Totalmente Humana? escrita por Ana Mercedes


Capítulo 15
Culpada ou Inocente?


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura



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Logo que os pilares se sentaram, todos os acompanharam, em seguida os múrmuros voltaram e cada vez mais altos. Pequenas discussões giravam ao redor, enquanto os cincos Pilares permaneciam imóveis, parecendo estautas vestidas com longas vestes cinza e capuzes. Por fim um homem se pós de pé tirando seu capuz. A sala todo foi engolida pelo silencio, ele tinha o respeito ou o medo deles.

Os cincos Pilares ,eram composto por três homens e duas mulheres. Como era de se esperar, as almas tomariam um corpo humano para poder realizar o procedimento. O que se levantou era um senhor por volta de 30 anos, sua pele pálida, com cabelos negros e olhos prateados, parecendo que estava entediado com tudo aquilo.

“Tragam aquele que pediu essa reunião!” ordenou ele.

De um lado escuro surgiu Burns. Caminhando como se estivesse no lugar que ele conhecia bem. Meu corpo todo queria cravar as unhas em seu rosto. Aqui não ,agora não. Mas como se pudesse ler minha mente, ele olhou pra mim, me desafiando, esbanjando um sorrisinho irônico.

Não aguentei.

Joguei-me pra frente, mas os dois do meu lado foram mais rápidos, me puxaram de volta e puseram a arma apontada pra mim. A adrenalina zumbia meus ouvidos.

“Não precisamos de violência aqui” disse uma voz, com toda calma possível. Como se possível ,a voz deu um pouco de tranquilidade a todos ali.

Olhei para os Pilares. Um deles tirou o capuz se levantando. Uma jovem, ela é esbeltamente loira clara, com os olhos prateados. Sua própria aparência transmitia paz - “Por favor, se acalmem” ela apontou para os guardas.

“Como meu irmão ia dizendo, vamos prosseguir com isso, o que faz você trazer essa alma aqui e principalmente por que somos necessários aqui?” perguntou um homem, do lado da loira, pra Burns. Ele tirou seu capuz também ainda sentando. Ele tinha a pele bronzeada, com os cabelos castanhos e seu corpo era frágil, mas pelo seu jeito duvido que fosse.

“Senhores e senhoras, trouxe essa alma, com a acusação de traição a nossa espécie” Burns começou a dizer, fazendo surgir conversas aleatórias.

“Traição? Que tipo de traição, o senhor acha que essa jovem cometeu?” disse o outro Pilar, que se levantou e tirou seu capuz. Era um senhor de cabelos brancos, com um jeito de superioridade, mas não tão velho.

Engoli em seco.

“Não acho, senhor, tenho certeza. Eu mesmo estive há uns meses atrás no meio de humanos, sim ainda há humanos existindo e um grande número deles vive aqui ainda, pior ainda matam e machucam. Ela não só se ajuntou a eles, como ensinou como matar uma alma sem matar o corpo” ele apontou pra mim.

“Mentira” eu gritei. Os zumbidos de conversas a minha volta só aumentavam.

“Mentira? Como você ainda tem coragem de proteger aqueles humanos, que mataram dezenas de almas inocentes! Você mente por eles, achando que é uma deles?” disse o Rastreador que foi na enfermaria me ver. Saindo do lado de Burns ele vinha em minha direção, agora sem ninguém pra impedir.

“E o senhor, quem seria?” exigiu saber, em uma voz calma, a loira dos Pilares.

“Sou o Rastreador Felipe, uns dos mais renomados e especialista em humanos ” ele se pôs na minha frente “Essa alma aqui, não honra a vida que tem, me diga jovem como pode achar que você é uma deles? Seu corpo pode ser humano, mas dentro de você há uma alma como qualquer outro aqui! O que te faz diferente de nós? Ou melhor. De mim. O que nos faz sermos diferentes? perguntou.

“Eu não mato inocentes” respondi. Felipe endureceu o olhar. Como se tivesse ao ponto de explodi e afinal ele não conseguiu se segurar. Agarrou meu pescoço me enforcando. Levantei. Cravei minhas unhas na pele dele, o que fez ele apertar mais ainda.

Os gritos começaram.

“Como ele pode? Se afasta dela, agora, seu monstro” ouvi e sabia que era, Kate. Chegou empurrando Felipe. Voltei a sentar, agora um pouco com falta de ar, ela se colocou na minha frente. Logo senti suas mãos com a de Thelma no meu rosto. Leonardo apareceu logo atrás, olhando pra mim e depois para o júri.

“Pelo visto, elas estevam certas, isso não é um julgamento e sim uma condenação!” ele disse corajosamente, cuspindo as palavras para os Pilares. Os Rastreadores do meu lado se afastaram de mim, indo pra arquibancada com seus colegas.

Por um minuto, agradeci sua valentia, o que me lembrou Jared e Ian. Eles sempre foram cabeças duras. Quantas vezes discutimos pelo simples fato de me deixarem ir junto com eles numa Pilhagem. Uma lagrima escapou dos meus olhos. Nunca mais os verei. E pensar em Ian causava uma dor maior em mim.

O silencio se afundou. Todos olhavam pros Pilares e eles olhavam para a cadeira posta no meio, bem no centro, entre os dois pilares do lado. Pude ouvir o suspiro que foi emitido daquela cadeira. E alguém se colocou de pé, tirando seu capuz. Lá estava uma jovem, com os cabelos castanhos e com franja, a pele branca, com os olhos prateados que de alguma forma me fez arrepiar. Sua aparência era um tanto misteriosa, até mesmo chegava a dar medo.

“Estou cansando disso. Você!” apontou para o Rastreador Felipe “Se retire desse tribunal, agora!” disse sem esperar ele responder. Um grupo de mantos de pretos, que surgiram de trás da mesa dos Pilares, como se surgissem das sombras, o puxou para fora. Onde só os gritos dele foram ouvidos, ecoando pelo ambiente que ficou silencioso. Não pude conter o sorriso que me dominou, essa era a voz que tinha feito Burns tremer no corredor.

“É bom vocês resolverem isso logo, antes que resolva da minha maneira. Quero ir pra casa” ela disse para os outros Pilares e se sentou. Silencio completo.

“Bom, retomando a reunião, Doutor Leonardo eu peço que se acalme, aqui não tem nada decidido. Ainda” disse o senhor de cabelos brancos.

“Continue rapaz, acho que tem mais a nos contar, ou não?” sugeriu o Pilar de cabelos pretos. Ele queria minha acusação, ele já me achava culpada.

“Ela ajudou a matar almas inocentes, conspirou com os humanos, revelou nossos segredos, estamos esperando o que afinal?” o jovem de cabelos castanhos parecia que estava numa batalha dentro dele mesmo.

“Por favor, chega disso, posso sentir daqui que tem algo escondido através desse jovem” disse a loira, socando a mesa, sua calma estava se esgotando “Está na hora de ouvir o outro lado. Afinal irmãos, nem sempre a verdade sai da boca de um Rastreador. Senhorita Peregrina queira se levantar e dizer o que realmente esta acontecendo aqui?” podia sentir que ela desejava que fosse mentira tudo aquilo dito de mim.

Mas não era total mentira e nem total verdade. O que vou fazer?

“Sim, senhora...” comecei respirando fundo. Como posso explicar? Como posso dizer algo que nem eu mesmo consigo explicar? Qual a explicação de me unir com os humanos? Nada que eu diga vai me fazer inocente e livre de novo.

“Por favor, relate a mais absoluta verdade, não tente nos enganar, uma vez decidido não terá volta, minha querida. Continue!” disse o senhor de cabelos brancos.

Estou diante das almas que numa sala igual a essa determinaram dominar o planeta Terra. Com a ideia de que seria o melhor para os humanos sem ao menos pergunta se eles queriam. Armaram e a arquitetaram tudo, felizes com isso. Agora é a situação que esta sendo posta.

Entregar meus humanos é fazê-lo almas. E aqueles que não aceitarem serão mortos. E eu serei indiciada por me unir a eles e com isso minha alma será colocada num cilindro e aposto que será enviada ao Planeta Fogo ou Morcego, deixando lá por milhares de anos.

Se mentir, serei acusada sem perdão e minha alma poderá ser enviada a ultimo planeta na galáxia, demorando anos luzes pra voltar a Terra.

Acabou. É meu fim. Entre tantos planetas que vive fui me apegar àquele que causaria minha morte. Ou pior. Um coração quebrado em mil pedaços.

Minha mente começou a me mostrar imagens. Ian pegando na minha mão pela primeira vez. Quando ele disse que me amava no corpo da Melanie. Melanie e nossa luta dentro de um só corpo e quando nos unimos. Jeb nos protegendo, me abraçando. Tia Maggie e Sharon me abraçando pela primeira vez. O calor do sorriso de Jared comigo, quando ele me salvou e viu que não era má. Jamie com seu gênio natural que me amou mesmo estando dentro do corpo de sua irmã. A primeira vez que senti a chuva no meu corpo. O sol que fazia minha pele arder. As pessoas rindo ao meu redor. A alegria que somente um humano tem. A bondade deles de me acolher como uma deles, seus olhos em mim quando não era mais a inimiga, quando confiaram em mim e principalmente quando se voluntariam a me salvar. Lagrimas e mais lagrimas. A intensa paixão de Ian comigo, seu toque em mim, seu corpo no meu, sua risada.

Abro meus olhos e agora tudo é mais claro, consigo ver definitivamente a verdade. A justiça aqui é falha, não sairei desse prédio mais, não com minhas próprias pernas, nunca ouvirei a risada de Jamie ou verei Melanie com beicinho de tão teimosa que é... Todos. Nunca mais verei. Está na hora. De deixar eles pra trás, os humanos viveram e eu não. Essa é a minha hora. Esse é meu destino. Antes eu do que eles. Partirei, para salva-los, mesmo que isso cause tamanha dor em mim.

“Pilares, me acusam de me juntar aos humanos e isso é sim verdade” sorri “Amo todos eles, eles são minha família, eles fazem parte de mim. Foram com os humanos que descobri meu lugar. Foi com os humanos que aprendi a amar. São esses mesmo humanos que me ensinaram que não são os monstros que nos foram ensinados. Com tudo aquilo que aconteceu eles se manterão fortes, sempre afim de ajudar aos outros, construíram ideias que são excelentes, puderam viver num mundo onde nasceram livres e cresceram vendo seu mundo sendo tomado, mas mesmo assim eles continuaram sendo bondosos sabendo amar pessoas como eu. Almas. Se por tudo seja culpada. Sim, então sou. Culpada por amar os humanos e eles me amarem, pois aprendi que quem ama protege. E vou sempre proteger eles” levantei e me aproximei deles.

“O que trago aqui dentro do meu coração nunca será substituído ou mudado. Mudem meu corpo, mas minha alma e meus sentimentos serão os mesmo.”

Palmas. Todas as almas do meu lado direito. Levantaram-se e bateram palmas. Serei verdadeira até o fim. Kate, Thelma e Leonardo estavam bem na frente batendo palmas o mais forte possível.

“Os humanos não são tão maus, assim”

“Merecem uma chance, tanto eles quando ela.”

“Não devemos ser ruins com eles.”

“Não machuquem nenhum dos dois. Ela os ama. Eles não são nossos inimigos.”

As almas gritavam para os Pilares.

Que se mantiveram quietos. A loira sorria de orelha a orelha. O de cabelos brancos parecia que estava resolvendo uma difícil conta mentalmente. Já os outros dois ferviam de raiva. E a de cabelos castanhos permanecia quieto, mas pude ver um lado do seu rosto sorrir. Os homens pediram ordem e todos se sentaram. Silencio.

Ouço alguém bater palmas. Burns. Viro e deparo com ele bem atrás de mim.

“Belo teatro. Daria uma atriz e tanto” disse, estou cansada dele. Como antes não pensei, simplesmente ergui minha mão para seu rosto, mas ele segurou minha mão “De novo, não”

“Solte-a” gritou as almas da arquibancada.

“Essa alma aqui na minha frente, só demonstrou um grande coração não vejo como podemos acusa-la ou de culpa-la por algo” disse firmemente Katharine.

“Desde de sua chegada aqui, a uma semana atrás, venho monitorando ela e nenhum dos exames ou vistorias podemos relatar que ela é má ou algo que relate sua falta de conduta.” anunciou Leonardo

“E deixando um pouco o lado medicinal. Sinto no meu coração que essa jovem é uma das boas almas que encontrei” disse Thelma.

“Pelo visto ganhou fãs”

“Confiem nela e terão uma cobra no ninho de vocês”

“Nós não perdoamos traição.”

“Ela é uma traidora, deve ser punida”

Gritou a parte dos Rastreadores. Pareciam leões rugindo.

“Por que sinto algo diferente no ar entre vocês dois?” perguntou á loira. Apontando para Burns, ignorando todos Rastreadores.

“Ele diz ser apaixonado por mim, mas na verdade ele só sabe amar ele mesmo. Nunca e nem em mil anos trocaria Ian por você, nunca vou retribuir seu amor. Esse é o motivo pra ele me trazer aqui” o acusei. A loira se sentou suspirando. A de cabelos castanhos tampou a boca pra não rir. Os rapazes reviraram os olhos.

“Claro, como não vimos isso antes!” disse o senhor de cabelos brancos. Ele suspirou, como se tivesse prendendo o ar faz tempo.

“Não foi nada disso, posso...” Burns.

“Isso não muda nada, dela ser uma traidora” disse o jovem de cabelos castanho.

“Não é bem assim, irmão” disse o de cabelos brancos.

“Ela nos traiu” o de cabelos negros.

“Não! Ela os ama. Amando eles como somos ensinados” disse a loira.

Os quatro começaram a discutir entre eles mesmos. Até que...

“Chega! Já me cansei disso! Não resolveram até agora! Terminem com isso de uma vez por toda” disse a jovem de cabelos castanho, se levantando e batendo a mão na mesa. Todos na sala ficaram mudos, pelo seu comportamento totalmente fora do padrão. Virou-se para seus irmãos “Irmãos está na hora da pergunta que interessa afinal. Façam-na!”

Seus irmãos arrumaram a postura. Sentaram-se, parando até mesmo de olhar pra mim. Sérios, o homem de cabelos negros foi o primeiro a levantar.

“A alma Peregrina é culpada ou não? Votemos.” disse ele.

Ouvi todos em volta prenderem a respiração. Eu mesma prendi a minha.

“Não” disse a loira sorrindo pra mim.

“Sim” disse o jovem de cabelos castanhos.

“Não” disse o senhor de cabelos brancos.

“Sim” disse o homem de cabelos negros.

Empate. Minha vida esta sendo decidida e agora está nesse empate. Quem decide é a jovem de cabelos castanhos. Ela ficou em silêncio, olhando seus dedos, como se estivessem relembrando algo, com um suspiro ela respondeu, sem ao menor olhar pra mim.

“Sim”


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Notas finais do capítulo

N/b: Caracaaa e agora, o que vai acontecer?
comentem por favor, desculpem se tiver algum erro...
beijos



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