Crônicas De Whitörn escrita por maisutoGUN


Capítulo 9
Um Encanto e Espadas


Notas iniciais do capítulo

To no pique! *Música de rave aqui*

Três capítulos pra uma luta. Agora a Monserrat ganhou bastante XP. Level 4 pra ela! xD

Esse foi o maior capitulo até agora. Peguem um café para ler. Resolvi acabar essa parte da história de uma vez. Vejam a desfecho das peripécias do Lich Dimarell! xD



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A vida de Monserrat corria em um ciclo frenético de possibilidades e as mais estranhas e improváveis estavam acontecendo. Um cavaleiro com um colete de couro, calça de couro e botas de couro que chegavam até o seu joelho e lhe davam a leveza demonstrada em seus ferozes ataques. Aqueles olhos violetas que encaravam o mago das trevas Dimarell se virou para ela por um momento e o sorriso sarcástico a fez enrubescer novamente. Apesar de lutar contra um poderoso Lich como se fosse algo natural o sorriso dos cavaleiros ainda a desconcertavam e ela não gostava disso. teria que se controlar.

Os olhos se levantaram dela e encararam Sir Drevyan, o Protetor da Relíquia de Farss e eles se cumprimentaram enquanto o Lich apenas observava.

- Não havia como não o reconhecer o homem que me ataca pelas costas. Teria de ser o traiçoeiro Sir Modric, Grão-Cavaleiro da Ordem Paladina dos Sete Rios. Ordem essa juramentada ao Protetor da Relíquia de Ravenya, Primeira Relíquia de Brötergart. - Assim que o mago negro sorriu um de seus dentes amarelados caiu, deixando sua boca com um aspecto ainda mais horrendo. - Um prazer conhecê-lo pessoalmente. Pensei com meus botões que nunca haveria de ter essa honra.

Ollyne encarou Sir Drevyan com os dois olhos baixos e uma expressão amedrontadora. - Então a sua escolha era Sir Modric da Ordem dos Sete Rios, Drevyan. Deveria ter me contado. Sinto-me mais segura agora, mais ainda temos que passar por essa besta-fera de tamanho vexatório.

- Oras, senhora Ollyne, outrora Princesa do Reino de Beilerivhov. Fico extasiado por vosso enaltecimento das minhas faltas de atributos, mas não passarão por mim, sinto lhes informar que de mim não passarão.

- Drevyan, meu amigo. - Sir Modric havia encarado Sir Drevyan. Agora se podia perceber um sotaque acentuado do leste, onde ficava Brötergart. Todos as pessoas do Norte falavam Mithrar por consenso, ao menos todos que não fossem Hvydfakkel, que sobrevive ao cerco de Santagar até esses dias e não aceitou nem um tratado de livre comércio ou expansão, se isolando no extremo norte do continente. - Sei bem que nunca enfrentastes um Lich em sua vida, mas sou um grão-cavaleiro de uma ordem de paladinos e já combati-os. Não com a intensidade de nossos antepassados, mas sei seu ponto fraco.

O Lich logo a frente não parecia demonstrar nem um tipo de abalo. Ao contrário sorria com seu dente faltando. Após ter absorvido o sopro de Lich do corpo de Dondeon parecia ter ficado mais forte e com poderes plenos. Aquilo provava que um pouco da alma do espirito que ajudava o mago das trevas ia para os subordinados deste. E aquilo o enfraquecia. Parecia então que esse não era mais o caso.

Sir Drevyan e Sir Modric sorriram de volta para o homem atarracado a sua frente e olharam para Monserrat novamente daquela forma que ela já conhecia. o Filho do Vento, que aliás, demonstrara com sua velocidade o porquê desse nome, se aproximou mais do Cavaleiros de Olhos Purpúreos que lhe falava ao ouvido algo breve que parecia uma estratégia.

O Protetor de Farss se aproximou de Monserrat e colocou a mão no seu ombro. - Fjedsøll, essa ai ser uma luta precisa e precisamos acabar com ela de uma forma rápida e concisa. Só podemos dispor de um único ataque. A sua função e da sua mãe é tirar a cabeça do Lich e depois fura-la com essa espada que tendes na mão.

- Sim, Sir Drevyan!

- Pare com isso de Sir, eu já falei! Você é filha de um dos meus mais caros amigos, Roswell, General e Grão-Cavaleiro do Rei Garthän. Tendes o direito de me chamar de Drevyan assim como sua mãe já o faz. - Ollyne mostrou um belo sorriso reconfortante naquela cena pitoresca de sangue e espadas. - Ataque com sua alma, Fjedsøll!

- Entendido, Si... Drevyan!

Sir Drevyan lhe mostrou também seu sorriso da qual foi correspondido com seu próprio. - A gente pode ficar anos sem nos vermos, pequena Pluma de Prata. Espero a ver mudada.

Depois daquela declaração, Sir Drevyan partiu de frente em direção ao mago das trevas com Sir Modric em seu encalço. Ambos circundavam o homenzinho que atirava suas fumaças em ambos ao mesmo tempo. Ao que parecia, Monserrat teria uma brecha pela frente, e sua mãe a impeliu ao ataque, a tornando mais rápida e se conseguisse tocar o mago seria mais eficiente. Suas pernas andavam como que com vida própria e sua espada no topo de sua cabeça ameaçadoramente tilintando vibrante enquanto se sacudia e brilhava ao contato com o Sol. Aquilo chamava a atenção do Lich que agora teria que lhe dar com três adversários o atacando ao mesmo tempo, da mesma forma, ferozes todos.

Sir Drevyan rolava e desviava das fumaças e tentava investir com A Dobradora de Gigantes assim que surgia uma oportunidade. Coisa rara, e mesmo assim o escudo redemoinho de fumaça do mago das trevas não deixava a espada ao menos lhe roçar a carne. As investidas programadas e calculadas de Sir Drevyan eram irremediavelmente refutadas pelo homenzinho que escarnecia de suas tentativas e das de Sir Modric que pulava e avançava ferozmente com a espada toda branca até o cabo meio tamanho maior do que a dobradora de gigantes, tanto quanto Sir Modric era um tanto maior que Sir Drevyan e dispunha de uma força tamanho em seus braços para desferir ataques poderosos e nada metódicos como os de Dondeon. Ele atacava de cima pra baixo, rasteiro nas pernas do mago, ao contrário, girando, estocando, retalhando, cortando e tudo apenas retinia no outro escudo de fumaça do mago. De dentro do escudo ele lançava fumaças preta e verde no Grão-Cavaleiro que apenas replicava o que o mago fazia com o escudo de fumaça, apenas mudando o fato que usava sua espada para tal. Uma vez atacava e outra rechaçava a fumaça que se dividia em duas e passava inofensiva pelos lados do Grão-Cavaleiro.

O Lich ignorava Monserrat que investia de frente, só dando o trabalho para o mago de andar para trás. Monserrat estocava, estocava, estocava de novo. Mesmo que sua mãe a estivesse a ajudando a se tornar mais rápida, Monserrat começava a se sentir exaurida novamente. Movimentos incessantes com a espada para frente, e para frente de novo, e para frente de novo. Porém Todos menos o Lich perceberam o que estavam acontecendo. Eles estavam saindo da estrada e indo em direção às arvores que protegiam as bordas da passagem para as terras centrais da relíquia que levariam a corte de Sir Drevyan. O Lich estava concentrado em se defender por três lados e não reparou que o único lado para o que tinha fuga seria sua destruição.

Em um momento de lucidez por parte dele já estava encostado em uma Sequoia-gigante e não tinha por onde mais se desviar. Nesse momento de lucidez, virou sua cabeça pra trás e percebeu que estava sem saída. No momento em que se virou novamente para a frente Monserrat pulou afim de acertar o pescoço do mago, que estranhamente não mostrou mais objeções e teve sua cabeça arrancada em um corte seco que nem ao menos fez barulho. Assim que os braços de fumaça espessa saíram do pescoço do mago da trevas Sir Drevyan tomou a espada rubra das mãos de Monserrat e cortou um braço no mesmo momento que Sir Modric cortava o outro.

A fumaça se dissipou em um grito agoniante e a cabeça abriu os olhos e começou a tentar puxar o ar. As duas pupilas inteiramente negras fitaram Monserrat que agarrou a espada jogada por Sir Drevyan e deixou a cair com toda a força da inércia no olho esquerdo do mago. Ele guinchou com as quatro vozes. A voz aguda, a voz grave, a oz de Banqüifar e aquela que devia ser a voz de Dondeon. Ele guinghou ainda com a sua voz. Um abalo na terra, uma dor extrema invadiu o corpo de Monserrat. Olhou sua mãe com as mãos nos ouvidos encolhida de joelhos. Um grito que espantou as aves da sequoia-gigante tudo que era vivo se afastava daquele lugar onde um Lich morria agora. Tudo se afastava menos os quatros que derrotaram Dimarell que ficaram parados fitando a fumaça preta e verde sair do pescoço do mago. 

Por um instante Sir Modric teve um estalo e correu em disparada novamente a estrada. Monserrat logo reparou que o que ele buscava era o dente caído do Lich. Não poderia chamar mais aquilo de dente a partir de agora. Uma caveira do mesmo tamanho do Lich haia se formado e agora estava de pé com os braços erguidos, como se estivesse chamando o Sopro pra dentro de si. Ollyne seguia logo atrás de Sir Modric e colocou a mão em seu ombro. - Sir Modric...

- Apenas modric, princesa.

- Se prometer me chamar de Ollyne!

- Pois bem!

- Eu conheço outra magia além da Svayv!

- Poderá nos ajudar neste momento aflitivo?

- Creio que sim.

- Pensei que teria de fazer o que deveria ser feito sozinho! Do que se trata, Ollyne?

- O encantamento de encerramento. A magia que esvai o espirito do Lich enquanto ele está fora do corpo do mesmo.

- Comece! - Sir Modric correu ainda mais rápido e decepou novamente a cabeça do Lich, o que naquele estado não queria dizer muita coisa. Se o espirito se apoderasse do esqueleto poderia recuperar a cabeça do Lich quando achasse conveniente. E mesmo com o crânio sendo esmagado pela bota do Cavaleiro dos Olhos Violetas ele poderia ser reintegrado ao corpo do Lich enquanto esse se reconstituía. Esse estado era perigoso.

O temor não durou muito tempo, logo Ollyne começou a proferir as palavras.

"Vyndo orgh hykke vhår vhat i det pågayldende orgayn.
Deyntte eir hykke din sjayl.
Deyntte orgayn eir hykke din.
Gå vayk i mørkent.
Gå tilbage tilllyn slutningën.
Må hykke kohmme tilbage.
Snnuldyr hendenn støj orgayn kom hykke tilbage."

A caveira se desfez em agonia do que se esvaia de sua ultima centelha de vida, se é que poderia chamar aquilo de vida. Não houve chance da fumaça preta e verde se apoderar daquele esqueleto que se desfez em cinzas enquanto a fumaça se esvaia no ar até se tornar invisível e inofensiva.

- Finalmente! - Ollyne se ajoelheu e era possível perceber que estava ao orando aos deuses do além Taifan e Bosodan por ter sobrevivido.

- Essa é a hora de nos separarmos! - Sir Drevyan se ajoelhou em frente de Monserrat e com um sorriso largo a beijou na face. - Pequena Pluma de Prata, sua vida será muitas coisas. Perigosa, aterrorizante, intensa, mas nunca fácil. Descobrimos você cedo o bastante pra te proteger. Seu pai sempre soube que você seria algo desde que sobreviveu ao inverno dos invernos. Serás grande e por ser uma filha dos deuses seu destino está traçado.

Acompanharás Sir Modric para se integrar a Ordem Paladina dos Sete Rios por um tempo. Lá aprenderá efetivamente a lutar e será instruída nas artes medicinais que os paladinos tem de saber. Serás uma bela guerreira. Há tempos não víamos uma mulher destinada a grandes coisas, mas você poderá mudar essa sociedade Fjedsøll! - Sir Drevyan lhe beijou novamente a face. - Sua mãe não poderá lhe acompanhar, essa jornada é sua e sua família foi até onde pode pra te deixar preparada para esse dia. Eles sabiam que esse dia chegaria. O dia em que você começaria a ser perseguida por pessoas más que queriam te destruir. E não faz parte dos planos dos deuses que o coração atrapalhe um filho dos deuses vendo sua família morrer dessa forma. Seguirás, mas não estará só. Terás muitos companheiros e um deles está em pé ao vosso lado. - O Flagelo de Dragões encarou Sir Modric com um olhar de tristeza. - Eu fiquei muito pouco tempo com ela, mas me afeiçoei a sua pessoinha. Cuide bem dessa pequena Pluma de Prata por mim, sim? - Sir Drevyan abraçou Monserrat e ela pode sentir uma lágrima quente lhe bater os ombros.

Sir Drevyan se afastou e foi a vez de sua mãe se aproximar aos prantos e lhe inundando de precauções e avisos. - Nunca deixe de me mandar noticias. Mande corvos, pardais, o que tiver na ordem, mas sempre me atualize, sim? - Monserrat balançou a cabeça positivamente e sua mãe lhe enchendo de beijos a abraçou bem forte e depois se afastou na mesma direção de Sir Drevyan que desamarrava os cavalos das celas. Esses ao menos ainda estavam vivos apesar de assustados. Com a ajuda de Sir Modric ele acalmara os cavalos e agora montava em um cavalo cor de caramelo e crinas pretas e ajudava Ollyne a subir atrás de si. Sir Modric subiu no outro cavalo negro de crinas brancas e em seguida ajudou Monserrat a subir também.

- Cuide bem dessa espada Fjedsøll! - Lhe avisava Sir Drevyan que já se virava em direção a corte. - Ela era a espada do seu provável ancestral, Pluma de Prata. Se chama Coração de Rubi e nunca perde a ferocidade do fio. nunca fica cega. Essa espada é por direito sua, então! Cuide bem dela que ela cuidará bem de você! Adeus pequenina!

- Adeus minha filha! Não se esqueça de mim nessa sua nova vida de aventuras. - Ollyne tinha os olhos vermelhos mas também ostentava um belo sorriso enquanto cavalgava no sentido oposto da qual Sir Modric e Monserrat iriam.

- Bem, pequena Fjedsøll! - Começou Sir Modric. - Teremos bastante tempo para conversar, mas agora temos que sair daqui. - Logo os líderes desse Lich saberão que ele falhou em sua missão e nós teremos pouco tempo para chegar em Ravenya.

Monserrat que também estava vestida em lágrimas balançou a cabeça afirmativamente e enxugou as águas de seus olhos.

- Então vamos a nossa primeira parada, pequena Fjedsøll. Rumamos ao leste para Brötergart, mas teremos que parar antes em Regalyen, a Segunda Relíquia do Reino de Sandoval.

- Sim, Sir Modric! - A cabeça de Monserrat estava começando a assimilar tudo aquilo e a única coisa que podia sentir era tristeza. Estava se afastando de tudo que conhecia e ia se aventurar em um mundo totalmente desconhecido. Sentia medo, mas sentiu alento ao reparar que Sir Modric sorriu para ela com aqueles dentes alvos e os olhos violetas a fitando com uma expressão afetuosa.

-Em marcha, Fjedsøll! Sempre a frente!


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Notas finais do capítulo

Hvydfakkel se pronuncia Riváidifaquél. A sílaba tônica é o vá. O Ri quase inaudível, como deve ser o H. Hehe.

Grão-Cavaleiros e Paladinos são coisas diferentes. Não são todas, mas a Ordem Paladina dos Sete Rios não aceitam apenas homens dos deuses, os chamados paladinos. Aceitam os que querem ser mais fortes, mas não se metem nos assuntos divinos, os Grão-Cavaleiros. Ambos vão aos templos, mas a diferença é o conhecimento do divino. E a sapiência sobre a magia. Se bem que é lógico que um Idryn conhece mais que um Paladino, mas esse por sua vez conhece mais do que um Grão-Cavaleiro. Os paladinos são bons nas artes das curas apenas. Usando também de conhecimentos de ervas medicinais. Como isso é mais ou menos consenso em história de fantasia, não explicarei na narrativa.

Sequoia-gigante é a maior arvore existente, só não conseguir achar em nenhum site de pesquisa se elas são resistentes ao frio, mas fica aqui a curiosidade de que elas são quase extintas e se encontram em lugares isolados da Europa e na Califórnia.

Lichs não morrem fácil hein? xD

Em um momento eu falei purpúreo e em outro violeta... Foi de propósito. :)

Tradução do encantamento:
"Espere e não se apodere desse corpo.
Essa alma não é sua.
Esse corpo não é seu.
Vá embora para as trevas.
Volte para o fim.
Não volte mais.
Esfarele, vire pó e não volte mais."

Isso é dinamarquês adaptado porcamente. Hehe

É osso quando tem que usar os deuses pra explicar alguma coisa né? Talvez mais pra frente eu use uma explicação mais "terrena", mas isso que eu disse não deixa de ser verdade.

Finalmente acabou as tretas hein? O que acharam desse primeiro Boss de verdade? A Party da Monserrat se saiu bem? Lichs são imorríveis? Acharam algum erro na história? Comentem, por favor! :)