Gina ficara muito mal com a expulsão de Luna. Já se passara dois dias e ela não botara nenhum mísero grama de alimento na boca. Ela estava pálida, cabelos secos, olheiras e olhos inchados de tanto chorar. Tantos foram acusados, mas por que logo Luna tivera que ser expulsa?

A situação começou a piorar na manhã de uma quinta-feira. Chovia muito e era o terceiro dia que Gina bebia somente água e não comia nada.

-Gina, você tem que comer... – falou Harry. A garota e Hermione estavam brigadas e nenhuma ousava olhar para a outra. Hermione com raiva por Gina defender Luna e a ruiva com raiva por Hermione condenar à loira.

-Não Harry... Não tenho fome.

-Gina... Por favor... Por mim.

-Eu não vou comer até a Luna voltar. Ela é inocente, tenho certeza.

Harry suspirou. Ele não conseguiria fazer Gina comer. Assim, o garoto pegou sua torrada e mordeu. Ficou quieto por vários minutos pensando em Luna. A garota não merecia aquilo. Ele não conseguia acreditar que fora ela. Rony não estava diferente. O garoto sentia uma grande afeição pela loirinha e não conseguia vê-la fazendo algo assim. O ruivo estava meio magoado com Hermione, já que conhecia Luna há anos. Naquele sábado, eles iriam para Hogsmeade e todos na escola estavam felizes já que a pessoa chamada - GG fora descoberta.

Hermione sentia-se feliz e comia bastante. Mas por trás de tanta dificuldade, ela estava preocupada com Gina. Muito preocupada. A garota estava muito bonita naquele dia, já que iam para Hogsmeade não precisavam de uniformes. Usava uma calça jeans com uma botinha branca. Na parte de cima usava uma blusa de manga comprida, branca, com um grande coração preto no meio. Usava os cabelos bem cacheados com uma trança que passava de uma forma estranha, mas bonita, por cada cacho. No pescoço, usava um colar que consistia em uma flecha atravessada por um coração e os brincos, completando a ideia do colar, eram flechas. Para completar usava um anel com uma forma de pena em cima e gloss labial bem fraquinho. Ao seu lado tinha uma bolsa da mesma cor da blusa.

Gina não estava tão arrumada. A garota não sentia vontade de se arrumar e nem de ir a Hogsmeade. Vendo todos felizes, a garota se levantou brava e saiu do salão. A ruiva tinha os cabelos incrivelmente cacheados naquele dia, com uma franja na frente. Usava um moletom cinza com um grande número treze na frente. Era normal. Ela gostava do número treze. Assim como gostava de gatos pretos e amava o mês de agosto. Era assim mesmo. Do contra. Completando, usava um jeans com um Converse e balançando conforme andava uma bolsa com alguns desenhos de dados, escrito “Let’s play”.

Harry pensou em ir atrás da garota, mas desistiu. Em vez disso, ficou encarando Hermione, que devorava um grande pedaço bolo, enquanto todos olhavam Gina saindo. Hermione, enfim percebeu o que estava acontecendo e olhou para Harry em sinal de confusão.

-O que? Quer que eu faça o que exatamente? Se ela quer se iludir...

-Você deveria se preocupar um pouco mais com a sua amiga e tentar entende-la melhor. Ela conhece Luna há anos, é normal que ela não queira acreditar que Luna seja - GG. Nem eu acredito direito. Não cai na real. Luna era muito dócil para fazer isso.

-Também achei que Luna era dócil, mas tudo comprova. Ela apareceu no meio da noite e era a única que sabia meu segredo!

-Eu sei Hermione, mas você tem que ver o lado dela...

Hermione por fim se irritou. Os olhos se encheram de lágrimas e ela se levantou gritando, chamando a atenção de todos.

- Acontece Harry, que todos veem o lado dela e não pensam no meu. Desde o que aconteceu ninguém perguntou se eu estava bem ao descobrir que assassinaram a minha vó e que meu namorado estava me traindo com a minha melhor amiga! É sempre o mesmo: Está tudo bem Gina? Não quer comer um pouco? Gina, você deveria comer! Eu estou mal também e eu tenho direito de ficar irritada também! Eu também tenho o direito de fazer greve de fome, ficar mal... Eu tenho o direito de ser humana! Mas não, em vez de ficar fazendo greve de fome eu estou aqui, aguentando com um sorriso no rosto, enquanto... Enquanto... Quando a noite chega e eu estou mais triste que a Gina. Ou você acha que eu não vomito tudo que eu comi, só para fazer parecer que estou bem e que o assassinato de minha avó não me afetou! Gina não é a única santinha da história! Então Harry, quando você disser para eu ver o lado dela, eu irei. Mas tente ver o meu também. Eu também, tecnicamente estou sem comer. Daqui a dez minutos não sobrará nada em meu estômago para contar que eu comi algo. Gina pode estar mal. Mas eu estou bem pior. Ela perdeu uma amiga. Eu perdi meus pais, minha avó, meu namorado e minha melhor amiga também. Além de tudo isso eu perdi algo que vale tudo para mim: Dignidade.

Assim Hermione saiu rápido também, se tocando que contara um de seus maiores segredos para toda escola. Sim. Ela vomitava tudo que comia. Não. Isso não começara fazia apenas dois dias.

***

Gina andava calmamente pelo caminho até Hogsmeade, quando alguém passou como um jato do seu lado. Hermione. E pelo que percebeu a garota chorava compulsivamente. Cinco minutos depois outra pessoa passou como um jato por ela. Um loiro. Draco.

A ruiva ficou curiosa para saber por que Hermione chorava e apressadamente, mas discretamente, seguiu Draco. O garoto se aproximou de Hermione cautelosamente. A morena estava sentada ao lado de uma velha cabana de madeira, em meio a árvores, e chorava com a cabeça entre as pernas. Os soluços eram ouvidos ao longe. Draco se sentou ao lado de Hermione sem ela perceber, enquanto Gina se escondeu atrás de uma árvore bem perto de onde estavam, de modo que escutavam tudo que falavam.

-Hermione...

A garota pulou assustada e arregalou os olhos vermelhos ao erguer a cabeça e ver Draco. O garoto riu de leve e ela deu um sorriso tímido.

-Não chore...

-Não estou chorando. – falou rindo falsamente e limpando rapidamente as lágrimas. Draco segurou sua mão e impediu de completar o serviço.

-Nunca devemos nos envergonhar das nossas próprias lágrimas.

Bastou isso e Hermione caiu no choro se abraçando a Draco e encostando a cabeça em seu peito.

-Às vezes é tão difícil... Eu sinto que cometi um erro quando culpei Luna... E... E... –GG... E todo... Todo aquele assunto familiar que foi lido em frente à escola... E Gina... Sua greve de fome e... Todo aquele negócio de Harry e Rony... E o ódio que eu sinto de você... E o ódio que eu sinto de mim por não te odiar... Eu queria te odiar, como Gina te odeia... Queria que ela voltasse... Queria ser normal, sabe? Somente... Viver.

Draco assentiu.

-Às vezes a vida bota um muro em nossa frente para ver se somos capazes de escalá-lo. Mas eu te digo uma coisa... Em todo muro existe um portão.

Hermione soluçou apertando mais o corpo de Draco contra o dela.

-Eu... Ah Draco... Eu só queria o melhor para Hogwarts, mas acabei não pensando em Gina... E... E no quanto ela ama Luna. Você acha que foi ela?

-Sinceramente? Acho que foi sim. Nunca confiei nela. Muito santinha pro meu gosto. Uma história por trás da ilusão...

Hermione se lembrou de - GG. “Existe uma história por trás da ilusão...”. Não. Draco não seria capaz, seria? Gina pelo visto percebera também o que acontecera e vira isso como uma oportunidade para entrar na cena.

-Não fale mais palavra alguma para esse cara Hermione!

-Gina? – perguntou Hermione, já de pé, pois iria mesmo sair correndo.

-Gina? – perguntou Draco, com um tom entre raiva e confusão. Gina atrapalhara o momento em que Hermione poderia contar alguma verdade quentinha.

-É, sou eu. Hermione, não fale nada para ele. Você ouviu o que ele falou! Existe uma história por trás da ilusão. As palavras de - GG. Isso não acabou Hermione... Vamos embora...

-Você não vai acreditar nessa babaca, vai Hermione?

-É, a babaca na qual você usou anos atrás! Anos atrás eu era inocente e não sabia a diferença entre amar e ficar. Mas agora eu entendo as coisas. O bastante para saber que você não é de confiança. Vamos Hermione, ele não é confiável.

Hermione começou a andar, mas Draco a impediu.

-Então é assim? Você vai dar ouvido à amiguinha que está brava contigo e pode estar fazendo tudo de propósito para te fazer mais gente. O que está acontecendo é culpa dela!

-Não! Eu não admito que fale assim dela! – gritou Hermione.

-Eu devia saber e deveria ter impedido assim que chegou aqui. Agora você aprendeu com ela. Aprendeu a ser vadia como... – mas ele não conseguiu terminar a frase, pois a mão de Hermione bateu com força em sua cara, causando um estalo. A garota estava com o cabelo bagunçado e sussurrou.

-Nunca mais ouse chama-la de vadia.

Draco segurou sua mão com força e botou a mão em sua bochecha, apertando.

-Que pena tão bonita e tão mal educada. Terei que te ensinar...

-SOCORRO! SOCORRO! – gritava Gina.

-Cale a boca Ginevra! Você não deveria ter gritado! – falou Draco empurrando Hermione e a fazendo bater a cabeça no chão, caindo desmaiada. Gina estava boquiaberta e Draco estava irado.

-Olhe o que você fez! – gritou Gina.

Draco sorriu marotamente.

-Está bonita hoje...

Draco agarrou Gina e tentou beijá-la, mas Gina o impediu.

-Draco, pare... Você parece bêbado... Draco... Que cheiro é esse?

-Meu perfume? – perguntou, tentando agarrá-la.

-Não! Draco, o que você comeu hoje?

-Alguns bombons que me mandaram anonimamente...

Então Gina raciocinou. Os bombons não eram de sua propriedade. Anônimos... E os olhos de Draco estavam verdes. Verdes bem fortes.

-Você... Você está enfeitiçado! É claro! Você nunca seria capaz de bater em... – Gina não completou seu raciocínio, pois uma pancada forte a atingira na cabeça e tudo escureceu.

Draco olhou o que fizera e seus olhos voltaram a ficar cinza. Estava boquiaberto. Começou a clamar por socorro e logo alguns alunos chegaram para ajudar. O loiro não comentou que ele fizera isso. Ele somente voltou para Hogwarts. E assim passou a tarde toda escrevendo em pergaminhos. O que restava saber se era efeito da poção ou ele estava são. E ele, particularmente, não se sentia nem um pouco enfeitiçado.