Maré De Sentimentos escrita por R_Che


Capítulo 8
Gaspar Villanueva


Notas iniciais do capítulo

Vamos lá ver se depois deste, continuam a ter a mesma opinião sobre a Rachel.Eu admito que tenho uma GRANDE preferência pela Rachel, e acho alguma graça que todos defendam a Quinn. Disfrutem!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/403699/chapter/8

O salão do Hotel Ritz era enorme. Estava decorado em tons de dourado e preto, todo o serviço era nesses dois tons. A sala estava cheia de gente, não havia uma única pessoa que não estivesse elagante, e o som ambiente marcava a elite da festa. Quinn e Rachel entraram no salão como entram normalmente em todas as festas, de braço dado, embora a cara de Rachel fosse de desagrado, Quinn por seu lado transmitia simpatia no sorriso que os seus lábios formavam.

RUSS: Achei que não vinham.

R: Eu também.

RUSS: Imagino.

Q: Olá pai. Boa noite.

RUSS: Já deram os parabéns ao Gaspar?

R: Acabamos de chegar.

RUSS: E a prenda?

Q: A Carla enviou para o escritório dele. A mãe?

RUSS: Está com a Shelby e com a Sra. Villanueva. O Hiram foi buscar o telemóvel ao carro que se esqueceu dele lá.

R: Boa ideia!

Q: Rachel?! Ainda gostava de saber o que é que tu tens contra o Gaspar?! Nunca achas graça a festa nenhuma, mas quando lá chegas normalmente passa-te.

RUSS: O que é que ela tem contra o Gaspar? – Russel soltou uma gargalhada. – O que é que há-de ser? Aquilo que todas as mulheres que passaram pela cama dele têm. Ora essa! – Quinn abriu os olhos espantada, nunca pensou em tal possibilidade, mas não iria admitir que o seu pai falasse assim de Rachel. Ela por seu lado olhou para Russel com desprezo.

Q: A mim ensinaste-me que não se fala assim com ninguém. E eu não te vou admitir que o faças à minha frente, muito menos se te diriges à minha mulher. – Rachel olhou para Quinn e ficou surpreendida com o seu tom ofendido.

RUSS: Não disse mentira nenhuma!

R: Mas ninguém contestou o que tu disseste, só a forma como o disseste. E embora a Quinn tenha adoptado a postura de esposa protectora, coisa que não me surpreende já que lhe deves ter ferido o orgulho, eu sei-me defender. E tu além de educação, falta-te inteligência. – Rachel estava chateada por ir à festa, e Russel tinha conseguido a proeza de que isso lhe passasse.

Cumprimentaram a família Villanueva à excepção de Gaspar que estava a receber convidados, estiveram na conversa com vários convidados, beberam champanhe e depois de uma hora a dar atenção a tudo o resto, Quinn parou e ganhou coragem para chamar Rachel à parte discretamente.

Q: É verdade?

R: O quê?

Q: É verdade que tu e o Gaspar… digo, que vocês tiveram…

R: Sim. Eu e o Gaspar tivemos uma espécie de relação.

Nunca Quinn pensou sentir nada tão forte como os ciúmes que a invadiram naquele momento. E agora? Como iria ela felicitar alguém que a única vontade que tinha era bater-lhe?!

Q: E o que é que aconteceu?

R: E o que é que tu tens a ver com isso?

Q: Peço desculpa pela intromissão, mas parece-me que tenho o direito de saber.

R: E porquê? Eu não vejo esse direito escrito em lado nenhum.

Q: O que é que aconteceu?

R: Ele trocou-me por outra. Como é costume no Gaspar, convenhamos.

Q: Fantástico. E tu?

R: Eu o quê?

Q: O que é que tu fizeste depois? Como é que ficaste?

R: E isso importa? Já passou.

Q: Sofreste?

R: Na altura, sim. Embora neste momento esteja absolutamente feliz por nunca mais ter tido contato nenhum com ele.

Q: Se ficaste tão incomodada por vir, provavelmente é porque ainda te incomoda, não é?! – a surpresa de Rachel não habitava na conversa que estava a ter com Quinn, mas sim no seu ar agressivo.

R: Estás a afirmar? É que a mim parece-me que estás a tirar conclusões sozinha.

Q: Estou a perguntar.

R: Não, não estás! E mesmo que estejas não te interessa minimamente. Não vou continuar esta conversa contigo, não tenho porquê nem quero. - A presença de alguém fez-se notar rapidamente.

G: Sejam muito bem-vindas à minha humilde festa. – disse Gaspar com um sorriso divertido. – suponho que há muito tempo que não te via Rachel.

R: Ainda bem que supões. – disse ela de sobrancelha franzida. Aquele homem tirava-a do sério.

G: Continuas magnífica. Os anos não passam por ti.

Q: Parabéns! – Quinn esticou a mão de modo a acabar com aquela conversa. Gaspar agradeceu e devolveu-lhe o aperto de mão, mas subtilmente puxou-a para depositar um beijo na face direita da loira.

G: É uma honra ter-te na minha festa Quinn. Claro está que é uma honra ter-te a ti também, Rachel. Um cavalheiro nunca faz destinções entre duas senhoras. Rachel soltou uma gargalhada e acrescentou com ironia:

R: Onde estás a ver aqui um cavalheiro?!

Embora para Quinn estivesse a ser difícil manter uma conversa com Gaspar como se não soubesse de nada, para Rachel estava a ser desconfortável. Rapidamente se dispersou e os deixou a conversar sozinhos. A conversa não durou muito pois a presença de Gaspar era reclamada do outro lado do salão por outros convidados. Quinn procurou Rachel mas não a encontrou.

S: Então minha querida?

Q: Ah, olá Shelby. – Quinn beijou a face da sua sogra e abraçou-a simpaticamente. – Como estás?

S: Já sabes que estas festas para mim são uma fantochada, mas como já me habituei, queixo-me menos.

Q: Isso é de família. A Rachel só arrancada de casa.

S: Sim. – riu ela. – A Rachel tem mau génio. Não sei a quem é que ela sai.

Q: A Rachel é perfeita. – o tom de Quinn era sincero, e a sua sogra olhou-a com carinho.

S: Quando é que tu te decides a dizer-lhe?

Q: Não me parece que isso vá acontecer alguma vez.

S: Porquê?

Q: Porque prefiro tê-la assim do que não tê-la.

S: Vocês podiam ser tão felizes juntas, Quinn.

Q: Eu sou feliz. Ou pelo menos sou feliz porque ela faz parte da minha vida.

S: Eu não digo mais nada, mas continuo a achar que ela devia saber.

Q: Nunca acreditaria.

S: Isso é o que tu achas.

Q: Pronto. Ok. Mas prefiro jogar pelo seguro. – Quinn disse a última frase em tom de conclusão de conversa, pois avistou Rachel a dirigir-se até elas.

R: E já podemos ir embora? – disse ela cansada.

S: Já deste os parabéns ao Gaspar?

R: E era suposto?

S: Rachel Barbra Berry?! Claro que sim. A educação acima de qualquer princípio.

R: Ele que se considere parabenizado.

S: Rachel?

R: A Quinn deu.

Q: Sim. Não me parece que lhe faça falta que tu lhe os dês também.

S: Mas o que é que se passa convosco?

R: Quero ir embora.

Q: Temos de ficar para o bolo. Mas depois prometo que vamos embora.

R: Odeio-te! – ela disse aquilo e saiu em direcção ao terraço exterior.

S: Não leves a peito minha querida.

Q: Já deixei de levar. Ela repete todos os dias a mesma coisa.- Shelby riu-se e ambos dispersaram.

As luzes da cidade à noite eram inspiradoras para Rachel. Aquele terraço tinha altura suficiente para ver os pontos principais iluminados. Fechou os olhos, inspirou e expirou quando sentiu uma mão pousar no seu ombro descoberto. Deu a volta e lá estava ele para chateá-la.

G: É interessante ver-te casada.

R: É interessante ver-te solteiro.

G: Eu não me caso. Pelo menos enquanto tu não te divorciares.

R: Eu não me vou divorciar.

G: Ai Rachel. Não acredito que ela te faça feliz. Não acredito de todo que gostes dela.

R: Não é essa a questão.

G: Sim. Acredito que nunca te tenhas querido casar com ela.

R: Não me parece que isso seja da tua conta. Afinal casámos todos, menos tu. Suponho que para a tua imagem não seja de todo positivo teres ficado sozinho.

G: E quem disse que eu fiquei sozinho? Tu sabes que eu nunca dei nada pelo vosso casamento.

R: Não entendo a ligação dessa resposta à minha pergunta.

G: Rachel?! Tu sabes bem que foste a única…

R: Gaspar?! Tu achas mesmo que essa conversa vai passar por uma conversa séria? Não insultes a minha inteligência. Além disso, tu és desprezível. Qual é a mulher que quer realmente casar contigo?

G: Ambos sabemos que se te dessem a escolher entre mim e a Quinn tu não hesitarias em ficar comigo. – ela sorriu com alguma ironia e não disse nada.

Muita coisa a tinha magoado durante toda a sua vida, mas o silêncio de Rachel à pergunta de Gaspar fê-la ponderar se aquele casamento fazia algum sentido. Não estava disposta a ouvir mais nada vindo daquela conversa que era absolutamente ofensiva para ela. O desprezo de Rachel para com Quinn tinha-se tornado tão real que ela preferiu abstrair-se de tudo e desistiu de entrar no terraço. Virou-se em direcção à porta de saída e saiu.

R: Se tu fosses metade do ser humano que a Quinn é, eu até continuava esta conversa, mas tu nunca vais conseguir chegar-lhe aos calcanhares.

G: Rachel, Rachel…

R: E sabes o que mais te chateia no meio disto tudo, Gaspar?! É que tu sabes que é absoluta e indiscutivelmente verdade aquilo que eu estou a dizer. – ela deu dois passos até ele e acrescentou: - E agora se me dás licença, eu vou à procura da minha mulher.

Entrou no salão e olhou à sua volta. Não havia sinais de Quinn. Alcançou Russel com o olhar e foi ter com ele.

R: Russel.

RUSS: Rachel. Mais bem-disposta? – ela ignorou a pergunta.

R: Viste a Quinn?

RUSS: Não. Porquê?

R: Não a encontro.

RUSS: Deve estar a discutir algum negócio. Procura-a.

Nem valia a pena discutir com Russel. Procurou Judy e Shelby, podia ser que a tivessem visto, mas nenhuma sabia dela. Abriu a sua mala e pegou no telamóvel.

Q: Sim. – atendeu a loira com um tom de voz neutro.

R: Onde estás?

Q: No carro.

R: No carro? A fazer o quê?

Q: Nada.

R: Quinn?

Q: Vim só… vim fazer uma pausa dessa festa.

R: Vamos embora?

Q: Porquê? Pensei que te estavas a divertir.

R: E a que propósito é que dizes isso? Eu odeio estas festas, já sabes.

Q: Espero por ti à porta.

R: E vou sair sozinha?

Q: Então Rachel?! Queres que te vá buscar? Fazes assim tanta questão de aparecer comigo?

R: Sim faço. Não vou sair da festa sozinha.

O que é que se passava com ela? Ela tinha uma data de sentimentos contraditórios em relação a Rachel. Após ter ouvido a conversa com Gaspar tinha ficado com a certeza que o divórcio era a melhor opção, e agora ela fazia questão de sair com ela da festa.

O ânimo de Quinn a subir no elavador não era muito, aliás, a sua auto-estima tinha ido pelos ares no momento em que ouviu aquela conversa. Chegou ao piso escolhido e saiu discretamente. Quando chegou perto da porta viu-a ao fundo do salão. Estava sozinha a olhar para as mãos, era linda. “Como é que se pondera viver sem esta mulher? Como é que eu posso sequer ponderar divorciar-me dela? Ela seria mais feliz Quinn. Ou não. Posso perguntar… e vou ouvir o que não quero. Posso esperar mais uns dias a ver o que se desenvolve. Ou se fica tudo igual. Cala-te e vai lá.”

Ela caminhou lentamente em direcção a Rachel, e quando já estava muito perto viu Gaspar aproximar-se com um sorriso.

G: Então Rachel? Sozinha? A Quinn?

R: Foi à casa de banho. Tens alguma coisa com isso?

G: Não sou eu que não lhe chego aos calcanhares? Então?! Acho que posso começar a pesquisar para perceber como é ser a Quinn, mas em versão homem.

R: Adeus Gaspar. – suspirou Rachel cansada de o ouvir.

G: Não sejas desagradável Rachel.

“Dizes-te tão inteligente e depois és estúpida o suficiente para não ficar a ouvir a conversa até ao fim. Inteligente Quinn! Com que tom é que ela lhe terá dito aquilo?”

G: Onde é que ela está? Não me digas que se foi embora e te deixou aqui. Não a vejo.

Q: Estás à minha procura, Gaspar?

G: Ah. Sim, estava aqui a fazer companhia à Rachel que estava sozinha.

Q: Obrigada. – disse Quinn com um tom de voz autoritário que fez Rachel sorrir.

G: Então e estás a gostar da festa Quinn?

Q: Sim. Está um ambiente muito agradável. Obrigada.

G: É um prazer para mim tê-las cá, como já referi.

R: E para mim seria um prazer ir embora. Podemos ir? – disse ela dirigindo-se a Quinn.

G: E os parabéns? Falta cortar o bolo.

Q: Claro. Então Rachel? Temos de cortar o bolo.

R: A sério?!

G: Óptimo.

R: Mas…

Q: Rachel. Vamos apanhar ar, parece-me que a tua impaciência é uma questão física. Vamos lá abaixo ao jardim e já subimos.

G: Sim. Façam isso. Quero-te fresquinha quando eu fizer o meu discurso. – disse Gaspar com um sorriso sarcástico.

Q: Vamos. – Quinn pegou sem medo na mão de Rachel e encaminhou-a directamente à porta. As duas saíram do restaurante e entraram no elavador.

R: Que eu saiba o combinado era irmos embora. – Quinn não respondeu e ela ficou irritada. – Quinn!

Q: Shhh. Não ouves?! Está a apitar ao som dos pisos. – disse ela ironicamente.

R: Não tens gracinha nenhuma.

O elavador chegou ao zero e ambas saíram. Quando estavam à porta do hotel ela parou chateada. Quinn desceu o primeiro degrau e só depois percebeu a ausência de Rachel.

Q: Então?

R: Então o quê? Eu não quero ir passear contigo. – a loira sorriu, voltou a subir o degrau e agarrou-a da mão puxando-a levemente. – Estou a falar a sério e esta situação é surreal.

Q: Deixa de ser tonta. Vamos embora. Achas que vim para baixo para voltar para cima? Vamos para casa.- O sorriso de Quinn a olhar para ela era tão encantador que foi inevitável que ela o devolvesse. Rachel revirou os olhos e desceu as escadas pela mão dela até ao carro.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E agora? Será que aquela relação evolui, ou volta ao normal??Comentários?Beijinho, e obrigada!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Maré De Sentimentos" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.