The Atf Games escrita por Douglisha


Capítulo 3
O sobrevivente.




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- flashback on -

— Não que eu me importe muito, mas os braços da Mariana são mais grossos que minha cabeça. — Digo para Martinho, soltando uma risada e me ajeitando no sofá do andar.

— Ela tem 18 anos, é sapatão e vem do distrito sete, o distrito das mulheres macho, o que você esperava? — Uma risada também escapa dele.

Um silêncio se forma no andar.

— Ei, Mart. Você vai... Ficar comigo, na arena? — Meus olhos se fixam nele.

— É claro, Doug. Eu vou lhe proteger. Não se preocupe. — Um sorriso brota no rosto dele.

- flashback off -

Não sei o motivo pelo qual as lágrimas rolam por meu rosto, se é pela traição de Mariana, Isis e Martinho, se é pelos ferimentos, se é pela morte de Theo ou se é porque eu com certeza vou morrer pelas mãos dos carreiristas. Num último ato de tentar me manter vivo, prendo a faca na parede da torre, me agarrando nela e impedindo metade de minha queda livre. Gritos abandonam minha boca enquanto me seguro com a maior força que tenho, que não é muita coisa. Minha mão está escorregando e a parede não vai aguentar por muito tempo. Consigo ouvir uma movimentação logo abaixo de mim. Devo estar perto do chão e os carreiristas devem ter se reunido abaixo de mim, mas não me atrevo a olhar para baixo. Porém não aguento por muito tempo, logo a faca se desprende da parede e caio encima de alguém. Mylena.

— Parece que a princesinha caiu do céu. — Mylena ri, me empurrando para longe dela e encostando a ponta da lança em meu pescoço. Não me levanto, não pego o chicote, não faço nada, apenas fecho os olhos, no aguardo da perfuração da lança da menina.

— Espera! Não o mate! — Grita Lipi, que começa a se aproximar e afasta a lança de Mylena de meu pescoço. — Ele fez aquela armadilha. Ele pode nos ser útil. Temos de entrar no castelo. Tem gente lá dentro ainda, a aliança dele. Vamos usá-lo como isca para as possíveis armadilhas. Quando chegarmos lá encima, mataremos. —

Com relutância, Mylena se afasta de mim.

— André vai à frente, guiando o Douglas. — Diz Cloud.

— Por que eu?! — Diz André.

— Porque ou você vai à frente ou eu enfio a espada na sua cara. — Diz Dandara, e não sei se ela está brincando.

André agarra meu cabelo e me força a levantar. Mal consigo ficar de pé, e acabo sendo guiado pela mão do garoto em meu cabelo. As machadadas de Mariana estão doendo muito e acho que vou desmaiar.

— Está cansado, querido? Vai ter muito tempo para descansar quando você morrer. — Diz André, enquanto me arrasta praticamente pelo cabelo.

Entramos no grande salão real, o troco continua ali. André me leva em direção a porta e abre ela, me lançando no corredor. Caio no chão, de bruços e sinto um chute na altura de minhas costelas. É Leandro.

— Anda, levanta. — Uma risada baixa escapa da boca de alguns. Meu sofrimento é a diversão deles.

Sinto uma mão em meu cabelo novamente, porém não é a de André, é uma mão mais pesada. Cloud. Leandro abre a porta que leva à torre e me joga nas escadas que levam para a torre. Em meio a empurrões, chutes e tapas, chego à torre totalmente acabado e sou lançado no meio da sala. Não consigo me levantar e nenhum deles me levanta também. Não há ninguém na sala, apenas o corpo do Theo no chão e o de Mariana perto da janela. As lágrimas só rolam ainda mais por meu rosto, e parece que Lipi percebe isso. Ele caminha em direção ao corpo de Theo.

— Era seu amiguinho? Que pena. — Lipi crava o tridente no corpo morto de Theo.

Abaixo meu rosto, me segurando pra não manda-lo me matar logo.

— Ei pessoal, olha o que encontrei. — Diz Leandro, que encontra uma armadilha de urso logo abaixo da cama. Está desarmada.

— Ótimo. Seis, monte a armadilha. — Diz Dandara.

Não me mexo.

— Você é surdo? Monte a armadilha! — Lipi dá um chute em meu corpo e me forço a levantar um pouco.

Leandro joga a armadilha aos meus pés e começo então a montá-la. Estou com dificuldade de respirar por causa dos ferimentos do machado de Mariana, já estão quase se completando as 48 horas e meu chicote está com Mylena. Logo termino de montar a armadilha.

— Ótimo, agora enfie sua mão na armadilha. — Diz Mylena, com um sorriso no rosto.

— Mas isso vai amputar minha mão. — Digo com uma voz de choro e sinto algo rasgando um pouco meu braço. É o tridente de Lipi.

— Você é surdo? Ela mandou você por a mão na armadilha. — A voz dele é sem um pingo de piedade.

Minha mão vai em direção à armadilha.

Mas não faço o que Mylena manda.

Agarro a lateral da armadilha e jogo-a para cima de Mylena. A armadilha se fecha na barriga da menina, que solta um grito e larga meu chicote. Agarro o chicote no mesmo momento e corro em direção à saída. Nenhum deles presta atenção em mim. Carreiristas são burros. Sinto que a qualquer momento vou desabar no chão por falta de energias, mas eu tenho que correr. Se eu ficar, eu morro, se eu correr, eu também morro, mas não pelas mãos deles. Tateio as paredes do corredor, a procura da sala secreta que Martinho me avisou. Consigo ouvir passos vindos da escadaria que sai da torre. Começo a me desesperar, até que toco em um tijolo e ele afunda um pouco. Presto bastante atenção nele e empurro ainda mais o tijolo, até que uma porta se abre. Entro correndo na sala, mas André consegue entrar comigo antes da porta se fechar. É o único que consegue entrar.

— Onde pensa que vai? — Há um sorriso psicopata no rosto dele.

— Não se aproxime! — Estico o chicote em direção a ele, só então que me lembro: Ele também está com um chicote.

André avança sobre mim, dando uma chicotada em minhas pernas. Caio no chão e ele pula sobre mim, me prendendo no chão. Começo a me debater. Estou rolando pelo chão com André, e ele está levando a melhor sobre mim. Ou eu morro aqui, ou eu mato André e morro lá fora com os ferimentos de Mariana e dele. Quando finalmente consigo me soltar dele, corro em direção à pilha de maçãs que há ali. É uma pilha muito grande e com incontáveis maçãs. Apresso-me em pular entre elas, me escondendo entre as maçãs. Claro que ele sabe que estou lá, mas é mais fácil de desviar dos golpes dele estando ali.

— Está de palhaçada, né? — Diz André, soltando uma risada e começando a chicotear as maçãs.

Aos poucos a pilha de maçãs vai caindo e começo a me desesperar. Meus ferimentos estão ardendo, mas não sou maluco de me entregar assim pois sei que ele não vai me matar de forma rápida. Minha mão encontra minha kunai que está presa em meu cinto. Tinha me esquecido de minha faca e de minha kunai em meu cinto. Quando André da uma chicotada numa maçã que faz todas as outras que estavam acima de mim desmoronarem, me deixando sem proteção, jogo a kunai em sua direção. Ele habilidosamente desvia da kunai, que se prende na parede. Logo ele avança sobre mim, enrolando o chicote em meu pescoço e puxando o chicote de uma vez, me fazendo cair de quatro no chão.

— Implora para eu não te matar. IMPLORA! — Sinto uma chicotada em minhas costas e apenas um grito escapa de minha boca.

André me dá um chute, me jogando para frente com o chute. Bato na parede e André segura meu cabelo, me levantando e me mantendo de costas para ele, encostado na parede. Ele chega bem perto de mim.

— Suas últimas palavras? — Ele sussurra em meu ouvido.

— Quarenta e oito horas. — Digo com dificuldade, e André parece confuso por um momento. Momento esse que é o suficiente para que eu arranque a kunai da parede e a enfie na barriga do garoto.

Ele solta um grito e cai no chão com a kunai enterrada na barriga.

— Desculpe. — Anuncio, tirando a faca de meu cinto e enfiando-a na garganta de André. Um canhão denuncia a morte dele.

Agarro minha kunai e minha faca, prendendo-as novamente no cinto e seguro meu chicote, pegando o de André também. Dois chicotes são melhores que um, não? Ouço um grito vindo do castelo e me lembro, falta pouquíssimo para acabarem as 48 horas. Me apresso em correr para a porta de saída dali, que é a saída traseira. Martinho e Isis com certeza fugiram por ali. Quando saio do castelo, olho em volta. Estou perto de um lago. Não é o reino d’água, mas ainda assim é um lago. Um bonito lago. Meus pés se apressam em ir naquela direção e me deito na margem do lago. Fecho meus olhos, sentindo uma dor enorme por causa das machadadas, chicotadas e afins que levei esse dia.

— Parece um bom lugar para morrer... — Sussurro, fechando meus olhos.

Um canhão soa na Arena.


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