A Imperatriz Do Submundo escrita por Liu Ming


Capítulo 12
Aliança!


Notas iniciais do capítulo

Dei uma bela acelerada... Aqui voltamos a nos aprofundar na mitologia chinesa, espero que agrade XD Quanto aos personagens que são novidade, novamente vou postar uma imagem desse personagem usado em outra mídia, do mesmo jeito que fiz com Guan Yu quando ele foi apresentado pela primeira vez.
OBS: Magoado com a Luna Del Rey... Ela colocou essa fanfiction como a quadragésima sexta favorita... QUADRAGÉSIMA SEXTA... Quase chorei T.T



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Na Grécia, em um dos campos de treinamento do Santuário de Athena, Dohko treinava com as duas espadas da armadura de ouro de Libra, ele possuía uma pequena paixão por lutar com as duas espadas, mas as oportunidades de colocar essa paixão em prática estavam muito escassas. Depois de passar oito horas inteiras treinando, havia chegado a hora do almoço e ele estava faminto, Mudan estava em Libra e Dohko sabia que, mesmo quando Mudan cozinhava o mais simples dos pratos, o gosto era divino.

Dohko correu de volta à casa de Libra com suas espadas em mãos, a adrenalina ainda era grande, mas a fome era bem maior. Ele adentrou à casa de Libra e sentiu um cheiro que adentrava suas narinas como uma avalanche.

— Será que a comida tá tão gostosa quanto cheirosa? – Disse o libriano antes de deixar as espadas ao lado da armadura e correr pra cozinha.

Mudan olhou pra seu tigre suado com um sorriso enorme e apaixonado.

— Eu fiz... Camarão à moda de Xangai, camarão-trovão, bolinho de arroz recheado com recheios variados, caranguejo cozido no vapor e Yang Zhou Chao Fan! – Disse Mudan com cara de menina.

— Yang Zhou Chao Fan? Arroz cozido com toucinho defumado, ovo, camarão e legumes?

— Aham! O melhor da culinária chinesa pro meu tigrinho afobado!

— Onde conseguiu tanto camarão?!

— Não sabia que gregos adoram pescar?

— Faz ideia de quanto tempo eu passei sem comer isso?

— Uns 200 anos?!

— Passei 225 anos comendo comida com gosto de cadáver... – Falou Dohko enquanto lembrava da comida de Perséfone.

— Com licença... – Era a voz de Shaka – Eu estava concentrado em minha meditação quando meu olfato percebeu a fragrância exótica da boa comida do oriente... Sua convidada é dotada do talento culinário, Mestre Ancião...

— Obrigada pelo elogio... Senhor...?! – Mudan olhava o loiro com feições delicadas.

— Shaka de Virgem, companheiro e admirador de Dohko de Libra... – Respondeu Shaka com um sorriso.

— Não se convença pela modéstia dele, ele é o homem mais próximo de Deus, possui um cosmo magnífico...

— Da pra perceber... – Mudan o analisou com sua técnica Taonia – Nossa... É um chakra quase divino... Senta aqui, come com a gente, quero que esses dois guerreiros poderosos aproveitem minha comida! – Mudan se sentou ao lado de Dohko e abraçou seu braço direito – Quem fará as preces?

— Eu sou o convidado, então eu...

— Fala galera! Senti um cheiro bom vindo daqui e resolvi passar pra ver o que tava acontecendo! – Era Milo de Escorpião – O Shaka também tá aqui... Boa tarde, Buda! Fala Velhote! Oi moça bonita... – Milo olhou pra Mudan e ficou encantado, sentou ao lado dela e colocou seu braço sobre os ombros dela – Então gatinha... Qual o seu nome? Quantos anos você tem?

— Sou Mudan de Pardal, tenho 248 anos e vou estourar seus ouvidos se não parar de se assanhar comigo, seu safado!

— Beleza! – Milo se afastou e acabou perto de Shaka, que controlava o riso, não costumava demonstrar emoções, mas ver Milo acuado era divertido – Sua namoradinha é marrenta, Dohko, onde arranjou?!

— Não queira saber – Respondeu Dohko, gargalhando.

— Essa cena provavelmente divertiu os deuses muito mais que qualquer prece, podemos comer – Disse Shaka interrompendo a cara de vergonha de Milo.

Os quatro se serviram e começaram a comer, ninguém dizia palavra alguma, parecia que a comida havia tornado a língua útil apenas para provar a comida de Mudan.

— Eu não tenho palavras pra descrever... – Shaka disse ao terminar sua refeição.

— Eu tenho, elas são: Quero levar uma quentinha dessa maravilha pra casa! – Respondeu Milo.

— De fato, escorpião, estas palavras se encaixam perfeitamente ao momento... – Concluiu Shaka – Mesmo assim, Milo, como agradecimento pela boa comida, devíamos deixar os nossos anfitriões a sós enquanto você prepara nossos pratos pra viagem e eu lavo a louça suja – Shaka não precisou de olhos pra insinuar à Milo o objetivo de sua predisposição.

— Ok...

— Na verdade eu quero... – Dohko tentou dissuadir os quatro, mas Mudan o puxou pra fora da casa e se sentou na pequena escadaria da casa, puxou Dohko pra ficar ao seu lado e abraçou seu pescoço.

— Senti falta de ficar no seu colo... De sentir seu cafuné...

— Mudan, eu pensei melhor e... Eu sou um homem feito e você é uma menina, eu estou abusando da sua inocência...

— Não sou mais uma menina – Mudan deitou a cabeça no colo de Dohko – Ainda sou a mesma Mudan... Mas eu cresci... Olha Dohko – Ela levantou a cabeça e o olhou nos olhos – Estou mais alta, minha cintura ficou mais fina, minhas pernas mais grossas e meus seios ficaram maiores e você ainda me vê como menina?! A Misopheta Menos te deixou cego e esclerosado?

— Mudan... Você...

— Eu te amo, seu idiota, não sou mais uma criança que você segura nos ombros, sente isso – Mudan puxou a cabeça de Dohko e a deixou entre seus seios, Dohko ficou vermelho de vergonha, eram macios e ele estava adorando, só não podia demonstrar – Eu sou uma mulher... Uma mulher que te ama e te quer... – Mudan levantou o rosto de Dohko e o beijou.

Dohko ficou indefeso, tudo o que podia fazer era aproveitar o beijo que dividia com aquela doce e adorável garota que ele sempre amou, mas agora não mais como uma irmã ou sobrinha mais nova, agora começava a amar ela como uma mulher.

Bem perto dali, no pátio da casa de Áries, um cosmo divino se espalhou e trouxe Poseidon, Árion, Despina, Kiki, Saga, Shun, Ikki, Shura, Camus, Aldebaran e Tétis para o Santuário de Athena. Dentro da casa de Áries, Mú reparava a armadura de Seiya, que havia sido pulverizada por Aioria durante o treinamento dos dois, quando foi surpreendido e correu para ver o que acontecia no pátio de sua casa.

— Mestre Árion, o que significa isso?

— A confirmação de minhas suspeitas... Meu pai, o Imperador Poseidon, teve seu avatar humano manipulado pelo criminoso Kanon, agora ele está aqui para conversar com Athena e demonstrar que não possui desejo de guerrear com ela...

— Entendo... Se o Deus dos Oceanos vem ao Santuário pacificamente e com a bênção do Mestre, não vejo motivo para não dar permissão de passagem pela minha casa, Imperador Poseidon, seja bem vindo!

— Mortal Mú de Áries... Não esperava tanta cordialidade... – Respondeu Poseidon.

— O senhor é um antigo inimigo de minha deusa, mas se agora deseja paz, é um ente bem vindo nesse solo sagrado...

— Humilde... Como muitos mortais deviam ser... É um exemplo de boas virtudes... – Poseidon tomou a frente e cruzou a casa de Áries.

Mú precisou ficar em Áries pra finalizar a armadura de Seiya, Kiki ficou com ele, mas os outros seguiram por Touro, onde Aldebaran ficou, Gêmeos, onde Saga ficou e Câncer, que apenas guardava sua armadura de ouro. Ao chegarem em Leão, viram a casa em ruínas enquanto Seiya e Aioria, desprotegidos, lutavam entre si, mas Seiya era quase incapaz de igualar a velocidade de Aioria, que desviava de quase todos os ataques e defendia os que não podia desviar.

— Poseidon?! – Aioria reconheceu a escama de Poseidon pelas histórias que ouviu de seu irmão mais velho.

— Cavaleiro de leão... Peço desculpas por interromper seu treinamento com seu pupilo, mas pelo licença pra passar por sua casa – Respondeu Poseidon.

— Mestre Árion, o senhor...?!

— Ele esta comigo Aioria, tomarei responsabilidade pelas ações dele dentro do Santuário – Árion respondeu, olhando para o exausto, suado e ferido Pégaso – Seu esforço é admirável, Pégaso...

— Bem-vindo à casa de Leão, Imperador Poseidon – Aioria fez uma reverência, ao perceber que Seiya não estava demonstrando o devido respeito ao visitante, Aioria deu um tapa no pescoço de Seiya, que o imitou.

Poseidon passou por Leão, ao passar pela desocupada casa de Virgem, estranhou, mas nada comentou com o filho, mas isso gerou cochichos entre Camus e Shura. Shun ficou em Virgem, onde procurou, sem sucesso, seu mestre Shaka. Chegando em Libra, Dohko e Mudan foram flagrados por Árion, Camus, Despina, Ikki, Poseidon, Shura e Tétis.

— Por Afrodite... – Tétis os olhava – Que paixão ardente...

Dohko levantou com o susto e Mudan caiu sentada ao lado dele, envergonhada assim como Dohko.

— Er... Mestre Árion... Fez boa viagem?! – Dohko perguntou com a “Cara de Tigre que caiu da mudança”.

— Sim, instantânea – Respondeu Árion com tom irônico.

— Ah é... Que legal... – Dohko reconheceu a escama de Poseidon – Mas... A que devemos a visita do Imperador dos Oceanos?

— Tenho assuntos importantes pra tratar com a pequena indomável – Poseidon falou, tentando controlar o riso – Sabe, cavaleiro de libra, eu gosto muito de pessoas que sabem apreciar uma grande paixão... Você e sua... Namorada, eu presumo, parecem saber apreciar... E muito!

— Er... Imperador Poseidon, o senhor não quer entrar e almoçar? Eu mesma cozinhei! – Mudan tentou disfarçar a vergonha.

— Eu até aceitaria, mas preciso ir conversar com minha sobrinha, meus agradecimentos – Poseidon, trocou o tridente de mãos, pegou a mão de Mudan e a beijou – Jovem namorada do cavaleiro de Libra...

— Poseidon... – Despina interrompeu o pai – Vamos? Não devemos atrasar a visita à Athena...

— Concordo... Com licença – Todos, com exceção de Ikki, que entrou na casa de Libra, e Árion que ficou parado ao lado de Dohko seguiram a caminhada em direção ao templo de Athena.

— Dohko... – Árion sussurrou pro cavaleiro de Libra – Apesar de ser um Deus, você serve Athena a mais tempo, por isso é mais qualificado para o meu cargo que eu, mas eu sou obrigado a te censurar por isso, se vai ter um relacionamento amoroso, tente ser mais discreto, você é um dos comandantes desse exército e, caso essa cena se tornasse um boato, seria um péssimo exemplo para os recrutas...

— Desculpe minha insensatez, Mestre Árion...

— Não precisa me tratar com essa formalidade, você é um dos poucos mortais que tem meu respeito, não é qualquer um que enfrenta meu tio e sai vivo, pronto pra subjugar o veneno do Ikhor...

— É, né?! – Dohko coçou a nuca, estava vermelho de vergonha.

— Agora preciso ir, caso haja tensão entre Athena e meu pai, preciso estar por perto...

Dohko não respondeu, apenas seguiu pra dentro de Libra enquanto Árion andava na direção do pai que subia as escadarias entre Escorpião e Libra.

O grupo estranhou o vazio na casa de Escorpião, mas seguiu em frente. Ao adentrar à casa de Sagitário, Poseidon tocou a armadura de sagitário e reparou as feridas profundas causadas pela luta contra Shura há 13 anos que a armadura fora incapaz de se recuperar sozinha, tal ato surpreendeu Shura e Camus que se entreolharam incrédulos, já Tétis e Despina presumiram que tudo não passou de uma jogada diplomática de Poseidon pra fazer Athena ter mais certeza de sua boa vontade, porém por ter chegado mais tarde, Árion pensou que devia só esperar pra ter certeza.

O grupo passou por Capricórnio, Aquário e Peixes, ao final das doze casas, apenas os três deuses e Tétis seguiram para o templo de Athena.

— Devo dizer “Bem-vindo”, Poseidon? – Athena disse ao ver o tio.

— Sim, pra que eu responda “Sempre um prazer visitar a minha adorada pequena sobrinha indomável” – Poseidon respondeu.

— Athena, eu sou a primeira a querer socar a cara dele, mas agora que visto a armadura de Altar eu preciso te comunicar do que vou fazer antes de fazer... Então estou comunicando que ou vocês dois deixam essa rixa infantil de lado e começam a focar na luta contra os 108 espectros e os 3 deuses que os lideram... Ou eu mostro pra vocês dois a minha variação divina da Esquife de Gelo... – Despina mostrou a armadura divina de Altar e espalhou seu cosmo congelante por todo o lugar.

— Orgulho do papai – Poseidon abriu um sorriso de orgulho paterno que não foi interrompido quando Despina congelou o pé de sua escama.

— Não se refira a si mesmo como meu pai... Nunca agiu como tal...

— Chega! – Athena bateu o báculo no chão e esquentou todo o lugar com seu cosmo.

— Não respondo da mesma forma por ser convidado – Poseidon rodopiou o tridente e olhou pra Athena – Temos dois problemas: O traidor que manipulou meu receptáculo agora irá manipular Asgard usando o anel de Nibelungo na representante do “Pai de Todos”, o rei de Asgard, Odin... Por outro lado temos meu irmão, o poderoso Hades, com seu exército de 108 almas humanas superpoderosas revestidas com as joias do mundo dos mortos e comandados por ele mesmo e pelo Panteão da Morte e do Sono... Temos dois deuses de outras dimensões que querem conquistar a terra do outro lado e aqui nós temos a Deusa que controla 30% do planeta e o Deus que controla os outros 70%...

— Já sei aonde quer chegar... Quer guerrear contra Asgard pra capturar Kanon e vingar seu orgulho ferido enquanto eu cuido de Hades... Mas o que pode ofertar, além disso?

— Simples... Me dê um aspirante à cavaleiro que você julga merecedor de ser o verdadeiro Marina de Dragão Marinho e eu te darei minha palavra que Asgard concordará em um tratado de paz conosco sem matar um guerreiro-deus, claro, isso não inclui Kanon...

— Árion... Tem algo em mente para o que seu pai deseja? – Athena consultou o mestre de seu Santuário.

— Sim e posso trazer ele aqui nesse exato momento – Árion respondeu com um sorriso.

— Fale-me mais sobre o candidato – Poseidon questionou.

— Ele é o violento e outrora renegado pupilo de Dohko de Libra, desenvolveu boa parte de sua força bruta sozinho, em brigas de rua pelo mundo... É selvagem, bruto e ambicioso, mas eu sei que o Imperador dos Oceanos é capaz de manipular ele para que ele se torne o Dragão Marinho...

— Ohko de Dragão Marinho – Poseidon se recordou da ocasião em que Julian Solo viu um chinês desafiar seus seguranças e derrota-los em segundos, naquela ocasião Julian o questionou e ouviu seu nome, apenas não foi nocauteado pelo soco de Ohko pela proteção do próprio Poseidon – Soa muito bem...

— Nem vou perguntar como o conhece... – Árion suspirou, de Poseidon era possível se esperar de tudo.

— Aceito, com a condição que me traga Kanon, com vida... – Athena respondeu.

— Farei o possível – Sorriu Poseidon.

— Com isso eu presumo que possa libertar June de seu tormento e ir completamente ao Submundo convencer meu marido a parar com isso antes que o exército de Athena vá para o combate... – Perséfone adentrou o templo, usando o corpo de June.

— Minha outra sobrinha... Seu receptáculo parece tão pouco com seu corpo original – Poseidon comentou ao olhar June.

— Não escolhi a garota por similaridade na aparência ou no ego...

— Ainda da coices melhor do Árion, quando era um cavalo... – O comentário de Poseidon fez Despina rir levemente, mas Árion ficou envergonhado.

— Agradeceria se parasse de insultar minha esposa... Irmãozinho – Shun adentrou o templo, seguiu Perséfone sem que a mesma o reconhecesse. Sua aparência estava diferente, os olhos e cabelos estavam rubros e sua voz lançava imponência no recinto.

— Hades... Agora entendo o motivo de Perséfone ter escolhido a garota que ama o moleque de Andrômeda...

— Vim oferecer à Athena e a você a chance de rendição... Thanatos e Hypnos estão prontos pra liderar meus 108 espectros contra vocês... E eu não pretendo ter piedade... Varrerei a Terra e a farei voltar à sua gloria original sem o câncer chamado “humanidade”.

— O que quer dizer com isso, Hades? – Athena o questionou.

— Olhe pra este planeta... Originalmente este era o paraíso coberto por majestosas plantas e animais que sabiam o seu lugar no mundo e viviam pacificamente tomando vidas apenas para sobreviver e nunca temeram a morte, pois sabiam que ela era inevitável e necessária para o equilíbrio do universo... – Hades suspirou – Foi uma gloriosa obra de arte... Minha irmã Demeter e minha amada esposa trabalharam com a titã Gaia para tornar este lugar uma recriação dos Elíseos... Minha nobre irmã que deu seu poder para nutrir este planeta apenas para que as criações de Zeus passassem a usar este planeta como seu parquinho de diversões, hotel, latrina e restaurante...

— Hades... – Árion deixou o manto de mestre cair, revelando a armadura divina de Taça e elevando seu cosmo sobre todo o santuário.

— Você escolheu o pior lugar do universo pra falar bem de Demeter – Despina completou a frase de seu irmão gêmeo, também elevando seu cosmo e mostrando sua armadura de Altar.

— Ouse exaltar o nome daquela desgraçada uma vez mais e nós iremos te esmagar – Árion ameaçou Hades.

— O que faz os dois pensarem que podem? – Hades revidou.

— É Árion, Athena, Despina e Poseidon contra Hades e Perséfone... 3 de nós estão em corpos ideais para o cosmo divino, apenas meu pai está na mesma situação que vocês dois... Cosmos divinos limitados por corpos humanos – Árion revidou.

— E o que farão? Você e sua patética irmãzinha carente... – Despina começava a tremer de ódio enquanto Hades continuava a falar friamente – Vão esmagar cada pessoa que relembrar os dois de como a “mamãe malvada” abandonou o pequeno potro e a bebezinha pra serem devorados pelas gaivotas... Ou relembrarem a menininha como ela congelava de frio sem ninguém por perto enquanto a “mamãe malvada” só dava carinho e atenção pra “irmãzinha mimada”.

Despina estava desarmada, todas as imagens de sua traumática infância sofrida voltavam à sua mente como uma avalanche, as lágrimas começaram a cair, mas não demoraram a congelar. Despina sentou no chão e se encolheu, espalhando descontroladamente seu divino cosmo congelante.

— Despina! – Árion se ajoelhou e abraçou a irmã, esquentando-a com seu próprio cosmo – Não se sinta só... Eu estou aqui...

— Como pôde falar assim com Despina?! – Athena se compadeceu do sofrimento de seus primos e apontou seu báculo na direção de Hades – Deixe o corpo do Shun... Agora!

— Calada Athena! A filha é minha! O irmão é meu! Isso é assunto entre Hades e eu... Vou te ensinar a não ferir a minha filha, Hades! – Poseidon chocou o tridente no chão, expandiu seu cosmo ao ponto do mesmo ser sentido em cada canto da Grécia e mais além, esse poder divino feriu o corpo mortal e fez uma gota de sangue escorrer pelo nariz de Julian Solo, mas não impediu que ameaçasse e causasse medo à Hades – Volte para o Inferno!

Em sua fuga, o desesperado Hades levou Perséfone consigo, quebrando a conexão que ela possuía com June e a conexão dele mesmo com Shun, deixando pra trás o despedaçado pingente onde agora as palavras “Yours” e “Ever” estavam separadas.

— Filha... – Poseidon tentou se aproximar dos filhos, mas percebeu que mesmo Árion não poderia impedir que, caso um corpo mortal se aproximasse da deusa das nevascas, este mortal se tornaria gelo. Diante desta situação, Poseidon elevou seu cosmo e começou a cantar.

Dentro da mente de Despina, tudo estava vazio, afundado em um fúnebre e gélido branco. Despina via a si mesma quando era criança, sentada na areia de uma praia que seu cosmo congelou totalmente, estava abraçada a um pequeno potro reluzente e tentava aquecê-lo sem perceber que ela era quem causava a queda de temperatura nele.

— Papai! Mamãe! – Ela gritava desesperada – Ele vai morrer... Venham me ajudar! Por favor! – Despina começou a chorar, sentindo a temperatura do pequeno corpo do potro cair mais e mais.

Seu desespero fora surpreendido pelo som de ondas, o mar a sua frente começava a descongelar e ela começava a ver um homem caminhando sobre as águas, a névoa era densa, mas aos poucos ela começou a ver como ele era alto, possuía olhos claros como água e longos cabelos, cujas cores confundiam seus olhos por alternarem entre o loiro, o azul claro e o verde claro. Quanto mais ele se aproximava, ela começava a ouvir a voz do estranho cantar.

Reluz o luar e as estrelas, brilha o amor por onde você for

O fogo aquece o frio e acende o meu coração

É você que me conduz

Minha Guerra, Minha Paz

O abrigo da alma e a coragem que faz nosso sonho se realizar

Vamos lutar, juntos nada pode nos deter, o amor é fonte do nosso poder

E acreditar que o novo dia vai amanhecer

Recriando a luz do Sol, só pra nos aquecer

Enquanto o estranho cantava, todo o lugar se aquecia, mas quando a música acabou, Despina tinha um garoto no colo que era muito parecido com o estranho que estava ajoelhado em sua frente com um enorme sorriso e os braços abertos.

— Papai! – Os dois gritaram e abraçaram o homem, Poseidon.

Quando Despina abriu os olhos, Poseidon abraçava tanto ela quanto seu irmão, em um primeiro momento ela quis usar seu gelo pra afastar o corpo mortal de Poseidon, mas ela não foi capaz, naquele momento ela estava realizando um sonho, estava abraçada e protegida por seu pai e seu irmão.

— Por que demorou tanto, velho maldito?

— Desculpe por isso... Achei que me odiava tanto quanto Demeter...

— E eu odiava... Antes de saber que você nunca passou de um idiota passional que pensava ter tido apenas um filho... Ela nunca te disse que eu existia, não é?

— Quando cheguei na praia, tudo o que encontrei foi um potro que tropeçava em suas próprias patas... Senti resquícios do cosmo de Demeter e presumi que, pela relação ter sido feita com ambos na forma equina, só nasceriam equinos... – Árion sentiu a cara ficar vermelha.

— Acha que eu ficaria bonita como uma égua albina? – Despina brincou.

— Sim, mas prefiro você assim... – Poseidon respondeu.

— Bom saber que meu pai me acha bonita...

— Filha... – Maldito Hades... Sabe tão bem quanto eu que eu não queria a aceitação dela, não a esse custo... Foi alto demais... Você sabia disso e mesmo assim insistiu em atuar como vilão pra me tornar o herói dela... Desgraçado... Não sabe nada sobre o que é ser pai... — Desculpe ter te deixado sozinha...

— Pai... Temos outros assuntos pra discutir agora... – Árion interrompeu o momento familiar quando viu June saindo do templo com Shun no colo.

— Não se preocupem com Shun, ele não estava acostumado a receber uma entidade divina, como June estava, mas ficará bem – Athena falou, tentando acalmar Árion.

— Tétis – Árion olhou pra sereia que, silenciosa e quase oculta, chorava compartilhando os sentimentos de seu imperador – Pode trazer a escama de Dragão Marinho até aqui?

— Sim, meu príncipe! – Tétis respondeu, mas quando ia sair do templo, foi impedida por Athena.

— Não será necessário, não é mesmo, Poseidon?

— Eu posso chamar a escama com meu cosmo, fique tranquila, Tétis... – Poseidon piscou os olhos e se comunicou com a escama, que começou a nadar pelo Atlântico Norte indo na direção do Mar da Grécia – Filho... Traga Ohko...

— Irei trazer seus companheiros de viagem também – Árion se afastou e ergueu o dedo. O processo parecia demorado, localizar e teletransportar três cosmos, sendo um divino e o outro muito poderoso pra ser o de um humano comum.

Meia hora se passou, nesse tempo Despina e Poseidon se recompuseram, Athena se pôs de pé no altar e Despina ficou ao seu lado, já Poseidon e Tétis ficaram de pé em um dos cantos do templo.

— Achei! – Árion se ajoelhou e tocou o dedo no chão, abrindo um círculo dimensional que, ao se abrir, trouxe Ohko, Shiryu e Shunrei. O teletransporte custou um considerável cansaço à Árion.

— Você já teve dias melhores, maninho – Despina brincou.

— Tente teletransportar um cosmo divino, um cosmo humano superdesenvolvido e um cosmo humano comum por meio mundo – Algumas gotas de suor escorreram por seu rosto – É surpreendente... Esse Deus Guan Yu tem um cosmo de tamanho e intensidade similar ao de nosso pai... Incrível...

— Árion... Divindade grega detentora das palavras... – A face de Shiryu estava vermelha e seu cosmo vibrava, ressoando divinamente – Poseidon, Deus Grego dos Oceanos... Despina, Deusa Grega das Geadas e Athena, Deusa Grega da Sabedoria e da Estratégia Militar... Seus nomes me são conhecidos e a honra de todos vocês é admirável... Mas devo questionar o motivo de interromperem o ritual de respeito póstumo que meu honrado sucessor cumpria em minha homenagem...

— Peço sinceras desculpas, Lorde Guan Yu – Poseidon começou a usar seu tom diplomático – Eu e minha sobrinha indomável estamos em uma guerra contra os inimigos das terras gélidas de Asgard e contra meu irmão mais velho, do submundo, que deseja conquistar a superfície do planeta... E... Já que seu receptáculo é um dos 88 nobres guerreiros que luta em nome de minha sobrinha, presumimos que o senhor, nobre Deus da Guerra, nos emprestaria sua força para defender este planeta onde o senhor e seus irmãos viveram contra o inimigo que almeja eliminar a raça humana e tornar o planeta um deserto gélido!

— Irmão... – Ohko falou – Não entendi quase nada do que ele disse... Só entendi que eles estão em guerra e que querem nossa ajuda...

— Irmão?! – Athena não entendeu – O que isso significa?

— Com – Shunrei gaguejou – Com licença... Durante nossa viagem, descobrirmos que Ohko, assim como Shiryu, é o receptáculo de outra lenda de nossa mitologia, ele abriga o irmão mais jovem de Guan Yu, Zhang Fei.

— Esse sou eu, Zhang Fei Yi De, muitos me chamam de “Tigre Bêbado” por causa da minha força que iguala a do meu irmão e do meu amor por vinho que é maior que minha força! – Respondeu Zhang Fei com um sorriso carismático, sorriso este que ficava totalmente estranho na face selvagem de Ohko.

— Então, general Zhang Fei, eu estendo a você meu convite para tornar Ohko o meu general marina de Dragão Marinho – Poseidon falou.

— Eu me recuso – Zhang Fei cruzou os braços ao responder – Ohko não gosta de ser subordinado a ninguém e concordou comigo em nossa determinação de encontrar nosso irmão mais velho...

— Devo lembra-los – Árion começou – Que há mais de 1.800 anos, vocês três, apesar de nascerem em datas e lugares diferentes, em nome da paz e da estabilidade do povo mais humilde, juraram lutar contra os criminosos rebeldes e reestabelecer a paz ou morrer tentando, juntos, no mesmo dia e no mesmo lugar... Esse juramento não foi cumprido, pois o do meio morreu primeiro, seguido do caçula e depois do mais velho... Agora vocês tem a chance de uma vez mais lutarem em nome da paz, para impedir que um deus ambicioso ponha fim à raça humana e devaste o planeta... Mesmo afastados de seu irmão mais velho, vocês ousariam dar as costas ao juramento do sagrado jardim de pessegueiros? – Árion apontou o indicador direito para os dois, como se os acusasse de trair o juramento de irmandade.

— Hum... – O cosmo de Guan Yu escorreu pelo rosto e tomou a forma de uma longa barba que escorria até a altura do abdômen – Zhang Fei... Ele está correto... Mais importante que estar perto de nosso irmão é honrar o juramento que fizemos...

— Que tal primeiro você se conformar que não tem mais aquela barba que é maior que seu braço e parar com essa mania de acariciar o vento?! – Zhang Fei respondeu – Mesmo assim... Você tá certo, temos que honrar nosso irmão e como você já serve a linda dama de branco, eu vou ter que servir como general do cara de cabelo azul... Que cabelo estranho... – Zhang Fei o olhou como se estivesse vendo um ser de outra espécie.

— Bem, general marina, sua escama chegou – A escama de Dragão Marinho adentrou o templo e sob o comando de Poseidon, vestiu Ohko.

— Gostei – Ele se olhou – A propósito... Durante minha vida, eu tive uma arma, meu pique¹ da Serpente... Os generais de Poseidon também são proibidos de usar armas brancas? Ohko me contou que os cavaleiros de Athena só podem usar armas brancas com o consentimento do mestre do cabeludo ali – Zhang Fei apontou pra Shiryu, avatar de seu irmão – Ai Guan Yu... Acho que sei onde sua barba está... Nas suas costas! – Zhang Fei gargalhou.

— Não proíbo o uso de armas brancas, o general marina de Krisaor usa uma lança dourada e eu uso meu tridente – Poseidon ergueu seu tridente com orgulho.

— Muito bem... – Guan Yu pegou o cabelo de Shiryu e o jogou sobre o ombro, passando a acaricia-lo, como se fosse sua barba – Esse cabelo é macio, como minha barba... Moça Shunrei... O cabelo desse menino é uma das coisas que te atrai nele?

— Sim... – Ela responde, com muita vergonha – É lindo, cheiroso e macio...

— Quase 2.000 anos na cova e você não desapega daquela barba?! – Zhang Fei protesta.

— Quieto Zhang Fei, é hora de voltar a dormir dentro de nossos receptáculos... Vamos apenas proteger as existências deles enquanto eles levam a diante nosso juramento de manter a paz – Guan Yu responde.

— Ok... Ei Shunrei, corta o cabelo desse moleque quando ele estiver distraído! – Zhang Fei brinca antes de adormecer, mas Shunrei apenas rir.

— Ah... Que dor de cabeça infernal... – Ohko brada, nervoso – Pelo menos... – Ohko olha sua armadura – Agora sou um general marina – Ohko junta os punhos e faz uma reverência para Poseidon – Usarei toda a minha força para seu propósito, meu imperador! Shiryu... Nós herdamos os laços de Guan Yu e Zhang Fei, agora somos irmãos, vamos decidir qual de nós é o melhor em batalha, como companheiros... De Dragão Marinho para Dragão... Vamos rugir e estremecer de medo qualquer um que ouse se colocar diante de nossas presas!

— Isso, em nome da Terra, o rugido dos dragões ira ressoar por todo o planeta!

— Agora parem de gritar porque ouvidos divinos não são pinico pra discurso fajuto de guerra! – Despina bravejou.

— Sim senhora! – Os dois responderam, com medo.

— Agora vão tomar chá com o cavaleiro de Libra e não me encham mais o saco! – Despina ordenou e os dois saíram junto com Shunrei, deixando para trás Athena, Árion, Tétis e Poseidon gargalhando.

— Minha irmãzinha assusta até os heróis da China com seu grito... – Árion brincou.

— Tétis, vá com os dragões e aproveite o chá com eles, ficarei aqui e tratarei de assuntos familiares...

— Sim, meu imperador...

Na casa de Libra, Dohko e Ikki treinavam com as armas douradas, Dohko usava seu cosmo de Taonia e usava o vento pra ampliar o alcance das espadas de libra que ele segurava nas duas mãos, já Ikki fazia pela primeira vez esse treino, usava o tridente e com seu recém-desenvolvido cosmo Taonia, cobria as lâminas do tridente com suas chamas. O embate entre os dois era mais vantajoso para Dohko, ambos tinham a mesma habilidade com armas brancas, mas Dohko manipulava com mais maestria a natureza do ar.

— Concentração Ikki...

— Falar é fácil... Foi você que meditou por séculos...

— Você meditou menos tempo, mas foi na lava escaldante... Por isso devia usar o fogo como se fosse um de seus dedos...

— Obrigado pelo conselho – Ikki ficou com os olhos em chamas, literalmente, isso fez todo o tridente queimar.

Ikki não perdeu tempo e atacou Dohko, as chamas do tridente se alimentaram do vento nas espadas de Dohko, tudo o que o tigre pôde fazer foi se defender e se esquivar, o calor fazia ambos suarem, mas Dohko não estava acostumado ao calor como Ikki. Com a vantagem, Ikki teve um momento de distração, Dohko viu e prendeu as lâminas do tridente com as espadas, derrubando Ikki em seguida com uma rasteira, seguida da imobilização onde Dohko colocou as duas lâminas no pescoço de Ikki.

— A vantagem lhe subiu a cabeça, meu discípulo... – Dohko lamentou com um sorriso triste no rosto enquanto as gotas de suor caiam – Se tivesse mantido o ritmo... Poderia ter me vencido por desidratação... – Como Kagaho fez no passado— Agora vamos tomar um banho, estamos ambos cheirando como porcos...

Dohko deixou as três armas em uma pilastra e ajudou Ikki a se levantar. Os dois seguiram para a residência e entraram no banheiro, Dohko começou a tirar as poucas roupas de treinamento, Ikki estava distraído e quando deu por si, estava nu diante de Dohko.

— O que houve?

— Agora sei com quem Shiryu aprendeu a tendência ao nudismo... – Ikki lamentou, fazendo Dohko gargalhar.

— Está com vergonha do seu mestre? Acalme-se, Ikki, não vou ficar te olhando – Dohko não controlava o riso – É só você não ficar me olhando também – Dohko gargalhou mais um pouco e colocou a mão no ombro de Ikki – Escute, eu e você somos como irmãos, somos mestre e discípulo, entre nós deve haver infinito respeito e admiração... Veja-me como um irmão mais velho, da maneira que você deseja que Shun te veja...

— Ok... Velho nudista...

Durante o banho os dois agiram naturalmente, mas Ikki, como um garoto que estava a ponto de alcançar seus 16 anos, tinha dúvidas que apenas um pai ou um irmão mais velho poderia tirar.

— Ei Dohko... Você já transou? – Ikki falou olhando pro teto.

— Bem... – Dohko ficou envergonhado e lembranças picantes voltaram a sua mente como um filme, causando nele uma excitação visível. A cara de bobo que Dohko faz ao lembrar-se do momento da perda da virgindade fez Ikki olhar pra ele curioso e acabar olhando pro “sinal” de sua excitação.

— Agora eu deixei de entender porque seu nome significa “Pequeno tigre”...

— Bom... Eu tinha um amigo, mestre do Mú, o nome dele era Shion... Era um guerreiro poderoso e um ótimo amigo... 10 entre 12 cavaleiros dourados daquela época colocariam a mão no fogo acreditando que ele era um carneirinho santo... Mas aquilo era um tarado... Invadiu várias vezes o acampamento das amazonas e usou a técnica da Rede de Cristal pra “acidentalmente” quebrar as máscaras... De amazona em amazona que ele viu o rosto e derrotou... Não apenas conseguiu um hárem, como dividiu comigo... Acredite em mim quando eu digo Ikki... Nada como a flexibilidade de uma amazona...

— E você nunca se apaixonou?! – Ikki o questionou.

— Não até recentemente...

— Pardal? – Ikki presume.

— Quem mais?! – Responde Dohko, orgulhoso.

— Vocês já...?!

— Não... Cresci com ela, não vou chegar do nada e transar só por transar... Ela ainda é virgem, quero esperar até ela estar pronta pra isso... – Dohko respondeu novamente.

— Então eu fiz certo em não ter forçado Esmeralda a nada... – Ikki sussurrou, com um tom de consolo.

Os dois estavam sob a ducha pensando em suas amadas, o silêncio era profundo até que Mudan entrou no banheiro.

— Nossa... Que delícia... Dois cavaleiros musculosos... Pelados e um deles está animado – Mudan colocou o dedo nos lábios – Pensando em mim, tigrinho afobado?

— Vish! – Ikki se assustou e escondeu sua intimidade com as mãos.

— Mudan! – Dohko imitou Ikki – Não devia fazer isso...

— Você não ia me mostrar ele tão cedo... Tive que correr o risco... E... Valeu a pena – Mudan soprou um beijo e saiu do banheiro.

— Dohko... – Ikki falou com tom irônico – Eu acho... Apenas acho... Que tá na hora de vocês dois avançarem na relação... Não vai ser legal ela aparecer e ficar me vendo pelado assim...

— Eu resolvo isso mais tarde... Mas... Ikki, sobre a Esmeralda... – Dohko começou a falar antes de sair da ducha e começar a se secar.

— Você sabe sobre Esmeralda?

— Shiryu me contou...

— Shun boca grande... Vou fechar aquela matraca com aquelas correntes... – Ikki murmurou.

— Sim, você contou tudo pro Shun e ele contou tudo pros outros quatro... Escute Ikki... É sobre seu poder Taonia, o poder do Feng Huang vai além do fogo, o Feng Huang é o pássaro que simboliza a união entre o homem e a mulher, o Feng é o homem e o Huang é a mulher, sendo assim o meio Feng Huang nas suas costas é apenas o que pode conseguir enquanto não encontrar um amor muito poderoso, poderoso o bastante pra te dar a outra metade...

— A lembrança de minha Esmeralda será forte o bastante pra eu carregar eternamente como o amor da minha vida... – Ikki se secou e saiu do banheiro, enrolado na toalha e sem falar mais palavras.

— Assim espero... Assim eu espero, meu discípulo – Dohko vestiu uma muda de roupa típica chinesa que deixava no banheiro e logo usou seu cosmo pra vestir sua armadura de ouro.

— Mestre, nós chegamos! – Shiryu gritou da entrada da casa.

— Shiryu! – Dohko saiu e mal acreditou quando viu Ohko vestido com a escama de dragão marinho – O que significa isso, Ohko?

— Poseidon me escolheu pra ocupar a vaga que o irmão gêmeo do cavaleiro de Gêmeos usou pra manipular o tal Solo... – Ohko suspirou e se sentou no chão da casa de Libra na posição de meditação.

Tétis os observava de longe, ela se escondeu atrás de uma pilastra e começou a observá-los de longe.

— Entendo... – Dohko imitou Ohko e também se sentou – Sente-se, Shiryu, temos que discutir os efeitos disso para nós...

— Sim, mestre – Shiryu se sentou.

— Shunrei, nossa conversa provavelmente irá te entediar, pode entrar, converse com Ikki e conheça a Mudan, ela vai te adorar – Dohko sorriu pra sua “filha do coração”.

— Sim, mestre... – Shunrei seguiu casa a dentro, logo Dohko percebeu que ela poderia encontrar Ikki de toalha, mas achou melhor não falar nada pra não ficar mal diante de Shiryu.

— Mestre, algo te preocupa? – Shiryu perguntou.

— Ah... Nada! – Dohko desconversou – Bem... Quais foram os progressos na viagem?!

— Quando nós chegamos ao lugar que no passado abrigou a vila onde o mais velho dos três irmãos nasceu e cresceu... – Shiryu começou, mas foi interrompido por Ohko.

— Eu fui tomado por uma sede incontrolável... Por vinho... – Ohko suspirou.

— Sede por vinho... Como o irmão mais novo de Guan Yu, Zhang Fei?

— Isso – Ohko continuou – As coisas pioraram quando nos aproximamos da antiga capital, Luo Yang, quando nós chegamos naquela localidade eu perdi o controle, dando lugar ao espírito de Zhang Fei...

— Então meus dois discípulos são as reencarnações dos heróis da minha terra?! – Dohko gargalhou de orgulho de si mesmo, mas logo observou um silêncio mortal em seus discípulos que se curvaram para ele.

— 1.800 anos de saudades cobriram nossas almas, meu senhor – Shiryu falou com uma voz incrivelmente grave, Dohko não sabia, mas seu discípulo tinha dado lugar à Guan Yu.

— Irmão... Sentimos sua falta – Ohko chorava enquanto Dohko tinha ideia do motivo – Desculpe ter te desobedecido... Perdoe-me por todas as minhas falhas...

— O que está acontecendo aqui?

— Peço perdão, jovem Dohko, mas peço licença para que eu e meu irmão possamos usar nossas energias para despertar a consciência de nosso irmão mais velho que dorme em você – Guan Yu falou.

— Como pode ter certeza?! – Dohko questiona.

— Seu mestre, antecessor de Shiryu como usuário da Seiryutō e meu receptáculo, sempre nutriu um amor fraternal infinito por você, o mesmo que sempre guardei por meu irmão... – Dohko chorou ao se lembrar de seu mestre e abaixou sua cabeça, permitindo que os cosmos de Guan Yu e Zhang Fei cobrissem seu corpo.

— Guan Yu... Zhang Fei – A voz de Dohko estava mudada, a nobreza já existente em seu tom de voz foi exaltada, passou a tomar o tom de um Imperador – Eu sempre soube que um dia os reencontraríamos... Acreditei nisso até no meu último instante em meu leito de morte...

— Irmão! – Os dois gritaram de alegria e abraçaram o irmão mais velho.

— As memórias deste pequeno tigre me mostraram que... Um dos nossos ministros escreveu uma novela sobre nós – O mais velho, cujo espírito morava em Dohko, começou a chorar – Eles nos veem como mitos... E eu que comecei minha vida como um sapateiro... Hoje os chineses se lembram de mim como o santo protetor dos sapateiros... É a fé deles que me da tanta força?

— Sim, irmão Liu Bei – Guan Yu responde – A mesma fé do nosso povo que transformou meu espírito em existência divina... Mas será que Zhang Fei é lembrado como o santo protetor dos bêbados?! – Os três gargalharam.

— Eu iria amar esse título – Zhang Fei respondeu.

— Zhang Fei, agora é sério – Liu Bei silenciou os dois irmãos – Nós cumprimos nossos deveres quando estávamos vivos... O reino que construímos caiu pela incompetência de meu primogênito... Por isto peço perdão! – O mais velho se curvou – Agora nossos espíritos possuem grande poder, reencarnamos e nosso poder foi solicitado pelos deuses do ocidente que desejam proteger o planeta contra os inimigos que vem do inferno e das terras congeladas...

— Tétis de Sereia, sei que está ai – Guan Yu bravejou – Se queria observar a nós, três irmãos, devia se anunciar, és uma aliada de Zhang Fei, será tratada como tal, então não aja como uma espiã inimiga...

— Peço perdão, lorde Guan Yu, apenas me senti deslocada, sou uma sereia diante de deuses do oriente, não mereço a atenção de vossas divindades... – Tétis se ajoelhou.

— Levante-se, sereia –Zhang Fei disse – Seremos aliados, fique de pé e assista o novo juramento dos três irmãos!

— Sim, general Zhang Fei – Tétis se levantou e percebeu que, em outro canto da casa, Shunrei e outros dois desconhecidos a ela também observavam os três irmãos.

— Eu, Liu Bei Xuan De, Imperador do Reino de Shu, herdeiro da dinastia Han e sapateiro de Lou Sang, ergo minha mão e proponho um novo juramento... – Liu Bei estendeu a mão direita – Pela proteção do planeta onde moram nossos descendentes e os descendentes de nossos descendentes!

— Eu, Guan Yu Yun Chang, General de Shu e Deus da Guerra, estendo minha mão em nome deste planeta e juro protegê-lo enquanto meu poder existir! – Guan Yu também estendeu a mão e tocou a do irmão.

— Eu, Zhang Fei Yi De, General de Shu e Tigre Bêbado de Yan, estendo minha mão em nome dos meus irmãos e da paz no nosso lar, juro proteger nossos princípios com minha força que vive junto ao nosso laço! – Zhang Fei estende a mão e toca a dos irmãos.

— Ó Deuses do Divino Paraíso do Oriente, ouçam nossa prece e abençoem nosso laço... Juramos proteger este planeta e seus habitantes ou morrer tentando, juntos no mesmo dia e horário! – Os três falaram juntos, como uma só voz e chamando a atenção de Mudan, Shunrei e Ikki, que correram pra assistir.

— Eu sabia! – Mudan gritou – Eles são as reencarnações dos três irmãos!

— Não é possível... – Shunrei analisou – Shiryu e Ohko são muito diferentes pra escolherem ser irmãos...

— Você chegou a ler o Romance dos Três Reinos? – Mudan a questionou.

— Não li o suficiente... – Shunrei lamentou.

— Guan Yu e Zhang Fei eram diferentes da mesma forma que Shiryu e Ohko, Liu Bei que sempre acalmava os ânimos deles... Do mesmo jeito que Dohko faz atualmente – Mudan responde com um riso infantil.

— Maldito Shiryu... E eu achava o Seiya protegido por uma força sobrenatural e superpoderosa... – Ikki ironizou.

— Eles nos abençoaram – A voz de Dohko voltou ao normal, simbolizando o adormecimento de Liu Bei.

— Eles nos protegem – A voz de Shiryu voltou ao normal, simbolizando o adormecimento de Guan Yu.

— Eles nos darão sua força em nossa luta! – A voz de Ohko voltou ao normal, simbolizando o adormecimento de Zhang Fei – Vamos beber pra comemorar!

— Então faça chá! – Dohko brincou – Você e Shiryu não tem idade pra beber vinho... Eu tenho, vou lá beber um pouco com o Aldebaran...

— Maldita múmia chinesa... – Ohko reclamou.

— É... Mas é a minha múmia... – Mudan abraçou Dohko e beijou seu rosto – Não vai beber com o touro... Vai beber comigo...

Shiryu se levantou de onde estava sentado e caminhou até Shunrei, tomando-a nos braços e a beijando, um beijo profundo e apaixonado. Mudan apontou para os dois e Dohko os viu.

— Ei... Vocês estão cometendo incesto... Quando adotei vocês, vocês passaram a ser irmãos... – Dohko brincou.

— Mestre – Shunrei ficou envergonhada e escondeu o rosto no peito de Shiryu.

— Odeio decepciona-lo, mas o amor que sentimos não é fraterno – Shiryu respondeu.

— Ok... Chega de amor! Tem uma guerra a caminho e todos nós iremos lutar nela – Dohko se levantou – Vistam suas armaduras Shiryu, Ikki e Mudan.

— Por que mestre? – Shiryu o questionou.

— Tétis, Ohko e eu vamos enfrentar vocês três – A ordem de Dohko fez Ohko sorrir.

— Vou receber prêmio se eu ganhar? – Mudan perguntou com um sorriso assanhado.

— Eu decido isso depois... – Dohko entrou em posição de batalha pra esperar Shiryu e Ikki se vestirem, já que Mudan estava pronta desde a resposta de Dohko.

— Sou um general marina – Ohko usou seu cosmo pra projetar o pique em forma de serpente usado por Zhang Fei – Não sou limitado pelas leis de Athena... Usarei minha arma branca!

— Sendo assim, eu permito que todos os presentes usem armas – Dohko viu Shiryu projetar a forma física da Seiryutō com seu cosmo, em seguida jogou o tridente para Ikki, deu os nunchakus para Tétis e jogou uma barra tripla pra Mudan.

— Prepare-se, tigrinho afobado – Mudan uniu a barra tripla e apoiou no ombro como poleiro de aves, em seguida cantou algumas notas e chamou seus pardais para usarem a barra – Mudan de Pardal cantará algo especial para vocês três!

— Dessa vez não deixarei a vantagem subir a cabeça, Dohko – Ikki incendiou o tridente.

— Ruja, Dragão Azul! Afaste-se, Shunrei – Shiryu apontou a Seiryutō para Dohko e entrou em posição de combate.

— Venha Shiryu... Deixe o mestre enfrentar Ikki e enfrente o pique da Serpente! – Ohko apontou seu pique para Shiryu.

— Como se usa esse negócio?! – Tétis tentou passar os nunchakus de mão e acabou quebrando uma unha, dando um grito estridente – Não quero usar essa coisa! – Ela jogou os nunchakus no chão – Quero um escudo!

— Ah... – Dohko suspirou, soltou uma das espadas e deu um dos escudos para Tétis – Agora vamos começar...

— Fiquei nervosa, agora ninguém me segura, vou fazer pardal assado! – Tétis bradou.

— Beleza... Ela quebra a unha por não saber usar a arma e vem descontar em mim – Mudan suspira.


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Notas finais do capítulo

¹Pique: Termo utilizado pra descrever uma lança de tamanho menor se comparado à lança padrão e que em alguns casos, como o de Zhang Fei, bem mais pesada que a lança comum.
(As imagens usadas no capítulo são de Zhang Fei e Liu Bei, respectivamente)
Agora chegou aquele momento em que o que vem a seguir é só guerra... Espero que tenham gostado desse longo capítulo. XD
(A música utilizada no capítulo é a dublagem feita pela Play Arte ao trazer para o português a música Takusu Mono He)
PS: Não se assustem, ou se assustem, é escolha de vocês, com a cara de psicopata do Zhang Fei... Até mais!



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