado, estava mais feliz. O puxei para um abraço rápido.

__ Obrigada Luke – sorri

Ele apenas sorriu de volta, foi até a porta, batendo-a assim que passou.

PoV Percy

__ E então mãe, o que me diz? – perguntei ansioso.
__ Não sei Percy, eu nunca fui muito ligada nisso – ela esfregou as mãos – Mas acho que sei quem pode lhe ajudar...
__ Quem?
__ Rachel! – ela respondeu animada
__ Rachel? Não sei se Annabeth vai gostar muito disso – fiz uma cara não muito satisfeita – Além do mais... Não tenho falado muito com ela
__ Então esse é um bom momento para você contar tudo para sua melhor amiga e pedir essa ajudinha a ela.

***

__ Que milagre é esse você vindo me visitar uma hora dessas? – perguntou Rachel
__ Preciso conversar – a olhei de baixo para cima – E porque você está toda suja de tinta?

Rachel abriu um sorriso e me puxou para dentro de seu novo apartamento, que ela se orgulhou em dizer que foi comprado com seu próprio dinheiro e não com o do pai. Chegamos onde deveria ser a sala, havia duas latas grandes de tinta abertas e o chão estava todo forrado por jornal.

__ Estou eu mesma trabalhando no meu apartamento – disse triunfante
__ Parece estar ficando bom – dei uma olhada ao redor
__ Então... O que vem tratar comigo?
__ Eu vou me casar – eu falei

Ela adquiriu uma cara cômica de quem não acreditava muito, mas quando levantei as duas sobrancelhas quase que confirmando que era verdade, Rachel me olhou pasma e sentou-se na cadeira mais próxima.

__ C-Como assim se casar Percy? – perguntou ela
__ É que Annabeth... Bem...
__ Desenrola!
__ Ela está grávida, nisso o pai dela insiste que nos casemos antes de termos a criança – disse de uma vez quase me embolando com as palavras.

Ficamos nos encarando por um tempo, ela estava digerindo tudo que eu acabara de contar.

__ Caramba! – ela prendeu os cabelos volumosos – Há quanto tempo não conversamos mesmo? Porque não me contou antes?
__ Foi tudo muito corrido, a família de Annabeth quase toda querendo me matar, estava tentando agradá-los, acalmar as coisas, tanto é que poucas pessoas sabem...
__ Que barra Percy.

Rachel se levantou e me abraçou, minha mãe tinha razão, foi muito bom vir e conversar tudo com ela, o abraço dela pareceu aliviar todo o peso do mundo que eu estava carregando em minhas costas.

__ Obrigado Rachel – nos afastamos e eu a beijei na testa – Mas...
__ Mas? – ela cruzou os braços e me olhou já esperando uma bomba
__ Quero que seja minha madrinha de casamento e para isso, sua primeira missão é ajudar Annabeth
__ Você sabe que ela não gosta muito de mim Percy – Rachel revirou os olhos – Capaz de ela achar que eu vou te roubar no altar.
__ Não seja besta! Agora vá se trocar, iremos falar isso com ela agora
__ Agora?! Preciso terminar com isso Percy – ela apontou para a parede
__ Não quero conversa, vá se arrumar.

***

__ Annabeth! – chamei assim que entrei no apartamento

Ela veio como se tivesse acabado de acordar, com uma roupa de pijama desengrenada e a cara bem amaçada.

__ Ah, oi Percy, ainda bem que você chegou, estava precisando... – ela parou de falar assim que notou Rachel atrás de mim – Hum, olá Rachel.
__ Oi Annabeth – Rachel se posicionou ao meu lado
__ Poderia ter avisado que traria visitas Percy – Annabeth começou a ajeitar o cabelo, meio desconfortável
__ Rachel nunca foi visita, ela é da minha família praticamente e ela está aqui porque eu a convidei para ser madrinha do nosso casamento.
__ Então já contou a ela?
__ Sim, mas antes de todo o casório ela irá te ajudar com essa coisa toda de noivas – dei de ombros.

Annabeth me olhou relutante, em seguida encarou Rachel com uma cara de “ele está realmente fazendo isso?”.

__ Ahmm... Não acho que tenhamos o mesmo estilo – disse Annie
__ Annabeth, não é só porque me visto de forma alternativa que eu não saiba me vestir – Rachel disse – Muito pelo contrário, acho que você se lembra que infelizmente fui criada no meio de uma sociedade um tanto quanto chata e meus pais sempre insistiram para que eu me vestisse bem, tiveram sucesso durante alguns anos, mas...
__ Está vendo! Ela é a pessoa mais certa para tudo isso – exclamei alegremente
__ Eu não sei... – Annabeth colocou a mão no queixo, alternando os olhares entre mim e Rachel

Rachel se mexia desconfortável em sua posição.

__ Eu disse que não seria uma boa ideia – ela sussurrou para que só eu ouvisse
__ Tudo bem, eu aceito – disse Annabeth
__ Aceita?! – Rachel e eu dizemos juntos.
__ Isso é ótimo – eu completei
__ Eu te ligo então Annabeth – disse Rachel – Percy, se não se importa irei voltar para meu apartamento hoje, preciso terminar ao menos aquele cômodo hoje.

Confirmei com a cabeça, Rachel foi até Annabeth e lhe deu um abraço, disseram alguma coisa baixo uma para outra e a acompanhei até seu carro que estava estacionado na frente do prédio.

***

Annabeth já estava conversando comigo normalmente, quando fomos nos deitar, notei que ela estava “fazendo hora” para não deitar-se no mesmo tempo que eu. Levantei-me e fui a sala e a peguei vendo um jogo de lacrosse na tv.

__ Vendo jogo? – perguntei sentando-me ao seu lado
__ Ah, sim – respondeu meio avoada – Adoro esse esporte
__ Quem está jogando?
__ Ahmm – ela pareceu então prestar atenção na tv
__ Posso saber por que esta me evitando?
__ Deixa de ser besta, eu não estou te evitando – Annie sorriu sem graça
__ Então vamos nos deitar – levantei-me e a peguei pela mão.

Sua mão se soltou da minha e ela evitou me olhar, algo estava errado.

__ Annabeth...
__ Percy, eu sei o que você quer, sei que tem tempos que nós não ficamos juntos, mas... Eu não estou afim, então para evitar confusão espero que você durma.

Ela não estava falando isso, por favor, diz que ela não estava falando isso. Dei uma volta em meu próprio eixo, passei a mão insistentemente por meus cabelos e soltei um longo suspiro. Annabeth se levantou e colocou a mão em meu ombro.

__ Está vendo? É por isso que preferia esperar – ela resmungou

Olhei de lado para ela, que notou minha raiva e se afastou. Fui pisando duro até o quarto, catei um travesseiro e a coberta, voltei a sala e joguei tudo em cima do sofá.

__ Sua cama está liberada, pode ir dormir – falei
__ Não, você vai deitar comigo – ela tentou caminhar até minhas coisas, mas entrei em sua frente
__ Sinceramente não sei o que está acontecendo com você, mas... Saiba que não é a falta de sexo que está nos afastando...

Jurava que ela iria cair no choro ali mesmo, mas antes que eu visse isso e me rendesse a ela, deitei no sofá e cobri a cabeça. A ouvi ir fungando em direção ao quarto e fechar a porta.


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