Abri os olhos, separando meus lábios de Ian e tentando recuperar o fôlego. As armas dos Rastreadores estavam no chão e eles parados, como se tivessem presos em algum campo de força. Olhei pra Ian, ele estava mais confuso que eu. Foi olhando pra onde Brutos e Patrick estavam que entendemos. Havia uma mulher toda de branco. Sua roupa parecia emitir luz, seus cabelos eram loiros e seus olhos de um prata que chegava a ser hipnotizante. Quando abaixei a visão vi que seus pés não estavam tocando no chão. O que era aquilo? Fantasma? Qualquer que fosse a resposta ela não estava feliz, ao contrario estava brava. De joelhos e cabeças no chão estava Brutos e Patrick, a mão dela pairava em cima dos dois, cada um de um lado dela.

Olhei pros outros do meu lado, Caroline e Magnus estavam de joelhos e cabeça no chão. Já os meninos pareciam que iam desmaiar a qualquer momento.

Ela começou a dizer algo numa língua que não conhecia muito bem, sua voz ecoou na floresta, um som lindo que nenhum humano não podia transmitir.

“O que é isso?” perguntou Kyle, respondi sem desviar os olhos da criatura:

“Não sei”

“Como assim você não sabe?” gritou Aaron, a criatura nos olhos.

E veio na nossa direção. Prendi o ar.

“Peregrina! Alma que viajou em oito países, esse sendo seu nono pais! Honrando seu nome,uma verdadeira viajante” arregalei meus olhos, ela sabia de mim.

“Quem... É você?” gaguejei. Perto dela Brutos,Patrick e os Rastreadores eram fichinhas. Ela não respondeu, só levantou seus olhos e olhou por cima do meu ombro. Segui seu olhar. Beatriz nos braços de Jared. Ela iria entender mal.

“Não é nada disso, podemos explicar...”

“Silêncio” gritou ela. Todo som parou. O fogo apagou. Um vento forte nos atingiu. Sem comando algum, meu corpo se ajoelhou perante ela. Não encontrava mais minha voz, parecia que ela roubou. Todos se silenciaram. Tremia sem parar.

“Mãe?” disse uma voz baixa, me virei e era Beatriz. Abrindo seus olhos e estendendo a mão. Jared não a largou. Segurou mais firme ela.

“Mãe? Como assim?” ele perguntou para Beatriz. Ela olhou em seus olhos.

“Jared essa é a minha mãe, te apresento, a Rainha do Universo” disse. E desmaiou, mas dessa vez parecia não respirar mais. Ela estava morrendo.

“Ajude ela!” gritou Jared para a mulher, a Rainha.

Em todas as minhas vidas nunca tinha me deparando com a verdadeira Rainha. Foi através dela que fomos criados e procriados. Ela que nos guia e nos ensina. Passando para os Pilares; seus filhos; e assim passando por diante. Sua localização ninguém sabia, ao contrario dos Pilares, ela não era fácil de ser chamada. Somente por um Pilar... isso! A luz que a Beatriz mandou pro céu,era um pedido de socorro pra mãe.

“Somente uma pessoa manda nos Rastreadores alem de Brutos” disse Caroline, uma vez. Claro, como não pensei. Somente a Rainha, poderia mandar neles.

E aqui estava Jared desafiando a mulher mais forte do Universo todo. Aquela que fez os Rastreadores estátuas e suas armas inúteis. Aquela que fez todos os Pilares de joelhos. Ele a olhava como se fosse atacar, conheço Jared e uma coisa que ele não aguenta é ver alguém que ele ama morrer. Espera! Ele ama Beatriz?

A Rainha resolveu agir. Ergueu os braços e mandou uma luz que vinha do seu corpo para todo o lado. A luz era prata, como uma alma, a força que tinha essa luz fez todos agacharem. Aposto que podia ser vista em quilômetros. Ela se aproximou, dessa vez os pés tocando no chão. Os rapazes se afastaram.

“Minha querida filha. O que você fez?” ela chegou perto de Jared e passou a mão no rosto de Beatriz “Pelo visto, ela escolheu um novo guardião dela”.

“Que besteira é essa de guardião? Só quero que ajude ela, agora!” gritou, a cada grito dele, meu corpo tremia mais.

“Salvem lá!” ordenou a Rainha. Mas pra quem? Se afastando do corpo, dando distancia.

Mantos enormes e negros surgiram entre as arvores, eles pisavam nas cinzas sem nem recuar ao calor. Eles eram a guarda dela! Um enorme, pelo visto homem não consigo ver seu rosto, manto negro aproximou de Jared e ia pegar o corpo dele.

“Não! Não a deixarei ir.”

O manto olhou pra Rainha, ela concordou. Ele apontou pra Jared segui-lo. Passando por mim com Beatriz nos braços. Os mantos negros deram as mãos e formaram um circulo em volta deles. E começaram a falar uma língua que não conhecia. Meu coração estava preste a sair pela boca. Um vento começava. As arvores pareciam que iam pra trás. Sendo arrancadas da terra. A clareira cada vez maior.

“Jared” gritou alguém. Olhei e era Melanie e todos os humanos atrás dela. Ela estava indo em encontro a Rainha. Desprotegida, já que sua guarda estava em volta de Jared e Beatriz, falando em línguas desconhecidas. A Rainha simplesmente levantou uma das suas mãos e vi o corpo de Melanie parar. Como se tivesse trompado com uma parede ela cambaleou pra trás onde Jeb pegou.

“Chamem todos os seus humanos. Quero todos eles aqui!” ela ordenou para Jeb.

“Me de um bom motivo pra ajuda lá! Não cumpro ordens de ninguém minha senhora!” disse Jeb, gritando por cima do som.

“Faça o que ela disse Jeb” disse Nate.

Antes de mais perguntas serem feitas. As vozes da guarda real se elevaram. Eles soltaram as mãos e se afastaram. O som ia diminuindo. Se afastando como se algo que ia acontecer. O corpo de Beatriz se levantou no ar. Jared ficou sem reação. O corpo dela foi pra cima. A rainha do lado disse baixinho “volte pra mim, minha filha”. Olhei em seus rosto, sem lagrimas, mesmo sendo a Rainha do Universo ela é a mãe da Beatriz. As vozes pararam. E o corpo da Beatriz voltou ao solo, Jared pegou no colo e pousou ela no chão. Os raios de sol começavam a sair.

“E agora? Ela vai viver?” perguntou Brandt.

“Todos meus esforços não foram suficiente, ela não resistiu, foi tarde demais” respondeu a Rainha, abaixando a cabeça.

“Mas não pode mais fazer nada por ela?” perguntou Ian.

“Não” respondeu ela. Indo em direção ao corpo da filha.

Jared parecia que esperava ela abrir os olhos. Cheguei mais perto dele, para afastar do corpo de Beatriz. A guarda e a Rainha já suportaram demais nossa intervenção. Não contive minhas lagrimas e pude ver que muitos ali estavam chorando. Ian mesmo escondia suas lagrimas, pelo visto. Se eu tivesse chegado mais cedo...

“Não. Olhe pra mim!” gritou Jared para Beatriz. Ele a sacudia.

A guarda rugia, com raiva, loucos pra destroçarem Jared por tocar nela.

“Jared é tarde demais” disse Nate.

“Não” ele parecia louco. Aquilo me causava dor. Aqui estou eu, do lado do meu amor e não estou feliz, pois para isso teve que Beatriz morrer.

“Jared você só esta piorando as coisas!” disse Aaron

“Não há nada que possa ser feito, as almas fizeram tudo que podia” sussurrei.

Ele olhava pro corpo de Beatriz, como se ainda esperando, ela abrir os olhos.

“Tem que haver outra maneira” sussurrou ele.

Pensei. A força que foi usada pra ajudar a Beatriz não foi capaz de curar seus machucados. Brutos e Patrick concluíram seu trabalho. Fechei meus punhos em frustração. Beatriz que só me fez ajudar morreu por mim. O destino não pode ser tão mau com ela. Deve ter alguma saída...

“ACORDAAA” gritou Jared para Beatriz.

Foi o limite para os guardas, eles pularam em cima de Jared. Todos tentando afastar ele, enquanto os humanos tentando ajudar ele. Eu fiquei ali parada. Olhei em volta e via o caos. Humanos e almas, de novo, se tornando inimigos. E olhando ainda, vi os quatro Pilares ainda ajoelhados. Caroline e Magnus choravam. Patrick e Brutos tremiam. E a Rainha, ela só fitava o chão, como se quisesse que a resposta saísse de lá. Ela olhando pra baixo parecia que via Beatriz na porta do helicóptero. Elas eram parecidas. Na personalidade pelo visto. Voltei a olhar Beatriz,ignorando todo o som e briga em volta,olhei pra ela, tão jovem e linda, mais forte que centenas de Rastreadores, mas frágil como cristal quando o assunto era o coração...

Por um segundo, parece que vi suas sobrancelhas tremerem. Ela esta viva.

“Parem, olhem, ela está viva!” gritei pra todos. Eles pararam e me fitavam como se estivesse louca.

“Peg, todos nos sentimos muito, mas não tem como ela está viva” disse Ian.

Jared escapou dos braços da guarda. A Rainha levantou a mão para a guarda. Como dizendo: Deixem. Jared se jogou no chão e colocou-a em seus braços.

“Beatriz, por favor, acorda!” ela começava a chorar “Não sei porque, mas me dói perder você. Parece que somos amigos a anos. Você me irrita ate os nervos, seu jeito teimoso, seu rosto...mas não me vejo mais sem, por favor, acorde” implorou ele.

Jared e Beatriz enfim se tornaram amigos! Mas infelizmente não durou muito. Via o sofrimento de Jared. Aquilo me doía até a alma. A maior prova que humanos e almas podem sim viver juntas. Estava bem na minha frente. Mas agora um morreu. O corpo de Beatriz não se movia mais. E me vi perguntando se não era coisa da minha cabeça ela ter se movido. Quando ela se moveu foi por causa do grito...

“Grite com ela!” ordenei a ele. Ele me olhou “Apenas faça”

“VOOOLTE” ele gritou. Os olhos de Beatriz abriram. Seu corpo todo parecia ter tomado um susto.

“Esta louco de gritar comigo?” disse ela. Ele não aguentou, a abraçando com força. Chorando aos prantos. Eu mesma me ajoelhei chorando, meu corpo estava extremamente cansado.