Que droga de segunda feira! Hoje seria um dia maravilhoso se não fosse o simples fato de que ontem foi domingo e nós tivemos um baile super legal que durou até altas horas...

Hoje é aquele dia inútil, que é conhecido por ser o “Dia depois do Baile”, o famoso dia seguinte, onde o único assunto de todo mundo é justamente o que aconteceu ontem.

Eu deveria estar super animada, afinal minha noite ontem foi quase mágica, mas no fim eu não descobri quem era o cara que me fez ficar nas nuvens.

Cheguei no colégio, já me preparando mentalmente para ouvir as histórias que meus amigos me contariam sobre suas noites, porém como eu estava relativamente com a mente concentrada em algum lugar muito longe do colégio, eu não percebi que alguém parou em minha frente, e acabei dando um encontrão nessa pessoa.

Olhei para o chão meio atordoada, já que a pessoa havia caído, para ver em quem eu tinha esbarrado, e dei de cara com belos olhos verde esmeralda.

O dono daqueles olhos já é um conhecido, mas eu não costumo falar com ele, Jade é um rapaz muito bonito, universitário que ajuda no clube de jardinagem aqui do colégio. Ele estava conversando com Dajan, que tem uma função parecida com a dele só que no clube de basquete.

– Desculpa, foi realmente sem querer. – Eu disse um pouco desconcertada, por ter derrubado ele, e estendi a mão para ajuda-lo a se levantar.

–Não tem problema, princesa, acidentes acontecem! Apenas tome cuidado para não se machucar, caso esbarre em mais alguém. – Ele disse sorrindo com uma doçura quase anormal. Segurando minha mão e levantando.

–Verdade, talvez a próxima vez que você esbarrar em alguém, o cara pode ser o Castiel, e o risco do cara te bater é bem grande. – Disse Dajan, entre risos.

–Bem, se a senhorita nos der licença, nós vamos indo! – Disse Jade se despedindo e acompanhando Dajan. Fiquei observando se afastarem até que ficassem fora do meu campo de visão.

Jade poderia ter todos os atributos que o qualificariam como o rapaz com quem eu me encontrei ontem... Ele é gentil, por trabalhar com a terra, tem braços fortes, mas sem exageros, ele é um verdadeiro gentleman, será que... Bem é melhor eu parar de divagar e ir logo para classe.

Segui caminhando até a sala de aula, onde Alexy me esperava animado em sua carteira, provavelmente pronto para me contar alguma coisa.

–Ei, porque você não foi no baile ontem? – Perguntei acusadora, para o azulado, que abriu um sorriso ainda maior após ouvir meu questionamento.

– E quem disse que eu não fui no baile? Aliás, você estava muito linda, um banho de loja com a Rosalya te fez bem! – Alexy disse, de uma forma que me deixou com uma pequena desconfiança...

– Ei, por acaso você gosta de dançar musicas lentas? – Perguntei, apenas tentando enrolar e ver o que eu conseguiria fazer ele dizer, sem perguntar diretamente.

– Se gosto? Eu a-do-ro dançar musicas lentas. Imagine que lindo, dançar “My heart Will Go on” dentro de um navio, ou num baile? Seria um luxo! – Disse ele sorrindo e suspirando um pouco...

– Ei Alexy, mais tarde, se você quiser vir lá em casa, a gente podia ver um filme, eu estou com muita vontade de assistir o filme Zorro, aquele herói mascarado é simplesmente demais! – Estou começando a apelar, mas nunca foi mentira, eu sempre gostei de Zorro.

– Sério? Eu amo o Zorro, quando eu era pequeno sonhava em ser igual ele, e cá entre nós o ator que faz o Zorro é uma beldade perdida no tempo não é? – Disse ele descontraído, como se não tivesse sacado onde eu queria chegar.

–Só por curiosidade... De que você estava fantasiado? – Perguntei, sendo mais direta.

–Achei que você nunca fosse perguntar, meu anjo. Você vai ficar surpresa quando eu te contar, mas eu estava fantasiado de... – Disse Alexy, quando fomos interrompidos subitamente.

A porta da sala foi aberta com tudo, fazendo um estrondo alto quando bateu contra a parede.

Alguém estava olhando ao redor insistentemente, e parecia procurar alguém com urgência.

Olhei com mais atenção e pude então reconhecer quem era a pessoa. Não era ninguém mais do que Peggy, a curiosa jornalista do colégio.

Ela me olhou e deu um belo sorriso, vindo até mim. Eu pensei que ela fosse me perguntar algo, mas ela somente estendeu o jornal, me entregando uma cópia e indo embora logo em seguida.

No título da matéria principal estava escrito: Arrasa Corações ou Coração Arrasado?

Percebi que era sobre mim, porque ao ler eu comecei a reconhecer meu próprio passado sombrio.

Estava escrito assim: “Novata entra no colégio, com um histórico de tirar o fôlego. Fontes próximas nos contam que Mieko Yamada, a antissocial aluna do 1° ano do ensino médio, na verdade tem um passado assombroso, quando se trata dos assuntos do coração. A garota foi perseguida por rapazes do grupo dos nerds, mas fugia por ter um gosto um pouco mais específico. Ela decidiu roubar a paixão da melhor amiga, e convenceu um dos garotos mais bonitos de sua antiga escola a sair com ela, deixando a colega de coração partido.

No baile a jovem também não ficou para trás! Vestindo uma roupa atraente, ela chegou com um grupo de amigos, incluindo o cobiçado e para a sorte das garotas, solteiro Armin. E após se distanciar do grupo, dançou e quase beijou o intercambista sobrinho do professor Boris, Dake.

Mais tarde nossas fontes afirmam, que ela foi vista com um jovem mascarado, e uma foto foi tirada, do casal!

Será que a caloura está tentando arrasar corações? Ou tudo isso é apenas fruto de um coração arrasado, por sua paixão não confirmada pelo adolescente Alexy, que dizem pelos corredores, que assumiu ser gay? Certas notícias, só podemos conferir no jornal Sweet Amoris!”.

Pude sentir o sangue ferver, ao ler tantas mentiras sobre mim. É impossível fugir dessas pessoas mal intencionadas, que ficam falando de mim pelas costas... Não sei mais o que fazer, senti muita vontade de ir atrás dela e fazê-la engolir aquele maldito jornal. Mas acho que graças ao Alexy eu me controlei.

Senti vontade de chorar, mas ainda queria saber sobre Alexy, porém ao ver meu estado de choque, Alexy disse que eu não podia simplesmente ficar parada, ele levantou, e me puxou até o pátio, me trouxe um copo de água e me pediu para relaxar.

Enquanto eu me acalmava Risa chegou, e decidiu me contar sobre sua noite romântica com Lysandre. Pelo que eu pude notar, ela óbviamente ainda não tinha lido o jornal, e eu me senti aliviada ao notar isso.

Risa me acompanhou até a sala de aula, onde Alexy já esperava em seu lugar de costume, porém eu percebi que dessa vez ele estava meio tenso.

Algumas aulas se passaram o logo o sinal do intervalo soou pelo colégio, alegrando todos os alunos que pareciam entediados.

Desci para o intervalo sem Alexy, pois Rosalya queria de todo jeito uma explicação sobre a matéria do jornal, e eu tive que explicar para ela detalhe por detalhe sobre aquilo que eu apenas queria esquecer.

Quando terminei, tudo pareceu um pouco mais leve, talvez eu só precisasse desabafar, porém tudo que é bom dura pouco, e logo eu vi Kentin correndo em nossa direção.

–Mieko, você tem que correr! Tem um problema urgente lá na quadra, mas não é nada bom. – Kentin estava branco como papel, parecia até que havia visto um fantasma, antes tivesse sido isso...

Rosalya em toda sua curiosidade, me arrastou até a quadra, e quando chegamos perto da porta vimos um grande grupo de pessoas rodeando a entrada, assistindo algo.

Me esforcei para poder ver, e a cena que se passava ali me chocou. Viktor, meu ex namorado estava lá, e não estava sozinho, Alexy estava com ele. Mas eles não estavam juntos civilizadamente.

No momento que cheguei, estive a tempo de ver Alexy acertar um soco com força na face esquerda de Viktor e dizer:

–Se atreva a falar assim dela novamente e não importa as consequências eu vou matar você! – Disse o azulado em fúria, eu nunca tinha visto, e nem mesmo imaginado que ele poderia se revoltar assim.

Viktor revidou o soco com uma cotovelada bem dada, na boca do estomago de Alexy, que caiu no chão de joelhos, com as mãos sobre o estomago. Chutou-o algumas vezes, e eu vi sangue escorrer do canto da boca de Alexy.

Eu me assustei com a cena, e desvencilhando-me das pessoas que impediam a passagem, corri até eles, e me joguei em frente á Alexy, bem a tempo de levar um tapa bem forte no rosto, dado por Viktor, que inicialmente tinha a intenção de acertar Alexy.

– O que você tá fazendo, sua v@dia? Você bem que mereceu esse tapa! Você sabe o que você fez pra Letty?– Disse Viktor claramente alterado.

– Ela nem gosta de você, e eu nem mesmo falo com ela ainda, o que deu em você? Porque veio pra cá, o que você quer? – Eu disse, dessa vez segurando as lágrimas de dor, por causa da marca vermelha que ardia em minha bochecha.

– Ela gostava tanto de você! Você começou a maltratar ela, e ainda por cima falou coisas terríveis dela para os seus amigos, e eles espalharam para todo mundo as suas mentiras. E ainda sim ela foi legal ao ponto de se preocupar com você e me pedir pra te perdoar! – Ele disse, e parecia até ter sofrido lavagem cerebral, com tamanhas baboseiras que estava dizendo.

–Como assim? Você conhece a verdade! Você sabe o que ela fez, foi você quem ajudou, e você estava muito consciente quando fez aquilo. E fala sério, perdoar? Eu quero mais é que você desapareça pra sempre, eu não quero nem mais saber de você!– Eu disse irritada. Alexy já havia se recuperado, mas foi levado para fora por Armin.

– Ah você não quer? Faz-me rir! Até que você está bem mais gostosinha agora do que era antes, acho que vou te dar uma chance, eu quero voltar com você! – Ele disse me olhando de uma maneira repugnante. Aquele idiota acabou de me bater e me ofender e depois disse que quer voltar? Sádico.

–Morra, desapareça, suma da minha vida! – Foi a última coisa que eu disse antes de me levantar para sair dali.

– Você pode até correr Mieko, mas não pode se esconder, eu vou te achar onde quer que esteja, e você vai voltar a ser minha! Esteja ciente de que eu controlo o que você sente, e no fim você sempre vai acabar voltando pra mim. – Ele disse rindo com escárnio, enquanto eu corria pra longe.

Corri até chegar ao jardim de flores, mas Jade me olhou preocupado, ao ver a marca em meu rosto e as lágrimas descendo sem piedade.

Fugi de lá correndo como se minha vida dependesse disso, me escondendo no escuro, atrás de algumas caixas no porão.

Fiquei lá chorando, em desespero e medo, eu não sabia o que o Viktor seria capaz, ele nunca foi quem eu achei que ele fosse.

Enquanto eu chorava, meus olhos ficaram embaçados, por conta do excesso de lágrimas, e logo a porta do porão se abriu.

–Mieko? Mieko não se esconda, eu estou aqui por você! – Disse a pessoa que abriu a porta, mas por conta das lágrimas eu só consegui enxergar um borrão colorido.

–Pequena, não chore, você não precisa mais chorar! – Foi o que ele disse ao me ver, se aproximando de mim, e me envolvendo em um abraço. Confortando um pouquinho o acumulo de dores e feridas que haviam aberto em meu coração.