Antes

"Senti uma mão forte nos meus braços me puxando e somente senti a boca dele na minha.

– Você tem que parar de me beijar quando eu estou brava! - Disse com biquinho

– Não tem como, você é irresistível! - Ele sorriu e me deu um último beijo na testa e saiu em encontro da cobra loira.

Me sentei no nosso banco e olhei para o jardim, aquele amargo estranho no meu estômago não passava, mas resolvi ignorar aquela vontade de roubar uma arma terrível de Mistic Falls e atirar na cara daquela cadela."

Agora

Já tinha quase se passado uma semana desde daquele feliz evento na minha sacada com o príncipe, não comentei com ninguém, nem mesmo para a Caroline, ela podia ser minha única amiga ali mas ainda assim ainda estava competindo pelo homem.

Nessa semana que passou me encontrei com ele quase todos os dias depois do jantar, diferente das outras garotas que tinham encontros luxuosos, como andar a cavalos, cozinhar, jogar críquete e outras coisas, eu e ele ou íamos no jardim olhar o céu ou ficávamos no meu quarto, ele me ouvia tocar piano ou violino, na maioria das vezes pouco conversávamos as vezes nem sequer um tocava o outro, ele quase sempre me ouvia tocar até ambos ficassem cansados, então deitavamos na cama e ele só ia embora quando eu pegava no sono, podia ser pouco, mas pra mim e pra ele, eu acho, era especial, não precisávamos de muito, a companhia de um para o outro já nos deixava feliz.

Essa noite não foi diferente das demais, ele depois de voltar de um encontro com a Bonnie, pelo que eu tinha ouvido eles foram caçar, durante o jantar ele tocou a sua orelha e me deu uma piscadela quase imperceptível, e eu fiz o mesmo, deu uma meia hora que eu tinha subido, dispensei as meninas, e o estava esperando enquanto tomava um pouco de ar puro na sacada, ouvi três batidas na porta e o Damon entrou, me virei e sorri pra ele.

– Boa noite, vossa alteza. - Sorri e me joguei nos braços dele

– Boa noite, senhorita Gilbert. - Ele me deu um beijo no nariz e eu ri.

– Como foi seu dia? - Perguntei enquanto nos sentavamos na minha cama.

– Reuniões pela manhã e encontros pela tarde, ou seja, muito chato. - Sorriu - E o seu?

– Desci para o salão das mulheres e fiquei lá o dia todo fofocando! - Comentei - Não a muito o que fazer, ou fofocamos ou nos matamos.

Ele começou a rir, mas parou e prestou atenção em algo do lado da minha cama, percebi que era o meu pote de vidro.

– Nunca entendi o porquê desse pote. - Comentou se levantando e o pegando nas mãos

– É complicado. - Comentei cabisbaixa - Muito complicado...

– Talvez você possa descomplicar pra mim... - Comentou - Tem haver com o motivo de você não querer voltar pra casa?

– Tem sim... - Estava me segurando para não chorar - Só vou te contar porque eu confio em vossa alteza.

Ele sorriu e sentou do meu lado.

– Como você deve ter desconfiado, é sobre um cara, eu s...era apaixonada por ele, tanto que nunca pensei que seria possível alguém amar assim, eu era infantil, claro que era besteira, eu o conheci quando tinha 15 anos, ele era um amigo da minha prima e nos conhecemos no aniversário de 15 anos dela, na hora que eu o vi me apaixonei completamente, e ele também se apaixonou por mim, mas minha mãe nunca deixaria me apaixonar ou me casar com um 6, ela sempre quis algo melhor, não só pra mim, mas para os meus irmãos também, seria a morte dela se soubesse disso, mas eu nunca me importei, eu quebrei regras por ele... Não a que você está imaginando... - Revirei os olhos, homens - Mas eu quebrava o toque de recolher por ele... foram dois anos assim, assim que meus pais iam dormir, sempre que sobrava alguma coisa para comer eu levava para ele, nunca foi fácil ser um seis, principalmente quando se tem cinco bocas para alimentar, ele sempre se matava de trabalhar, mas eu não me importava nem um pouco... - Dei uma pausa para respirar e tentar conter as lágrimas, doía demais colocar tudo pra fora agora pela primeira vez. - Eu sabia que a felicidade era do lado dele, estava preparada para ser uma seis, eu largaria tudo por ele Damon, tudo... Até mesmo minha família, sei que mamãe nunca me perdoaria, talvez nem o meu pai... Isso dói, mas eu estava pronta a ser rodeada pela família dele, e não por empregadas no Palácio, pode parecer estranho mas eu estava pronta pra viver como uma seis, até mesmo para a miséria eu estava pronta... - Lágrimas caiam já, eu me sentia desesperada.

– Mas... - Ele me olhava sem entende - Se você o ama tanto, como veio parar aqui?

– El..ele que me pediu para me inscrever... - Olhei para o príncipe e o seu queixo caiu - Eu na hora aceitei, mas eu não queria me inscrever, já tinha mandado a minha mãe parar com essa idéia, e só aceitei porque ele iria se culpar a vida inteira, ele sempre quis me dar uma vida melhor, no outro dia eu já tinha desistido mas a minha mãe na manhã seguinte me fez uma proposta tentadora, de que metade de tudo que eu ganhasse seria meu, me empolguei eu finalmente ia poder ajudar a guardar dinheiro para o nosso casamento, afinal quem me escolheria para ser a próxima rainha? - Perguntei com o olhar incrédulo - Um dia com o dinheiro que ganhei com as apresentações eu decidi assar bolos a tarde inteira com a minha irmã, mas ela me avisou que tinha acabado o fermento, e eu queria levar para ele de noite, comemorar e lhe arrancar um pedido de casamento, no dia da inscrição a mãe dele me avisou o quanto o filho estava estranho e que certamente tinha uma garota no meio, eu quase pulei de felicidade quando ela disse que talvez ele iria pedir alguém em casamento porque estava guardando dinheiro para isso é eu só queria lhe arrancar esse pedido. - Comecei a soluçar, meu coração doía em finalmente colocar tudo isso para fora - Eu fui buscar o fermento no centro da cidade, en-então eu o vi... - Minha voz não saía mais, Damon percebeu e me abraçou.

– E-ele estava com outra, outra Damon, se pegando com outra garota, meu mundo caiu naquele instante, eu me desesperei, ele me viu e correu atrás de mim, eu gritei com ele, queria explicações... Ele.. Oh meu Deus como dói lembrar... Ele estava com ela já há seis meses... seis meses Damon... - Chorei por muito tempo, sua camisa estava molhada, assim que a minha voz retornou eu continuei - Então duas semanas depois eu fui escolhida, ele ainda teve a cara de pau de ir me ver um dia antes da minha partida, ele me pediu para não ir, eu queria o matar, eu não posso voltar agora, não aguentaria de tristeza, nem sei porque trouxe aquela merda de pote, acho que para me lembrar quanto eu fui idiota.

– Elena... - Eu estava com a cabeça baixa, ele levantou meu queixo e o me fez o olhar nos olhos, limpou minhas lágrimas com o polegar - Eu.. eu... Argw.. - Ele se levantou, tinha ódio no olhar, estava vermelho, pela camisa branca que estava usando dava pra ver os seus músculos rígidos - Se eu o encontrar eu o MATO!! - Nunca o tinha visto com tal fúria - Eu prometo... prometo nunca mais ninguém... Eu não viu deixar ninguém te magoar assim de novo, eu prometo. - Ele me abraçou de um jeito que nunca fui abraçada, acho que pela primeira vez alguém fora o papai, me deixou tão segura como eu estava naquele momento.

– Sabe... - Depois de um tempo eu me virei pra ele - Estou cansada de chorar tanto, parece que nos últimos tempos eu só sei chorar! - Limpei as lágrimas do meu rosto que ainda estava manchado.

– Ele e nem nada merece uma lágrima sua, Elena - Ele sorriu - Passado, agora chega de chorar - Damon começou a me fazer cócegas e eu gargalhei

– Você tem razão! - Disse por fim - Obrigada..

– Pelo quê? - Me perguntou confuso

– Por tudo, por ser você e não o futuro rei do país, por me ouvir e aguentar minhas lágrimas, por ser meu amigo. - Ele sorriu emocionado e me beijou na testa, ele entendia que naquele momento não queria um namorado, mas sim um amigo.

{...}

No dia seguinte meus olhos doíam de tanto choro da noite passada e não tinha dúvida das marcas que tinham em meus olhos, as meninas teriam que se esforçar o dobro para me fazer no mínimo apresentável.

Levantei antes das criadas chegarem no meu quarto, hoje seria um dia longo, já estava há quase um mês no palácio e uma hora ou outra alguém faria aniversário, e hoje seria aniversário da Bonnie, o príncipe não deixaria passar e insistiu em fazer uma festa para comemorar, algo me dizia que seria um longo dia.