– Edward, anda logo! – gritei pela quinquagésima vez. Edward sempre foi assim, parecia uma noiva pra tomar banho – Eu não entendo o que você tanto lava nesse chuveiro, acaba logo esse banho Edward!

Continuei, só que dessa vez acrescentei ainda alguns socos a porta do banheiro. Estavamos no apartamento de Edward. Depois de Alice e eu arrumarmos nossas coisas pra viagem até Forks, viemos até o apartamento dele pegar umas coisas que ele disse serem “indispensáveis”.

– Caramba Bella, já to indo! – mais uma vez naquele dia tive a visão de Edward apenas de toalha. Dessa vez eu tentei me controlar e respirar fundo, não podia ficar secando meu melhor amigo.

– Se veste logo senão a gente vai se atrasar. – reclamei tratando logo de sair do quarto. Alice estava na sala, relaxada com os pés sobre a mesinha de centro, mexendo no celular.

– O que acha de me preparar uma bebida? – mexeu as sobrancelhas sugestivamente pra mim assim que parei em sua frente.

– Você nunca cansa de ser folgada ein – dei um tapa em seu pé e ela deu de ombros rindo. Fui até o bar de Edward e preparei dois drinks Kriptonitas* e me sentei ao lado dela no sofá.

– Você bebendo? O que houve? – ela perguntou rindo fraco dando um gole em seu drink.

– Você já viu o Edward quando sai do banho? Eu sou virgem mas não sou cega e muito menos celibatária. – Falei em tom de desespero, tomando um grande gole do meu drink, e Alice quase engasgou com o drink e logo depois começou a gargalhar.

– Meu Deus Bella, nunca imaginei te ouvir falando isso – gargalhei junto com ela.

– Ouvir falando o que? – Edward apareceu na sala, mais lindo do que nunca bem naquele look bad boy dele. A camiseta branca deixava as tatuagens do ombro bem a mostra, o que era uma visão fodidamente sexy, a calça jeans escura deixava as pernas mais longas do que já eram.

– Nada não Edward, já terminou? – cortei logo o assunto e deixei Alice rindo sozinha no sofá. Ele assentiu colocando a jaqueta de couro preta e um boné também preto. Não demorou e logo nós estavamos saindo do apartamento em direção o aeroporto privativo de Atlanta.

A condição financeira dos pais adotivos de Edward sempre nos favoreceu, desde a escola, quando tínhamos um carro que nos buscava, até a faculdade quando Carlisle, pai de Edward, deu pra ele o apartamento onde moraríamos. Desde que descobriu que era adotado, Edward não se sentia confortável com a situação financeira dos pais, mas eu sabia que era tudo bobeira dele, mais uma vez sua mania de não se achar digno das coisas. Edward amava, e era muito amado pelos pais. Esme e Carlisle Cullen eram incríveis, como pais, amigos e pessoas. Ele era médico, dono de um hospital de renome em Seatle que herdou da família. Ela, uma decoradora de interiores famosa por decorar a casa de muitos famosos.

Edward tinha um irmão mais velho, Emmet. Ele era simplesmente uma criança grande, até hoje me pergunto como ele conseguiu terminar uma faculdade de medicina, e quem tem coragem de ser operado por ele. Mas ele é bom no que faz, pelo menos é isso que dizem.

Eu que não quero tirar a prova.

– Já disse que amo ser sua melhor amiga? – Alice disse se jogando na poltrona do jatinho e eu ri meneando a cabeça.

– Tu é folgada ein nanica – Edward disse se jogando na outra poltrona, eu so rolei os olhos e me sentei. Ia ser uma viagem longa, quando juntava Edward e Alice ninguém aguentava.

– Vou te mostrar a nanica daqui a pouco se ficar de graça, vareta ambulante – Alice respondeu zangada. Ela não gostava mesmo quando a chamavam de baixinha.

– Vamo ali no banheiro que te mostro a vareta.

– EDWARD! – gritei assustada e senti meu rosto queimar – Não é possível! – me levantei com tudo e fui pra parte de trás do jatinho, o máximo de distância que eu ia conseguir no momento.

– Você nunca cansa de ser babaca ein Edward. – ouvi Alice esbravejar e Edward bufar, logo depois o silêncio. Durante alguns minutos só podia se ouvir o barulho do avião, e de vez em quando do piloto ou aeromoça dando algum aviso. Eu já estava quase pegando no sono quando Alice sentou do meu lado, sem pestanejar deitei minha cabeça em seu ombro.

– Só pra constar: me pergunto ate hoje como você pode ser apaixonada por ele. – ela disse e eu dei uma risada fraca.

– Eu também não sei ao certo amiga.

– Você sabe que eu to contigo pro que for, até namorar esse panaca.

– Não se preocupa Ali, nunca vai acontecer. – finalizei o assunto com um suspiro e logo depois liguei uma musica no ipod, dividindo o fone de ouvido com Alice.

“Atenção senhores passageiros gostaria de informar que estamos sobrevoando o aeroporto de Seattle, e estaremos pousando em instantes. Por favor, estejam certos de manter suas poltronas em posição vertical e suas mesas fechadas e travadas. Estejam alertas ao aviso de atar os cintos. Obrigado.”

Assim como o comandante mandou, nos mantemos sentados e atados aos cintos até o pouso e desligamento total da aeronave. Depois de alguns minutos nos despedimos da comissária que nos sorria educada, como tínhamos pouca bagagem, apenas nossas mochilas, saímos direto em direção o saguão do aeroporto.

– Ta um climão escroto aqui. Edward seu babaca, pede desculpa pra Bella. – Alice falou, e por pouco eu consegui segurar a risada.

– Nossa Alice, que delicada. – Edward disse e a empurrou do meu lado, me agarrando em um abraço apertado logo depois – Desculpa por eu ser tão babaca.

– Já passou Edward. – disse ainda o segurando no abraço, apertando sua cintura tão forte quanto eu podia, enquanto ele beijava minha cabeça.

– Larga a garota Cullen! – ouvi uma voz grossa e saltei de susto, largando Edward no mesmo instante – Que isso Bellita, ta devendo? – Emmet implicou brincalhão, ganhando um soco do irmão assim que se aproximou o suficiente de nós.

– Nossa, tinha até esquecido o quanto você bate fraco Edward – Emmet encarnou nele o pegando pelo pescoço.

– Oi Emmet. Lembra da Alice? – falei soltando uma risada. Emmet seria sempre Emmet.

– Claro que lembro. E ai bonitinha, você deve ter crescido o que, um centímetro desde que nos vimos pela ultima vez? – ela o encarou com um olhar mortal, mas nem assim ela ficou assustadora, ficava mais graciosa do que assustadora.

– E você, perdeu o ultimo neurônio que restava? – retrucou cruzando os braços e o olhando desafiadora.

– Como eu lembrava, pequenina e ousada. – ele disse soltando Edward e abraçando minha amiga pelos ombros. Era estranho, fiquei com medo de Emmet esmagar minha amiga com aquele braço enorme – Eu gosto disso.

– Eca. – ouvi Edward resmungar e lhe dei um tapa. Saimos andando, Emmet e Alice na frente no maior papo, Edward e eu atrás, em silêncio, apenas caminhando lado a lado.

– Edward. - o chamei e ele me olhou, me abraçando pelos ombros - Você sabe o quanto eu estou feliz por estarmos aqui, então eu queria te pedir pra você esquecer que... aquela mulher, foi até Atlanta. - ele apertou um pouco mais o abraço e fez uma careta.

– Por que esta me pedindo isso Bella?

– Você sabe o quanto seus pais te amam, e o quanto Esme fica triste em saber que essa mulher te afeta tanto. - ele assentiu, e não respondeu nada, mas eu sabia que ele tinha concordado.

O caminho do aeroporto à casa dos Cullen foi preenchido pela voz de Alice e Emmet que não paravam de trocar figurinhas. Edward estava calado, e eu sabia que ele só estava se preparando pra ver os pais. Ele se depreciava demais e eu sabia o quanto era dificil pra ele ver os pais, a familia, e não se lembrar da mãe biológica. A mansão dos Cullen ficava no meio da floresta, uma casa gigante e praticamente toda feita de vidro. Ficava perto o suficiente de Seatle e de Forks, uma construção incrivel.

– Meu Deus que saudade que eu estava de vocês - Esme gritou assim que eu e Edward saimos do carro. Ela apressou o passo, se jogando nos braços de Edward assim que estava perto. Ele a aceitou de bom grado, a abraçando e enfiando o rosto em seu pescoço. A ligação de Esme e Edward era impressionante, ela cochichava palavras no ouvido dele enquanto ele parecia a apertar cada vez mais no abraço.

– Bella querida - ouvi a voz de Carlisle e me virei pra ele que abria os braços pra mim - Como vão as coisas em Atlanta, e a faculdade?

– Esta tudo bem - lhe sorri e ele assentiu, indo abraçar o filho, enquanto Esme vinha me abraçar e nos arrastar pra dentro de casa.

Estavamos na sala comendo uma das guloseimas que Irina, empregada dos Cullen, havia feito quando ouvimos o barulho de carro.

– Fiquei sabendo que o filho pródigo voltou.