Meu corpo inteiro ficou completamente travado, eu não conseguia correr ou falar. Mas meus instintos tentaram me obrigar a acabar com Nina ali mesmo. Se W não tivesse me irritado ao ponto de eu esquecer de pegar qualquer tipo de arma, a garota poderia não estar mais entre nós agora e teríamos de lidar com um assassinato numa rua movimentada.

“Bem eu tinha achado realmente estranho o fato de duas pessoas totalmente desconhecidas terem passado na minha rua hoje, mais estranho ainda quando vi elas me vigiando do outro lado da rua. Mas agora que descobri quem são, tudo faz sentido. Eu sabia que vocês tinham alguma coisa pra esconder.”

O que diabos falar ou fazer agora? Eu já estava prestes a ter um ataque de nervos, quando W finalmente se mexeu do meu lado.

“Tudo bem Sparks, você nos pegou. Se quer saber tanto o que estamos escondendo vamos te contar.”

Eu esperei alguma reação surpresa de Nina, porque sinceramente era assim que eu estava, mas só o que vi foi uma expressão debochada em seu rosto.

“Como se você tivesse alguma escolha agora W.”

“Vai querer bancar a espertinha comigo mesmo?” sinceramente eu tinha visto ele tão irritado assim poucas vezes.

“Bem eu peguei vocês dois no flagra, então sim.”

“Escuta aqui garota...”

“Chega!” Eu gritei, interrompendo W antes que ele se exaltasse mais. Por mais que eu tivesse raiva de Nina ela não merecia algo que viesse do idiota quando ele está furioso. “Nina, nós vamos te contar tudo tá legal?” pela lógica eu devia continuar, mas não sabia exatamente o que contar, então esperei que W concluísse.

“Lembra do caso da Milly, onde a Rukia estava envolvida? Pois é, nós também estávamos.”

“É mesmo?”

“Descobrimos por acaso o que a Milly estava planejando, e como não tínhamos provas decidimos investigar por conta própria. No dia que tudo estourou ela mandou um capanga sequestrar eu e a Ori, mas o Ichigo nos encontrou. Fomos pra mansão dela e acabamos nos ferrando muito. Se não fosse pela chegada da policia teríamos morrido.”

“E como seus nomes não saíram nos jornais?”

“A Rukia falou para os policiais que tínhamos sido sequestrados pela Milly e quando tentamos nos soltar os capangas dela tentaram nos matar. Então eles decidiram nos poupar de mais tormentos psicológicos e esconder essas informações da imprensa.”

Houve um silencio desconfortável depois de tudo isso, até Nina jogar um copo de café agora vazio que tinha em suas mãos e nos encarar novamente.

“Bem, só tem uma coisa que eu não entendi direito. O que vocês fizeram não foi nada de mau ou obscuro, então porque não me contaram logo que descobriram minhas investigações? Teria nos poupado de toda essa situação... Desagradável.”

“Não é obvio?” eu finalmente me juntei a conversa, não ia deixar o idiota fazer o trabalho todo e depois jogar na minha cara. “ A policia não sabe que antes de tudo estávamos atrás da Milly. E se você é mesmo uma detetive deve entender que numa investigação você tem de se meter em certas situações inadequadas em busca da verdade. Bem, essa é sua historia Nina, feliz?”

“Tsc, não muito, esperava algo mais interessante. Talvez não dos outros três, essa historia se encaixa perfeitamente com eles, mas vocês dois... Enfim, já é bem tarde acho melhor eu ir pra casa. Ori, o próximo filme vai ser na minha casa ouviu?”

“O que?”

“Eu realmente gosto de vocês, são pessoas bem interessantes. Deixando minha investigação de lado, podemos ser amigos.”

“Tanto faz Sparks, mas é melhor eu não acabar encontrando uma micro-câmera nas minhas coisas.”

“Eu estranharia uma resposta muito amigável vinda de você W. Até amanhã.” E a loira seguiu seu caminho, nos deixando sozinhos. O que era bom, porque eu estava me sentindo completamente estranha, era como se todo meu corpo estivesse queimando, mas não como tinha acontecido com Ichigo mais cedo, dessa vez era uma sensação má.

“Ruivinha, eu... Preciso ir pra casa agora.” os olhos de W estavam embaçados, como se ele tivesse tomado alguma droga poderosa, mas fingi não notar.

“Está com raiva disso tudo?” Tentei parecer o mais calma possível.

“Só preciso ir embora tá legal?” As ações dele eram tão grossas que nem parecia a mesma pessoa. “Olha ruivinha, você também devia ir pra casa, ou vai dormir na casa do seu namorado hoje?” Por um segundo o mesmo W de sempre estava ali, mas algo rapidamente o levou de volta. Bem, eu não podia julgá-lo, já que nesse momento minha mente variava em pensamentos insanos e estranhos.

“Então nos vemos amanha na escola W.”

“Tá.” De algum jeito, consegui chegar na minha casa, minha confusão era muito pior... O cheiro de sangue... Ele estava tão forte, como se minha sala de estar estivesse banhada do liquido vermelho.

Sem nem pensar, engoli duas pílulas para dormir sem água. Era como se duas partes de mim estivessem numa guerra, e num momento de coragem, o lado mais fraco me drogasse para anular aquela batalha por algum tempo. De um jeito ou de outro, acabei caindo no sofá, e apaguei ainda usando o disfarce.

No meu sono, acabei vendo varias recordações de quando tinha machucado alguém. Normalmente aquilo me angustiaria, mas naquele momento, havia uma sensação completa de êxtase. Eu estava feliz por toda aquela carnificina.