Clarity - Primeira Temporada escrita por Petrova


Capítulo 2
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Gente, eu estou mudando um pouco as histórias, então, quando lerem novamente, vão ver algumas mudanças; Eu a escrevi a muito tempo atrás, o que quer dizer que mudei muito minha escrita. Mas está com o mesmo enredo.



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Ande logo, Nina. – ouço o grito da minha mãe no andar de baixo, quase tão apressado quanto eu estou.

Eu devia notar que existe uma grande diferença em apertar o botão de ligar despertador e sonhar apertando o botão de ligar o despertador. Talvez eu deve culpar meu amigo Davis por me ligar tarde da noite.

– Você deveria estar dormindo.

– Obviamente, sim, eu deveria, se você não tivesse me ligado a uma da manhã. Que inferno David, amanhã tem aula!

Eu espero que Helena não esteja me ouvindo.

– Eu precisava te fazer uma pergunta crucial.

– O quê? Isso tinha que ser a uma da manhã? – disse vários tons mais baixo.

– É. – ele riu. – Como eu disse, era crucial.

– Por acaso são respostas do exercício de calculo? Não estamos pertos das provas, David.

– Por favor, Nina, é mais fácil você fazer essa pergunta do que eu.

Dei uma breve pausa para contar até três.

– Ok, David que tal pararmos de falar sobre meu intelecto e você prosseguir com sua importantíssima pergunta?

– Certo, eu estava me perguntando o que eu iria fazer amanhã, então me lembrei de um filme ótimo que está passando no cinema.

– E?

– E que somos cúmplices, você virou minha melhor amiga então não tenho muitas opções.

– É desse jeito que está tentando me convencer? – eu me remexo um pouco na cama, pensei que havia ouvido um barulho, mas era apenas a chuva lá fora.

Uma tempestade.

– Você sabe que eu estou brincando, exceto a parte do cinema. Vamos, está passando um filme que você iria adorar.

– Você não disse isso! – protestei baixinho. – Filmes ridiculamente terríveis com monstros, exorcismos e muita morte apenas para você ter o prazer de rir de mim tendo um ataque de pânico no meio do cinema como se fosse uma maluca?

Ele ria como se tivesse ouvido a piada do ano.

– Como descobriu meus planos?

– Eu te conheço, David.

– Bem até demais. – ele rebate. – Mas isso não quer dizer que está recusando, ou quer?

– Bem, teoricamente não, mas da forma prática sim.

– Isso não faz nenhum sentido Einstein.

– Apenas me escute. – murmurei. – Tenho planos para amanhã, você sabe que não vejo Jake há meses e estou com saudades.

– Você sempre está com saudades.

– Não é verdade. – contrariei. – E também não se trate apenas do Jake, vou me encontrar com Jeffrey amanhã também, ele está atrás de um apartamento na cidade e pediu que eu fosse junto. Então, isso é importante para mim.

– Ual, isso é ótimo. – ele comenta. – Ele está se transferindo, então?

– De acordo com o telefonema dele sábado, sim. – espontaneamente sorri. – É uma maravilha porque se ele definitivamente ficar aqui, posso criar esperanças de que ele e Helena se entendam.

– Bem, isso é um começo. – ele concorda rapidamente. – Mas agora minhas opções de ir ao cinema ou fazer qualquer coisa menos entediante foram para o espaço, já que você me dispensou.

– Oh, por favor, quem estamos enganando? Como se não houvesse uma primeira opção.

– Primeira opção?

– É, primeira opção. É morena, tem um sapato para cada dia da semana e tem Lucy no nome.

– Do, do que você está falando?

Eu tive que parar para rir.

– Do que estou falando? Estou falando de olhares, saídas estratégicas com sorrisos maliciosos. Apenas confesse que vocês dois estão saindo as escondidas.

– Cala. A. Boca. – suspeitei que estava envergonhado.

– Queria muito poder ver sua cara nesse momento.

– Está tarde, Nina.

– Tarde? Você me ligou, agora vai me ouvir. Nem estamos perto do seu aniversário e já está antecipando seu presente, meu caro amigo David? Suponho que a Lucy est...

Ele desligou.

– Babaca. – murmuro para o telefone.

Tirando o fato que David havia desligado na minha cara, depois dessa catástrofe experiência, certamente no futuro eu não cometeria o mesmo erro.

A manhã em Anchorage é legal... Quando não está nevando, claro. Anchorage é a maior cidade do estado do Alaska, se isso for para o bem de alguém. Não que aqui não fosse grande o bastante, e é, possui suas atrações, Anchorage tem entre trezentos e cinquenta à quatrocentos mil habitantes, e isso é legal, considerando que a maior parte do tempo é frio, ou está nevando. Mas eu gosto de morar no Alaska, é divertido como algumas pessoas não sabem absolutamente nada sobre o estado, muito menos sobre as cidades, como Anchorage. Por exemplo, não é praticamente todo o ano que aqui neva, claro que não, no verão por exemplo, a temperatura as vezes vai além de 15º graus, e isso é reconfortante quando se é completamente desengonçado e se desequilibra fácil, principalmente quando seu número de roupa no corpo é maior que seu peso. Não é engraçado. Não quando é com você.

Arremesso minha bolsa no meu ombro, puxo meu celular e mando uma mensagem rápida para David.

Não desista de me esperar, eu estou chegando num pulo. Beijos.

Saltei da escada em um pulo até encontrar minha mãe carregando sua maleta pesada para a saída. Helena é professora, e dou graças à Deus que ela não ensine em escolas públicas. Por quê? Ora, eu não sei, mas de qualquer forma sou grata.

– ... Na escrivania! – gritou minha mãe, nós já estávamos do lado de fora o suficiente para os vizinhos ouvirem minha mãe maluca no telefone. – Ohh... – ela murmurou desdenhando. – Eu deixei naquele lugar, Sra. Roberts, sim, eu deixei, não, claro que eu não ousaria a mudar de lugar. – ela ainda fala alto, mas as portas fechadas do carro são suficientes para abafar sua voz.

– Hmmm, o que temos de bom na rádio? – eu sussurro para mim mesma, atrás de qualquer estação que me ajudasse a ignorar a voz histérica da minha mãe quando ela começava a brigar com sua colega de trabalho, Anny Roberts. Quarentona que possui mais cabelos brancos do que alguém da terceira idade, e minha mãe a odeia. Não sei por quê, mas Helena deixa bem claro que motivos é o que não faltam.

Está tocando algo legal na KAFC, a música é Houdine, mas fugiu da memória a banda, algo com bateria e guitarras legais. A banda favorita de David.

David é meu melhor amigo desde que nos mudamos para cá. Na verdade, Anchorage foi apenas uma desculpa que minha mãe usou há quatro anos atrás quando terminou o casamento com meu pai, Jeffrey. Eles me disseram de imediato que para um relacionamento dar certo, não é apenas o amor que consta, que as vezes, ele não é forte o suficiente. E naquele momento, eu pensei que meu pai não amasse minha mãe. Errado. Minha mãe não amava meu pai. Confesso que Jeffrey não era paciente, desdenhava o trabalho de professora dela, não conversavam com freqüência quando meu pai resolveu morar em Sponvilly, alguns quilômetros depois de Fairbanks, mas, tipo, se separar? Não era para tanto.

A escola está perto o suficiente para que eu desligue a rádio e agora me concentre tranquilamente.

– Eu venho pegar você depois. – Helena diz, o celular de volta na bolsa enquanto eu estou entre o carro e a porta.

– Posso ir a sozinha.

– Tudo bem, - ela consente sem muito esforço. - talvez hoje eu me atrase um pouco, mas eu ligo e é bom que esteja com esse celular ligado.

Assento com a cabeça antes de me por para fora e fechar a porta do carro. Uhh! Gelado aqui fora, esqueci do aquecedor do carro da minha mãe. Esqueci que estou no Alaska. Quando o carro da minha mãe some como os outros que estavam a sua frente, começo a me mexer entre os alunos para a entrada da escola

– Ei, ei, garota nova.

Alguém está gritando histericamente na minha direção, procuro por todos lugares apenas para confirmar minha suspeita.

– David. – eu digo para mim mesma.

Nós temos essa cumplicidade de saber distinguir nossas vozes, - também – embora eu tenha certeza que era ele me chamando de “garota nova”, David é o único que usa essa piada sem graça para me encher a paciência, do tipo que ele sabe que estou aqui a tempo suficiente para ser considerava veterana.

Quando David e eu nos encontramos em fim, ele me abraça fortemente, aquele cabelo dele cutucando minha face. Ele cheira a colônia de barbear e panquecas, aquelas bem quentinhas com melado por cima.

Nós estamos andando agora, quando resolvo perguntar:

– Você viu o Jake?

David dá um sorrisinho de canto, mas é meio sem graça.

– Helena me fez passar todo o final de semana trancada com ela.

O único motivo exato para ela ter me feito prisioneira nesses dois dias infelizes é a noticia que seu namorado – que poderia ser o meu namorado ou meu irmão, filho dela – teve que adiar o extraordinário fim de semana com a sua amada para fazer uma visita aos pais – os verdadeiros que devem ter a idade da minha mãe – em Nova York, ou seja, eu fui a desculpa para ela ficar em casa ou não ligar para ele.

– Jogando, não te falei que a partida era essa manhã? – ele responde tristemente.

Como não percebi isso antes?

– Então o que aconteceu?

Aconteceu? – ele se faz de desentendido.

– Yeah, estou falando dessa sua cara.

Ele dá de ombros como se não fosse importante, mas de qualquer forma, eu sabia que ele não estava bem. Seu olhar é cabisbaixo, nós empurramos a porta e o maravilhoso calor entra em contato com minha pele gélida. Eu solto um gemido baixo.

Essa é uma das maiores escolas publicas da cidade, tem um campo verde na entrada cheio de árvores enormes fazendo do lugar um pouco mais apresentável.

– Você sabe... Eu não fui escalado. – ele diz, mas não olha nos meus olhos.

Okay, como não percebi isso?

David deu todas as dicas de que estava deprimido com alguma parte:

1) Ele me deu um abraço forte demais.

2) Jake não está aqui e ele está, e no caso todos os dois fazem parte do time.

3) David quando está com raiva ou triste ele fica um pouco vermelho

Outro fato importante era que David tinha se esforçado muito para entrar como titular no time de basquete da escola, treinou as férias inteira para melhorar a musculação porque ele não tem a altura ideal, de como garotos como Jake.

– Eu sinto muito, - eu sussurro, percebendo a péssima amiga que sou por não ter percebido isso antes.

– Tá legal.

– Eu sei o quanto você queria isso. – me forço de novo, para me redimir.

Eu puxo seu ombro e dou um abraço bem forte no meio corredor sem me importar se alguém xingar.

Ele me agradece com os olhos antes de sair dos meus braços e voltarmos a caminhar. Nós vamos para nossos armários e ficamos ali por alguns minutos sem falar nada, só trocando de livros, dando umas ultimas olhadas nos nossos celulares e ficando de bobeira.

– Hm. – pigarreio. – Devíamos mudar de assunto, ou melhor, começar algum.

Ele consente.

– Ainda bem que você percebeu.

Eu faço uma cara feia.

– Desculpe, esqueci sobre eu ser sua única opção. – eu dou de ombros, mas só para me vingar dele ter desligado na minha cara ontem.

– Não me venha com o assunto de ontem, Nathalie.

– Como adivinhou meus pensamentos? – eu perguntei me encostando no armário.

– Porque você está com uma cara muito descarada.

Claro que não estou.

– Você está vermelho, David, é sobre...

– Não ouse continuar, Nathalie White. – ele aponta aquele dedo indicador para mim.

Eu faço é rir.

O sinal toca para nos espantar, a droga desse barulho é estupidamente alta

– Salvo por algumas horas, Sr. Chavequeiro.

Nós estamos indo para nossa sala pensando sobre: cálculo. Ótima maneira de começar a semana.

Ahu!

Porque é muito interessante passar metade de uma hora estudando contas que dificilmente alguém que vai fazer jornalismo irá usar. A não ser que a matéria do jornal que futuramente trabalharei seja sobre matemática exaustiva que acaba com a vida dos adolescente entre quatorze e dezoito anos, porque é claro, o que há de ruim em juntar 1+1 igual a 2 no ensino fundamental? Nada.

Sr. Ralf é velho, não de idade, mas porque ele se veste como um. Ele usa um agasalho xadrez e as vezes com figuras geométricas. Sabe, cálculos, losango, raizes, potência e essas coisas que são quase geométricas, tem tudo a ver não é? A calça é formal, ela é larga para seu tamanho, porque ele é magro, porém alto, e fica muito mais... Estranho.

– Página 210. – ele diz, suando.

Tenho pena daquele figura. Sr. Ralf não é uma má pessoa, só alguém muito ocupado e estressado, principalmente quando metade da sua turma se comporta como gorilas de circo fazendo graça para as meninas que usam mais maquiagem que deformam todos seus rostos para torná-las um projeto ridículo da Barbie. Eu estou falando sério.

Além dos problemas fisiológico do Sr. Ralf, acredito que ele tenha um problema de memória, porque tudo que ele está dizendo já foi muito bem representado na aula passada.

Enfim, ninguém estava se importando com isso.

Sr. Ralf começou novamente toda aquela explicação da semana passada sobre Cálculo com geometria analítica. Isso não é nada interessante, exceto que eu não lembro de muita coisa do que ele disse.

– Você dormiu, por isso não se lembra. – David está me cutucando enquanto passamos da aula de calculo para biologia.

– Eu estava concentrada sim, eu só fiquei atenta no livro.

– Claro, de cara no livro, eu vi sua baba escorrendo pelas beiradas, isso foi nojento. Srta. White.

Eu fico vermelha e David rompe os corredores com uma risada estupidamente alta. As pessoas passam e olham para nós como se não fossemos providos de uma saúde mental.

– Vamos esquecer isso, ok?

Mas essa coisa de ser ameaçadora não funcionou com ele, então decidi tentar outra coisa.

– Por que não falamos de você e Lucy, da sala de inglês ou daquele vez que ficaram presos no estádio? – meu olhar é bem acusador.

Ele se engasga.

– Como?

– Sexta, onze e meia, saída das garotas do vestuário, Lucy e você nunca troca nojenta de saliva, não quero dizer que foi um beijo e um tchau, bem, vocês estavam se devorando, isso foi realmente noj...

David me ultrapassa e coloca as mãos na minha boca. Eu faço uma cara feia para ele quando seus dedos estão longe o suficiente para aliviar meus lábios oprimidos. Ele podia pelo menos ter dito para calar a boca ou não feito isso, literalmente.

– Que nojo, David. – eu digo para ele, com raiva. – Mas não pense que você escapou de alguma coisa, moçinho.

– Certo, - ele resolve consentir. – eu e Lucy estamos...

– Se pegando? – suspeitei quando ele não diz nada. – Por está me olhando assim? Vocês já namoraram, não precisa desse esforço todo para negar. Não é tão complicado.

Ele dá de ombros.

– Não é nem perto do complicado, é que Lucy não gosta de você.

– De mim? Sou tão amável.

David faz cara feia.

– Tudo bem, David, nós sabemos que isso é mutuo. Embora você saiba de quantas maneiras tentei aturar aquela garota, mesmo ela não sendo muito legal, mesmo não sendo nem uma das razoáveis pessoas dessa escola, na verdade, eu acho ela muito fu...

– Eu já entendi que você não gosta muito dela.

– Você tem razão, mas não quer dizer que eu vou mover montanhas para impedir de vocês ficarem juntos, afinal, esta é sua vida, se você gosta dela e ela de você, bem, quem sou eu para impedir?

Ele solta o ar aliviado.

– Obrigado. – ele diz. – Ela vai ficar mais feliz quando souber que você aprova, sabe.

– Talvez seja o início de uma grande e bela amizade.

Nós paramos.

– Você está brincando, não é? – ele arqueia a sobrancelha para mim.

– Olha bem para mim, David? Você já pensou em Lucy e eu sendo amigas e fazendo compras pela cidade naquele carro rosa dela?

– Na verdade...

– Não precisa responder. – eu o interrompo. – Só saiba que manter contato com ela é o ultima ponto da minha lista de coisas que eu faria em desespero num apocalipse. Sem ofensas

– Isso ofendeu, - ele diz. – mas obrigado.

– Ótimo. – eu me mexo e empurro suas costas. – Vamos que temos aula de biologia agora.

O refeitório tem quase o mesmo tamanho da quadra – e eu não estou brincando -, passo por entre as pessoas e vejo David ao lado de Lucy, o que me faz ter uma distância amigável deles. Eu amo o David, mas sabemos que a convivência entre eu e Lucy é quase que uma catástrofe natural, não nos damos bem, é assim, natural.

Passeio por entre as pessoas até ir atrás da minha bandeja e decidir o que escolher. Eu estou em duvida entre uma coisa gordurosa ou manter a forma (a que eu acho que tenho) com frutas, até que...

– O que eu faço para tirar você dessa bandeja e irmos lá para trás? – é a voz de Jake que me faz tremer a base.

Mais pelo susto, essa coisa de estar aqui e não estar. Não gosto disso. Jake está com o cabelo – curto – molhado, o que suspeito que ele tenha acabado de chegar do jogo e ido direto para o chuveiro. Sinto o creme de barbear dele bem perto do meu rosto.

– Você me assustou. – eu disse para ele.

– Eu estava com saudades, isso é diferente.

Ele está mais perto e sua voz ultrapassa meu corpo com um pouco malicioso.

Jake é bem maior do que eu, é musculoso também, porque ele pega pesado na musculação por causa do condicionamento físico nas partidas de jogos. Ele tem o cabelo ralo, meio louro, parecido com David, apesar de ter uns bons centímetros a mais. Eu não sei porque ele se desfez de seu volumoso cabelo loiro incrivelmente macio, mas, quero dizer, não posso ser hipócrita, Jake fica bonito com todo tipo de corte. Seus olhos são de um azul esverdeado, o maxilar quadrado e lábios curvos, tem um nariz simétrico e uma barba feita (é onde sai o cheiro de creme de barbear). Além de tudo isso, ele tem uma tatuagem que pega um pouco do seu ombro até o topo das suas costas, ela é bem irresistível mais pelo lugar onde é encontrada.

– Eu também, mas agora eu preciso comer, - eu digo. - e você nem me disse oi.

Jake pega um fio de cabelo meu.

– Desculpe. – e ele beija meu cabelo.

– Está tudo bem.

– Vamos sair daqui, eu estou morrendo de saudades Nathalie. – ele está olhando para mim do mesmo jeito que faz quando quer me convencer de algo. E errado.

Eu o olho pelo canto do olho e seu sorriso é angelical.

– Nada disso, Jake.

– Vamos lá, - seus dedos alcançam minha clavícula e ele a acaricia. – Nathalie é só um tempinho curto.

– Por que não comemos como 99% da escola está fazendo? – eu viro meu corpo para ele e o encaro.

Jake aproxima o rosto perto do meu e beija levemente meus lábios, depois segura meus ombros sem diminuir a distância ou aumentá-la.

– 99% da escola não tem os mesmos motivos que eu tenho.

Cruzo os braços.

– Quais?

– Saudade demasiada – ele disse demasiada? – da minha namorada, que é a pessoa mais incrível que eu já conheci na qual não vejo a milênios.

Por que ele fez isso? Sabe que tem um jeito para me convencer e quando o faz, eu me derreto toda. Eu estou pensando na possibilidade de negar, mas eu sei que isso durará uns três segundos até eu ceder de vez.

– Hmm, tudo bem.

– Ótimo! – ele comemora em seguida.

Eu solto minha bandeja enquanto seu sorriso fica maliciosamente grande. Ele segura minha mão e me leva rapidamente para o ginásio. O campo é muito grande para termos um ginásio dentro da escola com aquecedores e confortável para todo mundo.

As cores azul e vermelho com preto tomam as primeiras paredes quando empurramos a porta da quadra e caminhamos pelo piso cheio de símbolos e gritos de guerra. Jake está se apoderando de mim antes mesmo de chegarmos perto das arquibancadas, ele aproxima os lábios do meu rosto em beija.

– Já disse que estava com saudades?

– Talvez sim, talvez não, lembre-me.

Jake pousa os lábios no meu e diz:

– Então, eu estava morrendo de saudades.

Depois disso, estamos caminhando para as arquibancadas.

Não tem ninguém aqui, além de nós, Jake me deixa perto dos ferros que sustentam a escadaria, segura meu corpo e me braça para me beijar. Seus lábios procuram com mais voracidade o gosto da minha boca, nossas línguas brincam, ele aperta meus quadris, a outra mão caminha pelo meu pescoço e pela minha nuca. Eu alcanço seu cabelo curto e deixo minhas mãos ali enquanto eu sinto meu corpo se derreter assim, sem mais nem menos, nos braços dele.

Os beijos de Jake estão mais seletivos, ele alcança meu pescoço, depois seus dedos sobem para o alto da minha gola e abre lentamente os botões que prendem minha blusa no corpo. Sinto sua boca deslizando por minha pele, sinto arrepios passarem meu corpo, ele alcança meus seios, suas mãos caem e batem na minha coxa, ele a envolve com seus braços fortes e me ergue colocando minhas pernas no seu quadril. Os centímetros são míseros e parece que todos nossos toques são insuficientes.

– Ei... – ele sussurra, apoderando-se do meu pescoço e chegando perto do meu cabelo. – Eu quero você...

Eu me deixo levar pelo tom da sua voz.

– Hmm. – ele suspira, sem fôlego. – Marcie.

A boca dele se desloca e agarra meus lábios, ele tem toda aquele trajeto sedutor pelo meu corpo, eu não sei o que eu devo fazer, acho que posso chegar a loucura até que...

Espere, ele disse Marcie?

Eu arregalo meus olhos enquanto ele beija meu cabelo. Eu não acredito que ele disse o nome de Marcie? A ex namorada dele, a garota que irritantemente adora espalhar boatos pela escola que eles dois estão voltando aos poucos, mesmo sabendo que ele está comigo, exceto que...

– Espere, Jake, espere.

Eu empurro seu peito malhado para longe, mas todo o esforço é desperdiçado, porque ele não se move, nem um pouco. Eu sinto que vou gritar ao mesmo tempo que estou me sentindo enjoada. Eu sei o que eu ouvi.

– Jake, me solte, Jake!

Os olhos azuis dele se abrem em descompasso, vejo que ele está tão perdido quanto eu. Quer dizer que ele não percebeu.

Eu pulo no chão e ajeito minha blusa, meu cabelo, meu rosto e qualquer coisa que esteja desgrenhado enquanto isso ele está nervoso passado a mão no rosto.

– O que foi, Nathalie?

Eu sinto minha pele esquentar.

O que foi? – minha voz sai esganiçada.

Ai meu deus, acho que vou chorar. Pisco várias vezes para impedir que as lágrimas caiam, meu coração se apertando dentro do meu peito.

– Nós estávamos nos beijando Jake, quando me chamou de Marcie. – eu quase grito.

Ele coça o queixo.

– Eu não disse. – e dá um risinho sem graça.

– Sim, você disse.

– Nathalie, você está imaginando coisas. – Jake me dá as costas meio perturbado e volta logo em seguida.

– Não me chame de maluca. Eu sei o que eu ouvi, você estava chamando por Marcie? Eu quero uma explicação, Jake.

Eu sinto que vou explodir principalmente quando ele resolve não dizer nada, mesmo quando abre a boca e o máximo de som que sai são palavras confusas e gaguejadas. Eu estou com medo da verdade.

– Jake... – eu peço, choramingando.

– Não há nada entre eu e Marcie.

– Por que disse o nome dela? – pergunto impacientemente alterada. – Eu odeio que mentem para mim, Jake, o que há entre vocês dois?

Ele inspira fortemente.

– Jake. – eu grito. Depois empurro com as minhas mãos o seu peito. – Por que simplesmente não consegue dizer a verdade? – e choro.

Eu bato freneticamente minhas mãos no seu peito quando ele resolve me impedir, segurando meus braços no alto do seu pescoço.

– Você ficou dois meses fora. – ele grita para mim.

Eu estou paralisada.

As lágrimas simplesmente descem e eu não consigo. Eu não consigo, me desprendo dele com o coração na boca.

Então é verdade. Ele e Marcie... Como ele pode fazer isso comigo? Como pode? Eu me pergunto freneticamente passando os dedos pelo meu cabelo e o olhando completamente perdida. Como ele pode fazer isso comigo? Eu não consigo entender, é como se eu fosse sugada para dentro de um pesadelo. Eles estão isso a mais tempo, ela sabia de tudo, ele sabia o tempo todo e ainda sim me beijava como se nada tivesse dado errado. O tempo todo, não me disseram nada, Jake não havia sido leal e fiel a mim como prometemos um ao outro. Ele mentiu. Mentiu, mentiu, mentiu.

– Minha avó estava internada, Jake. – meu grito é abafado. - Eu tive que ir vê-la, se ela morresse, seria minha única chance de vê-la, então não seja hipócrita.

Eu estou quase desabando. Odeio-me por estar chorando por ele, por estar chorando na frente dele.

– Nathalie... – ele sussurra meu nome.

Eu dou dois passos para depois dele, mas ele me segue.

– Por favor, Nathalie, - Jake segura meu cotovelo e de repente estamos um perto do outro. – não era isso que eu queria dizer, você sabe que eu te amo.

Eu sinto meu estômago enjoado.

– Você não ama nem a si mesmo, quanto mais a mim. – eu empurro seu braço para longe.

Enxugo as lágrimas com as costas da minha mão e o olho enojada.

– Você é um idiota, Jake. – eu grito para ele.

– Nathalie...

– Eu não sei como pode fazer isso comigo. – e começo a chorar novamente, com muita raiva.

– Não foi proposital...

– Oh, claro que não, a não ser que vocês tivessem feito um plano para enganar a idiota aqui. – minha risada é dolorida.

– Não fale assim. – Jake se aproxima.

Eu recuo o mais rápido possível.

– Não. Toque. Em mim.

Ele me ignora.

– Isso não vai mais acontecer, - Jake se aproxima e estende as mãos no meu rosto. - é eu e você de novo, ok?

Eu dou três passos para trás, recuando.

– Vai pro inferno, Jake.

E começo a correr para longe dele. Tudo que eu quero é ir o mais longo possível daquele lugar.

Eu pego a saída dos fundos, corro pelo gramado, mesmo fazendo frio, mesmo o vento sendo dolorosamente frio, a dor que está no peito é ainda maior. Parece que eu gosto de me torturar, de ser masoquista, eu estou sofrendo por dentro e ainda me faço andar mais um pouco pelo gramado como uma louca nesse frio. Eu sei que deixei todos meus pertences lá dentro, mas eu não quero voltar, pelo menos não agora, eu preciso ficar sozinha, todo ser humano tem o direito de sofrer e chorar sozinho, não tem?

As lágrimas caem.

Eu o odeio tanto. Odeio a forma com as pessoas mentem para mim como se no fim eu não fosse descobrir a verdade, porque a verdade sempre volta, independente do quanto ela demora, é sempre assim. Ela volta, é mais dolorosa no final, é mais maligna, mas ela sempre volta para abrir nossos olhos.

Deslizo ali no gramado e me sento, abraço minhas pernas e deixo o vento levar, o que ele quiser de mim. Principalmente a dor.


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Notas finais do capítulo

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