A cena que os curiosos presenciavam era das mais assombrosas que poderia haver. O vermelho do sangue tornou-se a cor que sobressaltava no conversível prata. A lataria do carro estava totalmente destruída, assim como os que estavam em seu interior. Paulina assim como Carlos Daniel permaneceu desacordada durante toda a espera pelo resgate. A batida do carro fez com que seu corpo se movesse para o lado bruscamente, fazendo com que sua cabeça fosse ao encontro da janela de vidro.

Os estilhaços do material ainda poderiam ser vistos na parte superior de sua cabeça, como também no grande ferimento que havia ali. Apesar do estado preocupante dela, quem havia sofrido ainda mais com o impacto foi justamente Carlos Daniel. No momento que o caminhão em alta velocidade atingiu o veiculo, foi o lado do motorista o mais afetado.

Peso e velocidade foi a lamentável combinação que fez com que o caminhão resultasse em uma arma de pressão e força. O corpo de Carlos Daniel não apenas foi deslocado para o lado assim como o de Paulina, mas também empregado sobre si a brutalidade daquela fatalidade. Cada minuto que passava levava consigo uma porcentagem de chance de vida para os dois.

A tragédia naquela rodovia estava a ponto de entregar a morte duas vidas, duas almas apaixonadas. Quando a equipe de resgate chegou ao local, deparou-se com aquela triste imagem. Um homem e uma mulher gravemente feridos, mas que curiosamente tinham as mãos unidas. Como se quisessem caminhar a eternidade juntos.
"Na alegria e na tristeza, na saúde e da doença, até que a morte os separe."

Naquele momento, a distancia do acidente até o hospital mais próximo tinha como inimigo o tempo cruel que insistia em não parar. Foram arduos minutos de angustia e também de preocupação para a equipe de resgate.
O dano sofrido por ambos os corpos requeria medidas rápidas e drasticas para que pudesse haver chance de sobrevida.

No hospital, Paulina e Carlos Daniel foram internados como pacientes em estado grave e guiados urgentemente para a sala de cirurgia. Suas vidas dependiam da capacidade dos médicos e sobretudo da bondade divina.
Os limites entre a vida e a morte estavam traçados, bastava saber para que lado Paulina e Carlos Daniel seguiriam.

~Semanas depois~

Paulina: Vovó Piedade? Onde… onde estou?

VP: Paulinaa, minha filha graças a Deus você despertou.

Paulina: Despertei? O que esta acontecendo? Onde estou vovó?

VP: Calma meu amor, deixa eu chamar o médico. Ele vai lhe explicar tudo.

Foi companhando com o olhar a doce velhinha sair pela porta que Paulina começou a ter noção de onde estava. A Luz branca forte, as paredes brancas, o barulho constante de um aparelho e o cheiro de remedios confirmavam a ideia que ela tinha de que aquele lugar se tratava de um hospital.
Foi tentando entender o que havia acontecido que ela foi surpreendida pela entrada da vovó Piedade com o senhor de meia idade vestindo jaleco branco.

DR: Bom dia Paulina. Fico muito feliz de saber que você reacionou.

Paulina: Doutor, o que aconteceu?

DR: Bom, você esta internada neste hospital a algumas semanas devido a um acidente automobilistico. A intensidade da pancada fez com que seu corpo sofresse muito e você acabou entrando em estado de coma pouco depois da cirurgia inicial.

Paulina: Coma??

DR: Sim, mas fique tranquila. Seus prontuarios foram apontando a cada dia uma melhora significante em seu corpo, o que nos indicou que o estado de coma seria momentaneo. E graças a Deus você despertou hoje. Sou um médico, mas também um homem de fé minha filha, e posso lhe afirmar que foi um milagre você esta bem, e acima de tudo, o bebe não ter sofrido nenhum abalo.

Paulina: Bebê???

DR: Sim Paulina, você esta gravida. Mas vejo que você não sabia.

Paulina: Não doutor eu não sabia de nada.

Aquela noticia tirou a feição de preocupação que Paulina tinha no inicio da conversa com o médico, e em seu lugar imperou o mais belo e puro dos sorrisos. A luz da maternidade lhe iluminou o rosto e fez seus olhos verdes serem tomados por um brilho especial.

Paulina: Um filho... um filho…Doutor, onde está o Carlos Daniel, eu quero vê-lo, preciso lhe contar que...(deixou a frase morrer)

Paulina olhou para vovó piedade que lançou um olhar triste e desamparado ao médico. O sorriso de Paulina desapareceu na mesma rapidez que surgio, algo estava errado.

Paulina: Onde está o Carlos Daniel vovó?

VP: Paulina, você precisa mais do que nunca ser forte.

Paulina: Vovó...

VP: O Carlos Daniel estava do lado que sofreu o maior impacto no acidente, ele... ele...(gaguejou e não conseguiu terminar a frase)

A doce senhora não conseguiu terminar a frase, seus olhos banhados de lágrimas e sua voz entrecortada aflingiram o coração de Paulina.

Paulina: Vovó... não me diga que...(paulina não conseguiu terminar de dizer)

Vovó Piedade olhou nos olhos de Paulina e não pode suportar o choro que estava guardado em sua garganta. Nada mais poderia ser dito. Lágrimas expressavam mais que as palavras.