Inalcanzable escrita por Duda


Capítulo 5
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Meu, eu só queria dizer que fiquei maior feliz pelos comentários nos outros capítulos rs, obrigada pessoal. Enfim, só isso, boa leitura.



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POV. Angeles

Por que você não nos disse que o seu aniversário foi há 5 dias? Fran cochichou para mim no meio da aula de Matemática. Eu havia contado para Cami sobre a minha conversa com a Violetta e deixei escapar sobre o meu aniversário, ela contou para a Fran. Nós teríamos feito algo, comemorado de algum jeito.

 Comemorar de que jeito, garota? Até parece que você não sabe como são as coisas por aqui... – Eu cochichei de volta.

 Nós temos nossos métodos para nos divertir aqui dentro, Angie. – Cami interveio.

 Eu não quero me meter em encrenca, o Sr. Castillo já está no meu pé.

 Não está não, isso é o que o pessoal diz para te assustar. Hoje faremos algo, você vem com a gente. Cami disse.

 Mas...

 Sem desculpas Dessa vez foi a Fran quem disse – Você precisa se divertir, se não vai explodir. Nós não vamos fazer nada de errado... ou quase nada – As duas sorriram para mim.

 Tudo bem mas se eu for pega...

 Senhorita Angeles, Eu me assustei em todas as minhas aulas ou está falando ou está na lua, hoje não cala a boca... O professor Gregório disse alterado. Ele suspirou, caminhou até a porta da sala, fez um sinal para alguém que estava lá fora e, quando a pessoa se aproximou, disse: Leve a senhorita Angeles até a diretoria – Virou-se para mim, lançou um olhar ameaçador e continuou: O Sr. Castillo saberá o que fazer com você.  Merda, merda, merda, eu estremecia só de pensar no Sr. Castillo. Mesmo que, depois de ter conversado com a Violetta, eu tivesse mudado um pouco a minha concepção a seu respeito, aquele jeito dele ainda me intimidava bastante. Levantei-me, caminhei lentamente até a porta e encontrei o Pablo, um dos inspetores, o qual também fora bem simpático e receptivo comigo e também por quem as menininhas eram apaixonadas.

 Vamos, senhorita.

POV. German

Eu estava organizando a papelada de alguns alunos quando bateram na porta do minha sala. Com o meu consentimento, alguém abriu a porta e deu passagem para que outra pessoa entrasse na sala, eu não vi quem pois estava prestando atenção nos papéis. Quando fechou-se a porta, eu levantei os olhos e, ao vê-la de novo em minha sala, eu suspirei. A garota estava ali parada, olhando para baixo, aparentando estar com receio de algo. Ora, eu não poderia ser tão assustador assim. Violetta havia me falado sobre ela e o que havia acontecido com seus pais e tudo mais. Vê-la daquele jeito me deu uma vontade enorme de protegê-la, abraçá-la e dizer que tudo ia ficar bem mas eu não sou assim... e ela é apenas mais uma aluna. Contudo, há algo estranho nela, algo que, ainda que ela evite me encarar, quando ela o faz, é capaz de me fazer enxergá-la como uma mulher e não como uma menina qualquer. Mas eu não posso me dar ao luxo de pensar coisas do tipo. Sou o diretor de uma escola tradicional e... Angeles pigarreou, afugentando meus pensamentos por completo.

POV. Off

 Sente-se – German disse após Angie pigarrear discretamente. Ele ficou olhando-a estranhamente durante o que para ela foram os minutos mais longos de sua vida. Desde o primeiro dia em que ela o viu, aquele olhar a fazia estremecer e a assustava, muito. Entretanto, depois da conversa com Violetta, ela passou a reparar mais no olhar de German e pôde notar que tudo o que havia nele era tristeza. Ainda assim, o simples contato direto com aqueles olhos tristes a faziam arrepiar inteira, não mais de medo, ela não sabia definir o que ele a causava, mas tinha certeza de que não era mais medo. Enquanto ela sentava-se, ele perguntou: O que você fez agora? Ela o olhou séria e suspirou. Já passaram duas semanas que as aulas começaram e essa era a terceira vez que Angie fora parar na sala de German, quarta se contar com a vez do auditório. Por motivos inúteis, ora por dormir na aula, ora por cochichar algo para as meninas e coisas desse tipo.

 Nada de tão sério para que eu precisasse ser trazida para cá – Angie havia adquirido um pouco de coragem ao responder German. Ele a olhou ainda mais sério e ela sustentou o olhar, o que supreendeu um pouco German mas ele não deixou isso transparecer.

 A senhorita sabe que está passando dos limites, não? A maioria dos professores reclamam de você, da sua falta de atenção e dos seus cochilos durante as aulas... disse alterando-se – seus pais não te ensinaram que é falta de educação dormir durante as aulas? Angie estreitou os olhos e passou a olhar para baixo. German amaldiçoou-se por ter dito as últimas palavras, ele sabia o que havia acontecido com Angie e imaginava que ainda seria doloroso lembrar de seus pais. Desculpe, Saramego – German murmurou. Ao escutar a desculpa de German, Angie percebeu que Vilu havia contado para ele. Ela o olhou.

 A Vilu te contou, não é? German apenas assentiu sério, Angie voltou a olhar para baixo. Imaginei que ela fosse contar – Uma lágrima escorreu pelo rosto de Angie, sem que German percebesse. Desde que mudou-se para o internato, não chorou uma única vez, não queria que aquelas pessoas a vissem chorar, mas ali, na frente dele, ela não conseguiu segurar.

– É por isso que você vem se comportando desse jeito, não é? German murmurou. Eu vi o seu histórico, Saramego, é impecável, e eu liguei para sua escola antiga, eles disseram que você era umas das melhores alunas da escola. Mais um lágrima escorreu pelo rosto de Angie, que deu um sorriso nostálgico e levantou o rosto. Ela sentia uma falta enorme de sua antiga vida. German ficou sem reação ao reparar na lágrima que escorria pelo rosto de Angie e, em um impulso, esticou seu braço até que sua mão fosse capaz de alcançar o rosto da aluna, do outro lado da mesa. Colocou a mão sobre a bochecha direita de Angie, limpou a lágrima que escorria com o polegar e acariciou o rosto dela durante alguns instantes. Ela apenas fechou os olhos enquanto estava sendo acariciada. Os corações de ambos batiam um pouco mais acelerado do que o normal mas eles jamais admitiriam isso. Quando German percebeu o que estava fazendo, retirou rapidamente a mão do rosto de Angie e ela apenas o olhou como se tivesse despertado de um sonho. Pela primeira vez, desde que se conheceram, ele desviou o olhar do dela. Ficaram sem graça por alguns minutos até que German se recompôs. Ele lançou o olhar duro de sempre e disse:  Vou mandar você para a psicóloga da escola, você precisa de acompanhamento. Eu avisarei seu pai.

 Não precisa avisar o Jo... o meu pai, eu conversarei com a psicóloga numa boa. Angie não queria incomodar José, ela sabia que durante as férias ele não a deixaria em paz se algo da escola o incomodasse, ele deixara isso bem claro.

 Mas você é menor de idade, ele precisa ser avisado.

 Eu já disse que não precisa Angie disse levantando um pouco o tom de voz e o olhando séria. Desculpa, senhor. murmurou abaixando a cabeça. German não ficou bravo, ficou curioso... por que Angie não queria que avisasse seu pai?

– Tudo bem, eu não vou avisá-lo, mas tente melhorar o seu comportamento, senão uma hora eu terei de chamá-lo aqui e nenhum tom de voz mais alto seu me impedirá de fazê-lo, estamos entendidos?  Angeles apenas assentiu. Pode ir. Sem pensar duas vezes, Angie levantou-se. – Angie – German a chamou enquanto ela abria a porta, ela se virou para olhá-lo. Feliz aniversário... atrasado. German disse sério e Angie franziu o cenho, confusa.

– Obrigada. Angie disse e sorriu, German apenas assentiu e, então, ela saiu da sala e fechou a porta.

O sorriso dela o fez tremer, o fez sentir aquele friozinho na barriga que há muito tempo não sentia. Ele não sabia porque tinha dito feliz aniversário para ela, nunca se preocupou em felicitar um aluno por seu aniversário, ele estava pouco ligando para isso mas, com ela, sentiu uma necessidade enorme de fazê-lo. E só pelo sorriso que ela deu, aquilo valeu a pena. 


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado rs, até amanhã!



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