Violetta despertou com um beijo nos lábios e viu Leon que  olhava com admiração os seios expostos pela claridade da janela. Ela corou e se apertou a ele. O desejo os dominou novamente e O primeiro toque de Leon foi violento. Seus lábios moveram-se sobre os dela como se ele amasse cada centímetro daquela carne macia. Atordoada Violetta sentiu-se arrebatada novamente à  paixão. Ele a abraçou quase com desespero. Acariciando-a sem parar, ele começou a falar baixinho e sua voz tinha um tom tão sedutor.

       — Eu te desejo Violetta.

     Então se entregaram novamente e no auge da paixão Violetta chamou o nome dele e  ouvi-o dizer o nome dela. Saciados ficaram abraçados.

     Violetta queria ouvi-lo dizer que a amava. Seu coração se apertou. E o afastou de si tentando entender-lhe os sentimentos por ela, sem querer demonstrou o conflito que estava em seu coração. Ele a olhou sem entender. E um sentimento de rejeição tomou conta do coração de Leon que se afastou e nu se dirigiu ao banheiro.

     Ela entendeu que ele precisava trabalhar. Com o coração triste, pegou suas roupas e se trocou. Saiu do quarto e foi ao seu. Pegou roupas limpas e foi ao banheiro. Tomou uma ducha rápida e colocou um vestido amarelo de verão.

     Olga estava colocando a mesa do café. E sorriu quando a viu. Violetta se sentou numa cadeira.

    —Leon perdeu a hora hoje. Ele costuma sair cedo para trabalhar. — E a observando-a lhe disse— Você não ficou roxa de ontem.

   Violetta sorriu.

    — Não, eu tenho a cabeça dura.

    Olga então entendeu que a pancada foi na cabeça.

     — Ainda bem que não foi nada grave.

     — Olga eu me lembrei de tudo.

     Olga a olhou surpresa.

     — Que bom menina!

     Olga puxou uma cadeira e sentou-se ao lado dela na cozinha.  Então Leon apareceu na cozinha e a olhou friamente, fazendo o sorriso de Violetta morrer nos seus lábios.

   Ele estava lindo. Com um terno preto, camisa branca e gravata vermelha.

   — Olga chame André. Eu não vou tomar nada, eu estou atrasado.

      Saiu da cozinha, deixando seu perfume no ar. Violetta imediatamente se levantou e o seguiu. Ela o encontrou no sofá  sentado com os olhos fechados.

   — Leon o que houve?

   Ele a observou por um breve tempo e perguntou.

   — Eu que te pergunto o que houve?

     Violetta não o compreendeu. Ela que pensava ter-lhe quebrado as resistências, que havia quebrado o muro de amargura e rejeição que ele havia levantado.  O olhou surpresa com a frieza de suas palavras. Nesse minuto André apareceu e Leon imediatamente se levantou.

    — André fique junto a mim.

    Viu André acompanhá-lo e saíram. Violetta sentiu uma dor dilacerante no coração. Envolvida na teia dos pensamentos se perguntava. “ Será que o que aconteceu com eles não significou nada para Leon? Nem o fato dele ser o primeiro homem de sua vida? Sabia que ele não estava bem. Sabia pelo fato de ter pedido a André estar próximo a ele. O que o atormentava?”

     Olga apareceu na sala.

    — Vem me contar a tua história enquanto você toma café.

    Violetta afastou os pensamentos tristes e sentou-se numa cadeira na cozinha e Olga arrastou uma cadeira de frente a ela.  Juntas tomaram café.

   — Eu cresci numa cidade  pequena. Nunca conheci meu pai. Minha mãe era mãe solteira. Mudamos-nos para a cidade. Ela era diarista e éramos caseiros de uma mansão. Ela me formou. Sou bibliotecária. —Sua voz ficou embargada de emoção— Ela morreu pouco tempo  depois de eu me formar. Consegui emprego na Biblioteca Municipal e me mudei para o apartamento de Francesca. Conheci Tomas na biblioteca. Ele procurava livros técnicos.

   Ele me convidou para sair. Ele parecia ser uma pessoa tão gentil e eu de pronto aceitei. Ele passou a me esperar todos os dias na saída do trabalho.

   Tomas tentou várias vezes me envolver em seus beijos, mas eu nunca consegui gostar dele. Ele então disse para sairmos como amigos. Eu sabia do interesse dele por mim e tentei gostar dele.

    Íamos ao teatro, jantar fora, ao cinema. Um dia ele me levou a uma festa, o ambiente era muito pesado e eu pedi para ele me levar embora. Então aconteceu o acidente. Logo depois de termos saído da festa  um carro invadiu a  pista e nos atingiu. 

   Olga a olhava atentamente e exclamou.

   — Agora eu entendo a atitude de Tomas em relação a Leon. Leon conseguiu conquistar o seu coração o que ele com muita persistência não conseguiu, deve ter se sentido frustrado.

   Violetta olhou Olga desanimada. Segurou as lágrimas e foi até o quarto.     

     A tardezinha escutou o barulho do carro de Leon. Foi até a sala e viu Leon com os supercílios cortado, estava sem gravata e sua camisa estava manchada de sangue. André o segurava pelo braço. Logo entendeu o que havia ocorrido.

     Ele quando a viu  lançou-lhe um olhar gelado. Violetta não se deixou intimidar e o enfrentou. André o guiou até o quarto seguido por Violetta e o colocou sentado na cama. Ele baixou a cabeça com um ar de derrota. Violetta não se conteve e correu até ele e o abraçou.

     Ele a olhou perdido. Então ele a beijou. . .  e Violetta se entregou apaixonadamente àquele beijo. Ela o amava! Mas, ao mesmo tempo, lembrou-se do olhar que surpreendera nos olhos dele, o olhar de um homem  frio que num minuto  amara profundamente e que minutos depois a desprezava. Os lábios dele eram ardentes e, nesse momento, somente importavam as carícias de Leon, as mãos dele deslizando por sua pele, daquela maneira que ela conhecia tão bem. Seu corpo inteiro relembrou o que havia acontecido com eles. . . Os lábios de Leon desceram para o seu pescoço e ela o ouviu dizer com voz embargada “Eu te amo”.  Violetta estremeceu e o abraçou apertado e soltou um soluço. Chorava apertada a ele como se fosse morrer se ele a afastasse de si. Então se lembrou que ele não podia estar sobre pressão, ela devia evitar que ele tivesse fortes emoções  e imediatamente ela tentou se acalmar. Respirou fundo e o afastou.

  Ele a olhou  demoradamente com os olhos úmidos.

   — Leon eu te amo! Não se afaste de mim meu amor. Por que sempre quando penso que ficaremos bem um com o outro você me afasta de você?

  Leon a observou atentamente.

  — Hoje de manhã você me olhou arrependida de ter se envolvido comigo e isso me abalou profundamente.

  Violetta o olhou surpresa.

  — Leon você entendeu tudo errado. Eu na verdade estava triste, pois queria ouvir você dizer que me amava. Eu estava insegura, com medo de você estar ligado a mim pela atração. Eu te amo demais para estar com você apenas por uma atração sexual.

   Leon a abraçou e a beijou com sofreguidão. E a abraçando disse-lhe.

   — Violetta eu não fico mais sem você. Você não vai conseguir se livrar de mim.

   — Leon, quem disse que eu consigo me afastar de você meu amor.

    Ela olhou o corte no supercílio dele e passou a mão em seus cabelos.

    — Vem Leon deita na cama.

    Ele obedeceu. Ela lhe tirou os sapatos, ajudou-o a se livrar da camisa. Foi até o banheiro e com um pano úmido passou-lhe na testa no corte com cuidado e no peito sujo de sangue. Deixou o pano no banheiro e deitou-se ao seu lado e o abraçou. Ela viu que ele estava esgotado. E ele dormiu. Ela se aconchegou a ele e feliz fechou os olhos.

  Leon despertou primeiro e viu Violetta sonolenta em seus braços. Não resistiu e beijou-lhe os lábios. Ela de olhos fechados lhe sorriu e abrindo os olhos procurou sua boca e o beijou com paixão. Ele a afastou levemente.

   — Violetta e se você se lembrar de sua vida? Será que você não ama alguém?

  Violetta lhe sorriu.

  — Eu me lembrei  depois do episódio da biblioteca.

  Leon a olhou com surpresa. Violetta percebeu um lampejo de insegurança nos olhos dele e falou rápido.

 — Eu nunca amei ninguém em toda a minha vida. Passei a viver verdadeiramente depois que conheci você. Leon, sem você eu não existo.

  Leon emocionado se abraçou a ela e chorou. Ela se apertou a ele. Sabia que ambos tinham descoberto o verdadeiro amor.

  O que era o amor? Tinha se  perguntado uma vez, com a cabeça cheia de dúvidas. Agora sabia a resposta...

-E tudo isso aconteceu com os Destinos Cruzados...