Clarity - Primeira Temporada escrita por Petrova


Capítulo 16
Capítulo 15


Notas iniciais do capítulo

Ignorem os erros gente. E peço que continuem comentando, as vezes eu fico triste quando não há um comentário novo, alguma pergunta de leitor sobre os personagens e tal :(



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O que estou fazendo aqui? Particularmente eu não sei a resposta, mas o que não fazemos por uma boa amizade? Quase não há vagas por esse lado da cidade, e a maioria que está vazia se encontra umas três ruas antes do clube. Pessoas entram e saem de dentro do clube e o jeito que a multidão cresce, parece que a cidade toda está aqui.

E eu ainda me pergunto: por que estou aqui?

Eu não posso acreditar que, a uma hora atrás, eu estava prometendo a mim mesma que nunca mais cruzaria o caminho de Andrew ou qualquer lugar ou alguém que me levasse a ele, mas estou quebrando todas as regras ao tentar invadir a sua festa. Tal festa que não fui convidada, está pensando direito Nina? Você pode ser expulsa e ainda por cima com os olhares do Andrew em você, rindo e debochando da sua cara.

– Andem mais depressa. – Lauren está resmungando a um metro de distância.

Eu não sei como ela consegue correr naquele salto plataforma.

– Se eu não matar o Isaac quando nós pegarmos ele, matarei Lauren, grave isso. – Suzanna se curva para meu lado e sussurra.

Eu nem estou lhe dando ouvidos, tem tantas pessoas para desviar e esconder o rosto que eu só sinto minhas mãos congelando e meu coração pulsando forte.

– Aqui, aqui. – Lauren fala baixinho e aponta para a esquerda, onde devemos seguir.

Eu estou mais preocupado com a mentira que tive que contar a Isobel do que sobre a possibilidade de Isaac estar aqui, mas, caso ele não esteja, eu o odiarei mais do que eu já o ideio.

– Como ela consegue correr tão rapido? – Suzanna resmunga para mim.

– Ela nasceu de salto alto, lembra?

– Eu estou ouvindo, mas não estou vendo vocês se moverem. – Lauren nos olha feio.

Lauren pode ser bem assustadora quando quer.

Meu neon está estacionado algumas ruas antes do clube, e aqui parece mais um corredor apertado de carros do que um bairro. Algumas pessoas passam tão apressadas que de vez em quando eu esbarro em algumas delas e só escuto elas me xingando baixinho. Isso ajuda muito no meu arrependimento. Eu poderia ter dito não e a minha consciência estaria completamente leve e intacta neste exato momento.

Além de estar tentando entrar numa festa sem convites, eu não sei como aceitei vir de calça jeans básico, tenis e uma blusa azul tom do céu de mangas compridas quando cem por cento das pessoas que cruzam meu caminho parecem ter saído de uma revista de moda. Esse dia não podia estar pior.

– Você já pensou em ligar para o Isaac, Lauren? – eu pergunto, inocentemente.

Nós paramos entre um Volvo e um Ford.

– Eu quero pegá-lo com a mão na massa, Nina.

Suzanna e eu trocamos olhares tediosos.

Nós andamos mais alguns metros e deparamos com uma fila enorme se prosseguindo assim que mais gente começa a chegar, ou seja, isso vai crescer muito nos proximos minutos.

– Ótimo, há seguranças nas portas de entrada Lauren. – Suzanna abre os braços, em descontentamento. – Não há como entrar.

– Melhor irmos para casa, já sabiamos que esse plano era furado mesmo. – eu digo, esperançosa em elas me seguirem quando eu dou meia volta.

Até parece que eu estava acreditando que Lauren iria desistir, depois de chegarmos até aqui.

– Nada disso. – Lauren diz, roendo a unha do dedo mindinho, isso acontece quando ela está bolando um plano. – Eu já ouvi algumas conversas dos amigos de Isaac, uma vez eles entraram por uma porta nos fundos, ela está sempre vazia quando ainda está cedo.

– O quê? – eu pergunto, pasma.

– Porta dos fundos, Nina. – ela soletra para mim.

– Não é isso que eu quero dizer. Eu não acredito que está dando tudo errado e você ainda quer prosseguir com isso.

Lauren não me dá ouvidos, eu não posso fazer nada, Lauren é tão cabeça dura quanto Suzanna, o que quer dizer que nunca, na face da terra, eu poderia competir com essas duas.

– Quer saber, eu acho isso desnecessário. – Suzanna inspira meio irritada. - Isso é realmente necessário?

Lauren olha preguiçosamente para a Suzanna.

– É sobre o meu namorado estar rodeado de garotas, e sim, é amplamente necessário. Vamos!

Não tem ninguém que possa fazer Lauren desistir desse plano, é por isso que quando um grupo de pessoas nos ultrapassa, nós nos infiltramos para poder passar despercebidas. Deve ter umas sete pessoas na nossa frente, é mais fácil para passarmos entre as grades de entrada sem os seguranças nos notar. Eu fico para trás por uns quatro segundos quando um cara de quase dois metro de altura toma minha frente e eu não sei como passar por ele.

O destino deve estar zombando da minha cara, grave isso.

Lauren e Suzanna param no meio do caminho e tentam me achar, quando sou levada para frente assim que a fila anda mais um pouco e existe uma barreira de dois metros na minha frente.

Quando eu finalmente consigo me mexer para olhá-las, dou um sinal para elas avisando que vou segui-las assim que conseguir me livrar do dois metros só de ombro. Lauren e Suzanna dão um sinal de positivo e dobram, desaparencendo do meu campo de visão. Algumas garotas animadas estão dançando a alguns metros de distância de mim, quase no começo da fila. Eu me aproximo quando um grupo de amigos posicionados na minha frente desistem, acho que ouvi algum deles avisando que o convite caiu ou foi roubado. Eu tenho a decisão de dar alguns passos ou usar este momento para fugir do grandalhão, que é quando eu me aproximo das garotas e vejo um dos seguranças colocando um pó viscoso e roxo de tom cintilante, dentro de um compacto numa máquina que burrifa para o alto. Eu teria tido tempo suficiente para sair dali sem ser notada, mas aquilo me chamou a atenção. Assim que o segurança despeja o pó roxo, um dos seus companheiros aperta o botão e o ar é invadido por uma camada fina, quase imperceptível do mesmo pó. As garotas olham para o alto e riem como se fosse a visão mais normal do mundo.

Isso por acaso é droga?

Eu me afasto tão rapidamente da camada de pó que tropeço no pé do grandalhão atrás de mim que me xinga alto chamando a atenção de todos. Eu me escondo atrás dele e lhe dou o lugar, as pessoas esquecem que estou aqui em segundos. Elas mudam completamente. Eu olho novamente para os seguranças e vejo, ao lado deles, um papel amarelado pregado à parede que além do que está escrito, o desenho que se forma me chama muito a atenção . É uma planta roxa.

Um pouco de Verbena contra estresse, sono e nervosismo.

Divirtam-se!

– Sai da frente, garota. – uma menina reclama ao mesmo tempo que ri ao lado dos seus amigos.

Isso me desperta.

Cambaleio para trás sentindo minha visão ficando turva por um segundos até que o efeito do pó desaparece completamente. Quando desperto, eu esqueço que ainda estou aqui e não tentando ir atrás de Lauren e Suzanna. Esqueco completamente do cartaz e do pó roxo para sair de mansinho, por entre as pessoas e dobrar a direita. Eu corro quando já estou longe do alcance das pessoas, o corredor é estreito e tem uma arvore enorme no meio do caminho, suas raizes volumosas invadem uma parte do calçamento e é onde eu tropeço, parando exatamente onde Lauren e Suzanna estão, meio nervosas.

– Céus, Nina, achamos que os seguranças tinham lhe pegado, garota! – Lauren pula para perto de mim e me abraça. – Não faça mais isso, por favor.

Se ela soubesse que meu menor problema é os seguranças...

– Desculpe, eu fiquei meio... – eu engulo secamente, parece que o efeito do pó roxo não passou completamente. – Eles borrifaram um pó roxo e...

– Verbena. – Suzanna responde.

Eu pisco as palpebras e desperto.

– É, verbena!

– É comum se usar verbena por aqui, mais ainda pelos jovens. – Suzanna me explica.

Eu fico pasma.

– Você quer dizer que isso é tipo droga legalizada?

Lauren ri alguns metros de distância de mim. Eu fico sem saber o por quê.

– Não é droga, é um tipo de receita antiga. – Suzanna tenta outra vez.

– Receita? Bem, espere, isso é uma planta?

– É, é como hortelã para chá. – Lauren explica.

– Você mistura verbena no chá e pode ficar a noite inteira acordada. Muitas festas que acontecem no clube usam verbena nas maquinas para borrifarem o pó nos convidados, ela alivia o estresse e o nervosismo, é como se ele fosse substituir bebiba energética, mesmo o efeito durando pouco e não se preocupe, não é vicioso.

Isso não faz sentido algum, pelo menos para os meus ouvidos virgens desse assunto.

– E como eles continuam acordados na festa?

Eu olho para a Lauren e ela está ocupada demais procurando uma abertura para passarmos. Eu espero que nunca o encontre.

– Há mais maquinas daquelas pela festa, ou seja, enquanto você está lá dançando, verbena está sendo espalhada por todos os lados, mas quando você vai embora, o efeito some tão rapido quanto apareceu.

Eu fico um pouco mais aliviada, isso quer dizer que a minha tontura repentina, o cheiro enjoativo do pó roxo e minha visão turva vão passar tão rapido quanto apareceu.

– A gente vai ficar meia doidona quando entrar lá? – eu aponto para a porta entreaberta.

Lauren e Suzanna riem.

– Ele não deixa a gente doidona, Nina. Ele só espanta esse nervosismo que você está sentindo agora, por exemplo. – Laurem diz.

– Meu nervosismo é por a gente estar invadindo uma festa, Lauren, o que eu ainda acho um loucura. Ainda dá tempo de desistir.

– Ah, não, chegamos aqui e vamos continuar, eu não vou ser a namorada estupida que deixa o namorado fazer o que quiser nas festas. Hoje eu pego o Isaac!

Eu não posso acreditar que ela vai realmente levar esse plano a sério, levando a circunstancia, se alguem nos reconhecer lá e comentar na escola segunda-feira, eu serei piada para o resto da vida. Principalmente numa cidade pequena como esta. Tudo bem que essa ultima parte eu não me importe muito, eu estou mais preocupada com a crescente possibilidade de me encontrar com Andrew e isso eu não cou conseguir superar, realmente, eu não sei como reagerei se isso acontecer.

– Sabe o que não entendo? – Suzanna cruza os braços.

– O quê? – Lauren está observando a porta entreaberta, mas parece que ela está trancada por uma cora de ferro na parte de dentro.

– Se você retornou a ligação e Johnny atendeu, ele pode muito bem ter avisado ao Isaac e este evitado ser pego no flagra.

Lauren balança a coroa de ferro com muita raiva, mas nada acontece.

– Não, eu o fiz prometer que não contaria nada.

– E ele vai realmente trair o amigo? – eu digo, sentindo-me um pouco enjoada agora, mas passa tão rapido quanto aparece.

– Johnny sempre teve uma queda por mim, se for verdade, ele sabe que vou terminar com o Isaac.

Lauren desiste dessa porta e começa a tatear a parede, aqui está bem mais escuro do que o esperado.

– E você o trocaria por Johnny? – eu pergunto, intrigada.

– Não, mas ele também não precisa saber não é? – ela me dá uma olhada divertida. – Achei!

Quando ela o faz, é o mesmo momento que ela puxa a extremidade de uma entrada, a musica invade meus ouvidos.

– Eu disse que iriamos conseguir.

– Infelizmente. – Suzanna e eu lamentamos.

– Não sejam moles, vamos. – Lauren puxa mais um pouco a porta e equilibrando-se naquele salto, ela é a primeira a entrar.

Eu já estou aqui e não tem como eu voltar atrás, eu posso ser positiva e pensar que pela quantidade de pessoas na fila a probabilidade de me encontrar com Andrew começaria a baixar, mas, pensando por outro lado, se eu acabasse vendo-o com outra garota?

Eu prefeiro não pensar nisso agora, eu ainda estou na parte de negação. Não, eu não gosto dele tanto assim, e não, eu não vou correr atrás dele.

Antes de me mover, eu sinto meu celular vibrando no meu bolso traseiro, é uma mensagem de Isobel perguntando se eu já estou voltando para casa. Eu não posso desistir agora, porque Lauren me mataria se eu o fizesse, então eu preciso de uma desculpa urgente.

– Você está sozinha hoje, Suzanna?

Suzanna está parte fora e parte dentro do clube.

– Estou, por quê?

– Isobel está me fazendo perguntas, eu vou dizer que esta noite vou dormir na sua casa, tudo bem?

– Minha casa está sempre aberta para você, Nina. – ela pisca o olho esquerdo e entra.

Eu retorno a mensagem para Isobel.

Eu esqueci completamente, tia. Entre um chocolate e outro, Lauren nos lembrou do trabalho de fisica. Vou dormir na casa de Suzanna esta noite, vamos ter que terminar esse trabalho uma hora ou outra, afinal, este final de semana eu terei que passar na casa de tio Maison! Qualquer coisa, eu aviso, beijos!

Alguns minutos depois de enviar e me infiltrar naquele corredor escuro do clube, Megan retornou com a mensagem. Isobel realmente acreditou no trabalho de física e estou preocupada com o meu alto indice de mentiras só nesta semana.

– Por que está com essa cara? – Suzanna me cutuca com o cotovelo.

– Acabei de mentir, outra vez, para Isobel.

Lauren me dá uma olhada por cima do ombro.

– Com o tempo fica mais fácil. – Suzanna ri baixinho.

– Bem, não era essa a resposta que eu estava esperando, Suzanna, mas obrigada, eu acho. – eu digo, me virando para observar os lados.

Aqui ainda é escuro, mas a iluminação que certamente deve vim do centro da festa faz com que eu consiga pelo menos ver os rostos de Lauren e Suzanna. Nós estamos caminhando com cuidado, nunca estivemos aqui e não sabemos se entrar por um corredor será o mesmo para todas.

– Sabe no que estou pensando agora?

– Que isso foi tudo uma bobagem? – eu digo, suspeitando.

Lauren dá de ombros.

– Não, claro que não Nina.

– Então o que é?

Lauren para de repente, se virando para mim e para Suzanna.

– Se tiver baratas aqui? – Lauren murmura baixinho.

– Você tá uns quinze centimetros de distância do chão com esses sapatos Lauren, baratas vão nem te notar!

– Você é muito engraçada, Suzanna!

Eu reviro os olhos e recomeçamos a andar. Depois do extenso corredor, nós encontramos uma porta de ferro meia aberta, onde Lauren segue e a puxa em segundos. Somos sugadas por luzes e sons assim que ultrapassamos a passagem da escuridão. A festa está sob nosso campo de visão e começo a me arrepender em dobro.

As luzes verdes piscam várias e várias vezes, eu sinto o cheiro do pó roxo contaminando o ar e isso faz meu estomogo revirar. Eu não sei se vou aguentar estar aqui por muito tempo, eu não sei como essas pessoas conseguem dançar, beber, conversar e parecer tão felizes com o odor que a verbena transmite. Será que isso só acontece comigo?

– Vocês estão sentindo esse cheiro? – eu me inclino para Suzanna e Lauren, a ultima está na ponta dos pés, observando o lugar.

– O quê? O cheiro da fumaça? Vodka? – Suzanna me responde, diminuindo seu tamanho para perto de mim.

– Não. – eu digo, mais alto para ultrapassar o som. – A verbena.

Suzanna fica confusa.

– Mas verbena não tem cheiro, Nina. Acho que você está pensando demais nisso, não se preocupe, ninguém está caindo por aqui. Eles estão se divertindo, é essa a função da verbena e nossa... Eu adoro essa musica.

Suzanna começa a se mexer de repente, a mudança de humor deve vim da verbena, é para isso que ela serve. As pessoas não se importam se estão bebendo ou dançando, parece um universo diferente. Eu não gosto do efeito desse mundo paralelo.

– Vamos subir, se Isaac estiver aqui, vamos observar melhor lá de cima. – Lauren se vira para nós e avisa.

Eu pisco algumas vezes, despertando. Verbena deveria me deixar animada, e não sonolenta.

Suzanna segura meu braço direito enquanto ela segue atrás de Lauren. Eu mal estou conseguindo enxergar os degraus a minha frente, uma hora é tudo borrão na outra parece que o efeito da verbena some. O que há de errado comigo? Suzanna e Lauren se movem tão rápido que eu tenho dificuldade para segui-las, as pessoas invadem a escada e ficam nas extremidades, dificultando a passagem, eu tento desviar de um casal e acabo tropeçando para o lado, sendo aparada por um garoto de pele branca, cabelo umido e olhos castanhos claros. Eu sei exatamente de quem se trata.

– Ei, você tá legal? – Brian diz embrigado, segurando meu braço e ao mesmo tempo uma lata de cerveja.

Eu não posso ter quase despencado da escada estando muito mais sã que ele. Eu só posso estar enlouquecendo ou esta verbena não tem o mesmo efeito comigo.

– Está tudo bem, obrigada. – eu digo baixinho.

Eu tento caçar Suzanna e Lauren, eu as vejo no topo da escada, Lauren está procurando por Isaac e Suzanna divide o olhar para mim e para ela.

– Ei, espere só mais um pouquinho. – Brian não tira seus dedos suados da minha pele, o que me deixa enojada. – Eu não te conheço?

Sinto meu coração acelerar, ele não pode, em circunstância alguma, descobrir que eu estou nesta festa.

– Não, duvido muito, sabe, eu preciso realmente ir, obrigada.

Eu tento escapar dos seus dedos escorregadis, mas o garoto simplesmente se inclina para frente e cola os lábios em cima dos meus. Há uma mistura de cerveja e cigarro, isso faz uma confusão dentro de mim, é por isso que eu o empurro para trás.

Brian fica parado no meio da escada quando eu desapareço, correndo para o primeiro andar, supondo que eu tenha sido rápida o suficiente para enganar aquela cabeça embriagada.

– Por que vocês me deixaram sozinha, ali? – eu falo alto, muito furiosa.

Suzanna está se contorcendo de rir.

– Não queriamos cortar o clima. Brian beija bem, pelo menos?

– Ah, Deus, Suzanna, não tem algo melhor para falar? – eu digo, emburrada.

– O quê? Eu não podia perder essa. – ela sorri como resposta. – Era inevitável não perceber toda aquela tensão sexual do Brian em você, podia sentir a testosterona sendo fabricada.

– Cala. A. Boca!

Eu empurro Suzanna para trás, mas ela mal se move, enquanto Lauren está nem aí por eu ter desaparecido e por um cara, mais precisamente o idiota do Brian, ter simplesmente se jogado para mim e me beijado.

– Algum sinal? – chego perto de Lauren, só para mudar o rumo do assunto.

Ela demora um pouco antes de me responder.

– Não... – ela diz duvidosamente. – Isso é bom, não é? – ela se vira para mim, esperançosa.

– Caso o Johnny não tenha dado a lingua nos dentes. – Suzanna me interrompe, o que não ajuda em nada.

Lauren troca o dedinho mindinho pelo dedão, e isso não é boa coisa, ela está preocupada com a situação. O cheiro da verbena parece ter me dado um tempo, eu acho que não estou ao ponto de vomitar em nada e nem em ninguém.

Depois de quase despencar da escada, a única noticia boa desde que aceitei essa loucura de invadir a festa, foi não ter encontrado Andrew, há tantas pessoas por aqui, grupos lotados, pessoas dançantes, que seria dificil ele me reconhecer entre as pessoas, levando em consideração que ele deve muito bem estar se divertindo com alguma garota da sua idade, quero dizer, alguém da universidade, mesmo que isso doa muito, eu não posso evitar de pensar que eu não sou a melhor opção, não alguém para ele. Vamos combinar, Andrew McDowell é alguém para você adimirar de longe, ele não sai com garotas como eu.

– No que você está pensando? – Suzanna se inclina para perto de mim.

– Que isso tudo é uma bobagem. – eu cruzo os braços, com raiva de mim mesma pelos meus pensamentos.

– Verdade. – Suzanna concorda. – Mas já que estamos aqui, vamos fazer isso com vontade, sabe, se divertir.

Suzanna se infiltra em um grupo e consegue arrancar duas bebidas de mesa.

– Ah, céus Suzanna, você nem sabe o que pode estar aí dentro.

– Pare de viver com medo, Nathalie, a vida é curta demais para encurtar os passos, temos mesmo é que nos jogar e esperar que o chão seja tão macio quanto nossos sonhos, então, Tim Tim a nós!

Ela ergue o copo e vira todinho para dentro da boca, se eu não fizer o mesmo, ela o fará por mim. Lauren está ocupada demais para perceber que estou acabando de virar uma bebida desconhecida para dentro da minha garganta. Amanhã, se eu acordar viva, pode ter certeza que me arrependerei até o ultimo fio do meu cabelo preto.

– E aí? O que está sentindo?

– Estou sentindo que vou vomitar...

Suzanna ao inves de me ajudar, ela começa a rir.

– Eu estou falando sério, Suze, eu acho que... Onde tem um banheiro? – eu quase entro em desespero.

– Espere, espere... Deve ter alguma entrada aqui em cima, quer que eu vá com você? – ela começa a falar sério dessa vez

– Não, fique com Lauren, eu volto em um minuto. – eu aviso, sentindo meu estomogo embrulhando.

O andar de cima é tão apertado com toda essa quantidade de pessoas que a minha visão começa a ficar pequena, eu vejo tudo diminuindo e de repente tudo aumenta de tamanho. Eu sabia que tinha algo de errado naquela bebida. Caminho meio cambaleando pelos lados, esbarrando em algumas pessoas que mal me notam, eu não vejo nada por uns bons metros, até que na extremidade eu encontro uma entrada, aqui deve ser o banheiro.

Eu ignoro uma garota estranha me olhando na entrada para me deparar com luzes piscando no tom rosa pink as palavras: Banheiro Feminino.

Eu me empurro para dentro junto com a porta, e vejo que aqui é muito mais ventilado que lá dentro. O cheiro de verbena sumiu quando a porta se fechou e dou graças a Deus por não haver máquinas de burrifam o ar. Não há ninguém nos banheiros, mas também não me esforço para procurar, assim que encontro o espelho, eu apoio o copo com a bebida desconhecida e encontro a torneira. Derramo a agua nas mãos e limpo meu rosto, é como se eu pudesse me despertar de novo.

Eu não acredito que Lauren está mesmo fazendo isso, pelo o que indica, Isaac não está aqui, Johnny realmente contou a ele sobre os planos de Lauren e eles certamente devem estar em casa assistindo algum filme pornô com suas tensões sobrecarregadas por terem recusado o convite de Andrew. Ah, que se exploda este McDowell. Eu não vou cair nessa de que ele está interessado, eu conheço os garotos como ele, mais velhos, com dinheiro a beça e uma fama excelente. Ele só está curtindo e isso vale até mesmo para as garotas que ele parte o coração. É por isso que eu o odeio, odeio tanto quanto odeio ao Jake.

Eles não podem fazer isso comigo, simplesmente... Não podem!

Enxugo meu rosto no papel seco e resolvo voltar para a incrivel missão de Lauren. Pego o copo com a bebida e me coloco para fora, quase esbarrando numa garota branca de batom vermelho e cabelos da cor dos seus lábios. Ela me olha tão estranho que sinto o medo percorrer minha espinha dorsal e me mandar um chamado: perigo.

Coloco-me para fora e mesmo estando nessa mistura de alcool e pó de verbena, eu me sinto aliviada por não estar dividindo o banheiro com aquela garota sinistra. As pessoas ainda estão aqui e parecem tão animadas que me sinto estupida por ter quase chorado, desmaiado, vomitado e caído. Acho que não sei mais o que é me divertir. Eu cambaleio por entre os grupos a procura de Lauren e Suzanna, pensando no meu discurso para convencer Lauren a desistir de toda essa maluquice, porque está mais do que óbvio que Isaac simplesmente não veio, ele não seria idiota, mesmo que ele fosse, de verdade, ele não iria sacrificar seu namoro com Lauren apenas por causa de um festa idiota do Andrew McDowell.

Eu passo pelo grupo que Suzanna tinha se infiltrado para pegar as bebidas e já estou começando a falar quando meus pés simplesmente param de se mover.

Lauren e Suzanna não estão ali, nem perto ou escondidas, elas não estão onde eu as tinha deixado. Eu entro em desespero. Há uma mistura do aroma do pó de verbena com o efeito da bebida que faz meu estomogo voltar a embrulhar e minha cabeça rodar, eu não acredito que elas me deixaram aqui. Cambaleio para os lados e tento observar o andar de baixo, minha visão está tão turva e borrada que eu não consigo diferenciar rosto de rosto. Isso não pode estar acontecendo.

Eu resolvo procurá-las pelo andar de cima, elas devem ter mudado de lugar para ter uma visão melhor, mas quando chego na outra extremidade, não há nada delas. A minha única escolha é descer para o andar de baixo. Eu vou por outro lado, apenas para evitar me encontrar com Brian. Os casais se esfregam no corremão enquando desço, eles não tem noção de que aqui é publico? Eu fico enjoada novamente, não por isso, mas pelo efeito do pó de verbena. Aqui é a parte central com as máquinas borrifam o pó roxo. Eu estou quase vomitando quando me proibo a isso. Minha cabeça está ardendo, eu estou quase chorando ao mesmo tempo que pareço despencar a qualquer momento no chão.

Onde elas estão?

Dou a volta no andar de baixo e tudo que vejo são pessoas talvez conhecidas, desde que seus rostos são borrões para mim. Eu tenho que pensar, só existe uma única opção para elas não estarem aqui: elas podem terem ido ao banheiro.

Eu não penso duas vezes, entro no primeiro corredor que acho, as luzes diminuem aqui, como se lá trás fossem diferentes, elas apareciam e desapareciam de uma forma que não fazia diferença. Eu passo cambaleando pelos lados, parece que estou sozinha por aqui. Não ouço nada além da musica lá trás, se caso isso for o banheiro, ele deve estar tão distante que a propagação de som é quase nula. Eu tropeço num fio grosso e sou jogada para frente, empurrando uma porta que bate forte na outra extremidade, que é a parede.

As luzes são vermelhas, porém fixas, nada se move, além de todos os olhares que se viram para mim. Eu não faço ideia de quem sejam, mas estão olhando na minha direção de uma forma assustadora. Há dois caras e uma garota, ela está sentada em um balcão surrado e os outros dois estão perto de um sofá marrom escuro, suspeito, o de cabelo preto e olhos brilhantes é o primeiro a me olhar, seu cabelo bate nos ombros e ele é o único sentado, mas não é só isso que me chama atenção. Uma garota está deitada em seu colo quase inconsciente e quando ele percebe meu movimento para ela, ele a empurra que cai no chão, não só inconsciente, mas aparentemente sem vida. Eu não tenho nenhuma reação até que o mesmo rapaz se levanta e interrompe o outro garoto de se mover, neste movimento, eu sinto o pânico tomar meu corpo e meu cérebro.

Os olhos brilhantes! É ele.

– Deixe-a. – ele fala, seu tom é aspero e alto. – É interessante como o destino pode trazer aquilo que nos pertence, no fim das contas.

Ele se move para mim e eu meus membros estão paralisados.

– Eu nunca tive tanto prazer em ver um bolsa-de-sangue em minha frente, como estou vendo você agora. – ele troca olhares com seus companheiros e eu me derramo em lágrimas, ainda sem me mover. – Não cometo o erro duas vezes, desta vez você não vai fugir.

Há uma explosão dentro do quarto, mas não é nada relacionado a fogos. A maquina que burrifa o pó roxo explode de repente, e a camada tensa de ar é invadida de particulas roxas, absorvo o cheiro e é como se eu fosse me engasgar com ele. Tropeço sem forças para trás, segurando-me na barra da porta.

– O que é isso, o que é isso... – a garota reclama, a que estava sentada no balcão.

– É verbena, Afrodite. – não é a mesma voz macabra do assassino, esta é mais debochada e deve vir do outro rapaz, o de cabelo loiro ralo.

Eu ouço um barulho no chão, parece o salto da mulher ao pular do balcão.

– Não é isso, é a garota, ela está se asfixiando?

Eu não entendo seu tom, mas quando ela o diz, todos me olham assustados, é neste momento que percebo ser a minha única chance de fugir. Cravo minhas unhas na porta e me ergo, quando o faço, eu tropeço para trás e corro corredor a fora. A escuridão me toma, mas o cheiro da verbena desparecendo me faz voltar a consciência. O que tinha acabado de acontecer ali?

Eu corro tão rapido que algumas pessoas estranham quando eu me infiltro dentro da pista de dança. Eu quero sair daqui, eu não posso ficar nem mais um segundo. O assassino... Ele... Eu não consigo pensar, as lágrimas estão caindo e o pó roxo está fechando meus canais respiratórios, é como se o ar fugisse de mim aos poucos. Arranho minhas unhas pela garganta e entro em despesero. Cambaleio para os lados, estou conseguindo ver a saída, eu estou quase lá, mas despenco para trás.

A ordem das reações deveria ser meu corpo se chocando com o chão, mas ao invés disso, eu sinto que alguém conseguiu me ver caindo e me segurou a tempo.

– Nathalie? O que você está...

– Eu não consigo respirar, eu não consigo...

Eu vejo seus olhos pretos me guiando com tanto pavor que percebo que a única pessoa que poderia me olhar com olhos tão doces e preocupados ao mesmo tempo seria Andrew. Ele me segura pela cintura e cobre meu corpo, me colocando em seus braços. Eu sinto o chão sumindo dos meus pés, é Andrew me carregando para fora de tudo aquilo.

Eu escuto uma conversa rapida e depois disso as portas se abrem, é o frio da noite em Sponvilly. Em segundos, o pó da verbena é esvaziado assim que os meus canais respiratórios se abrem e eu posso respirar novamente, mais consciênte. Os passos dele são precisos, eu não estou completamente bem e sinto que posso despencar a qualquer momento, mas eu preciso sair dos braços de Andrew, eu tinha me prometido não cruzar seu caminho, mas não posso evitar que mesmo odiando ele, seus toques mais severos fazem meu coração acelerar.

Alguns segundos depois, Andrew me devolve lentamente ao cão, eu perco o equilibrio e antes de chegar até a parede, as mãos dele me seguram.

– Se segure em mim, Nathalie. – ele pede.

Eu vou desobedecê-lo, para o meu bem, eu tenho que evitar tocá-lo, mas quando eu o faço, perco o equilibro novamente.

– Mas que inferno Nathalie, segure-se em mim, não me deixe mais nervoso do que já estou.

Seus dedos firmes seguram meus punhos e me colocam de pé, ele está tão perto que tento não fazer contato visual.

– O que você bebeu lá dentro? – ele ordena, completamente mandão.

– Além daquele pó ridiculo? – resmungo, emburrada. – Uma bebida qualquer.

– Você está falando de verbena? Aquilo não afetaria uma mosca, Nathalie.

– Pois bem. – eu pisco, recuperando o equilibrio. – Aquilo quase me matou, você não deve ter ideia do que é ter seus canais respiratórios impedidos de fazerem suas funções, que é, no fim das contas, respirar, então...

Para a minha surpresa, Andrew estava pasmo.

– O quê? Talvez a população que frequenta o clube não tenha os mesmos problemas de asma que eu tenho.

– Não, não é isso Nathalie. – seus dedos ainda estão nos meus punhos, mas mais frouxos. – Não é natural alguém sofrer um efeito colateral.

Eu não entendo seu tom de voz e sua surpresa.

– Bem, isso aconteceu, de qualquer forma, agora você pode me soltar, o efeito já passou. – eu falo tão irritada que eu mesma me livro das mãos de Andrew.

Estando aqui fora, distante de tudo, eu não sei o que fazer, meus pensamentos voltam para Suzanna e Lauren e de repente eu entro em pânico. O assassino está lá, não é seguro, eu tenho que voltar. Quando estou livre de Andrew, eu tento dar meia volta e correr para os portões, mas ele me segura pela manga da minha blusa e me puxa.

Eu bato de cara no seu peito duro.

– Que diabos você está fazendo, Andrew?

Nossos olhos se encontram e eu posso perder os movimentos das pernas.

– Você não pode voltar para lá, Nathalie, é perigoso.

– Eu sei o real significado dessa palavra e é por isso que eu estou voltando. – eu empurro seu peito para longe.

– O que você quer dizer?

Eu não estou lhe dando ouvidos, eu passo por dois carros e tento atravessar a rua, quando Andrew corre atrás de mim e me impede. Nós voltamos a estaca zero, ele perto, perto demais.

– Além do maldito efeito da verbena, você não tem ideia das pessoas que frequentam suas festas, Andrew.

Seus olhos pretos estão tão profundos, cheios de intrigas.

– Você quer me dizer alguma coisa, Nathalie? – ele sussurra.

Eu fecho os olhos e tento banir o pensamento, mas a imagem volta tão rápido que eu não consigo pará-la, está acontecendo tudo de novo, e de novo. Eu ergo as palpebras e minhas lágrimas caem.

– Eu o vi...

– Ele quem? Por que você está chorando, Nathalie? – sua voz é carregada de dor.

– Ele... Ele está aqui, o homem daquela noite Andrew, eu o vi, ele tentou me pegar novamente, mas eu fugi.

Seus lábios grossos se apertam e eu não sei o que isso quer dizer, ele está imovel e isso perturba minha cabeça. O que há de errado?

– Preciso te tirar daqui, primeiro. – Andrew segura meus dedos e me puxa de volta para o acostamento.

Eu reluto.

– Não posso, Andrew, eu tenho que voltar...

Quando ele para, nossos rostos se encontram novamente.

– Céus Nathalie, se aquele monstro está realmente aqui, você não está segura.

– Nem Lauren e nem Suzanna, eu preciso encontrá-las Andrew, eu não posso deixá-las sozinhas. – eu digo, chorando desta vez.

– Espere, elas estão aqui também?

– Nós viemos pelo Isaac. – expliquei, choramingando.

– Como? Quem é Isaac?

– É uma longa história.

Andrew não desvia o olhar, seus dedos alcançam a minha face depois de um longo espaço de tempo pensando. Ele limpa as lágrimas que se atreveram a cair novamente.

– Você me explica isso depois, vamos dar um jeito nisso. – ele diz, e eu não sei o que isso quer dizer.

Andrew se separa de mim muito pouco, ele está procurando algo nos bolsos, quando acha, ele levanta minha mãe e deposita suas chaves.

– Você reconhece meu Hamann? Eu quero que você vá até ele e saia daqui o mais depressa possivel, o estacione perto da livraria que eu te encontrarei lá, tudo bem?

– Espere...

– Faça isso, eu vou buscar Lauren e Suzanna e vou deixá-las sã e salvas em casa, mas neste momento a minha maior preocupação é com você. Prometa-me que vai sair daqui agora, Nathalie.

Isso não é exatamente um pedido, é uma ordem.

– Eu prometo.


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Notas finais do capítulo

e aí, o que acharam? Comentem para eu continuar postando!